sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O fantástico mundo de Lia, o incrível Hulk e outras histórias

Foi só desabafar que melhorei. Já quero caminhar hoje, espero que não chova. E segui o conselho da Paloma: “Aproveite e peça ajuda meeeesmo. Sem medo de parecer folgada ou preguiçosa.”

Ontem me enfiei na frente da fila pra esquentar marmita no refeitório, na maior cara de pau. Fui abrindo o microondas e um cara perguntou: “É a sua vez?” Eu respondi, educadamente: “Normalmente as pessoas me deixam passar.” Uma mulher que estava do lado virou pra ele e falou: “Ela está grávida [seu Joselito sem noção, não viu o tamanho da barriga?]”.

Tudo certo, sem mais filas no refeitório.

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Como ia dizendo, melhorei. Claro, agora sei que me canso mais fácil, tenho de dormir mais, malhar menos e furar filas. Mas minha disposição voltou e retorno à minha fantasia: O fantástico mundo de Lia.

No fantástico mundo de Lia, a gravidez é uma maravilha. Todos os sintomas ruins são leves e perfeitamente suportáveis: meu pé não aumenta um número inteiro, só meio; não consigo correr (ainda bem, detesto correr), mas andar 6km é perfeitamente aceitável; não existem estrias (só as que já estavam lá); não existe celulite (só a que já estava lá); prisão de ventre? Hem?; azia? Ok, eu já era ulcerosa mesmo; varizes? Também já tinha, dor nas pernas não é grande novidade.

E aí tem ela se mexendo toda hora, uma delícia. E meu chefe me manda embora no meio de uma reunião que se estendeu demais. Pondo na balança, acho que o lado bom ganha.

E no fantástico mundo da gravidez de Lia, toda vez que eu tiver uma mudança incômoda no meu corpo, vou me acostumar com ela rapidamente e viver feliz para sempre.

Mas a fantasia não acaba por aí.

No meu fantástico mundinho, meu parto não vai doer!! HAHAHAHA

E minha filha vai chorar pouco. Não é uma maravilha?

Oi? Viajei? Não me importo... meu mundinho está tão legal!

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Todo mundo sabe que na gravidez a barriga cresce, o pé cresce, o nariz embatata, o cabelo brilha e tal. Mas ninguém me contou sobre o fenômeno Incrível Hulk.

Sabe quando o Hulk fica fortão e explode a camisa? Você vê aquelas veias verdes saltadas pra fora.

Pois então. Você sai do banho e vê seu colo parecendo um mapa hidrográfico. Alguns vasos nos seios estão até protuberantes, dá pra sentir com os dedos. A lateral da barriga é a mesma coisa, cheia de vasos verdes.

Faltam só os músculos, porque as nossas camisas também arrebentam se a gente tentar usar. Mas isso todo mundo já sabia.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Engravidei

Agora é sério. Acabou a brincadeira. Acabou aquele papo de “estou ótima, caminho 12km, ai que disposição, nada a reclamar, só a azia, hem, 2k?, não, me passa o pesinho de 3, me passa a furadeira, pode deixar que eu faço, não pode carregar peso? Peso é saco de batata, me dá isso aqui...”

Eu me rendo. Pra quem achava que todo aquele sofrimento de carregar uma criança na barriga era frescura, TOMA! Virei uma grávida do tipo “ai que sono, não aguento mais, ai minha perna, ai meus pés, ai minha bunda, não aguento mais ficar sentada, não suporto mais ficar em pé, ai que preguiça de sair pra caminhar (tá chovendo mesmo, né?), pernas abertas, pés de pato, respiração ofegante, refeições parceladas, estômago emplastrado, ai que mal humor, ai que alegria, ai que tristeza e, o tão esperado: por favor, me ajuda?”

Não que eu achasse que esse dia não fosse chegar. Mas é que eu previa isso lá pra semana 38, 39. Pois ontem percebi que o último trimestre não vai ser tão sossegado assim como eu pensei. Cheguei to trabalho só a bagaça. Tudo bem, trabalhei muito, mas o mesmo número de horas de sempre, e com direito a soneca de mais de meia hora no intervalo do almoço. E o Rafael indo pra lá e pra cá resolvendo coisas do ap novo, recebe o homem do telefone, e o homem do ladrilho, e o homem que vai restaurar o berço, e hoje a Bel vai lá receber o marceneiro... e eu aqui, trabalho, pilates, trabalho, injeção Rhogan na bunda, trabalho, exames, trabalho, trabalho e mais consultas.

E ando tão chorosa... quase todo dia à noite, “UÉEEEEENNNN! Amor, quero ir pra casa, amor, nosso ap nunca vai ficar pronto, amor, você não tá cansado fazendo tudo sozinho?, eu queria pode ajudar, mas eu não posso, eu não consigo, eu tô tão cansada...”

É. Agora é desacelerar, e cantar, igual na abertura do Smallville:

SOMEBODY SAAAAAVE ME!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A boneca

Uma tia super fina, que mora em Fortaleza, resolveu dar uma boneca pra Emília.

- Escolhe uma boneca bem bonita, viu? – disse à outra tia, que mora por aqui mesmo e tem uma lojinha que vende brinquedos.

Sábado fui à loja buscar uns creminhos e soube que seria presenteada com a boneca. Minha tia já alerta:

- Não sei se vai ser do seu gosto, mas eu escolhi a mais bonita que achei.

E coloca no balcão um bebezão gigante, com traços no mínimo realistas. Olhei, olhei.

- Tia, essa boneca parece um bebê de verdade. Meio assustador, né? E ela é meio grande também, né... vai demorar um pouco até a Emília conseguir brincar com ela.
- Pois é, minha filha, gosto é gosto. Sua outra tia (são várias, galera, família cearense) bem que disse que ela era “abominável”.
- Hm... é, talvez eu não tenha gostado muito.
- Pois escolha outra boneca então. Se escolher dessas (me mostrou umas bonequinhas de pano com a cara de borracha), leve duas, que são bem mais baratas.

Olhei, olhei, e nada me atraía. Até que o Rafael apontou:

- Essa cabeçuda é legal.

Toda de pano, com uma cabeça super desproporcional, o cabelo castanho-escuro todo picotado em cima e duas maria-chiquinhas caidinhas atrás da cabeça. Vestido xadrez azul.

- Amei essa boneca!

Levei a boneca pro balcão.

- Escolhi, tia. Eu quero essa.
- Eu não acredito que você vai querer essa bonequinha. Olha, tem essa, e essa. Muito mais bonitas.
- Não, eu quero essa.
- Pois leve mais essa. Essa que você escolheu é muito baratinha.
- Não, não, quero só essa mesmo.

Suspirou, disse que minha tia de Fortaleza ia reclamar. Pra não ficar muito aquém da cota, completei o presente com um brinquedinho de morder da Fisher-Price. E saí feliz e contente já brincando com a boneca.

Chegando em casa, pendurei-a no armador da rede do quarto da Emília. Uma graça. Agora só falta batizar a cabeçudinha...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Curso para gestantes

Liguei no Santa Lúcia, onde decidi que vou fazer o parto, para me informar sobre cursos para gestantes. Este mês a turma é semana que vem, de 3a a 5a a manhã inteira.

- Mas só tem nesse horário? Não tem fim de semana ou à noite?
- Não...
- Então impossível pra quem trabalha, né?
- É...

Aí fiquei querendo ser funcionária do judiciário, expediente de 13h às 19h. Mas que espécie de horário de curso é esse? Mesmo que a mulher não trabalhe, quase impossível que o marido possa acompanhar. E curso de gestante sem marido pra mim não rola.

Estou confusa no que vou fazer. O Santa Luzia tem esse curso no fim de semana, mas será que vale a pena fazer o curso numa maternidade onde não vou ter meu bebê?

Eu queria fazer o curso menos por causa do que eles vão tentar me ensinar do que pra conhecer a equipe da maternidade - enfermeiros, pediatras etc. Sei lá, imagino que deve ter muita coisa inútil, tipo banho do bebê (tem um monte de vídeos na internet ensinando isso).

Na minha cabecinha desinformada, importante mesmo só o módulo amamentação, que dá pra fazer no Espaço Acalanto (só que por um precinho muito mais salgado).

Ai, ai... sei não... acho que vou esperar minha próxima consulta e perguntar pra obstetra se precisa mesmo desse negócio.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

27 semanas

Tenho fome. Normalmente um café da manhã reforçado e lanchinhos matinais seguram bem minha onda até 13h, 13h30 – que é quando o refeitório do meu trabalho fica menos lotado e dá pra almoçar em paz. Mas hoje o estômago está reclamando mais que o normal. Paciência, tome mais uma bananinha seca!

27 semanas e dois dias. É agora que começa a dar fome, é? Hoje de manhã subi na balança e ela marcou dois quilos a menos. Deve ter algo de errado, porque ontem me pesei na obstetra e o ganho de peso estava certinho. Mas parece que desde que voltei de férias estacionei mesmo, para bem ou para mal.

Terminei o segundo trimestre em grande estilo, com umas férias compridas e relaxantes. E entrei no sétimo mês voltando ao trabalho, de apartamento novo e com mil coisas a resolver. Foi inevitável que a gastrite voltasse e eu entrasse numa canseira sem tamanho. Vão ter de refazer o serviço de impermeabilização dos banheiros lá de casa. Depois de muita luta, conseguimos achar quem entendesse de ladrilho hidráulico em Brasília. Um alívio enorme e um telefonema: “Mãe, eu e o Rafael vamos passar uma semana aí, ok? Banheiros interditados.”

Ontem, consulta. Exame de sangue ok, com exceção de uma leve anemia. A obstetra prefere não passar nada por agora, porque os níveis de hemoglobina estão seguros, e me encaminha para um hematologista para investigar as causas. Pode ser falta de ferro (o que me obrigaria a chupar prego, porque estou almoçando feijão com vitamina C e tomando suco de couve com limão todos os dias) ou de vitamina B12 pela ausência da famigerada carne. Mas nada grave, bebê está seguro, consulta com hemato só daqui a um mês porque médico credenciado é assim mesmo. Por via das dúvidas, ontem jantei sopa de feijão com brócolis e limão. Dois ovos ontem e mais dois hoje.

A partir de agora, consultas quinzenais na obstetra. Mais as consultas quinzenais na nutricionista, pilates duas vezes e RPG uma vez por semana, a agenda está cheia. Ecografia com doppler-não-sei-o-quê semana que vem e o aviso à chefe: “a partir de agora talvez eu tenha de me ausentar do trabalho de vez em quando”.

Sugestão: se possível, evitem entrar no último trimestre de gestação se mudando, reformado apartamento, trabalhando 8h por dia e tratando de uma hérnia, tudo ao mesmo tempo. Mas como para mim não foi possível, agradeço a Deus pelo apartamento lindo e enorme, pela filha linda e saudável, pelo trabalho e porque até agora nada de falta de ar, dor nas pernas, dor na coluna. No fim das contas, está tudo bem. Ou tudo ótimo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Babá eletrônica

Sucesso total a enquete de ontem! E a lista de compras está enorme, coitada da minha irmã!

Agora, vamos à votação: quem acha que vale a pena comprar uma babá eletrônica com câmera? A sugestão da Paula me pareceu excelente, até eu ver os preços.

Vejam só:
Babá eletrônica com câmera (Day and Night Handheld Color Video Monitor by Summer® Infant): U$ 160 (essa foi a mais barata que eu achei)
Babá eletrônica sem câmera (Secure Sounds™ 2.4 GHz Digital Monitor by Summer Infant): U$50. (e ainda tem umas mais simples por U$40)

Quem acha um saco levantar por causa de um barulhinho e chegar lá no quarto e o bebê está ótimo levanta a mão! Quem acha que esse sacrifício não vale 100 dólares levante a outra mão! E quem acha que babá eletrônica é inútil venha ser minha babá!

Agradecimentos

Pessoal, a Milene agradece a todas que estão ajudando a divulgar o blog que ela criou pra achar a irmã. Dêem uma olhada: http://procurandoluciana.blogspot.com/.

Se esquecemos de alguém, avisem!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Artigos para bebês: o que comprar no exterior?

Mães, residentes no Brasil ou na Gringolândia, preciso da ajuda de vocês.

Minha querida irmã vai a NY em novembro e se dispôs a trazer encomendas para a sobrinha.

Segue uma lista das coisas que eu pensei em pedir. Me avisem se vocês acharem que tem algo que é melhor comprar por aqui mesmo ou incluam eventuais itens que vocês acham que vale a pena encomendar (lembrando que já tenho carrinho, bebê conforto e enxoval de berço):

Bomba elétrica pra extrair leite. O modelo que mais me agradou foi o Avent Isis iQ Uno Breast Pump, que custa de U$125 a 150. Aqui é carésimo.
Bouncer (cadeirinha de balanço). Vi uma aqui na loja da Chicco por R$450,00. Nos EUA, a mais cara é uma toda fresca da Peg Perego que custa U$200. Tem uma da MacLaren por U$90 e outra da Fisher Price por U$50. Não me digam que é inútil!! Eu quero!!!
Pomada Lansinoh – essa foi dica da Patrícia no post sobre aleitamento. Quantas eu peço, hem?
Copinhos atóxicos – andei dando uma pesquisada vi que está bem fácil achar aqui no Brasil copos e mamadeiras sem aquele troço tóxico que o plástico libera. Só que custam caro, uns R$30 a 40. Será que nos EUA é mais barato? Vale à pena trazer?
Roupinhas – é, essas dizem que são bem mais baratas e fashion lá fora.
Luvas de boxe Everlast – ops! Lista errada!.

Além disso, tenho umas dúvidas específicas sobre produtos de auxílio à amamentação.

Tenho a intenção de amamentar exclusivamente durante 6 meses, como manda a OMS, e manter o aleitamento parcial pelo menos até um ano. Como trabalho fora, já compreendi, pelas minhas leituras, que uma bomba elétrica será uma grande aliada. Vou precisar também de recipientes para coletar o leite e de mamadeira ou copinho pra alimentarem a Emília na minha ausência.

A minha principal dúvida é: existe copinho adequado para crianças com menos de 6 meses? Todos os que eu achei levam a inscrição: 6+. Não queria dar mamadeira porque dizem que ela é a pior inimiga do peito. E pode ser que, mesmo durante a minha licença, eu não possa amamentar temporariamente por alguma razão. Então, preciso de algo pra garantir a alimentação da minha filha! Dá pra ignorar a inscrição 6+ e dar-lhe o copinho mesmo assim?

Outra coisa: percebi que existem uns recipientes de coleta de leite que se adaptam ao bico da mamadeira. Super prático. Não vi nenhum que vira copinho com bico. Vocês conhecem algum? O ideal seria um recipiente que se encaixasse na bomba, tivesse uma tampa enroscável pra congelar e virasse copinho. All in one. Se não existir isso, Nuk, Avent, me contratem como designer de produtos!

Finalmente: me recomendam encomendar mais alguma coisa pra amamentação (absorventes de seios, conchas, discos calmantes) ou compro tudo por aqui mesmo?

Conto com vocês para mais uma enquete de sucesso!

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OBS: Agradeço a todas que divulgaram o blog Procurando Luciana e peço a quem não viu o post de ontem que dê uma olhada e tente divulgar também.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Procurando Luciana

Mães blogueiras, peço a ajuda de vocês para divulgar o blog Procurando Luciana. Ele foi criado por uma amiga muito querida, a Milene, pra tentar achar a irmã dela, desaparecida desde junho. Ela pulou o muro de trás da casa do pai, em Jundiaí-SP, sem levar dinheiro nem documentos, só uns remédios controlados, e desde então não se sabe o seu paradeiro.

Acho que o assunto tem tudo a ver conosco, já que ela deixou uma filhinha de 11 meses e vinha sofrendo de depressão pós-parto.

No blog, a Milene conta a história do sumiço e coloca fotos da irmã caso alguém tenha notícias. Peço principalmente àquelas que têm blogs com muitos acessos que divulguem o link!

Muitíssimo obrigada.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Encerrando a semana da leitura, um pouco de literatura

"Dona Benta era outra que achava muita graça nas maluquices da boneca.Todas as noites punha-a ao colo para lhe contar histórias. Porque não havia no mundo quem gostasse mais de história do que a boneca. Vivia pedindo que lhe contassem a história de tudo – do tapete, do cuco, do armário. Quando soube que Pedrinho, o outro neto de dona Benta, estava para vir passar uns tempos no sítio, pediu a história de Pedrinho.

— Pedrinho não tem história — respondeu dona Benta rindo-se. — É um menino de dez anos que nunca saiu da casa de minha filha Antonica e portanto nada fez ainda e nada conhece do mundo. Como há de ter história?

— Essa é boa! — replicou a boneca. — Aquele livro de capa vermelha da sua estante também nunca saiu de casa e no entanto tem mais de dez histórias dentro."

Trecho de Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Os livros (e os filmes) da Emília

Como andei dizendo, já gastei uma grana preta com livros pra nossa filhota. A Marina sugeriu que eu falasse um pouco sobre eles. Não sei se vai dar muito certo, porque é quase tudo pra criança velha, mas vamos lá.

Às vezes me pergunto se eu e meu marido não compramos os livros pra gente mesmo, e usamos a Emília como uma desculpa pra perder o controle.

Ultimamente tenho preferido livros e filmes infantis ou infanto-juvenis aos adultos. E isso começou antes mesmo de eu engravidar. Acho que foi resultado da estafa e da tristeza profunda que senti ano passado. Fiquei muito intolerante aos enredos repletos de violência e de maldade, principalmente em filmes. Eu chorava, ficava impressionada, me lembrava das cenas por dias. Isso fez que o Rafael tivesse de ir muitas vezes sozinho ao cinema (ele é cinéfilo, e eu estava muito cheia de restrições).

Pra me defender disso, e da vida real - e também da vida irreal que os jornais criam, selecionando as desgraças e fazendo parecer que o mundo é só isso -, refugiei-me na fantasia das crianças. Quando tinha torcicolo e ficava em casa, pedia pro Rafael trazer filminhos bobos pra mim. Assisti a Ponte para Terabítia e Meu monstro de estimação e reli toda a coleção de Nárnia. Recentemente, pedi emprestados pro meu pai os livros do George McDonald, que foi próximo de Lewis Carrol (Alice no País das Maravilhas) e inspirou CS Lewis (Nánia). Fantasia pura.

Depois que veio a gravidez, tentamos a aproveitar todas as promoções que surgiam em livros e DVDs e passamos a buscar loucamente os livros do Sítio do Picapau Amarelo da editora Brasiliense (porque a gente não curte muito aquela Emília colorida da Globo. Gente, a Emília é uma boneca fuleira!). E isso foi bem antes de saber o sexo da criança.

Reinações de Narizinho está esgotado, então compramos num sebo um exemplar bem conservado. Achei Memórias de Emília na casa da minha mãe, quando estava fazendo uma limpa nos resquícios da nossa biblioteca. Foi uma surpresa, nem lembrava de ter tido esse livro. Achamos mais alguns da série numa livraria e compramos todos, uns oito. Não lembro exatamente quais, acho que O Picapau Amarelo, Aritimética da Emília, Dom Quixote para Crianças...

Todos esses livros são longos e têm poucas ilustrações, então é só pra criança maior mesmo. A gente comprou porque eles não são mais editados, e vai saber se só sobra a Editora Globo pra apresentar Monteiro Lobato à minha filha...

De DVDs, compramos a preço de banana TODA a coleção dos Looney Tunes. Será que foi pra Emília ou pro Rafael se deliciar com a língua presa do Patolino? Compramos também o Mickey Mouse em cores vivas Vol. 1, da coleção Disney Treasures. Esse foi caro, mas é que esgota. A gente já tinha o volume 2, o Silly Symphonies (DVD lindo maravilhoso perfeito) e o Pato Donald. Daí agora temos todos os que foram lançados no Brasil. Essa coleção é sensacional, recomendo demais.

Voltando aos livros. A febre de compras descontroladas começou quando fomos comprar um presente pra filha de uma amiga. Um livrinho pra ela, doi livrinhos pra Mila. E depois a Cosac Naify fez duas promoções este ano (40%, gente!! Quem resiste a um livro incrível por R$18?)

A conclusão é que o acervo dela agora está bem amplo. Faltam ainda alguns indispensáveis, como Ziraldo. Mas ainda temos muito tempo pra ir comprando aos poucos. Além desses que já mencionei, vejam algumas coisas que ela já tem:

Da Cosac Naify:
- A princesinha medrosa – Jutta Bauer
- Aprendo com meus amigos – Taro Gomi
- Balanço – Keiko Maeo
- Dirceu e Marília – Nelson Cruz
- Fuja do Garabuja – Shel Silverstein
- Káchtanka – Guenádi Spirin, Anton Tchekov
- Mas por quê??! A história de Elvis – Peter Schössow
- Moda, uma história para crianças – Kátia Canton
- Fico à espera... – Davide Cali
- O aprendiz de feiticeiro - Nelson Cruz, J. W. Goethe
- O dariz – Olivier Douzou
- O outro lado - Istvan Banyai
- Onda – Suzy Lee
- Selma – Jutta Bauer
- Será o Benedito! – Mário de Andrade, Odilon Moraes

Outros:
- Fábulas de Esopo, da Cia das Letrinhas
- É a cara da mãe – Roddy Doyle, Ed. Galera Record

Todos folheados, lidos, vistos e aprovados. Alguns têm só ilustrações, como Onda e Balanço. São lindos. Muitos desses são premiados também. Então ficam as sugestões.

Ela tem também dois livrinhos para crianças pequenas, desses interativos que permitem abrir portinhas e tal. Um é em italiano, que ensina os nomes dos animais, e outro em francês, que ensina os números e as cores. E, por fim, duas coleções de mini livros em inglês, herdadas da minha irmã mais nova, uma contando a história da Alice no País das Maravilhas e outra sobre um coelhinho (Brer Rabbit).

Ufa! Mas e com todo esse acervo, CADÊ OS LIVRINHOS DE PÔR NA BOCA? Aí eu peço a ajuda de vocês. Todas as vezes que tentei comprar livros de pano ou de plástico, fiquei super desapontada. Ilustrações pavorosas. Não quero estragar tão cedo o senso estético da minha filha, se é que vocês me entendem. Então, se alguém tiver algo para me sugerir, fico muito grata. Se não achar nada, eu mesma vou fabricar os livrinhos.

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Este post é parte da blogagem coletiva, de iniciativa da Letícia, que acontece nesta Semana da Leitura e Literatura. Participam também O Astronauta, Meu Projetinho de Vida, Novas Peripécias de Cecília, Pai É Quem Cria, Mamãe Antenada, Pequeno Guia Prático. Conversa para Mãe Dormir, De Mãe Para Mãe, Aprendiz de Mãe, As Peripécias do Rei e Devaneios de Mãe.

Convite

Hoje convido todas vocês a lerem minha despedida do meu outro blog. Agora é só Emília.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pai e mãe – 3 anos sob o mesmo teto.

Ela se mexe dentro da minha barriga. Eu sinto, aviso. Ele põe a mão. Às vezes sente, às vezes não dá tempo. Sinto-a mexer. Aviso. Ele observa. Às vezes vê o movimento da pele subindo, os morros se formando e desaparecendo. Às vezes não. Não consegue ficar olhando para a minha barriga por muito tempo.

Pra mim é fácil. É só curvar a cabeça para baixo e ficar confortavelmente, durante vários minutos, observando a superfície curva do meu ventre adquirir relevos variados. Sinto-a por dentro e por fora.

Nunca estou sozinha. Saio desacompanhada para caminhar, ela massageia meu útero, me lembrando que está comigo. Deito no carro para cochilar, sinto seus cutucões de leve. Trago-a comigo para o trabalho, enquanto ele está só, do outro lado da cidade.

Ela começou a ouvir a minha voz antes de qualquer outra. Só semanas depois é que passou a reconhecer a voz do pai.

Em três meses estarei com ela nos braços. Por alguns minutos, ela ainda estará ligada a mim pelo cordão pulsante. Depois vão cortá-lo, e ele também a terá. Poderá aconchegá-la no colo, amarrá-la junto a seu corpo. Mas eu a terei novamente ligada a mim pelos seios. Durante horas diárias, ela estará conectada ao meu corpo com todas as suas forças, se nutrindo de mim. E ele observará, como observa agora minha barriga.

Durante seis meses, estarei afastada do trabalho. Poderei dedicar-me tempo integral a alimentá-la, consolá-la, aconchegá-la. Ele terá cinco dias de folga, e tentará aumentar esse tempo tirando férias. Depois, ele sairá cedo e voltará ao entardecer, enquanto eu estarei com ela.

Ele me observa com inveja. Sente-se dispensável. Queria tê-la dentro de si; queria alimentá-la com seu corpo; queria poder passar mais tempo com ela. Apalpa e beija meu ventre, fala com meu umbigo. Mas não consegue estar onde estou, e lamenta.

Acho que é essa sensação que o faz mais pai. E porque ele é tão doce a ponto de querer ir além das funções primitivas de macho é que eu o amo.

Hoje faz três anos que estamos casados, o último aniversário sem filhos. E as suas meninas vêm aqui lhe dizer parabéns, marido, amante, pai.

Pequena contribuição para a semana da leitura

Ontem meu marido e eu estávamos desembalando as caixas de livros (acabamos de nos mudar) e gastamos um tempinho folheando alguns dos quase 30 livros que a Emília já tem (paramos! falência completa! agora só compramos mais depois que ela crescer um pouco... ou quando aparecer uma promoção irresistível, né?).

Então pensei em passar por aqui e dar também a minha contribuição para a campanha da semana da leitura e da literatura que anda bombando pelos blogs maternos (peloscotovelosecotovelinhos, meuprojetinhodevida.blogspot.com, mamaeantenada.blogspot.com
devaneiosdemae.blogspot.com e http://pequenoguiapratico.blogspot.com/. Desculpem se equeci alguém!).

Não vou falar muito porque ainda não tive a experiência de ler para uma criança e de ver isso se transformar num hábito para a vida. Tive, sim, a experiência de ouvir meus pais lendo para mim, ou simplesmente contando histórias, e de receber sempre um sim quando queria comprar um livro. O resultado? Um quarto cheio de caixas pra organizar... ó, céus!

Pois meu marido, encantado com um livro mais lindo que o outro, perguntou: "Amor, será que a Milha vai gostar? E se ela não gostar de livros?".

Minha resposta foi: "Impossível". Não porque os livros são irresistivelmente lindos, mas simplesmente porque acredito que todo ser humano nasce com um amor intrínseco pelas histórias. A fantasia é natural do homem.

Mas então por que a maioria das pessoas no Brasil não gosta de ler?

Acredito que nascemos com essa atração natural pelas histórias, mas isso acaba sendo atrofiado muitas vezes por falta de estímulo dos pais, da escola, da sociedade em geral. Nas culturas onde não há escrita, as histórias são narradas oralmente em eventos sociais e passadas de geração a geração. E na nossa sociedade, mesmo que os livros estejam mofando nas bibliotecas, quem é que não adora uma novelinha ou um filme bobo? Histórias. Claro, num nível de elaboração totalmente diferente. Mas o homem não vive sem a fantasia.

Acredito que quem não gosta de ler simplesmente não experimentou a delícia dos livros no momento em que aquela janela estava aberta, e acabou se acomodando a formas mais fáceis de recepção, a enredos pouco complexos, a informações verbais e visuais básicas. Não tem nada de científico no que estou dizendo; é simplesmente intuitivo.

E tenho certeza que a Emília vai amar os livros.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fim de férias

As férias acabaram, e estou de volta a Brasília. Apartamento novo, muitas caixas pra abrir, outras tantas coisas pra organizar. Bagaceira completa. Consultas e exames esta semana. Quando me reestabelecer, volto.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Diário de uma gestação - 1o e 2o trimestres, parte II

Continuando a auto-entrevista de ontem:


Quando você começou a perder suas roupas, e quais as primeiras que você perdeu?

Não me lembro exatamente quando, mas acho que foi lá pelo terceiro mês, bem antes de os outros notarem alguma mudança em mim. As primeiras a saírem do armário foram calças e bermudas, por causa do cós. Já falei sobre isso aqui. Depois foram os soutiens – graças a Deus tenho uma irmã com busto GG, que me emprestou os soutiens que ficavam apertados nela –, em seguida as camisas de botão.

Quando você comprou as primeiras roupas de gestante? Você ainda está usando alguma coisa de antes de engravidar?

Comprei uma calça jeans com elástico e outras duas molinhas na Hering logo que perdi a maior parte das calças. Estou usando tudo até hoje. Recentemente tive de comprar muito mais coisa - bermudas, vestidos e mais blusas - porque já perdi quase todo meu guarda-roupa. Ainda estou usando alguns vestidos (poucos, viu, pessoal? Esses na altura do joelho e sem muita sobra de tecido ficam curtos assim que a barriga começa a crescer. E os acinturados, nem pensar!), poucas camisetas (porque barriga de fora é uó), as poucas batinhas que eu tinha, alguns shorts mais molinhos, folgadinhos e de cintura baixa e as calças de malhar. Ah, e as calcinhas! Ainda estou usando as de antes de engravidar.

Biquíni, só estou usando um, que minha irmã GG me deu e que ficava um pouco folgado em mim (principalmente no busto). Agora está perfeito.

Que medidas do seu corpo mudaram?

Nesta ordem: barriga, quadril, busto. Minhas coxas aumentaram bem pouquinho, justo nas semanas em que perdi a linha na dieta. E o braço, graças a Deus, continua o mesmo.

Pra dar uma ideia, em 20/07 eu tinha 76cm de cintura e 93 de quadril. Em 14/09, eu tinha 82 de cintura e 97 de quadril (dá mais ou menos 1cm de barriga por semana e 1 de quadril a cada duas).

Atualmente devo estar bem maior. Só na minha próxima consulta com a nutricionista, quando voltar de férias, vou ter a dimensão do estrago.

Você está fazendo alguma atividade física?

Caminhada diária e pilates duas vezes por semana. RPG também, uma vez por semana, não sei se conta.

Eu já fazia boxe antes engravidar, e tive de parar. Também não podia fazer natação por causa das hérnias no pescoço. Por isso escolhi o pilates, pra ajudar no parto e no pescoço. Mas tô doida pra voltar pra algo que dê mais suadeira...

Acho que o povo é meio fresco com grávida. Foi o maior sacrifício pra fisioterapeuta me colocar pesos de respeito no meu treinamento. Eles morrem de medo.

Aqui em BH estou caminhando 6 ou 10km, dependendo do dia. Ontem caminhei 12km. Caminhar é um dos melhores exercícios para gestante, e acho que isso tem contribuído para que eu me sinta tão bem, disposta e sem dores. Espero que os exercícios também tornem o 3o trimestre menos penoso.

Você fez alguma mudança na sua dieta com a gestação?

Sim, um pouco. Eu já me alimentava bem, pesquiso muito sobre nutrição. Já não tomava refrigerante, evitava alimentos industrializados e deixava as porcarias pro fim de semana. Como eu disse, dei mais uma melhorada na dieta ainda antes de engravidar. Fiquei mais radical com os industrializados, as frituras, cortei o álcool, procurei mais os orgânicos.

Estou fazendo acompanhamento e minha nutricionista recomendou que eu tomasse suco de couve com alguma fruta rica em vitamina C (prefiro limão) todos os dias, pra prevenir anemia. Como minha ingestão de cálcio e outros nutrientes já estava ok, não houve grandes mudanças.

Mas, claro, ninguém é de ferro, e nessas 2 semanas e meia de férias já engordei mais que minha cota mensal (culpa das sobremesas).

Você é vegetariana. Teve de incluir carne na dieta?

Não. Estou tomando um suplemento vitamínico específico para gestantes que contém mais que a necessidade diária de vitamina B12, único nutriente presente exclusivamente no reino animal (tão importante pro bebê quanto o ácido fólico – que, aliás, costuma ser mais que suficiente em dietas vegetarianas). O resto está balanceado com acompanhamento profissional.

Tenho de confessar que sou uma vegetariana de meia-tigela, porque como peixe esporadicamente (tipo uma vez por mês). Acabei aumentando um pouco a ingestão de salmão pra umas três vezes ao mês, a contragosto do meu marido – esse, sim, vegetariano convicto! Mas a dieta ovo-lacto-vegetariana é adequada para todos os estágios da vida, desde que bem planejada.

Até agora você teve algum desconforto físico por causa da gravidez?

Como eu disse, estou ótima: não tive enjoos, inchaços, falta de ar, prisão de ventre, gases, dores nas pernas ou na coluna. Só que agora a barriga já está limitando alguns movimentos, principalmente na hora de malhar. Mas ela ainda não está atrapalhando meu sono: posso ficar um tempo de barriga pra cima enquanto relaxo e estou colocando um travesseirinho embaixo da barriga quando deito de lado. Fica bem confortável.

Como você está planejando seu parto, e como está sendo seu pré-natal?

Assim que engravidei, pesquisei muito sobre parto. Conheci o parto humanizado, fiquei sabendo das intervenções que são feitas normalmente, li as recomendações da OMS e escolhi o que eu queria: parto normal hospitalar, com o mínimo de intervenções. Meu pré-natal também está sendo o menos invasivo possível: só quando voltar de férias vou fazer meu segundo exame de sangue, e ecografias, só as preventivas.

Depois que tomei essas decisões e conversei com minha médica sobre isso, decidi relaxar e parei de pesquisar, porque isso se tornou meio estressante. Também preferi não fazer plano de parto. Parece que a gente tem de ficar o tempo todo desconfiando dos médicos e enfermeiros, porque todo mundo quer te enganar e te cortar. É claro que há zilhões de cesarianas desnecessárias; é claro que a comunidade médica ainda não adotou as recomendações da OMS; e é claro que estamos diante de um problema de saúde pública. Mas ler demais sobre isso estava me fazendo mal, e isso não é nada humanizado, não é mesmo? Por isso resolvi confiar na minha médica e não pensar mais nisso.

Como você encontrou sua obstetra? Foi antes ou depois de engravidar?

Antes de engravidar, fiz o acompanhamento pré-natal com uma médica que atendia pelo meu convênio. Eu tinha outra gineco antes dessa, com quem eu não me sentia muito à vontade, e resolvi mudar justamente para me preparar para a gestação. Ocorre que essa última me pedia exame atrás de exame, mesmo eu sendo relativamente jovem e bastante saudável. Já no primeiro mês de tentativas, ela disse que usaríamos o indutor se eu não engravidasse nos dois meses seguintes. Quando engravidei, nem voltei mais lá.

Tentei outra credenciada, que se mostrou claramente cesarista. Depois da primeira consulta, já comecei a procurar outras opções.

Uma amiga minha que já teve dois partos normais, cada uma com uma obstetra diferente, me recomendou fortemente a médica que fez o segundo parto dela. Não atendia convênio, mas àquela altura, já entrando no 3o mês de gestação, achei melhor resolver logo isso. Fiz uma visita à médica e gostei bastante. Pra garantir, consultei o Projeto Acalanto, aqui de Brasília, e uma outra amiga pegou ótimas referências dela numa comunidade no Orkut. Fiquei com ela. Há um mês mais ou menos, quando fui visitar as maternidades, a enfermeira super pró parto normal me perguntou quem era minha médica. Quando eu respondi, ela disse: “Essa mulher é uma santa. Você está nas mãos de Deus.”

Você está fazendo algo para facilitar o parto normal?

Atividade física, como disse lá em cima. Tenho exercitado o períneo também, mas sem muita disciplina.

Do que você tem mais medo?

De voltar a trabalhar depois da licença. Por enquanto, estou super zen quanto ao parto e quanto a cuidar de um bebê. Meu medo tem mais a ver com a organização do meu tempo a partir dessa mudança enorme na minha vida.

No geral, como você avalia sua gravidez até agora?

Estou amando estar grávida. Nunca experimentei nada mais gostoso do que carregar um bebê. Quero de novo, e de novo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Diário de uma gestação - 1o e 2o trimestres, parte I

Ufa! Aqui está uma correria só. Ando pra lá e pra cá com minha sogra vendo principalmente coisas de enxoval. E tem a malhação também: ontem, caminhada e personal. Hoje, 12km de caminhada. E mesmo assim estou engordando muito mais do que deveria. Ó céus!

Demorei a postar porque estava preparando algo especial para as futuras e recém grávidas.

Antes de engravidar, a gente tem um monte de dúvidas: quanto tempo vai demorar? Será que vou saber quando estiver grávida? Como será que meu corpo vai reagir? Os médicos respondem a algumas perguntas, principalmente em relação à preparação para o pré-natal. Mas tem coisa que só mesmo conversando com outras mulheres.

Depois que você engravida, aparecem novas questões: quando vou precisar de novas roupas? Que partes do meu corpo vão aumentar? Que atividades físicas posso fazer? O que devo deixar preparado para a chegada do bebê, e quando? Novamente, os médicos, as revistas, os sites especializados ajudam, mas não resolvem tudo.

Como já comecei a navegar por blogs de mães um pouco antes de engravidar, consegui pescar algumas informações. Mas algumas dúvidas que eu tinha só foram respondidas mesmo com a minha própria experiência de carregar um filho. Então, agora que estou no final do 5o mês e me preparando para o 3o e último trimestre da gestação, resolvi fazer um balanço das coisas que vivi até agora. São as minhas experiências pessoais, então, se você nunca engravidou, pode ser que passe por situações bem diversas. Mas sempre gostei de ouvir os relatos das outras mães, então decidi servir um pouco à comunidade em vez de só ficar pegando dicas nas minhas enquetes (mas elas vão continuar!).

Fiz meu relato em forma de auto-entrevista. Fiz a mim mesma perguntas que eu tinha antes de engravidar e respondi com base na minha experiência até hoje. Brega, mas foi a forma mais organizada que encontrei para compartilhar tudo isso com vocês.

Como o texto ficou muito extenso, precisei dividi-lo. Então hoje vai a 1a parte e amanhã o resto.

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LIA ENTREVISTA LIA

Você demorou a conseguir engravidar?

Sim e não. Por razões alheias à vontade minha e do meu marido (pessoais demais para contar aqui), tivemos de esperar mais do que gostaríamos para começar a tentar. Isso nos fez sentir um pouco como aqueles casais que não conseguem engravidar, que ficam olhando as mulheres grávidas e sentindo aquela pontinha de inveja – mesmo sem nenhum problema de fertilidade. Enfim, complexo.

Mas uma vez nosso problema resolvido, engravidei no segundo mês após interromper o anticoncepcional. Ficamos muito felizes de Deus ter nos poupado de uma longa espera, depois de tudo o que já havíamos passado.


Você fez alguma coisa pra acelerar a concepção?

Ah, fiz. Pesquisei um monte sobre maneiras de melhorar a fertilidade e de aumentar as chances de concepção. Adaptei as dietas minha e do meu marido, tratei de perder os três quilos que tinha ganhado no fim do ano passado e passei a anotar tudo o que tivesse relação com meu ciclo menstrual: data em que suspendi a pílula, datas das duas menstruações seguintes e as alterações no meu corpo durante os ciclos (inchaços, cólicas, muco, etc.). Calculei os períodos férteis, dei uma mega margem (principalmente pros dias antes da ovulação) e procurei garantir que estaríamos cobertos nesse período – que, no final, ficou sendo de uns 10 dias, só por via das dúvidas... . Adotamos a filosofia de quanto mais, melhor.

Se ajudou? Não faço a menor ideia; só sei que aqui está a Emília.

Você desconfiou que estava grávida antes de fazer o teste? Sentiu algum sintoma?

Um pouco. Algo me disse que eu estava grávida, até anotei isso no meu diário pessoal. Mas a razão sempre ficava me dizendo para não me iludir sem ter certeza. Aí a gente acha que está grávida, mas prefere não achar demais pra não se decepcionar.

Quanto aos sintomas, foram bem discretos: meus seios incharam um pouco no período ovulatório (normal) e não desincharam mais. Outro detalhe que percebi foram as unhas mais fortes. Mas foi tudo muito sutil.

Que testes você fez?

Fiz o teste de farmácia, três dias depois do atraso da menstruação. Foi um domingo. Teria feito o teste já no primeiro dia de atraso, mas como essa porcariazinha custa horrores, preferi esperar um pouco pra não desperdiçar. Como costumo ser reguladinha, quando fiz o exame de urina já esperava um positivo (claro, sempre com aquela pontinha de dúvida).

Super acredito nos testes de farmácia, então nesse dia mesmo contamos pras famílias. Na segunda cedo fiz o Beta, que deu resultado positivo já às 14h.

Uma coisa que eu sempre me perguntava antes de começar a tentar engravidar era: como faz o exame de sangue? Marca uma consulta e só depois é que faz?

Quem está fazendo pré-natal já sabe: o médico dá um pedido sem data pro exame e você faz assim que desconfiar da gravidez. Oh, que prático!

Como você se sentiu quando seu corpo começou a mudar?

Péssima. Me achava uma baleia. Isso porque eu relacionava as primeiras mudanças no meu corpo a momentos em que eu estive mais gorda. Pensava, por exemplo: “a última vez que meus seios estiveram deste tamanho eu estava 3k mais gorda”; “a última vez que o botão dessa calça apertou eu estava 4k mais gorda”. E quando eu começava a me acostumar com meu novo formato e já estava até me achando bonita, ele mudava outra vez e outra vez eu me achava gorda. E olhem que engordei menos de 1kg no 1o trimestre.

Mas isso foi só até a barriga adquirir a aparência de grávida. Aí as crises passaram, mesmo eu tendo engordado muito mais nos meses seguintes. Porque agora estou mais pesada do que jamais estive, e meu diâmetro abdominal atual só seria atingido em condições normais com uns 50kg a mais. Então parei de relacionar meu tamanho com a gordura e passei a vê-lo somente como resultado da gestação. Hoje estou me achando linda!

Seu cabelo melhorou?

Não! Não é justo! Mas, como disse, as unhas ficaram mais fortes.

Você enjoou?

Praticamente nada. Tive um pouquinho de mal estar um ou dois dias e passei a não suportar mais alguns alimentos que eu já não curtia (cebola, cebolinha, salsa, coentro). Fora isso, me considero uma felizarda.

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Por hoje é só! Amanhã falo sobre mudanças no corpo, atividades físicas, dieta e pré-natal.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

De quem é essa barriga?

A Mili deu pra chutar. Quer dizer, não sei se é chutar, né, como eu já mencionei aqui. Pode ser joelhada, cotovelada, soco, enfim, todo o repertório do vale-tudo. O fato é que finalmente ela está se mostrando para o público, ela que antes só mexia pra mim. Marido, família e amigas podem sentir com a mão ou ver os calombos aparecendo e desaparecendo.

Daí que ela anda com uma atitude meio territorialista. Começou com o cinto de segurança: toda vez que aperto o cinto, vem aquela revolução embaixo do meu umbigo. Tento colocar a faixa o mais pra baixo possível, quase nas pernas, mas ela sempre reclama (aliás, alguém mais tem a sensação de que se o carro bater o bebê vai subir pela sua garaganta?).

Outro dia estava eu, aproveitando as vantagens de uma barriga Homer Simpson - não para apoiar a cerveja, mas para acomodar confortavelmente um livro. Uma beleza, a leitura ficava bem na altura dos olhos. Então as letrinhas começaram a pular. Tuc, tuc, calombo na pança sobe e desce. Resolvi ignorar. Pelamor, né Mila? É só um livro levinho. Mas ela não desistiu. E desisti eu, porque ler com o livro pulando não rola.

E a útima foi eu enchendo a garrafa d'água no filtro. Umbigo apoiando a garrafa contra a bancada da pia e cotovelo pressionando o lado direito da barriga pra dar estabilidade ao conjunto. Ah, mas ela reclamou! Dessa vez eu consegui pelo menos terminar o serviço, não sem antes comentar a mexeção com o marido e receber a seguinte resposta: "Tadinha! Deixa que eu faço isso".

É, pelo visto essa barriga não mais me pertence. Mas também, a pobre só tem isso na vida. Pode ficar, Mila! Mas o cinto de segurança não tem jeito, né?

sábado, 3 de outubro de 2009

Sonhando com o parto

Pra começar, uma breve propaganda: uma assessora do festival Prix Jeunesse me pediu gentilmente que ajudasse a divulgar o evento. Trata-se de um prêmio para produções audiovisuais (leia-se: filminhos legais) que estimulam o desenvolvimento cultural e social. Quem se interessar pode votar na categoria “Aprender pela Experiência”, lançada pela OMO, que irá eleger o programa que mais valoriza e estimula o aprendizado pela experiência e o uso de brinquedos “não estruturados” pelas crianças.

Tenho que dizer que achei a coisa mais fofa o vídeo do elefantinho. Ah, e a página tem também links para "blogs brincantes". Achei bem legal.

Agora, de volta à programação normal.

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Ontem, em São João del Rei, eu e minha sogra vimos uma moça com um nenenzinho nos braços. Minha sogra perguntou:

- Tem quanto tempo?

- 22 dias. Segundo parto normal, não quero mais outro, não [entendi que se tratava de outro filho mesmo, não de outro parto normal]. Mas pelo menos a recuperação é rápida, né? Já caíram os pontos e tudo.

O menino era cabeludão, a boquinha sugando com força o peito da mãe. Ela estava em pé, na frente do banco, solão de meio dia. Pediu licença e foi se refugiar na marquise. Reparei no físico dela: nenhuma barriga, os membros fortes e um ar muito saudável.

Na mesma noite, sonhei com meu parto. Não foi a primeira vez. A Emília não chegou a nascer, era muito cedo. Não recordo direito se cheguei ao hospital ou se só liguei pra médica. A única coisa que lembro é que foi tudo muito sereno. A dor, se havia, era uma coisa tão abstrata que eu nem sentia. E o tempo todo eu tinha a convicção de que tudo ia dar certo.

Sonho muito, e costumo me lembrar dos sonhos com precisão de detalhes. É muito comum que surjam durante meu sono as imagens dos meus medos. Sonho com frequência que chego atrasada ao trabalho, ou que esqueço algo importante. Antes de engravidar, também sonhava que era incapaz de cuidar de um ser mais frágil: esquecia de dar comida ao cachorro, deixava um bebê em cima da árvore, me encontrava com meus filhos já com uns 10, 12 anos e não os conhecia. Mas essa foi a segunda ou a terceira vez que sonhei com o parto e não havia nada do que normalmente há quando sonho com o desconhecido. E percebi que não sinto nenhum medo.

Não é que eu ache que não vá sentir dor. Não é que eu tenha certeza de que não haverá nenhuma complicação, ou que não será necessária uma intervenção cirúrgica. Também não garanto que não vou sentir aquele frio na barriga quando se aproximar a data. Mas simplesmente tenho a sensação de que, não importa o que acontecer, tudo vai terminar bem. E se eu estiver redondamente enganada, nada melhor do que não sofrer por antecipação.

Não me reconheço mais. Essa calma toda não me pertence. E eu não podia estar mais feliz.

De volta

Ainda não a Brasília, graças a Deus. Estou de volta a BH e agora aparecerei com mais frequência... Vou começar colocando as leituras em dia e depois volto pra falar da viagem.

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