terça-feira, 31 de agosto de 2010

Das vantagens de se ter um blog de mãe

Inventei uma pesquisa e juro que é verdade. Tirei os dados da minha cabeça, sem nenhuma base, científica ou não, mas acredito neles. E digo que as mães que têm blog:

- têm mais chances de terem um parto conforme desejaram;
- têm maior índice de sucesso na amamentação e amamentam por mais tempo;
- compram menos coisas inúteis para seu primeiro bebê;
- têm menos chances de desenvolverem depressão pós-parto e maiores chances de superá-la.

Isso porque, quando a gente tem um blog de mãe pra mãe, a gente tem uma rede de apoio e informação. Aprendemos com as experiências das outras e diminui muito a chance de fazermos algumas burradas totalmente evitáveis. E quando a barra pesa, sempre tem alguém pra te dar uma palavrinha de ânimo. É como um daqueles grupos de mães ou de gestantes, só que virtual.

Agora, o maior conselho que vivo lendo em blogs maternos por aí é: siga seus instintos. Melhor que livros, melhor que sites especializados e melhor que muito médico é essa mulherada. Mãe sabe das coisas.

Blog de mãe é tudo de bom. É ou não é?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Suar e crescer

Emília nasceu no verão. Para o desespero de todos, eu a mantinha peladinha, só de fralda, a maior parte do tempo. Talvez fosse agoniante pra algumas pessoas ver um bebê recém-nascido todo descoberto, com os membro magros de fora. Mas eu sentia que assim minha filha estava mais confortável naquele calor que foi um dos mais intensos dos últimos anos.

O inverno chegou e Emília passou a desfilar por aí de meias, calças compridas e casaco, e todos ficaram satisfeitos. Menos eu, que tinha de me desdobrar para sempre achar peças limpas que combinassem entre si. E só as mães sabem como de um dia pro outro você deixa de ter um enxoval completo pra ter só uma ou duas peças que cabem (normalmente calças, blusas e casacos, que vão ficando curtos mas continuam entrando. Bodies e macacões, nem pensar).

Mas eis que este fim de semana o calor resolveu retornar. Eu, feliz e contente, botei Emília de vestidinho e pés descalços. Em casa, depois da papinha, a roupa imunda, voltamos ao topless. E Emília passou o domingão só de fralda.

Fazia tanto tempo que eu não a via sem roupa fora do trocador ou do banho que fiquei bastante impressionada. No início do ano, era Emilinha de fraldona. Agora sobra tanta Emília pra fora da fralda! É um troncão de fora, uma mini pessoinha enorme. Pequena, mas tão crescida!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Crescendo...

Mensagem das tias da creche na agenda de Emília:

"Emília está muito bem, sempre sorridente. Está comendo cada dia melhor. Estamos muito felizes (vários corações desenhados)".

Ai, ai. É ou não é pra babar?

+++

E aí você percebe que seu bebê está crescendo quando:

- o cheirinho de bebê se foi, dando lugar a uma deliciosa catinga de suor azedo;
- o golfo começa a ficar com cheiro de vômito, e vem com uns pedacinhos de comida;
- o cocô ganha forma de minhoquinha e a cocofobia materna vira realidade;
- o nariz tá sempre meio catarrentinho.

Criança é tão nojentinha, né? Ô coisa linda de mamãe!!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre a lucidez

Meninas, agradeço enormemente os comentários ao meu último post. Foi muito bom sentir a solidariedade e saber que eu não sou a única que se sente assim.

Mas alguns comentários me chamaram particularmente a atenção e me fizeram pensar bastante. Eles falavam sobre a situação de quem acabou de voltar ao trabalho depois de uma longa licença, e mostravam uma possível relação entre meu sentimento de insatisfação e a saudade da minha filha. Foram comentários muito ponderados e sábios.

Sim, já pensei bastante sobre isso. Mas tenho plena convicção de que meu mal-estar em relação ao trabalho não é algo vinculado à distância da Emília. É algo antigo, que vem se arrastando há anos, que vai e vem como ondas (ou como contrações do parto, que vão ficando cada vez mais próximas e mais doloridas), e que meu marido tem acompanhado bem de perto. Eu mesma documentei todas essas crises por escrito, em um diário pessoal.

Mas não é exatamente sobre minha história que quero falar. É sobre essa constante necessidade que temos de duvidar de nós mesmas, da nossa intuição e do nosso coração, e confiar numa razão que nem sempre é nossa.

Lembrei do livro “A Cadeira de Prata”, de C.S. Lewis, da série Nárnia. Nele, o príncipe vive um encantamento e tem de ser amarrado todas as noites numa cadeira de prata, pois entra em transe e começa a delirar. Ele explica sua história aos visitantes (os heróis da história) e diz que, no período em que estiver amarrado, vai clamar e implorar para ser liberto, mas que eles não devem libertá-lo até que o transe passe. No meio de um desses ataques, ele clama pelo nome de Aslam, o leão que representa a figura divina. Então os heróis entendem que o que ele dizia ser o transe na verdade era seu único momento de lucidez, e que no tempo em que ele estava livre é que o feitiço operava.

Daí eu penso se os episódios de TPM, gravidez, pós-parto não são na verdade grandes oportunidades de descobrirmos verdades dentro de nós. Se essas oscilações de hormônios, em vez de nos deixarem mais fracas, na verdade não nos libertam da tirania da “razão” – não uma razão boa, mas um racionalismo medroso e inseguro. E se a loucura muitas vezes não é mais sábia que a razão.

Por via das dúvidas, escrevo tudo. E, relendo minha história contada por mim mesma, descubro muitas coisas. Assim meu passado vai me ajudando a ser melhor no futuro. Romântica? É. Mas das loucuras, escolho a que me parece mais verdadeira.

domingo, 22 de agosto de 2010

Do céu ao inferno

Foi bem rápido. Menos de duas semanas de volta ao trabalho e me sinto péssima. Tudo o que parecia tranqüilo tomou novos rumos, e de repente me vi soterrada de funções absolutamente alheias a tudo aquilo que sei fazer ou gosto de fazer. Já disse aqui que odeio administração? Pois odeio. Dêem-me papeis, muitos papeis, e não vou reclamar. Mas me mandem trabalhar com qualquer ferramenta de gestão e estejam certos de me trazerem noites sem sono, um estômago cheio de ácido e muitas lágrimas.

Parece uma bobagem, um sentimento precipitado e influenciado pelo fim da minha licença. Mas de repentina essa sensação não tem absolutamente nada. São quase cinco anos com o mesmo sentimento de inadequação, de estar sendo mal aproveitada, de desperdício de vocação. Tenho qualificações que pouquíssima gente onde eu trabalho tem, e que seriam extremamente úteis para a instituição da qual eu faço parte, mas me é simplesmente impossível colocar isso em prática. Cansei de insistir, e me conformei depois que engravidei com a feliz ideia de que passando sete meses afastada todos aqueles sentimentos desapareceriam.

Eu não entendia por que tinha tanto medo de voltar ao trabalho. Achava que era receio de abandonar minha filha, de que ela não ficasse bem. Mas era mais. Era medo de voltar a uma realidade que muito me fez sofrer, e que me rendeu um quadro de pré-depressão no final de 2008 . Sabe gato escaldado?

E desde a noite de quinta tenho dormido muitíssimo mal, e tenho chorado regularmente. É uma dor enorme, um desânimo, uma completa falta de coragem.

Muitos poderão me perguntar por que eu simplesmente não acabo com isso, e largo tudo. Ou por que não faço uma terapia (já fiz) e aprendo a conviver com essa realidade. Afinal, que capricho todo é esse de querer fazer o que gosta, e que sabe fazer muito bem?

O problema é que toda decisão exige muita prudência. Um emprego como o meu está cada vez mais difícil de conseguir e me garantirá um futuro bastante confortável. Mas vale a pena passar 30 anos infeliz pra depois se aposentar ganhando mais do que eu preciso?

O que me faz faltar a coragem para mudar de vida – e eu sei que posso, sei que tenho o talento para construir uma outra coisa totalmente diferente – é que o sofrimento é intermitente. Se fosse uma depressão daquelas, a gente emagrece, passa meses chorando, quer morrer, eu veria claramente que uma mudança de rumo seria urgente. Mas eu fico mal, fico bem, fico mal, fico bem. E agora vejo que não dá mais pra continuar vivendo nesse pisca-pisca. Tenho uma filha pra criar, e em breve terei outros. E tenho de estar inteira pra eles.

Tenho conversado muito com meu marido e tomamos algumas decisões. Tudo muito devagar, e vejo um fio de esperança. Mas ainda choro, e tenho medo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Andando em círculos

Passei sete meses fora e parece que voltei ao ponto em que estava quando saí de licença. A maioria dos colegas continua por aqui e meu trabalho ainda é o mesmo – o que, confesso, me deixa um pouco confortável. Sim, porque não sei se estaria preparada para grandes mudanças nesta fase da minha vida. Ainda estou muito centrada na minha família, e não sei se isso vai mudar tão cedo (nem se vai mudar um dia).

Ainda sonho com outros rumos profissionais, mas sem pressa. Brinco de escrever uma dissertação de mestrado, na esperança de em breve ter tempo pra isso. E sinto a mesma calma que sentia há pouco mais de sete meses, quando eu sentava nesta mesma cadeira com uma barriga enorme.

Mas percebi que estava andando em círculos quando me peguei usando o tempo livre que tinha para ler sobre parto. Exatamente o que eu fazia há sete, oito meses. Não sei se é porque ainda pretendo ter mais filhos, mas a gestação, o parto e a maternidade me transformaram de forma irremediável. Parece que foi ligado um botão que me tornou reprodutora por tempo indeterminado. Se eu não estiver gestante, estarei lactante. Quase como uma carreira.

Existem outras coisas importantes, é claro, como aquele poema que eu ensaio traduzir pra um futuro mestrado. Mas sabe quando você de repente encontra uma vocação, que você não precisa se esforçar nem um pouco pra exercer e que cai sobre você como uma luva, sem que você possa impedir?

E então entendi que a maternidade é irrevogável, irrenunciável e irresistível.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

“Maus hábitos”

Uma das poucas vantagens de passar o dia inteiro longe do seu filho é que aquilo que parecia um “mau hábito”, em vez de desencorajado agora pode ser estimulado. Digo “maus hábitos”, assim com aspas, porque eles em si não têm nada de maus. Apenas são incompatíveis com nossa rotina moderna, pra infelicidade dos nossos bebês.

Mas agora que Emília está na escolinha, sobrevivendo mais que bem, comendo, tomando leite no copinho, dormindo e sorrindo, enquanto estiver comigo eu quero mais é incentivar esses lindos “maus hábitos” que ela tem:

- dormir no peito;
- mamar de hora em hora;
- só se alimentar do meu leite.

A conclusão a que cheguei é que carinho e aconchego não têm nada a ver com dependência. Quanto mais segura ela estiver do meu amor, e de que estarei sempre disponível pra ela, mais independente ela será.

E é assim que eu quero nossa relação: que ela me queira por perto por amor e afeto, e não porque não sabe ficar sozinha ou com outras pessoas.

P.S.: Claro, no fim de semana eu dou as comidinhas, e ela segue comendo super bem. Mas durante a semana, depois das 17h, é só peito!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O dia de uma profissional lactante

Antes de Emília nascer, eu não sabia como seria. Não sabia como conciliaria profissão e maternidade mas, apesar do medo, meti as caras, como escrevi naquela época.

Isso porque trabalho 40h semanais, num lugar longe de casa e longe de tudo. Por aqui praticamente não há restaurantes decentes, e sempre trouxe minha marmita para comer no refeitório. Mas como preparar comida todas as noites com um bebê em casa? Como descansar, se sem Emília eu já me cansava o suficiente só com minha rotina? E o tempo pra ela? E a amamentação? Como esvaziar os seios no trabalho?

Hoje, de volta ao trabalho, as coisas se acertaram milagrosamente, e nossa família está se adaptando com sofrimentos suportáveis.

Nossos dias têm sido assim:

Emília acorda por volta das 6h30, e com ela, todos nós. Se está bem, o marido fica com ela para eu me arrumar, de modes que eu dê o mamar o mais próximo possível do horário de sair. Se não, já dou o peito de uma vez. Depois, deixo ela no carrinho pra ela fazer tudo comigo: ir ao banheiro, escovar os dentes, me maquiar e me vestir. Não tomo café em casa pra não perder esses preciosos minutos com ela. Ali pelas 7h e pouco saio pro trabalho e deixo Flosinha com o pai. É o momento de eles dois se curtirem, pra depois saírem às 8h e pouco rumo à escolinha e ao trabalho.

Saio parecendo muambeira: uma sacola com minha marmita, outra com a bomba de leite e a bolsa com minhas coisas. Resolvi a questão da marmita da seguinte forma: aos sábados vem uma pessoa lá em casa pra fazer comida pra semana, e ela já deixa congeladas as porções pra eu trazer pro trabalho (até arroz a gente congela. Não é bom como arroz fresco, mas quebra o galho). Continuo almoçando aqui no refeitório, já que não compensa sair daqui do caixa prego, me meter na auto-estrada com um trânsito pesadíssimo pra chegar esbaforida na creche e passar meia hora com Emília, não almoçar direito e ainda ter de sair 1h mais tarde do trabalho – porque aí eu teria de tirar 2h de almoço. A própria psicóloga da creche achou melhor eu não ir, até porque seria mais uma separação.

Na falta da mamada ao meio dia, estou mandando dois potinhos de leite por dia (uns 100ml) pras tias oferecerem a Emília caso ela não coma algo equivalente a um mamão inteiro no lanche. Assim ela fica alegrinha e aguenta até as refeições principais (almoço e janta). Ordenho duas vezes na salinha de apoio à amamentação aqui do meu trabalho, que foi inaugurada durante a minha licença (Deus é bom!) e uso uma bomba elétrica. É mais rápido que tirar na mão e preserva meus tendões. Enquanto ordenho, fico assistindo DVDs no Looney Tunes na televisão da salinha.

Saio daqui 16h30, pego o leite no congelador e me mando pra escolinha. Quando me vê, Emília faz aquela cara de mamãe-me-tira-daqui-estão-me-torturando e se joga no primeiro dos peitos que aparecer na frente dela. Amamento lá mesmo e só então volto pra salinha pra conversar com as tias, perguntar como foi o dia e pegar as coisas dela (a essa altura, cheia de leite na pança, Emília está toda serelepe, rindo pra todo mundo). Daí volto mais muambeira que nunca, acrescentando às três bagagens da ida a bolsa de Emília, o bebê conforto (que o marido deixa de manhã) e a própria Emília. Ser mãe é virar um cabideiro ambulante.

Chegamos em casa ali pelas 17h e poucos. Coloco ela no carrinho pra esvaziar a bolsa dela, conferir as anotações na agenda, colocar a roupa suja no cesto, tomar uma água e ir ao banheiro. Depois brincamos, Emília mama mais um pouco, e brinca, e mama, e ultimamente tem capotado ali pelas 18h30. O pobre do marido chega, só dá tempo de ver Flóris mamando e dormindo (a creche é um sossega leão. Ela chega exausta). Nesse tempo, arrumo minha marmita pro dia seguinte e esterilizo a bomba de leite. Jantamos juntos, até ela acordar da soneca pro sono definitivo. Eu dou a massagem e o marido dá o banho. Ela adormece em torno de 20h e vamos nós dois pra cama logo em seguida, pra levantarmos renovados no outro dia.

E tem sido assim. O marido tem sofrido mais que eu, porque agora ele a vê muito menos (enquanto eu estava de licença, ele vinha almoçar em casa e lamber a cria). Além disso, ela parece ainda mais apegada a mim, e às vezes não quer ficar com ele. Mas assim vamos nos ajeitando, nos adaptando.

Agora deixa eu quebrar minha cuca pra bolar uma rotina pra quando eu tiver cinc... ops, três arrebentos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ai, Roberto!

Impressionante como ele sempre fala aos nossos corações. Sempre tem alguma coisa nas músicas dele com a qual a gente se identifica, e por isso ele é o Rei. Agora, experimente escutar Roberto Carlos no carro durante a viagem pro trabalho, enquanto você deixou sua linda Flosinha pra trás. E pensem que o trajeto é longo, que permite ouvir o CD over and over. Visualizaram?

Me digam se não parece a Emília falando pra mim:

Se você demora mais um pouco
Eu fico louco esperando por você.
(Ciúme de você)

E eu pra ela:

São suas mãozinhas feitas pra fazer carinho
Nada tem mais charme do que o seu joelhinho
Seus pezinhos a pisar
Meu coração que a cantar
Diz que tudo que é seu
É meu, é meu, é meu.

(É meu, é meu, é meu)

Daí o melô da mãe saindo do trabalho:

Por isso foi que eu decidi
Não fico nem mais um minuto aqui
Eu vou buscar o meu amor.
(Eu não vou mais deixar você tão só)

E por último, o melô da mãe que já não sabe mais se vale a pena trabalhar:

Não há dinheiro no mundo que me pague
a saudade de você.

(Não há dinheiro que pague)

Gente, isso tudo em apenas um disco, O Inimitável! Porque se eu fosse pegar toda a obra do Roberto, a coisa ficava ainda mais feia. E eu fecho com uma clássica do Rei, que não está nesse disco mas que, né? Tudo a ver:

Meu bem qualquer instante
Que eu fico sem te ver
Aumenta a saudade
Que eu sinto de você
Então eu corro demais
Sofro demais, corro demais
Só prá te ver, meu bem.
(Corro demais)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

No intervalo do almoço

Passo aqui rapidinho só pra dizer que:

- Minha volta ao trabalho foi relativamente tranquila. Foi bom rever os colegas e descobrir que ninguém mexeu no meu computador e na minha estação de trabalho.
- A chefe nova parece ser boa gente e aceitou sem problemas meu horário chega-cedão-sai-cedão.
- Estreei a Sala de Apoio à Amamentação e estou achando o máximo. É um cantinho sossegado, com chave, geladeira, pia e poltronas pra gente tirar o leite em boas condições de higiene e sem medo de ser flagrada de peitos de fora.
- Hoje levei Emília pela primeira vez na aulinha de natação (lá na creche mesmo) e, apesar do frio, foi um momento bem gostoso.

...e a saudade ainda é grande. Licença maternidade é realmente o paraíso.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A casa vazia

A gente passa meses tentando achar um tempinho pra si mesma, sem medo de interrupções. Agora, que finalmente tenho, não sei o que fazer.

Emília está lá na creche e eu fico de férias até amanhã.

Muito estranha a casa sem ela. Muito estranho estar aqui no computador sem a babá eletrônica ligada e os ouvidos alerta. E eu aqui, com todo o tempo do mundo pra mim, contando os minutos pra ir buscá-la.

domingo, 8 de agosto de 2010

Minha família

"Concluo que devo ter sido muito infeliz até ser mãe", escreveu a Nina. E me identifiquei quase completamente, se não fosse uma diferença entre nós: a Nina primeiro se completou como mãe, depois como esposa. E comigo foi ao contrário. Primeiro veio ele.

É forte dizer que éramos infelizes. Mas isso é verdade no sentido de que vamos crescendo, nos desvinculando dos nossos pais, e isso gera um vazio dentro de nós. Um vazio que, pra mim, só foi preenchido quando o encontrei. Foi minha primeira grande alegria de adulto. A segunda foi ela. Nossa menina. Minha e dele.

E eu, que era apaixonada por este homem, me apaixonei de novo por esse pai.







































(Bem que tentei economizar nas fotos, mas não deu.)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O quarto dia

Pensem numa pessoa feliz: sou eu. O quarto dia de adaptação de Emília na creche foi maravilhoso. Já chegou curtindo a aulinha de música e passou a manhã exibindo os dentinhos e o sorriso em forma de D. Chorou só na hora de tirar a roupa pro banho, porque estava com sono. Depois, dormiu super fácil no colo da tia.

A estratégia de dar o leite se ela não comesse bem a fruta funcionou demais. Ela, que mal tomava 5ml de água ou suco no copinho, só faltou arrancar o bico com a força da sucção, segundo relatou a tia. E se ela não tomou mais que uns 50ml do meu leitinho, foi o suficiente pra me dispensar até as 13h30, minha gente!!! No almoço, bateu quase meia pratada de feijão com abóbora.

Mas quando me chamaram pra buscá-la, óbvio que se jogou no meu colo e se agarrou nas minhas tetas feito peixe limpa-vidros. Uma filha que vai com todas as tias da creche, sorri como se estivesse em casa, come cada vez melhor, está apta a beber no copo e ainda ama meus peitos: muito mais do que eu pedi a Deus.

E voltei pra casa nesta sexta-feira com a sensação de missão cumprida.



"Me arruma aí uma vaca mecânica e eu fico aqui o dia inteiro. Pode ir trabalhar tranquila, viu, mamãe?"

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A mamadeira e mais um dia na creche

Algumas pessoas têm perguntado, desde que comecei a falar da introdução de alimentos, se a Emília não toma mamadeira. Andei respondendo nos blogs, mas como muita gente se interessou pelo assunto resolvi falar sobre isso aqui.

Enquanto ficou no aleitamento exclusivo, até 5 meses e meio, Emília não tomou mamadeira nem copinho. Só peito. Só depois de 2 semanas de introdução de alimentos, já com seis meses, é que fui tentar pela primeira vez o copinho de aprendizagem (com aquele bico achatado e molinho. O líquido só sai se o bebê sugar). Comecei oferecendo água, depois suco. Ela adorou a brincadeira: ficava mordendo o bico e nada de sugar. Percebi que de vez em quando ela dava uma sugadinha e vi que ela estava bebendo, mesmo que pouquinho. E oferecia sem compromisso, deixando ela brincar com o copinho.

Mas o tempo foi passando e nada de ela beber de verdade. Supus que era porque de tanto mamar ela não precisava de líquidos. Só por desencargo, tentei um bico de mamadeira tradicional e foi a mesma coisa: morde, morde, morde.

E assim a coisa foi até hoje. Daí minha preocupação com a questão peito-comidinhas-líquidos-creche. Porque se ela tomasse líquido no copinho, leite ordenhado eu tenho o suficiente. Resolveria a questão de ela comer pouco; eu poderia ficar mandando meu leite pra escolinha até ela engrenar nos sólidos.

Como eu contei ontem, ela parece que sabe beber do copo igual adulto. Hoje tentei de novo o copo sem a tampa e ela deu umas boas goladas. Só que isso só funciona pra oferecer água, primeiro porque faz a maior bagunça, depois porque se ela tomasse leite desse jeito eu ia ter que ordenhar o triplo do que ela precisa.

E fazendo assim a ligação com o terceiro dia de adaptação na creche, decidi com a educadora que amanhã ela vai tentar oferecer meu leite no copinho depois do lanche. Só deus sabe se ela vai beber. Se não, olha o leite derramado!

Aconteceu exatamente o que eu temia. Com a fome apertando, ela foi ficando sensível. Daí, na hora do banho, começou a berrar ao tirar a roupa. Parou de chorar na água e voltou a se esgoelar quando a tia foi pôr a roupa (detalhe: eu estava beeeem longe da salinha, lá na recepção, mas conseguia ouvir o choro e identificar claramente que era comigo).

Já era a hora do almoço dos pequenos quando me chamaram pra oferecer a refeição (eles pedem pro responsável fazer isso só da primeira vez, pra educadora ver como é feito em casa). Emília até segurou bem a onda e abriu a boca pra umas duas colheradas de papinha, mas começou a chorar muito (olha que dó: ela abrindo a boca, aceitando a papinha e chorando. Como se dissesse: "eu tô com fome, por isso tô comendo - e olha que a papinha tá boa, viu? -, mas eu queria mesmo era o peito".) Aí eu disse pra tia: "Se fosse em casa, eu daria o mamá e ofereceria a papinha depois". Ela prontamente concordou.

Superficialmente, parece que hoje não deu certo. Mas não aconteceu nada de diferente dos outros dias, apenas Emília ficou mais tempo e provou pro mundo que ainda precisa mamar bastante. Ontem foi tudo lindo, mas a gente saiu de lá mais cedo e ela foi direto pro peito. Ou seja.

Então amanhã a educadora tenta o copinho com o leite, e se não der certo eu estarei lá. Enquanto isso, vou fazendo minha parte em casa, tentando oferecer o máximo de líquidos no copinho (já fiz um suco delicioso pro lanchinho de daqui a pouco), e torcendo pra ela beber cada vez mais. E estou otimista, viu? As comidinhas tiveram um avanço considerável: agora ela abre a boca, pede mais, e mesmo comendo pouquinho, já tá fazendo um cocô bem mais firme. Nem lavo mais a fralda direto na pia; antes eu jogo o excesso na privada, senão o ralo fica cheio de pedaços.

Por hoje é só, pessoal. Amanhã tem mais.

Ah: e sobre a máxima de que a adaptação é mais nossa que deles. Gentes, achei não. Pra mim tem sido bem fácil. Pra minha Florzinha é que a coisa apertou.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Segundo dia na creche

Estou só a bagaça. É acordar cedo, amamentar, ordenhar, (tentar) tomar café, arrumar malinha de Emília e rumar pra creche. Pior que esta semana se acumularam todos os médicos do mundo: GO na segunda, pediatra ontem e dermalogia hoje pra reavaliar a herpes. E me fizeram esperar mais de uma hora no consultório com Emília no colo. Só não fui embora porque minha mãe não deixou, disse que eu tinha que fazer a reavaliação pra não ficar com cicatriz. E eis-me aqui moída, triturada, e pronta pro terceiro dia de adaptação na creche.

Hoje correu tudo muito bem. Cheguei, dei o lanche na salinha e deixei princesa com a tia. Enquanto isso, fui conversar com a nutricionista sobre o fato de que Emília ainda come muito pouquinho e está com dificuldades pra tomar líquidos no copinho. Ah, e claro: e sobre as restrições alimentares, já que nossa família é vegetariana. Depois da conversa mal tive tempo de abrir meu livro e me chamaram pra dar banho em Emília. O segundo dia é assim: a mãe dá o lanche e o banho pra educadora ver como é feito em casa. Quando abri a porta da salinha, vi Emília toda boazinha sentada no tatame, brincando com a tia e os coleguinhas. Meu sorriso quase rasgou minha orelha.

A educadora disse que Emília se comportou muito bem, que ficou no parquinho interagindo com as outras crianças - todas maiores, que ficavam fazendo carinho nela. Muito bom ouvir isso.

Amanhã Emília fica lá a manhã inteira, e minha única preocupação é quanto à alimentação dela. Eu estarei lá e posso dar o peito em caso de emergência, mas seria muito bom se eu não precisasse ser chamada. Ainda não sei se deixo o leite pra tia dar ou se fico só de fora vendo se ela aguenta com o lanche e o almoço. Meu receio é que quem vai dar o almoço sou eu, e temo que me vendo ela só queira mamar. Se eu deixar o leite, por outro lado, não sei se ela vai tomar no copinho. Se não tomar, joga-se fora. Aí é chorar o leite derramado literalmente. Só quem ordenha sabe do que eu estou falando.

Enfim, amanhã veremos. Mas estamos indo bem.

+++

Depois de comer maçã no dente, agora Emília bebe água em taça de vidro. Coisas da minha mãe. A gente não pode dar as costas que está ela lá, no colo da avó, sorvendo a água da taça igual bezerro bebe em riacho. E, obviamente, toda molhada. "É bom que refresca", diz minha mãe. Ok. Da próxima vez vou escolher uma bela taça de cristal para vinho Bordeaux.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Schoolbag in hand, she leaves home in the early morning...

E começou a escolinha. E como estamos? Muito felizes. Bem mais do que eu imaginaria.

Ok. O pior ainda não chegou. Hoje ela ficou lá só uma horinha, comigo, e só volto a trabalhar 4a da semana que vem - o que me dá mais flexibilidade pra socorrê-la (socorrer-me?) em caso de necessidade. Amanhã são 2h e eu já fico afastada. Quinta ela fica meio período e, se tudo correr bem, sexta-feira ela já passa o dia inteiro na creche. Se não, temos mais dois diazinhos da semana que vem com mamãe disponível pra acompanhar a adaptação.

Ela sorriu bastante no colo da educadora, depois ficou brincando sentadinha no tatame enquanto nós conversávamos sobre os hábitos dela. Depois chegaram os outros alunos da salinha (o mais novo tem 1 ano, o que faz da Emília a caçula), todos muito civilizados. A tia disse que eles protegem os mais novos, e quando um bebezinho chora, vêm os mais velhos trazendo brinquedos pra consolá-lo.

Depois conversei com a pediatra da creche e voltei pra casa. Amanhã converso com a nutricionista.

Mas o que me deixou ainda mais feliz foi a consulta com o pediatra da Emília agora à tarde. Falei com ele sobre minha preocupação com a alimentação dela (conversei sobre isso também com a educadora e com a pediatra da creche), porque ela ainda come muito pouquinho e bebe uma quantidade ínfima de líquido no copinho. Também não aceitou meu leite na mamadeira. Daí ele disse que caso haja algum problema na adaptação, ele me dá um atestado pra eu estar mais presente pelo menos nas 2 primeiras semanas. Combinamos que será bom que eu vá à creche na hora do almoço pra dar o peito e ficar um pouquinho com ela, de modo que tudo fique mais suave. Caso contrário, seriam quase 10h de separação. Brabo, né?

Adorei a postura dele, super compreensivo. Ele disse que esse sentimento é normal, que não tem motivo pra gente forçar uma separação brusca e que tudo vai se ajeitar no nosso ritmo.

Estão estou assim, mais leve, vivendo mesmo esse momento difícil com uma alegria muito grande. A bonequinha está crescendo. E esta semana ela está dando um passão rumo à independência.

E deixo um trecho de uma das músicas que tem no CD que eu e o Rafael fizemos pra ela antes de ela nascer, e que eu ouvia chorando com aquele barrigão de nono mês. Porque o nascimento é a primeira grande separação.

Schoolbag in hand, she leaves home in the early morning
Waving goodbye with an absent-minded smile
I watch her go with a surge of that well-known sadness
And I have to sit down for a while
The feeling that Im losing her forever
And without really entering her world
Im glad whenever I can share her laughter
That funny little girl

Slipping through my fingers all the time
I try to capture every minute
The feeling in it
Slipping through my fingers all the time
Do I really see whats in her mind
Each time I think Im close to knowing
She keeps on growing
Slipping through my fingers all the time

Chegou o dia

Tô indo levar Emília na creche pro primeiro dia de adaptação. Agora aguenta, coração...

Depois volto com notícias.

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