quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Emília andarilha

Ela está praticamente andando. Fica muito tempo em pé sem apoio, firme, e ensaia uns passinhos sozinha.

Nesse recesso de Natal foi a primeira investida. Ela estava apoiada na mesinha de centro quando resolveu andar por conta própria até o pai, seus dois primeiros passos de independência. Pequenos passos para Emília, grandes passos para a humanidade!

Agora é só uma questão de aprimorar a técnica. Atualmente estamos com cinco passos de autonomia e calculo que em uma semana ela vai conseguir atravessar um cômodo.

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Esta semana Emília está ficando com minha mãe porque estamos trabalhando e a creche está de férias. Ontem eu chego pra vê-la na hora do almoço e encontro minha filha calçada com um daqueles sapatos-meia (tipo uma meia com sola) com estampa de camuflagem. Comecei a rir, Emília estava um charme de Rambo.

Minha mãe explicou que ela precisava daquilo pra andar (detalhe que eu tinha mandado meias com antiderrapante, mas aparentemente minha mãe achou que eram meias normais) e que na loja, do tamanho dela, só tinha sapato-meia de menino. “Mas só pra andar em casa, né? Porque na rua todo mundo vai achar que é menino, já que ela não tem a orelha furada...” Ok, mãe. Se quiser levar ela de Rambo pra rua também tá tudo certo.

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Falando em locomoção, agora Emília também deu pra se louco-mover. Ela continua engatinhando, só que num estilo cada vez mais kamikaze. A nova onda é transpor obstáculos (normalmente o corpo da minha pessoa ou da pessoa do pai dela, mas também vale braço de sofá), mergulhando de ponta cabeça até o seu destino final. Ela, que há poucas semanas hesitava pra descer o batente da varanda...

Outra moda de louco-moção é subir e descer escadarias (vejam bem, eu não disse escadas; disse escadarias, dessas com vários lances). Óbvio que ela não faz isso sozinha, até porque alguns degraus são mais altos que as pernas dela. Mas faz questão de nos carregar pelas mãos escada abaixo, escada acima, repetidas vezes. Haja coluna.

Por hoje é só, pessoal. Deixa eu ir ali estralar minhas hérnias, ops, vértebras.

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Emília na casa dos avós paternos no último dia 25. Foto do tio Henrique Gazzola.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A criança terceirizada



Quem primeiro me falou desse livro foi a Nina, em um dos longos e deliciosos e-mails sobre trabalho e maternidade que trocamos há alguns meses. Depois, conversando com a Paloma sobre os dilemas profissionais de uma mãe, descobri que ela tinha o livro do Dr. José Martins Filho, e generosamente veio entregá-lo na minha casa para um empréstimo.

Só posso dizer que fiquei profundamente tocada com as reflexões desse pediatra pregador da paternidade e da maternidade conscientes. Ele defende que as pessoas deveriam estar muito bem informadas sobre a responsabilidade que os filhos implicam e dispostas a dedicarem muito do seu tempo a eles antes de decidirem tê-los. E refuta essa balela de que “o que importa é a qualidade”. Parafraseando o Dr. Carlos González (pediatra espanhol autor de Bésame mucho e Mi niño no me come, entre outros títulos): fala pro seu chefe que você só vai trabalhar meia hora, mas que ele não precisa se preocupar que você vai trabalhar com muita qualidade nessa meia hora. Aposto que ele não vai ficar nada feliz. Pois é: seu filho também não.

A criança terceirizada é aquela que foi delegada a qualquer pessoa que não sejam os pais – únicos responsáveis pela sua criação. Babás, professores, avós, tios, qualquer pessoa que dispense mais cuidados à criança que seus próprios pais prestam serviços terceirizados. O Dr. José Martins Filho não está falando de um bebê que é deixado algumas horas com um parente para que os pais possam resolver alguma questão pessoal (inclusive trabalhar). Ele se refere a crianças cujos pais não assumem seu papel, não lhes dedicam tempo e atenção suficientes e repassam a terceiros funções que seriam suas. Essas crianças passam a identificar seus cuidadores como seus “pais” e a eles retribuem o afeto. O autor cita inclusive casos em que as mães, enciumadas do carinho que seus filhos demonstram com as babás, as mandam embora. Eu mesma já encontrei babás no parquinho com essa história: “Eu fui demitida do meu último emprego porque a menina só queria ficar comigo”. E aí a criança perde a pessoa que era seu referencial, e fica vivendo repetidas experiências de abandono (porque a maioria dessas mães não demite a babá pra ficar com a criança, mas pra contratar outra).

Digo que fiquei profundamente tocada com esse livro porque o autor, apesar de afirmar que não está propondo um retorno às estruturas antigas (mulheres em casa), não nega que são necessárias profundas mudanças na nossa estrutura social para que nossas crianças tenham a atenção devida. Mães que trabalham em tempo integral, por exemplo, são obrigadas a terceirizar os filhos. É o meu caso.

O Dr. José Martins em nenhum momento culpa as mães – até porque algumas precisam mesmo trabalhar. Temos problemas estruturais no mercado de trabalho: a maioria das mulheres ainda tem direito a apenas 4 meses de licença maternidade e não existem leis que protejam as mães da jornada integral – como o direito à redução de carga horária após o fim da licença-maternidade, com remuneração proporcional, ou a possibilidade de uma licença estendida sem remuneração, mas sem a perda do vínculo empregatício.

Mas enquanto espero as mudanças que são necessárias para garantir às crianças maior atenção de pelo menos um dos genitores, me questiono sobre o que eu posso fazer para garantir à minha família a melhor estrutura familiar e emocional possível. Porque eu me encontro numa situação privilegiada na qual eu tenho opção. Não é o caso de escolher entre trabalhar ou passar fome, mas entre trabalhar ou viver uma vida mais simples.

O livro do Dr. José Martins levou ainda mais além as reflexões que eu já vinha tendo sobre o tempo que eu passo com minha filha. Quanto está custando o salário que eu recebo? Que valores eu estou passando para meus filhos quando opto por uma renda familiar maior – e, consequentemente, pela possibilidade de um consumo além do necessário – em detrimento do tempo de convivência com eles?

Eu poderia passar horas aqui discutindo esse tema, mas deixo só a sementinha pra brotar minhocas na cabeça de todas as mães que, como eu, passam o dia longe daqueles que mais amam.

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A criança terceirizada: os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo.
José Martins Filho
Ed. Papirus

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ai que saudades eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida...

Ontem fui buscar Emília na creche pela última vez este ano. Tchau, tias, tchau, coleguinhas, tchau, peixinhos do aquário, tchau, meninas da recepção, tchau papais noéis do jardim. Não sei se sentindo minha nostalgia, ela precisou mamar os dois peitos pra se acalmar da choradeira da partida e resistiu com todas as suas forças a ser colocada no bebê conforto.

Enquanto eu dava o sossega-Emília (peito) dentro do carro, via outra mãe levando seu pequeno embora. Ele pede pra ver de novo os papais noéis. Ela deixa. Mais um pouquinho. Ela espera. Ele abraça o papai Noel. Ok, agora vamos. Ele se debate e parece deixar a creche na mesma situação que Emília: em prantos de protesto.

Não é desespero com o que fazer com Emília sem aulas. Um recesso aqui, uns dias de férias ali, um ou outro dia a gente pede ajuda pra família e tudo se resolve. Hoje de manhã Emília, por exemplo, está fazendo amizade com minha cunhada e meu sobrinho que está dentro da pança dela. Hoje à tarde eu vou escapar da festa de natal do meu trabalho pra cuidar dela.

O nó na barriga de ontem foi pelo fim de um ciclo. Emília se adaptou na creche e concluiu o semestre. Ano que vem, seus coleguinhas mais velhos irão pra outra sala e ela receberá novos amigos. Emília será veterana.

Em agosto, entrei com ela no colo. Em dezembro, saí com ela segurando meus indicadores com as mãozinhas, andando apressadamente na direção que ela mesma definia. “Como ela cresceu!”, reparou a psicóloga que a conheceu em julho, na entrevista de matrícula.

Segunda-feira recebi o relatório de desenvolvimento dela. Ontem, votos de boas festas estampavam a agenda. Na bolsa, o copinho, a dedeira, a escova de cabelo, o hidratante, o suplemento de ferro, tudo o que ficava lá foi devolvido. Ano que vem enviarei uma escova de dentes no lugar da dedeira, protetor solar e um camisão pra ela fazer atividades de artes.

Este semestre de Emília na creche foi maravilhoso. Ela conquistou desde as educadoras até as secretárias, passando pelo pessoal da limpeza e da coordenação. Vi o amor dedicado a ela pelas crianças mais velhas e lamentei o fato de que provavelmente a Alex e a Ana Beatriz nunca mais abraçarão Emilinha, que deixará de ser a boneca da sala.

Me despedi das três educadoras que cuidaram dela com tanto carinho, esperando de coração poder revê-las ano que vem.

Consigo resgatar uns flashes da minha primeira infância, e vejo a horta e a árvore da minha primeira escolinha. Saudades.

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Escrevi este post inspirada na Micheli.

E como recordar é viver, uma lembrança de um dia que foi ontem mesmo, mas parece que faz um milhão de anos.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mãezinha é a tua!

Por conta da otite da Emília, acabei nem escrevendo sobre a Conferência da Rehuna. Uma pena, porque o evento foi lindo, repleto de momentos emocionantes – como o vídeo de um parto gemelar depois de uma cesárea que me arrancou boas lágrimas e as palavras cheias de doçura da parteira mais velha do Brasil, Marília Largura, numa mesa que discutia posições de parto. Depois da exposição de vários estudos e evidências científicas que provavam que a posição de cócoras é a que mais facilita a descida do bebê (maior abertura e mobilidade da pelve, melhor aproveitamento dos puxos e da força da gravidade), ela apenas recordou quem é a protagonista do parto: “A melhor posição para parir é aquela que a mulher escolher”. Simples assim. Lutemos pela humanização do nascimento com estudos e evidências científicas, mas sem esquecer que humanidade é igual a ternura.

Outro momento da Conferência que me deixou muito tocada foi uma mesa redonda que discutia a violência institucional. Tudo o que a gente já sabe sobre os maus tratos que as parturientes sofrem nos hospitais brasileiros, mas que vendo assim em pesquisas fica ainda mais chocante.

Os políticos e os jornais falam muito dos graves problemas da saúde pública no Brasil. Em relação à atenção à gestação e ao nascimento, fala-se mortalidade materna e neonatal, falta de vagas nos hospitais para internação, carência de equipamentos e medicação, dificuldade para o acesso a consultas pré-natais. Mas pouco se fala em mudar o tratamento dos profissionais de saúde para com as parturientes. E começa com o “mãezinha”. “Faz força, mãezinha!”; “Na hora de fazer não doeu, né, mãezinha?”; “Não grita, mãezinha, senão seu filho vai nascer surdo.”

A mãezinha é um ser frágil, vulnerável, uma perfeita vítima para os médicos todo-poderosos. Sobre a mãezinha eles jogam todos os seus complexos, toda a sua insegurança, toda a sua síndrome do pequeno poder. Agredindo alguém mais fraco, eles se sentem fortes e poderosos. Deitando a mulher de barriga pra cima, cortando seu períneo ou sua barriga, eles sentem que são eles que estão “fazendo o parto”. Quando na maioria das vezes eles seriam perfeitamente dispensáveis.

Mas a violência institucional não recai apenas sobre as parturientes. São idosos, pessoas debilitadas por doenças graves e as nossas crianças.

E foi me levantando contra isso que denunciei ao CRM a médica que errou o diagnóstico da minha filha. E aproveitei para levar a reclamação à ouvidoria do hospital, acrescentando uma crítica ao tratamento de “mãe”, “mãezinha”, “pai” e “paizinho” que recebemos desde o atendimento até os consultórios dos médicos.

Não tem mãezinha nenhuma aqui. Tem uma mulher que se fortaleceu com o processo da maternidade e que virou bicho. E bicho brabo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que queremos para nossos filhos

Sempre quando saio de casa para o trabalho dou uma espiada no jornal do vizinho, estendido sobre o capacho. Há muito tempo, talvez anos, não leio jornais. Nem no papel, nem pela internet, tampouco assisto aos noticiários pela TV. Fico sabendo dos acontecimentos pelo boca a boca, e felizmente acabo passando ao largo de muita tragédia e notícia ruim.

Mas o jornal do vizinho está sempre lá, com uma manchete quase sempre mal escrita e sensacionalista e outras chamadas sem importância. Virou hábito, passo por lá, faço minha leitura dinâmica e desço o elevador tecendo críticas mentais, que normalmente já se esvaíram quando chego à garagem.
Mas hoje o que li sobreviveu à viagem de elevador e ficou ali, rendendo minhoquinhas filosóficas. Era uma pequena chamada no canto superior da primeira página do jornal local, que dizia mais ou menos assim: “O amor compensa a ausência. Mães podem trabalhar sem culpa: estudos demonstram que o desenvolvimento das crianças não é prejudicado quando as mães passam o dia fora.” Ao lado, a foto de uma mãe com um bebê de pouco mais de um ano: “Fulana trabalha o dia todo, mas investe na qualidade do tempo que passa com a pequena Júlia.”

Coincidentemente, tinha lido há alguns dias uma entrevista numa revista institucional com uma médica que trabalhava 12h por dia, tinha um filho de dois anos e estava grávida do segundo. A matéria buscava demonstrar como maternidade e carreira são perfeitamente conciliáveis e como todos, mãe e crianças, estavam felizes.

Voltando ao jornal do vizinho. Uma notícia emancipatória: a ciência concluiu que nossos filhos não precisam de nós, já que se desenvolvem muito bem longe das mães (e, supõe-se, também dos pais). E nessa notícia, um valor implícito: o importante para uma criança é se desenvolver adequadamente. Pais satisfeitos, culpa desfeita.

Não li toda a matéria – até por que imagino que o vizinho não ficaria feliz em encontrar seu jornal todo desmontado. Como eu disse, apenas passo os olhos pelos dizeres da primeira página. Mas inferi que esse perfeito desenvolvimento ao qual o repórter se refere diz respeito a aptidões motoras e intelectuais: um bebê que é deixado na creche ou na companhia de uma babá não apresenta atrasos no andar, na fala, na coordenação motora, e disporá de todas as ferramentas para iniciar sua educação formal no mesmo nível que seus coleguinhas que passaram a primeira infância ao lado das mães. Já li, inclusive, algumas notícias que demonstram que crianças cujas mães trabalham fora têm melhor desempenho acadêmico.

Vira e mexe me deparo com alguma coisa que me faz matutar sobre os valores que temos em relação aos nossos filhos. Vejo a descrição nas caixas de brinquedos: “ajuda o bebê a dar seus primeiros passos; estimula o desenvolvimento motor; estimula o tato; estimula a linguagem...” Alguns ainda fazem referência à diversão, mas como um brinde: “aprenda se divertindo!”. Porque só se divertir deve ser mesmo uma perda de tempo. Já vi até lojas de roupas infantis anunciarem que seus produtos estimulam os sentidos das crianças, quando o principal fator na escolha do que uma criança vai vestir deveria ser o conforto.

Com essa mentalidade, uma prova científica de que meu filho não precisa da minha presença para desenvolver todas as aptidões necessárias à sobrevivência num mundo capitalista é realmente libertadora. Enquanto isso, visto meu tailleur e lá vou eu também sobreviver nesse mundo capitalista, sem culpa. Para que depois meus filhos cresçam e sejam bem sucedidos como eu.

Sou uma mãe que trabalha. Com a jornada de 8h diárias, sou forçada a passar 10h longe de casa. É parcialmente uma obrigação, parcialmente uma opção. É algo que já estava assim quando minha filha nasceu e que demanda um pouco de estratégia para ser mudado. Não vou dizer que me sinto culpada. Não sinto culpa simplesmente porque isso não ajuda em nada. Sinto, sim, um desconforto. Porque o meu instinto grita dizendo que isso não está certo.

Não vim aqui discutir se as mães devem ou não trabalhar. Vim me perguntar o que nós queremos para os nossos filhos.

Eu quero, primeiramente, que meus filhos tenham caráter – caráter esse que eu e meu marido vamos ajudar a formar, responsabilidade indelegável para educadores ou cuidadores. Em segundo lugar, quero que meus filhos sejam felizes. Construir a segurança emocional que vai permitir que eles sejam plenos de alegria é outra tarefa exclusivamente nossa. Se eles vão ser ricos, pobres, brilhantes, bem sucedidos, pouco importa. Se tiverem caráter e paz de espírito, saberei que minha missão foi cumprida.

Se alguma mãe precisa de um estudo científico para se livrar da culpa de não passar tempo o suficiente com seus filhos, provavelmente ela não se sente segura o suficiente para manter uma carreira integral. E provavelmente ela está certa.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Não mexe com minha filha

A gestação, com sua natural fragilidade, é o momento ideal para determinar a posição específica da mulher na sociedade, assim como ensiná-la (doutriná-la) sobre a forma como seu filho deve ser inserido na mesma."
Ricardo Jones, in Memórias do Homem de Vidro – Reminiscências de um Obstetra Humanista (Porto Alegre : 2ª Edição, Idéias a Granel, 2008).

A gestante é uma vítima ideal para os abusos médicos e institucionais. Mas esses mesmos agressores se esquecem que depois da gravidez vem um filho, e a gente se transforma em mãe – que de frágil não tem nada. E a Pollyanna que em mim um dia habitou já era.

E é por isso que redigi esta denúncia que vou encaminhar ao Conselho Regional de Medicina assim que eu tiver o resultado de um último exame. Mexe com minha filha, pra você ver.

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Venho apresentar denúncia contra a médica XXXX, CRM XXXX, por erro de diagnóstico e tratamento.

No dia 01/12/2010 eu e meu marido comparecemos ao Pronto Socorro do Hospital XXX com nossa filha Emília, 11 meses incompletos. Ela apresentava um quadro de febre persistente.

Fomos atendidos pela médica XXXX, que solicitou uma radiografia do pulmão e exames de sangue e urina, incluindo urocultura. Como os exames demoraram a ficar prontos, os médicos trocaram de turno e fomos atendidos em nosso retorno pela médica XXXX.

Apresentamos os exames de urina e sangue e a radiografia dos pulmões. O exame de urocultura só ficaria pronto em cinco dias. A partir desse material, a médica diagnosticou uma infecção urinária e prescreveu o antibiótico XXXX. Não houve nova análise clínica da paciente, apenas uma visão superficial e apressada nos laudos dos exames. Ela não perguntou pela urocultura, disse que eu tinha de oferecer 2L de água por dia à minha filha (que pesava pouco mais de 8kg) e que, se ela não aceitasse essa quantidade de líquido, que eu misturasse a água com Ki-suco.

No dia 03/12/2010, levei minha filha a um pediatra particular, Dr. XXXX, que observou os exames e detectou a falha no diagnóstico, já que o exame de urina era inconclusivo e apenas a urocultura poderia confirmar a infecção urinária. Pelo exame clínico, identificou sinais de inflamação no ouvido, concluindo que a infecção provavelmente era no ouvido. Prescreveu o antibiótico Zinnat e pediu que aguardássemos o laudo da urocultura.

Considero os fatos ocorridos muito graves, uma vez que um bebê de menos de um ano foi submetido a dois dias de tratamento inadequado, com medicação de venda controlada, que mascarou a doença e poderia ter levado a seu agravamento caso eu não tivesse buscado uma segunda opinião.

Dessa forma, solicito as providências desse Conselho para apurar os fatos, de modo que outros pacientes não venham a ser prejudicados por condutas irresponsáveis que arriscam gravemente sua saúde.


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Meninas, não confiem a saúde dos seus filhos aos médicos. Estudem, investiguem, contestem, peçam outras opiniões. E denunciem.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Aleitamento terapêutico

Então Emília ficou doente. Bem doente. Depois de duas conversas por telefone com o pediatra dela, quando a coisa estava no começo, e duas visitas ao Pronto Socorro, quando a coisa ficou feia, finalmente tivemos o diagnóstico definitivo na consulta com o maravilhoso substituto do pediatra da Emília (ele está viajando, mas deixou um profissional à altura para atender seus pacientes durante sua ausência): infecção de ouvido. Está medicada, sem febre há dois dias, e bem animada. Mas o apetite...

Há uma semana ela não come praticamente nada, está só no peito. Nem água, nem suco, nem fruta, nem comidas salgadas. De vez em quando ela aceita uma meia colheradinha, só pra sentir o gosto. Então eu não sei o que seria se ela já não mamasse. Será que estaria aceitando leite na mamadeira? Em todo caso, fiquei bem feliz que meus peitones (já não tão "ones") ainda produzem o suficiente para que ela se mantenha hidratada e não morra de fome.

Hoje de manhã ela aceitou comidinha preparada pela segunda mãe dela: a Nestlé. Torçam aí pra rolar uma bananinha logo mais.

E aí embaixo um videozinho dela ontem, 200g mais magra mas com muita vontade de viver.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sinal de fumaça

Pessoal, estou viva! A Emília nem tanto. Resumindo os motivos da minha ausência: torcicolo + filha doente + Conferência Rehuna acontecendo em Brasília.

Ainda estou meio isolada da web mas em breve eu volto. Torçam aí pra minha pequena melhorar, tá muito difícil vê-la molinha...

domingo, 21 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais da árvore de natal

Meninas, estou amando os comentários. Monta, não monta, todos argumentos fortíssimos e convincentes. Enquanto penso, deixo uma fotinho aqui do ano passado - quando Emília habitava um lugar muito menos perigoso - pra vocês sentirem o drama.

A árvore nem é tão alta (1m50, quase meu tamanho), mas ela é bem obesa. Ela tem uma base enorme que não cabe em cima de nenhum móvel que eu tenho. Todos os anos eu arrumo umas caixas pra colocar embaixo dela e deixá-la mais imponente, como essas aí da foto. Só que a coisa fica meio precária, totalmente suscetível de ser derrubada por uma criança.

Por ser muito gorda, essa árvore não cabe em nenhum outro lugar além da varanda. Daí aquela dica de pôr num cantinho entre os móveis também não funciona. Estou pensando em arrumar desta vez uma caixa gigante, tipo de TV LCD, que isole a base da árvore do resto do chão. Daí eu ponho um monte de presentes fake em volta e Emília vai ter alguns obstáculos a transpor antes de atingir o perigo, que tal?

Estou aqui matutando. É isso ou uma mini-árvore em cima de um móvel (muito boa sugestão).

Mas me digam se meu pinheiro não é lindão??

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Decoração de Natal e bebê engatinhante

Montar ou não montar a árvore, eis a questão.

Sou absolutamente fissurada pelo Natal e por tudo o que ele traz junto, sobretudo a decoração. Começa novembro e aparecem as bolas, os bonecos de neve e outros motivos nada tropicais no comércio. Eu simplesmente enlouqueço. E fico me coçando para desencaixotar logo meus enfeites e comprar uma ou outra novidade.

Ocorre que este ano temos uma criança que se locomove com alguma autonomia e está numa fase de muitas descobertas. Esse feriado fomos à casa da minha mãe montar a árvore dela e Emília se acabou com as sinetas de plástico e os laços de fita. Fez uma bagunça absurda e foi um deus-nos-acuda pra evitar que ela colocasse objetos pequenos na boca ou manuseasse coisas perigosas (pisca-piscas e enfeites de vidro). E aí eu me pergunto: vai rolar de deixar uma big árvore obesa e cintilante no chão da minha sala, ao alcance desse serzinho rastejante?

Pensei então em decorar só as paredes e as superfícies altas, tenho enfeites lindos pra isso. Mas ficar sem a árvore, o ícone do Natal pagão?!?

Eu sei que daria pra montar a árvore e toda vez que Emília chegasse perto, soltar um sonoro “nãaaao!”. Mas, poxa, coisa chata colocar uma coisa tão chamativa ao alcance do bebê e não deixar ele mexer!

Enfim, estou confusa no que vou fazer. Alguma de vocês tem experiência com decorações natalinas em tempos de bebês que estão engatinhando ou começando a andar?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Pau no layout

Meninas, obrigada por avisarem, mas eu já sabia que meu layout estava com pau desde ontem. Afinal eu entro aqui de vez em quando, né? ;)

Na minha ingnorância, parece-me que o site onde estão hospedadas as imagens do meu blog está com a capacidade excedida. E obviamente eu não faço a menor ideia de como resolver, porque não fui eu que fiz o layout e não entendo lhufas de programação.

Estou pedindo ajuda à minha amiga designer responsável pela minha lindeza de blog, mas não sei quanto tempo vai demorar. Até lá, me aguentem com layout feio, please?

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Meu marido consertou!! ê!!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

No silêncio da noite

Meu marido comentou no blog da minha querida amiga Lídia sobre as noites insones de quem tem um bebê:

Força aí que as noites melhoram (depois pioram, depois devem melhorar de novo, ainda não chegamos nessa fase… hehe)

E a mãe dela, dona Maria Amélia, deixou esta linda resposta que me fez arrepiar toda e eu tive de documentar aqui:

depois as noites ficam totalmente silenciosas, nem barulho de porta na madrugada… é a fase de profundas saudades!!! Pode ser difícil dormir mal a noite, mas dá saudades tb!!! Aproveitem então…

*suspiro*

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Minha filha é um gênio

E os filhos de todas vocês, eu sei. Mas qual a função de um blog materno, além da trocas de experiências, senão se gabar das proezas do seu rebento?

Então eu também peço licença pra me exibir à custa da minha cotoca, que anda aprontando as maiores gracinhas do mundo.

1) Emília finalmente engatinhou. Êeee! Foi um pouco mais tarde que a média, mas ela engatinha com tamanha graça, perfeição e leveza que óbvio que é pra babar.

2) Ela agora deu pra brincar de esconder. A gente fala "cadê a Emília?", e ela logo cobre o rosto com as mãozinhas e descobre com a maior cara de quem sabe que está agradando. Ela também faz isso com algum pano que esteja à mão. Funciona se você perguntar "cadê a Emília?", "cadê o papai?", "cadê a mamãe?", cadê qualquer coisa.

3) Acho que eu já disse aqui em algum lugar que ela bate palminhas. Pois. Quando a gente começa a cantar "palhacinho remeleixo-xo", ela começa o clap-clap. Mas a genialidade não está aí: se a gente cantar "meu pintinho amarelinho", em vez de bater as palmas com as duas mãos abertas, ela abre uma e fica apontando o indicador com a outra (tipo "cabe aqui na minha mão").

4) Ela está conseguindo se comunicar cada vez melhor. Esses dias ela estava recusando a comida. A gente insistiu um pouquinho até que ela apontou pro copo. Bebeu a água e voltou a comer normalmente.

Alguém sabe se Harvard já está aceitando inscrições?

(Uma homenagem à Roberta e às frases complexas do Noah.)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Emília e o mar

Viajei, não avisei. Ops.

Emília conheceu o mar.

No primeiro dia ela teve medo e se agarrou em mim com tanta força que até dormiu.



No segundo dia, conseguimos brincar de piscininha.



O terceiro dia, que era pra entrar um pouco mais fundo no mar, não rolou. Peguei uma virose do cão e estou em casa de atestado.

O feriado em Fortaleza foi maravilhoso, mas temos que rever a frequência das nossas viagens porque está dando muita canseira. Vide meu estado deplorável de saúde. Mas valeu, Emília conheceu o mar e o mar conheceu Emília!

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Tem muita gente nova comentando por aqui e eu com essas mil viagens e doenças nem tenho tido condições pra dar as boas vindas a cada uma individualmente, como gosto de fazer. Desculpem, meninas, saibam que leio todos os comentários e adoro receber novas leitoras. Sintam-se em casa!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Livre demanda na trilha de Chapeuzinho Vermelho

Pela noite afora eu vou, bem fominha,
Mamar nessas tetas da minha mamãezinha
Ela dorme ao lado, de peito aberto
E o papaizinho fica ali por perto.

De manhãzinha, ao sol nascente,
No colinho dela mamarei contente.
De manhãzinha, ao sol nascente,
No colinho dela mamarei contente.

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Eu sou o Dr. Mau, Dr. Mau, Dr. Mau,
Mando meus pacientes que comam mingau.

Eu sou Dr. Legal, bem Legal, bem Legal,
Digo que dêem peito e jamais mingau!

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Nós somos os mamadores e nada nos amedronta
Bebemos mil litros por dia, mamamos tetas sem conta
Varamos a madrugada mamando com alegria
Não temos hora pra nada, mamamos de noite e de dia.

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O Doutor Mau já morreu, agora estamos em festa
Posso mamar à vontade
Pois é só peito que presta!

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Quem quiser ler sobre o tema mais a sério, a Paloma fala sobre livre demanda aqui.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Horário eleitoral gratuito

Nestas eleições, vote consciente!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sapeca

Ontem a educadora me disse que Emília estava muito espertinha. Nesse breve intervalo até ela elaborar a sequência, me peguei pensando: “sério? Será que ela fez o quê? Engatinhou, andou, pulou, rodopiou, falou, escreveu, tirou raiz quadrada..?”.

- Emília está muito espertinha. Ela puxa os cabelos dos coleguinhas, grita quando querem pegar o brinquedo dela, pega os brinquedos dos outros... muito espertinha! – emendou a tia com um sorriso de orgulho.

Legal. Não posso negar que fiquei orgulhosa também. Não é que minha filha seja uma delinqüente juvenil, né, meu povo? Senão certamente eu já teria sido chamada pela psicóloga. Aliás, ela puxa o cabelo, o pé, o brinquedo dos outros aparentemente sem a mínima noção de diferença entre objetos e seres humanos, sujeitos a dores físicas.

Por exemplo: adoro arregalar os olhos pra ela, porque é gargalhada na certa. Daí ela começa a fazer aquela carinha de intrigada, vem apontando o dedo e termina numa clara tentativa de arrancar meus globos oculares. Cuti-cuti!

Fiz o retrato de um monstrinho, mas Dona Marquesa continua super dócil e boazinha. Ela apenas manifesta suas vontades. Quando não dá pra ser, ela reclama, coisas da vida.

Mais um por exemplo: agora ela deu pra querer ir pra casa levando os objetos da creche – normalmente brinquedos ou qualquer coisa que lhes faça às vezes, como a colher. A gente pede. Se ela não entrega, tem que abrir a mãozinha à força e pegar. Ela grita alguns segundos e logo se distrai com outra coisa.

Boazinha, sim. Pastel, jamais!

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E chegou o dia.

Segunda-feira fui buscá-la na creche, ela estava alegremente em pé, segurando na barra. (Lá tem uma barra dessas igual de bailarina, ao longo da parede espelhada, com um tatame embaixo. Lugar preferido de Emília). Cheguei, dei oi. Em vez de chorar e fazer cara de desespero, o clássico “me tire daqui!, estão me torturando!”, ela deu um sorrisinho pra mim e voltou a brincar com os penduricalhos da barra. Tipo:

- Mamãe, se quiser ficar aqui comigo, ótimo. Mas entre você e a barra... a barra.

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Por essas e outras concluímos que Emília está mais que ótima, feliz da vida, extremamente sorridente e bem-humorada. Acabou a fase do chicletinho! (por hora).

Só as noites que continuam a maratona de mamadas, mas ela estando bem eu encaro a insônia. Uma hora passa!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Parto humanizado em Brasília




Minha linda e verdejante cidade vai receber em novembro um evento incrível para nós, mães, mulheres em idade reprodutiva, que desejam parir com dignidade: a III Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento.

"Um dos objetivos desta III Conferência é dar visibilidade ao muito que vem sendo feito para tornar o parto e o nascimento experiências fortalecedoras para a mulher e sua(seu) recém-nascida(o), retirando dessa vivência a conotação de momento de grande sofrimento", diz a carta da presidente da Conferência, Daphne Rattner.

Vai ser um evento histórico, com mais de 3mil participantes de todo o mundo. O evento é aberto a um público bastante amplo, que inclui nós, mamães, gestantes e treinantes:

"Interessadas(os) na humanização da assistência ao parto e nascimento, agentes de saúde, assistentes sociais, cientistas sociais, consumidoras(es), doulas, educadoras perinatais, enfermeiras, gestantes, suas (seus) parceiras (os) e suas famílias, gestoras(es), neonatologistas, obstetras, obstetrizes, organizações de mulheres, parteiras, psicólogas(os), sanitaristas, terapeutas corporais e outras(os) profissionais de saúde e da mídia."

Para quem quiser participar, as incrições podem ser feitas pelo site http://www.rehuna.org.br/.

Espero ver mudanças na assistência obstétrica prestada em nosso país, e quem sabe daqui a 20 ou 30 anos minha Emília poderá parir com mais dignidade?

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III Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento

Onde: Centro de Convenções, Brasília-DF
Quando: 26 a 30/11/2010
Inscrições até 30/10/2010

(E tem mais mãe blogueira divulgando o evento, né, Paloma?)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nova lojinha de decoração para pequenos



É da prima de uma amiga. Ela nem precisou me pedir pra divulgar, porque eu amei e não podia deixar vocês de fora.

Nid de Petits, http://www.niddepetits.com.br/.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Floripa com bebê de um ano

E lá vamos nós viajar outra vez.

Não é agora, é nas férias de janeiro, e o destino é Floripa! Queria pedir de quem já fez turismo por lá dicas de programas, restaurantes e, principalmente, hoteis baby friendly.

Sei que várias das minhas leitoras têm maravilhosos blogs de viagens, mas é tanta coisa boa que não estou conseguindo pesquisar postagens sobre Floripa em todos eles. Então quem puder me ajudar, deixem nos comentários os links ou as dicas.

Brigadu!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tá ruim, mas tá bom!

Emília continua acordando à noite, incontáveis vezes. Ela chora, o pai a pega no colo e ela fica toda suricata, como se estivesse acordando de vez, para todo o sempre. Não encosta no ombro dele, não amolece, não dá margem pra ser ninada. E só volta a dormir no peito (pelo menos aí é imediato).

Então, para evitar as idas e vindas de vez em quando temos apelado para a cama compartilhada.

Não sou defensora da cama compartilhada e nem contrária a ela. Assim como quase tudo na maternidade, é uma prática que pode funcionar para algumas famílias e para outras não.

Antes de passar minhas impressões sobre nossa experiência, quero deixar duas coisas claras:

- li diversos estudos e não vejo nenhum fundamento científico que aponte possíveis problemas emocionais decorrentes da cama compartilhada, como dependência excessiva dos pais, inseguranças e problemas sexuais;
- da mesma forma, não encontrei nenhum dado convincente de que deixar a criança dormir sozinha em seu berço geraria traumas.

Assim, eliminemos esse papo de que uma ou outra prática – leito conjunto ou berço – causaria danos ao bebê e deixemos nosso instinto materno e nosso coração apontarem o caminho (ui, que brega!).

Lá em casa é assim:

Nem eu nem o Rafael somos entusiastas da ideia de dormir junto com Emília. Ele morre de medo de esmagá-la, então passa a noite no cantinho da cama e acorda todo dolorido. Eu tenho o sono super leve, e tenho dificuldades de dormir com aquela coisinha rodopiante ao meu lado. Some-se a isso o fato de que nossa cama é tamanho padrão e não tem espaço sobrando, então dormimos com muito amor, se é que vocês me entendem.

Como Emília nasceu dormindo super bem, foi direto pro bercinho dela e assim foi até os seus 8 meses, por aí. Até que tudo mudou.

Mesmo ela tendo começado a acordar mais de duas vezes por noite ali pelos 4 meses, sempre foi tranquilo devolvê-la ao mundo dos sonhos. Muitas vezes nem era necessário tirá-la do berço, e quando tínhamos de pegá-la no colo ela costumava voltar a dormir rapidamente. Quase sempre quem fazia isso era o Rafael, a menos quando ele estava adoentado ou muito cansado.

De um mês pra cá, mais ou menos, o Rafael não consegue mais acalmá-la. Mesmo sendo bastante flexíveis quanto à possibilidade de aplicar técnicas pra ajudar o bebê a dormir, sempre tivemos a filosofia de não deixá-la chorando, especialmente de madrugada. E não estou falando somente de abandonar o bebê no berço: chorar no colo também não vale no meio da noite. Começou a se esgoelar, peito!

Então foi ficando assim: peito três, quatro, oito, infinitas vezes à noite. E o Rafael, coitado, ficou apenas com o papel de tirar Emília do berço e levá-la pra nossa cama.

E estamos na seguinte situação: a menos que tenha sérios problemas pra pegar no sono, e não consiga adormecer depois de ter transformado meus peitos em duas muxibas, Emília vai pro berço assim que dorme (esse negócio de colocar o bebê acordado no berço às vezes funciona, às vezes não, e quando ela está dando muito trabalho vai pro berço só quando capota). Caso contrário, normalmente quando já estamos cansados, tentamos acalmá-la na nossa cama. A gente avalia se é arriscado devolvê-la pro berço ou se é melhor deixá-la onde está. Nem sempre a gente escolhe certo, mas a paternidade e a maternidade são assim mesmo.

Às vezes ela fica no berço até a primeira acordada, ou até a segunda, enfim, até a gente achar que dormiremos melhor com ela na nossa cama que levantando toda hora. A máxima pra decidir onde ela dorme é: ela dorme onde pudermos descansar melhor, todos os três.

Estou com a consciência tranquila a respeito das nossas atitudes, sem ficar achando que eu estraguei Emília dando o peito de madrugada. Eu sempre dei o peito se ela chorava à noite, durante 8 meses, e só agora ela parece estar “dependente” dele pra dormir. Ou seja, não foi algo que eu ensinei – a menos que ela seja burrinha e só conseguiu aprender aos 8 meses.

Parece que foi mesmo uma necessidade que surgiu agora. Não é chupeta, porque ela mama forte, sinto os dutos jorrando leite. Ela come o dia inteiro e mama a noite inteira, o que me faz pensar que talvez ela esteja numa fase de desenvolvimento onde há um gasto metabólico tão alto que ela não dá conta de ingerir todas as calorias necessárias só durante o dia. Pode ser também uma forma de compensar minha ausência durante o dia, por causa do trabalho.

Em todo caso, prefiro errar dando peito e consolo demais que de menos. E, cá entre nós: a qualidade do sono não é a mesma, mas é impagável a sensação de acordar e olhar aquela cara olhudinha e aquele moicano despenteado...

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E para quem já pensou em dividir o leito mas teme as consequências sobre sua vida sexual, proponho a cama semi-compartilhada: bebê dorme no berço até despertar no meio da noite, depois vai pra cama dos pais. Daí o casal tem a primeira parte da noite – quando normalmente rolam as coisas, né? – só pra ele.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tchau!

Esqueci de contar um acontecimento especialmente notável sobre a viagem: no voo de ida, Emília fez amizade com um passageiro alguns bancos atrás do nosso e passou a viagem toda enfiando a cabeça no corredor, dando tchauzinho e gargalhando pro moço. Nem preciso dizer que apaixonou, né? Chegando, vários passageiros comentaram que fofura.

O tchauzinho virou a nova mania de Emília. Ela dá tchau pra janela, pra porta, pra grama e, claro, pra todo mundo. É eu ir saindo da salinha da creche pra ela começar a abanar a mãozinha aberta.

Algumas poucas vezes ela faz isso espontaneamente, como um reflexo, mas na maior parte do tempo é bem consciente. Quando alguém acena, ela acena de volta.

Mas o mais fofo é que você não precisa fazer o gesto pra ela entender: quando ouve a palavra “tchau”, lá está ela balançando a mãozinha. “Dá tchau, Emília!”, e ela obedece, quase sempre com um sorrisão em forma de D.

Delícia de fase. Muito gostoso ver ela começar a compreender as palavras e reagir a elas. E o melhor: a primeira palavra que ela aprendeu não foi o tradicional “não”. Foi “tchau”!

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E aproveito pra contar uma grande alegria que tive ontem na creche. Uma das educadoras veio conversar comigo sobre como Emília era dócil e sociável. “Ela toma banho com todas (são três educadoras), come com todas.” Aparentemente, a maioria das crianças seleciona e às vezes não aceita uma delas. Ela comentou que havia uma bebê que estava em fase de adaptação e que chorava o tempo todo. “Nossa esperança é que em breve ela fique igual à Emília!”

É ou não é pra se encher de orgulho?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sem lenço e sem documento

Esse fim de semana a avó do meu marido comemorava seus 80 anos, e lá fomos nós para o interior de Minas. Família toda contente com a visita da ilustre Marquesa de Rabicó, e nós só a bagaceira da mexerica depois de viajar 4 dias de 5.

Sexta, voo pra BH. Sábado, 300km de estrada pra Três Corações. Domingo, descanso. Segunda, volta pra BH e terça finalmente chegamos a Brasília – que, aliás, está linda linda, toda verdinha e com os flamboiants floridos.

Digno de nota é o fato de que moizinha, uma das mães mais organizadas da blogosfera, esqueci de levar a certidão de nascimento da Emília pro aeroporto. Não riam, é verdade.

A Paloma sugeriu que eu fizesse uma mini certidão, do tamanho de um RG, pra manter na carteira evitar que isso acontecesse. Ocorre que eu já tinha uma certidão dessas, e mesmo assim ela ficou em casa.

Eu tenho uma justificativa, vai. Quando eu estava de licença, mantinha todos os documentos da Emília na bolsa dela – certidão e cartão de vacina –, que eu carregava pra todo lado. Como agora ela vai à creche e leva essa bolsa, deixei tudo numa pasta. Mas lição aprendida e divulgada: mantenham as certidão dos seus filhos na bolsa de vocês, até porque – toc, toc – você pode precisar levá-lo a uma emergência ou coisa do tipo.

Resumo da ópera: liguei pra minha irmã, que atravessou a cidade pra buscar o documento na minha casa e novamente pra entregá-lo no aeroporto. Por segundos não perdemos o voo.

E a segunda nota: vocês sabiam que existem aviões sem trocador??!?! Pois existem. Na viagem de ida, Emília fez cocô e lá fui eu ao banheiro trocar. Olha, olha, cadê o trocador? Fui perguntar pro comissário. Daí ele disse que ia ver no outro banheiro e me voltou com a notícia: “Desculpe, senhora, mas esta é uma das aeronaves que não possuem trocador nos toaletes.”

Graças aos céus que era um micrococozinho, praticamente inodoro, e deu pra segurar a onda até chegar. Mas vocês já imaginaram que o desfecho poderia ser bem mais escatológico.

No mais, seria tanto pra contar que prefiro não contar nada e deixar pra vocês só essas duas dicas: não esqueçam os documentos do seu filho e pensem no cocô antes de comprar passagem na companhia mais barata. E boa viagem.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nove meses

Viajei este feriadão e não avisei. Peço perdão aos meus fãs (ok, os fãs são da Emília, mas finge que, né?).

Muita coisa pra contar e pouquíssimo tempo, então faço um post relâmpago de mesversário pra dizer que Emília ainda não engatinha, mas faz o maior esforço.



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Primeiro aniversário do papai

Ontem foi aniversário do Rafael e planejamos um cineminha pra depois que a Emília dormisse. Combinei com minhas irmãs pra irem lá pra casa e nos ligarem em caso de alguma emergência.

Mas como na vida de pais tudo o que se planeja pode ser desplanejado a qualquer momento, as comemorações não saíram bem como a gente pensava.

Primeiro, a Emília teve febre. Isso foi na segunda, mas teve de ficar ontem em casa em observação. Apesar de ela estar bem, ficamos com medo de ir ao cinema, que era longe, e cogitamos trocar a programação por um jantarzinho perto de casa.

Mas aí ela resolveu não dormir. Passou de 20h e nada de Emília tirar a pilha. Ok, não dava mesmo pra ir no cinema (o filme começava às 20h30). O tempo ia passando, minhas irmãs chegando e meu estômago roncando. Eu deitada com Emília na minha cama, cantando:

“Abelhinha estava tão cansada, tão cansada...” – e Emília respondia: NANANA! DADADA!!

“Parou e ficou quietinha, tão quietinha...” – e Emília chutava minha barriga, rolava de bruços e começava a se arrastar de ré até o pé da cama. Eu a colocava de volta na altura da cabeceira e ela descia, igual rolo de máquina de escrever, que vai escorregando até você dar um tabefe e ele voltar. E recomeçava...

Daí desisti. Peguei Emília e fomos todos pra sala. Daí descobri que minha irmã tinha pedido pizza. Duas pizzas, só pra ela (a outra irmã tá na dieta de lactose).

“Então, irmã, eu tava com fome e pedi uma pizza. Daí tava na promoção e ganhei outra!”

Muito conveniente! E assim passamos o aniversário, nós cinco (Emília, Rafael, eu e minhas duas irmãs), comendo pizza em casa. Ainda bem que não era aniversário de casamento...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sono

Quem foi que disse que os bebês vão dormindo cada vez melhor à noite?

Emília recém-nascida dormia a noite toda. De 21h às 6h. Eu tinha de tirá-la do berço pra amamentar após 6h de jejum (hoje não faria isso), porque disseram no hospital que tinhaque. Pois bem.

Ali pelos 3 meses e meio, ela começou a acordar de madrugada. Até duas vezes eu achava normal. Mas de quando em quando as acordadas chegavam a 4, 5 vezes, até que fui perdendo a conta. Às vezes dava uma melhorada, e ela passava uma semana acordando só uma ou duas vezes. Depois voltava tudo ao levanta-levanta.

Consulta Dr. Pediatra especialista em sono, é dente?, é fome?, é pesadelo?, introduz alimentos pra ver se adianta. Melhora, piora, dorme, não dorme.

Toda consulta ele pergunta se ela está dormindo bem. Ela deve estar, porque acorda toda sorridente. Nós, por outro lado...

Ultimamente ainda teve as doenças, mais dentes e a ansiedade de separação, e pela primeira vez sucumbimos à cama compartilhada. Tudo isso aí que eu falei nos últimos posts.

E venho eu aqui buscar uma solução? Não, de jeito nenhum. Acho que a única solução é esperar, porque todas as possíveis causas pro dorme-acorda de Emília são meio que irremediáveis:

1 – Rotina:

Tem rotina mais rotineira que a da creche? E se a gente tem deixado as coisas rolarem meio que naturalmente, à noite é sempre aquela mesma coisa, banho, massagem (quando ela quer), peito. E desde que ela nasceu, deixamos a casa na penumbra no fim do dia e só fazemos brincadeiras suaves, nada muito estimulante. Logo, suponho que a culpa não é da rotina, ou da falta dela.

Quanto aos horários, só coloco Emília pra dormir se ela está com sono. Inútil estabelecer um horário pra começar o ritual do sono pra depois de mamar ela passar 2h rindo da minha cara. Deveras desgastante.

Desde que ela entrou na creche, costuma ficar irritadíssima de sono lá pelas 19h. Nós até acostumamos a dormir assim cedão com ela. Daí essa semana ela me apronta de ficar acesa até 21h30. Quando é assim, a gente não insiste em fazê-la dormir (embalar, cantar), porque é protesto na certa. Ficamos brincando deitados no escurinho até ela pedir a mamada fatal. No outro dia ela acorda invariavelmente às 6h30 (exceto fins de semana, quando ela chegou a esticar até 8h. É possível que essa criaturinha já saiba quando é sábado?!?!).

2 – Dentes:

É, podem ser os dentes. Mas aí é esperar nascerem os sisos, né? Porque vem um atrás do outro, sem tréguas... (A Beta sugeriu o Nene Dent, estou cogitando...)

3 – Ansiedade de separação:

Idem, é esperar passar.

4 – Fome:

Se os pratões de feijão que ela bate na creche mais as 5 mamadas que ela toma de manhã e à tarde não forem suficientes pra alimentá-la, só me resta passar a madrugada com ela grudada no peito. Nada a fazer, apenas esperar.

Então estou eu aqui, esperando.

Vira e mexe alguém que diz que eu fiquei mais bonita depois que virei mãe. Gentes, isso aqui é maquiagem, ó, pra esconder as olheiras.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ensinando

Então é mesmo a crise dos 8 meses. Meninas, obrigada demais pelos comentários. Apesar de que meu feeling já me dizia que era temporário, que tinha a ver o algum salto de desenvolvimento, ouvir as experiências de vocês deixou tudo muito mais claro e me deu a certeza de que estou no caminho certo. Dar muito amor, carinho, atenção e banhos (dica da Kah).

E de fato o salto que Emília vem dando não é apenas motor – aprender a engatinhar –, mas também cognitivo. Não me lembro quando, acho que ali pelos 3 ou 4 meses, ela começou a reparar em tudo e querer pegar tudo. Eu até brincava de cantar a música da Amélia: “tudo que você vê, você quer...”. Agora, parece que outra janela visual se abriu.

É como antes ela tivesse um campo de visão de 90º, e agora ela enxerga em 180º. Coisas que ela nunca tinha observado agora chamam a atenção, como o vapor d’água que sai do umidificador, as tomadas, o ventilador. E aqui começa o assunto deste post: Emília começou a ficar perigosa, para si e para os outros.

Chegamos a um momento em que temos de começar a ensiná-la. Antes, Emília era um bebezinho inofensivo, que tínhamos de proteger das crianças maiores. Agora ela representa um perigo enorme, porque tem força, mobilidade e acuidade visual pra fazer estragos, mas ainda não tem noção do que machuca e acha que tudo é brincadeira.

Na última reunião de pais na creche dela, surgiu o assunto mordidas. A psicóloga contou de uma criança que vinha mordendo sistematicamente os coleguinhas, e conversando com os pais descobriu que em casa eles brincavam de morder. Então a criança considerava aquilo super legal, e não entendia por que os coleguinhas e as educadoras não achavam a mesma coisa. Aquilo nos deixou em alerta e exigiu que mudássemos nossa postura pra evitar que Emília se tornasse uma mordedora, uma puxadora de cabelos ou uma “batedora”.

Olha que legal. Emília pega um brinquedinho e bate na nossa cara, repetidas vezes, com o maior sorriso e um olhar serelepe. Gente, é super engraçadinho, não dói, é lindo. Mas imagine se o brinquedo for grande, pesado, duro, e ela resolver fazer isso no rosto de um coleguinha? Então eu tenho de me segurar pra não rir, reforçando positivamente essa atitude. Mesma coisa quando ela puxa nosso cabelo (brincadeira que o Rafael incentivou muito no começo, colocando a cabeleira à disposição e declamando aiaiaiaiaiai! na maior alegria), quando aperta nosso nariz ou quando nos morde.

Daí vem uma técnica que o Rafael aprendeu naquela mesma reunião de pais e mestres. Sempre que possível, em vez de dizer “não pode” – o que torna o fruto proibido ainda mais interessante – , oferecer uma outra alternativa à criança. Por exemplo: quando ela bate no meu rosto com o mordedor, eu pego o bracinho dela e começo a fazer o mesmo movimento no braço do carrinho. “Bate aqui, meu amor.” Ela continua toda sorridente, golpeando o carrinho. Em vez de puxar o cabelo, “puxa esse paninho aqui, minha linda”. Em vez de morder nosso braço, “morde aqui essa almofada, Florzinha.”

Acho que a chave é não reforçar positivamente atitudes que possam se tornar problemáticas lá fora, por mais fofinhas que elas pareçam em casa. Minha moça cresceu...

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E por falar em mordidas, no último fim de semana identifiquei uma marca de dentes no braço de Emília. Conferi a forma e constatei: a mordida foi dela mesma. Pense na dor do meu coração...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Agarradinha

Emília está numa naquelas fases da chamada “ansiedade de separação”. A e a Ana escreveram sobre isso recentemente, associando esses momentos de grude a picos no desenvolvimento do bebê.

Ela está aprendendo a engatinhar, então essa pode ser uma boa razão. Também tem os dentes, que não param de sair. Ela tem 8 meses, 3 pares de dentes e mais um a caminho. Somem-se a isso a conjuntivite que ela teve há duas semanas e a febre que a manteve em casa na última sexta-feira.

O resultado é que ela anda bem dengosinha, chorosa e só quer ficar comigo. Se estivermos só nós duas em casa, ela até brinca no tapetinho feliz da vida, comigo ao lado. Mas se aparecer outra pessoa – até o pai –, ela começa a exigir colo (o meu, né?). Como se quisesse a maior privacidade possível nesse momento a duas.

Também faz dois dias que ela dorme na nossa cama. Anteontem, ela simplesmente não pegava no sono se a colocássemos no berço. Tentamos 4 vezes e, depois de muito choro, sucumbimos ao cansaço e a deixamos dormir conosco. Ontem ela dormiu fácil, no berço, mas lá pelas 23h acordou e não havia nada que a fizesse adormecer de novo. Dei o peito umas 10 vezes, andei com ela pela casa durante quase uma hora, e ela só chorava, com uma expressão horrível de dor no rosto, se contorcendo toda como se fosse um recém-nascido com cólicas, e com uma tosse seca que não parava. Deitei com ela na minha cama porque eu não agüentava mais ficar em pé, mas não imaginei que fosse adiantar alguma coisa. Aos poucos, ela foi se acalmando, adormeceu e lá ficou.

Deixá-la na creche também não tem sido fácil. Ela se agarra na gente (normalmente é o pai quem a deixa, hoje fui eu porque ela tinha natação) e chora muito. O Rafael até comentou: “Infelizmente a gente não pode ligar pro chefe e dizer: ‘hoje não vou trabalhar porque minha filha está chorando’”.

O que me dói mais é justamente não poder estar com ela quando ela está precisando. Pelo bem que conheço minha filha, sei que ela é independente, dócil e sociável, e que não preciso fazer nada pra forçá-la a ir com outras pessoas. Mas agora ela me quer, precisa da minha presença para lhe dar segurança, seja pra aprender a engatinhar, seja pra superar alguma dor física que ela esteja sentindo e a gente não vê.

Já deu pra perceber pelo que escrevo aqui que sou absolutamente contra técnicas para ensinar o desapego à criança. Acredito, ao contrário, que a independência vem da segurança que nós, pais, passamos a ela. E nesse momento tão especial da minha filhota, quero estar com ela todo o tempo que puder, e lamber bem muito essa minha cria.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Como (não) irritar seu bebê

Quando saio com Emília da creche, sou um cabideiro ambulante. Minha bolsa, bebê-conforto, bolsa de Emília e Emília. Os procedimentos para entrar no carro não são simples. Primeiro, arremesso as bolsas no banco do passageiro. Depois, encaixo o bebê-conforto na base com Emília no colo. Por último, Emília vai pro seu assento e lá vamos nós!

Ontem tive uma brilhante idéia: pra ficar com as mãos livres pra instalar o bebê-conforto no carro, coloquei Emília em pé no banco de trás, com os bracinhos apoiados sobre a tampa do porta-malas. Ah, como ela ficou feliz!, curtindo o pára-brisas traseiro na sua posição preferida: em pé. E eu me achando a pessoa mais esperta do mundo.

Mas eis que, a cadeirinha instalada, Emília tem de sair do seu cantinho divertido e sentar, amarradinha, no bebê-conforto. Ah, mas a moça ficou braba. Depois de muito tentar distrai-la, tive de dar a partida no carro com ela berrando mesmo, senão era passar mais de meia hora esperando que ela se cansasse da brincadeira de batucar na tampa do porta-malas.

Alguém qualificaria isso como birra. Eu não. Emília tem apenas 8 meses e começa a demonstrar aborrecimento com situações que a contrariam. Normal. Mas não existe nisso maldade nem desejo de manipulação, posso perceber isso claramente pelo tanto que conheço e observo minha filha. É apenas um bebê crescendo.

E como lidar com isso? Repreender a criança, deixá-la chorando, porque o choro é bobo e ela tem de aprender a suportar frustrações? Ceder, mesmo que isso implique perigo ou um grande transtorno pra nós (na situação acima, deixá-la brincar em pé no banco do carro significaria atrasar a volta pra casa, pegar trânsito e me deixar com fome)? A primeira opção me parece inaceitável pra um bebê tão pequeno, que ainda não tem maturidade neurológica pra compreender as normas da civilização. A segunda é igualmente complicada, porque não dá pra expor a criança a certos riscos e nem parar tudo pra atender um desejo seu.

Então comecei a adotar alguns procedimentos que, se não eliminam, diminuem muito a possibilidade daquele chorinho irritado:

- Jamais entregar a Emília algo de que eu vá precisar depois. Por exemplo: oferecer a colher pra ela brincar enquanto preparo a refeição. Quando for dar a comida, vou precisar da colher, e pode ser que ela não esteja muito disposta a desistir da brincadeira.

- Evitar ao máximo deixar objetos perigosos ou frágeis ao alcance dela. Ela pode querer pegar, eu não vou deixar e alguém vai ficar brava.

- Manter longe dos olhos dela brinquedos que exijam minha supervisão, a menos que eu esteja 100% disponível pra brincar ela. Sabe aquele tapete de atividades com arcos? Pois Emília adooora ficar em pé segurando nos arcos. E não tem como deixá-la sozinha ali, é tombo na certa. Mas ela não pode ver o tapete no chão que começa a se jogar em direção a ele. Se eu não posso ficar lá por um bom tempo à disposição, não atendo seu desejo e, mais uma vez, tenho um bebê irritado nos braços. Melhor manter o tapete guardado no armário e só tirar quando eu tiver bastante tempo pra ela.

- Não colocar Emília pra brincar de uma forma que exija supervisão (como no caso do tapete) se eu não pretender ficar com ela até ela cansar. Pior do que quando ela vê o troço e eu não a deixo brincar é encerrar a brincadeira na melhor parte. Bebê MEGA irritado.

- Se for impossível evitar, e por distração ou por necessidade ela acabar pegando algo que tem de ser devolvido, a máxima é distraí-la o quanto antes com outra coisa. Ou dar outro brinquedo, ou levá-la pra janela, fazer barulhinhos com a boca, vale tudo pra acalmá-la antes de que a reclamação vire um choro desconsolado.

Com essas pequenas medidas, temos mantido Emília bem feliz a maior parte do tempo. Claro que às vezes a gente faz besteira e o conflito fica irremediável, como no caso do carro. Mas ninguém vai morrer por causa desses pequenos episódios.

As crianças têm de aprender a receber não, a lidar com decepções, a não ter sempre o que querem? Claro que sim. Mas a vida já tem frustrações suficientes, e a gente não precisa inventar mais, né?

Ficam então essas dicas pra uma casa em paz....

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Conjuntivite

Eis-me aqui, depois de longa temporada ausente.

Emília pegou conjuntivite. Nada de mais, ficou com os olhinhos bem remelentos, mas nada que fosse extremamente incômodo. Os sintomas desapareceram em três dias com colírio e soro fisiológico (no nariz e nos olhos), mas ela teve de ficar uma semana de quarentena. Sem poder ir à creche, eu e o marido nos revezamos nos cuidados com ela (com o auxílio da minha mãe) e eu vinha trabalhar só meio período.

Agora imaginem fazer em 3 ou 4h o trabalho de um dia inteiro, ainda mais com minha parceira de férias. Foi punk. Eu chegava, trabalhava trabalhava trabalhava até o braço cair e ia correndo cuidar da minha princesa.

Agora que voltei a ter horário de almoço, vim aqui dar as caras pra ninguém achar que morrei (ai!).

Foi cansativo, mas foi muito gostoso passar mais tempo com minha filhota. Um dia eu chego lá. Me aguardem...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dois pontos de vista

Você chega em casa exausta de um dia de trabalho e seu filho cheio de dentes quer mamar. Você dá o peito e ele se pendura. Mama, mama, mama, os dentes vão roçando dolorosamente suas auréolas. Seu pescoço dói, seu braço dói, suas costas doem, mas seu filho não para de mamar. Você tenta de vez em quando tirar a boca dele do seio, quando ele diminui o ritmo de sucção, mas ele percebe a manobra e começa a sugar com mais vigor. Você desiste, com medo de levar uma dentada, e volta a tentar mais tarde. Seu filho parece que vai mamar pra sempre, e você está cansada.

+++

Chego em casa exausta de um dia de trabalho e minha Emília com quatro lindos dentinhos quer mamar. Dou o peito e ela se pendura. Mama, mama, mama, os dentes vão roçando delicadamente minhas auréolas. Relaxo o pescoço, enquanto olho pra ela. Apóio sua cabeça sobre um braço, enquanto com o outro acaricio suas coxas gordas. Afrouxo a musculatura das costas, enquanto aproveito pra treinar a respiração abdominal profunda. De vez em quando ela diminui o ritmo de sucção, e cogito tirá-la do seio. Em vez disso, prefiro deixar que ela faça suas pausas, enquanto aproveito pra fazer a minha. Naturalmente, ela volta a sugar depois de alguns segundos. Minha filha parece que vai mamar pra sempre, e eu estou extasiada.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O sonho que brotou

Esse fim de semana recebi um presente de um amigo. O presente não foi pra mim, foi pra Emília, mas a louca ensadecida apaixonada por livros infantis sou eu mesma, a mãe.

Cheguei assim, na lata:

- Renato, quando você vai me dar um livro seu, hem?

E o pobre do Renato:
(...)

- Ah, sim, claro, não sabia que você curtia livros infantis, claro que sim, vou te dar um livro meu...

E tinha opção, Renato?

Daí chegou às minhas mãos, com uma dedicatória ilustrada, este livro:



Renato Moriconi é ilustrador, e O Sonho que Brotou é o primeiro livro escrito e ilustrado por ele. Olha a descrição que o Renato faz desse trabalho:

"Desenhar seus sonhos é o que essa menina gosta de fazer. E eu também.

Criei essa história pensando em minha sobrinha, Marcelly, que me fez lembrar como é bom observar e registrar os sonhos e a imaginação.

O livro é aberto na vertical, e todos os desenhos dos sonhos da menina foram feitos em traço vermelho com a mão direita. Os desenhos do “mundo real” foram feitos em traço preto com a mão esquerda – sou canhoto. Os sonhos estão sempre na parte superior do livro, mas não há uma hierarquia do que é mais importante – sonho ou realidade. Creio que o importante é não esquecer de nenhum dos dois."

Olha o resultado:



Nem precisa dizer que amei, né, Renato? Te pago depois com um tour pela biblioteca de Emília.
E pra vocês, mamães, fica a dica:
O Sonho Que Brotou
Autor: Renato Moriconi (texto e ilustrações)
Editora: DCL
Preço: R$37,90 na Cultura.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A primeira mordida

Tentei tirar a foto pra colocar aqui mas Emília não parava de se mexer, querer pegar a câmera, e com a pouca luminosidade do fim da tarde ficou tudo borrado e não deu pra ver. Desde ontem, Emília exibe marcas de dois pares de dentes nas bochechas - obviamente, não os dela, e muito menos os meus.

Diz a tia que achou que a coleguinha fosse dar um beijo e, quando viu, já era tarde demais. "Mas Emília não chorou", garantiu ela, morrendo de vergonha.

Pode deixar, coleguinha. Te pego na saída. NHAC!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Carta para Emília - deixando pai e mãe

A culpa. Este é um sentimento que toda mãe tem. A sua mãe, meu amor, parece um pouco mais tranquila que a maioria, mas mesmo assim às vezes também se culpa.

Quando a gente vira mãe, muita gente diz muita coisa sobre o jeito certo de criar nossos filhos. Tem gente que diz que é melhor a mãe não trabalhar pra cuidar das crianças. E tem gente que diz que é melhor a mãe trabalhar pra depois que os filhos crescerem ela não ficar se sentindo inútil, e que a escolinha faz bem pras crianças. E tem um monte de outras coisas que as pessoas dizem às mães, e às vezes a gente fica tão confusa com tanta informação que nem lembra mais em que a gente acredita. E é nessas horas que a mamãe sente culpa.

Quando a gente vira mãe, fica tendo uma pessoinha toda dependente da gente. As coisas que a gente faz ou deixa de fazer podem influenciar sua felicidade, sua saúde e suas emoções no futuro. É muita responsabilidade, né? Já pensou se eu descobrisse que você se tornou ansiosa, ou nervosa, ou desanimada por causa de alguma coisa que eu fiz ou deixei de fazer?

É verdade que nem tudo depende dos pais. Você já nasceu com uma personalidade própria – aliás, muito adorável. E outras coisas também vão ajudar você a construir seu futuro. Mas eu acredito muito que o carinho e a educação que eu te der vão ser as coisas mais importantes pra você virar uma adulta legal.

E ultimamente a mamãe tem sentido um pouco de culpa por passar o dia todo longe de você e depois ficar cansada demais pra te dar toda a atenção que você merece. Se a mamãe não trabalhasse, provavelmente se sentiria culpada também, com medo de não estar assumindo uma responsabilidade de adulto. Porque hoje em dia todos os adultos têm que trabalhar, homens e mulheres, especialmente se tiverem filhos, pra poder comprar as coisas pra casa.

Mas crescer, meu amor, é se desligar do que os outros dizem e fazer o que achamos melhor. E sabe por quê? Porque quando a gente cresce, a gente fica responsável pelo que nós fazemos.

Quando você é criança, se você estragar uma coisa do vizinho é seu pai quem paga. Mas quando você é grande, não tem mais o papai pra consertar os seus erros. Então, já que é a gente que vai ter que resolver os problemas, é melhor fazer mesmo do nosso jeito, né? Porque se alguém me mandar dar uma mamadeira pra você e depois você não quiser mais mamar no meu peito, eu não vou poder colocar a culpa nesse alguém. Você é minha responsabilidade, e se eu fizer alguma coisa de errada na sua criação, mesmo se for pra seguir os conselhos de alguém mais experiente, a culpa é minha, e só minha.

A Bíblia, que é um livro em que mamãe acredita, diz que quando a gente se casa a gente tem que deixar pai e mãe. Isso significa que a gente agora vai fazer nossas próprias escolhas, vai ser responsável pelo que faz. A gente vai continuar amando nossos pais, e respeitando, mas eles não vão mais poder decidir nada por nós. Onde vamos trabalhar, se vamos trabalhar, o que vamos comprar com nosso dinheiro e nem como vamos criar nossos filhos.

A mamãe já se casou há algum tempo, mas só depois que você nasceu fui entender de verdade essa ordem. E eu quero muito ter a liberdade pra seguir meu coração e criar você do jeito que eu sinto que é o melhor. Só o seu pai pode participar disso, e ele é um cara muito legal que te ama um monte, e quer que nossa família seja muito feliz. Junto com ele, eu decidi que o dinheiro não é nem de longe a coisa mais importante pra nós. E que responsabilidade não precisa ser passar o dia longe de casa pra ganhar mais dinheiro. Responsabilidade é cuidar com toda dedicação das coisas que são mais preciosas pra nós.

Gostei muito de decidir passar mais tempo com você e com os irmãos que você vai ter, mesmo que eu ainda não possa fazer isso agora. Mas não vai demorar muito, meu amor. E o meu coração vai estar em paz, porque foi uma decisão que eu tomei com seu pai, e nós estamos conseguindo deixar nossos pais e nossas mães para trás.

Um dia vai ser sua vez de nos deixar também. E eu quero que você tenha a maior paz do mundo pra tomar suas próprias decisões, porque a nossa tarefa vai estar cumprida.

Com todo amor,

Mamãe.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O desfralde descartável

Ela ainda não tem oito meses e eu não sou louca (nem tenho criadagem pra limpar merda e mijo na casa inteira) igual a Gigi pra lhe tirar as fraldas. Mas como agora ela faz cocô de minhoquinha – eca, eca, eca! –, mais consistente, estamos saindo com Emília de fraldas de pano.

Desde que Emília completou um mês e as coxinhas de catupiry começaram a preencher o buraco pras pernas nas fraldas de pano, o que acabou com os vazamentos, em casa ela sempre usa as fraldas ecológicas. A menos que todas as de pano estavam lavando, as descartáveis ficavam só pra noite e pras saídas.

Até um mês atrás eu evitava sair com Emília de fraldas de pano porque o cocô dela era muito mole, grudava todo no tecido e tinha de pelo menos passar uma água pra não ficar aquele cheirinho na bagagem. Como na rua nem sempre a gente tem uma pia disponível, sempre saíamos com as Pampers.

Mas agora, comendo quatro porções de alimentos sólidos por dia, igualmente sólidos ficaram os excrementos de Emília. Aí é só virar a fralda da privada e, voilà, só resta uma mini-manchinha marrom. Ponho no saquinho de roupa suja e coloco de molho assim que chego em casa. Assim tem funcionado também na creche, e ela agora usa as fraldas descartáveis só pra dormir.

Quando ela começar a acordar com a fralda um pouco menos cheia – porque, atualmente, a quantidade noturna de xixi só falta fazer a fralda explodir –, aboliremos completamente as descartáveis.

Apesar de muitos especialistas criticarem essa coisa de várias transições (tipo cama compartilhada – berço no quarto do casal – berço no próprio quarto; fralda – penico – adaptador – vaso, etc.), acho que vai ser legal (e bem legal $$$) tirar completamente as fraldas descartáveis antes do desfralde propriamente dito. Até porque ela já está mais que acostumada a usar fraldas de pano e sentir o molhadinho quando faz xixi, o que, dizem, contribui pra um desfralde mais cedo.

Finalmente, cocô fedido de comida sólida tem suas vantagens.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Não pode e tem-que

Minha irmã (aquela mesma engraçadinha que fez meu relato de parto), quando era criança um dia protestou: “Ai que saco! Tudo aqui nesta casa é não pode e tenque!!”. Hoje eu acho graça de ela não saber onde acabava uma palavra e começava a outra. Mas que ela tem razão, isso tem: não pode e tem-que são um saco.

Digo isso especialmente em relação à maternidade – que começa antes mesmo de a criança dar as caras. Grávida não pode andar descalça. Grávida tem que tomar vitamina. Se você quiser ter um parto natural, aí a palpitaria fica ainda maior. Tem que cortar o períneo. Tem que tomar anestesia (você não vai agüentar). Não pode esperar mais de 40 semanas.

Aí você desengravida e as coisas só pioram, porque os palpites são diametralmente opostos uns aos outros.

Não pode pegar a criança no colo toda hora. Tem que pegar a criança no colo toda hora. Não pode dar chupeta. Tem que dar chupeta. Não pode deixar dormir na sua cama. Tem que colocar pra dormir na sua cama. Ai meu sacoooo.

E se fosse só culpa dos outros, que já palpitam o suficiente... mas a culpa é nossa também, né?, que inventamos de LER sobre gravidez e criação de filhos. Que insistimos em levar a criança ao pediatra todo mês e ficamos com um nervosinho quando os números vão se formando na balança. “Tá tudo bem, doutor? Então, estou preocupada porque minha filha só quer ficar em pé, parece que morre de preguiça de se arrastar. Será que ela vai engatinhar? Meu marido não engatinhou.” Que perguntamos pras amigas que têm filhos da mesma idade: “Quanto seu filho pesa? Ele já anda? Com quantos meses falou?”. E que compramos livros – ai, os livros! – que dizem coisas totalmente diferentes uns dos outros.

Eu tenho a encantadora-de-bebês-cara-de-seriema, que diz pra não colocar o bebê na sua cama a menos que você pretenda dormir com ele até ele não querer mais, digamos, até a adolescência. E tenho o Dr. Carlos Gonzalez hippongo que diz que nossos ancestrais não usavam berço nem carrinho de bebê... Das duas, uma: ou jogo um dos livros fora (ainda bem que o do Dr. Gonzalez é cópia eletrônica e o da Tracy Hogg custou tipo 15 roiais na promoção), ou faço zóing, zóing, zóing e tento abstrair o que não me interessa.

Gente, mentira, eu AMO o Dr. Carlos Gonzalez (peito, peito, peito!). E continuo achando que a dona Seriema tem algumas dicas legais (porque seria tão bom se toda vez que a gente pegasse o bebê no colo ele parasse de chorar, eu seria uma super adepta do colo full time. Mas infelizmente não é assim).

Conclusão? Eu continuo lendo e continuo xingando as pessoas que escrevem, é super legal! Mesmo que eu acabe não usando nada daquilo, é bom pra refletir sobre a forma como crio minha filha, sempre sem deixar calar aquele que é o mais sábio de todos: o instinto materno. Ele é que nos faz ouvir nossas crias e compreender do que elas precisam.

Porque eu posso tudo e não tenho-que nada, porque eu sou a mãe!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Das vantagens de se ter um blog de mãe

Inventei uma pesquisa e juro que é verdade. Tirei os dados da minha cabeça, sem nenhuma base, científica ou não, mas acredito neles. E digo que as mães que têm blog:

- têm mais chances de terem um parto conforme desejaram;
- têm maior índice de sucesso na amamentação e amamentam por mais tempo;
- compram menos coisas inúteis para seu primeiro bebê;
- têm menos chances de desenvolverem depressão pós-parto e maiores chances de superá-la.

Isso porque, quando a gente tem um blog de mãe pra mãe, a gente tem uma rede de apoio e informação. Aprendemos com as experiências das outras e diminui muito a chance de fazermos algumas burradas totalmente evitáveis. E quando a barra pesa, sempre tem alguém pra te dar uma palavrinha de ânimo. É como um daqueles grupos de mães ou de gestantes, só que virtual.

Agora, o maior conselho que vivo lendo em blogs maternos por aí é: siga seus instintos. Melhor que livros, melhor que sites especializados e melhor que muito médico é essa mulherada. Mãe sabe das coisas.

Blog de mãe é tudo de bom. É ou não é?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Suar e crescer

Emília nasceu no verão. Para o desespero de todos, eu a mantinha peladinha, só de fralda, a maior parte do tempo. Talvez fosse agoniante pra algumas pessoas ver um bebê recém-nascido todo descoberto, com os membro magros de fora. Mas eu sentia que assim minha filha estava mais confortável naquele calor que foi um dos mais intensos dos últimos anos.

O inverno chegou e Emília passou a desfilar por aí de meias, calças compridas e casaco, e todos ficaram satisfeitos. Menos eu, que tinha de me desdobrar para sempre achar peças limpas que combinassem entre si. E só as mães sabem como de um dia pro outro você deixa de ter um enxoval completo pra ter só uma ou duas peças que cabem (normalmente calças, blusas e casacos, que vão ficando curtos mas continuam entrando. Bodies e macacões, nem pensar).

Mas eis que este fim de semana o calor resolveu retornar. Eu, feliz e contente, botei Emília de vestidinho e pés descalços. Em casa, depois da papinha, a roupa imunda, voltamos ao topless. E Emília passou o domingão só de fralda.

Fazia tanto tempo que eu não a via sem roupa fora do trocador ou do banho que fiquei bastante impressionada. No início do ano, era Emilinha de fraldona. Agora sobra tanta Emília pra fora da fralda! É um troncão de fora, uma mini pessoinha enorme. Pequena, mas tão crescida!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Crescendo...

Mensagem das tias da creche na agenda de Emília:

"Emília está muito bem, sempre sorridente. Está comendo cada dia melhor. Estamos muito felizes (vários corações desenhados)".

Ai, ai. É ou não é pra babar?

+++

E aí você percebe que seu bebê está crescendo quando:

- o cheirinho de bebê se foi, dando lugar a uma deliciosa catinga de suor azedo;
- o golfo começa a ficar com cheiro de vômito, e vem com uns pedacinhos de comida;
- o cocô ganha forma de minhoquinha e a cocofobia materna vira realidade;
- o nariz tá sempre meio catarrentinho.

Criança é tão nojentinha, né? Ô coisa linda de mamãe!!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre a lucidez

Meninas, agradeço enormemente os comentários ao meu último post. Foi muito bom sentir a solidariedade e saber que eu não sou a única que se sente assim.

Mas alguns comentários me chamaram particularmente a atenção e me fizeram pensar bastante. Eles falavam sobre a situação de quem acabou de voltar ao trabalho depois de uma longa licença, e mostravam uma possível relação entre meu sentimento de insatisfação e a saudade da minha filha. Foram comentários muito ponderados e sábios.

Sim, já pensei bastante sobre isso. Mas tenho plena convicção de que meu mal-estar em relação ao trabalho não é algo vinculado à distância da Emília. É algo antigo, que vem se arrastando há anos, que vai e vem como ondas (ou como contrações do parto, que vão ficando cada vez mais próximas e mais doloridas), e que meu marido tem acompanhado bem de perto. Eu mesma documentei todas essas crises por escrito, em um diário pessoal.

Mas não é exatamente sobre minha história que quero falar. É sobre essa constante necessidade que temos de duvidar de nós mesmas, da nossa intuição e do nosso coração, e confiar numa razão que nem sempre é nossa.

Lembrei do livro “A Cadeira de Prata”, de C.S. Lewis, da série Nárnia. Nele, o príncipe vive um encantamento e tem de ser amarrado todas as noites numa cadeira de prata, pois entra em transe e começa a delirar. Ele explica sua história aos visitantes (os heróis da história) e diz que, no período em que estiver amarrado, vai clamar e implorar para ser liberto, mas que eles não devem libertá-lo até que o transe passe. No meio de um desses ataques, ele clama pelo nome de Aslam, o leão que representa a figura divina. Então os heróis entendem que o que ele dizia ser o transe na verdade era seu único momento de lucidez, e que no tempo em que ele estava livre é que o feitiço operava.

Daí eu penso se os episódios de TPM, gravidez, pós-parto não são na verdade grandes oportunidades de descobrirmos verdades dentro de nós. Se essas oscilações de hormônios, em vez de nos deixarem mais fracas, na verdade não nos libertam da tirania da “razão” – não uma razão boa, mas um racionalismo medroso e inseguro. E se a loucura muitas vezes não é mais sábia que a razão.

Por via das dúvidas, escrevo tudo. E, relendo minha história contada por mim mesma, descubro muitas coisas. Assim meu passado vai me ajudando a ser melhor no futuro. Romântica? É. Mas das loucuras, escolho a que me parece mais verdadeira.

domingo, 22 de agosto de 2010

Do céu ao inferno

Foi bem rápido. Menos de duas semanas de volta ao trabalho e me sinto péssima. Tudo o que parecia tranqüilo tomou novos rumos, e de repente me vi soterrada de funções absolutamente alheias a tudo aquilo que sei fazer ou gosto de fazer. Já disse aqui que odeio administração? Pois odeio. Dêem-me papeis, muitos papeis, e não vou reclamar. Mas me mandem trabalhar com qualquer ferramenta de gestão e estejam certos de me trazerem noites sem sono, um estômago cheio de ácido e muitas lágrimas.

Parece uma bobagem, um sentimento precipitado e influenciado pelo fim da minha licença. Mas de repentina essa sensação não tem absolutamente nada. São quase cinco anos com o mesmo sentimento de inadequação, de estar sendo mal aproveitada, de desperdício de vocação. Tenho qualificações que pouquíssima gente onde eu trabalho tem, e que seriam extremamente úteis para a instituição da qual eu faço parte, mas me é simplesmente impossível colocar isso em prática. Cansei de insistir, e me conformei depois que engravidei com a feliz ideia de que passando sete meses afastada todos aqueles sentimentos desapareceriam.

Eu não entendia por que tinha tanto medo de voltar ao trabalho. Achava que era receio de abandonar minha filha, de que ela não ficasse bem. Mas era mais. Era medo de voltar a uma realidade que muito me fez sofrer, e que me rendeu um quadro de pré-depressão no final de 2008 . Sabe gato escaldado?

E desde a noite de quinta tenho dormido muitíssimo mal, e tenho chorado regularmente. É uma dor enorme, um desânimo, uma completa falta de coragem.

Muitos poderão me perguntar por que eu simplesmente não acabo com isso, e largo tudo. Ou por que não faço uma terapia (já fiz) e aprendo a conviver com essa realidade. Afinal, que capricho todo é esse de querer fazer o que gosta, e que sabe fazer muito bem?

O problema é que toda decisão exige muita prudência. Um emprego como o meu está cada vez mais difícil de conseguir e me garantirá um futuro bastante confortável. Mas vale a pena passar 30 anos infeliz pra depois se aposentar ganhando mais do que eu preciso?

O que me faz faltar a coragem para mudar de vida – e eu sei que posso, sei que tenho o talento para construir uma outra coisa totalmente diferente – é que o sofrimento é intermitente. Se fosse uma depressão daquelas, a gente emagrece, passa meses chorando, quer morrer, eu veria claramente que uma mudança de rumo seria urgente. Mas eu fico mal, fico bem, fico mal, fico bem. E agora vejo que não dá mais pra continuar vivendo nesse pisca-pisca. Tenho uma filha pra criar, e em breve terei outros. E tenho de estar inteira pra eles.

Tenho conversado muito com meu marido e tomamos algumas decisões. Tudo muito devagar, e vejo um fio de esperança. Mas ainda choro, e tenho medo.

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