quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Meus livros altamente recomendáveis - Vento

Antes de falar sobre o livro desta semana, trago alguns esclarecimentos sobre indicação etária.

Quando escrevi o primeiro post desta série, recebi a sugestão, devidamente acatada, de incluir para que idade os livros seriam mais indicados. Isso auxiliaria mães e pais a avaliarem se valeria a pena comprar ou pegar na biblioteca a obra para seus filhos. Mas chegar a essa definição não é tarefa simples.

Ainda antes de concluir minha explicação, mais uma divagação: o que seria um bom livro para crianças?

Para isso, primeiro precisaríamos saber o que seria um bom livro. Mas se nem os teóricos literários chegaram a um consenso, eu é que não me arriscarei a propor um método. Eu poderia dizer, como leiga, que um bom livro para crianças seria um bom livro, simplesmente, para qualquer pessoa. Adultos inclusive.

Os livros listados nesta seção são livros dos quais eu gostei. É pessoal. Claro, tenho alguma bagagem cultural, uma formação acadêmica modesta e uma familiaridade com os livros que talvez me dessem mais autoridade para julgar uma obra como boa ou ruim. Mas essa autoridade não é absoluta; é concedida pelos outros - no caso, vocês -, que esperam gostar também dos livros que eu indicar. Enfim, é uma crítica amadora.

Então, quando eu falar em faixa etária indicada, ela sempre será "a partir de". Porque se eu, com meus 30 anos não gostar, o livro está automaticamente fora da minha coluna. Se o livro fica bobo depois que a criança cresce, então não é um livro altamente recomendável (embora não se deva, necessariamente, descartá-lo).

A maioria dos livros será indicada para qualquer idade, já que minhas filhas são pequenas e quase todos os livros que tenho em casa ou pego na biblioteca são ricamente ilustrados. Assim, até um bebê pequeno pode ser apresentado a figuras. Obviamente que cada faixa etária "lerá" o livro de uma forma: um bebê de três meses passeará os olhos pelas páginas, e talvez estenda a mão para tocá-las; um bebê de seis meses tentará comer o livro; um bebê de um ano talvez queira amassá-lo ou rasgá-lo, mas já é capaz de passar as páginas e aprender a manuseá-lo com cuidado. Ele apontará para as figuras, perguntando seu nome. Com a aquisição do vocabulário, a criança poderá começar a nomear aquilo que nós apontamos, e logo poderá prestar atenção a pequenas histórias.

Emília, com menos de dois anos, já se concentrava em textos lidos, com o limite de mais ou menos umas 4 linhas por página (se as ilustrações fossem complexas o suficiente para manter seus olhos sobre a página e não querer passá-la antes de o texto terminar).

Depois de alfabetizada, a criança poderá continuar aproveitando os mesmos livros de seus primeiros anos, só que numa relação totalmente diferente.

Importante é não subestimar as crianças e seu potencial de leitura. Emília, com 2 anos e 8 meses adorou ouvir o Menino Maluquinho, um livro de 100 páginas, em preto e branco, e com palavras difíceis como "se escalavrava nos paralelepípedos" (que ela sempre ri quando ouve e tenta repetir daquele jeito lindo). E nunca é cedo demais para apresentar as crianças aos livros. Quanto antes elas começam a manuseá-los, maior sua habilidade para não os destruir. Margarida, com um aninho, lê pop-ups com auxílio.

Sugiro organizar os livros no quarto de modo a manter os cartonados, os de plástico e os de pano acessíveis aos bebês. Não há problema se eles roerem os cantos dos livros, pois a experiência das crianças com esse objeto é plenamente sensorial. É importante que elas não apenas possam lê-los, mas também tocá-los, cheirá-los, colocá-los na boca.

Os livros de folhas moles podem ser lidos para os bebês com a assistência de um adulto, que o orientará como tocar o livro sem danificá-lo. Se você percebe que a criança está com uma vontade incontrolável de amassar e rasgar, uma boa opção é dar a ela papeis de rascunho para extravasar essa energia. É importante permitir as experiências sensoriais, mas também ensinar o zelo.

Alguns livros, contudo, serão indicados para crianças um pouco maiores, que já têm a linguagem mais desenvolvida. São livros que eu peguei na biblioteca por serem escritos ou ilustrados por algum autor que eu já conhecia mas que acabaram se mostrando um pouco "avançados" para Emília. O critério é basicamente a relação entre a quantidade de informações textuais e visuais - ou, simplificando, como digo à Emília: "Esse livro tem muita letra e pouca figura".

Finalmente, não indicarei a faixa etária pela idade, mas pelas habilidades que a criança já tem (já fala bem, já se concentra diante de textos longos, já lê sozinho etc.) - que variam demais de criança para criança. Então, é preciso conhecer seu filho para saber se o livro lhe interessará. Mas mesmo quando achamos que ainda é cedo, às vezes eles nos surpreendem...

+++

Vento - Elma



O livro de hoje é um dos chamados livros-imagens, sem palavras.

Um dia estava visitando uma amiga que tem duas filhas pequenas e Emília agarrou na estante de livros infantis. Na hora de ir embora, minha amiga me sugeriu que eu levasse alguns para Emília ler durante a semana. Um deles foi Vento, de Elma.

Nunca tinha ouvido falar em Elma, ilustradora pernambucana. Algum tempo depois, coincidentemente, minha sogra deu à neta um livro ilustrado por ela - Como começa?, de Silvana Tavano, premiado com o selo de Altamente Recomendável pela FNLIJ. Como começa? é muito bom, mas Vento me deu vontade de chorar.

O livro começa com uma mulher carregando três bebês em um balaio na cabeça. Vem o vento e leva as crianças, que flutuam alegremente, se agarram nas árvores, são carregadas por passarinhos e passeiam montadas em elefantes. Finalmente, vão parar no varal da mãe, penduradas por pregadores.

Obviamente não existe uma leitura única, mas a maternidade, o cuidado e o deixar ir certamente estão em pauta.

As ilustrações são lindas e a narrativa é emocionante.

Vento
Elma
Ed. Global
Faixa etária indicada: livre

Seguidores

 
Blog Design by Template-Mama.