terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Desfraldada, e agora desmamando!

Emília está oficialmente desfraldada. Há uma semana não temos nenhum xixi na calça, cocô sempre no vaso ("putê faz balulio") e até a fralda noturna já foi aposentada. Agora a próxima etapa da transição bebê-criança: o desmame.

Algumas pessoas têm me perguntado como está sendo a amamentação de Emília depois que Margarida nasceu e como estou vislumbrando o desmame.

Como a maioria de vocês que me acompanha já sabe, decidi manter o aleitamento durante minha segunda gestação e um pouco além, de modo a cumprir pelo menos os dois anos recomendados pela OMS e pelo Ministério da Saúde. Isso porque Emília tinha apenas 11 meses quando engravidei novamente, e considerava que meu leite ainda era um alimento muito importante pra ela - especialmente porque somos vegetarianos aqui em casa e optamos por não oferecer carnes a ela até ela ficar maiorzinha e poder fazer suas próprias escolhas.

Durante o segundo trimestre da gestação de Margarida, meu leite praticamente secou e ofereci pela primeira vez laticínios a Emília: queijo e iogurte natural orgânicos. Ela amou.

Nessa época teria sido fácil desmamá-la, porque quase não havia leite e o interesse dela pelo mamá diminuiu. Mas insisti porque, para mim, ela ainda era muito pequena para prescindir do meu leite - e eu não queria ter de oferecer uma grande quantidade de derivados do leite de vaca para suprir a necessidade de proteína animal. Valeu a pena, e logo veio o colostro e o "remame".

Emília, que estava mamando só duas vezes ao dia, passou a mamar três vezes ali pelos seus 18 meses. Quando Margarida nasceu - Emília tinha 1 ano e 8 meses -, foi a festa do leite. Emília parou até de aceitar o café da manhã, de tão cheia que ficava depois do mamá matinal.

Passada a turbulência inicial, comecei a colocar ordem na casa. Estabeleci horários para as mamadas - sempre depois das refeições, porque era tanto leite que começou a interferir no apetite dela - e o limite de três mamadas diárias (porque ela começou a pedir mais). Meu objetivo era tirar a terceira mamada alguns meses antes de ela completar dois anos, mas não rolou. Ela não estava pronta, e talvez eu também não.

Em janeiro, bem pela época do aniversário dela, marido de férias, nocauteei a terceira mamada. E ela completou dois anos com dois mamás ao dia. Tirei a da tarde, e ficamos com o peito de manhã e à noite.

Como à noite ela mamava depois da janta, depois ainda tomava banho e lia historinhas antes de dormir, não havia uma associação do peito com o sono noturno. E ela começou a pedir tanto pra voltar a mamar de tarde que fizemos um acordo: ela mamaria à tarde, mas não mamaria mais à noite. Ela entendeu direitinho e não pedia mais. Então continuamos com duas mamadas, mas em vez de manhã e noite, ficamos com manhã e tarde.

Daí li um post da Kelly sobre o desmame da Clara, que é pouco mais nova que Emília, e resolvi dar um upgrade no nosso desmame (ou um downgrade nas mamadas). Só que em vez de tirar a mamada menos importante pra Emília, como era o lógico de se fazer, cortei aquela que era a mais chata pra mim: a matinal.

Foi uma decisão arriscada, já que Emília NUNCA tinha deixado de pedir peito de manhã. Mas nossa rotina não estava legal: ela acordava 5h, ficava berrando até as 6h (quando eu liberava o peito), daí dormia até 7h30-8h e era aquela correria pra ir pra creche. Como tomava café da manhã tarde, chegava lá e não comia o lanche.

Então conversei com ela, expliquei que aquele mamá não estava mais legal, que estava atrapalhando o sono de todo mundo e que agora, em vez de mamar, ela comeria iogurte com aveia (A comida favorita dela). E não é que deu certíssimo? Foi bem mais tranquilo do que quando eu tirei a terceira mamada do dia. Ela passou a acordar definitivamente às 6h-6h30 para tomar logo o café da manhã, e agora conseguimos deixá-la na creche às 8h. Além disso, expliquei que agora ela ia mamar só uma vez por dia mas que em breve ela não mamaria mais. Ela parece ter compreendido bem.

Então agora ela só mama à tarde, quando volta da creche (já almoçada). Foi a mamada que ela escolheu como mais importante, e não está mais atrapalhando nenhuma refeição. Nos fins de semana, essa mamada ajuda Emília a dormir o soninho da tarde (que estava bem complicado). Estamos felizes, por mais um ou dois meses, quando nos emanciparmos de vez.

O que concluí do nosso processo de desmame:

- não existe isso de que criança que mama até dois anos não vai desmamar mais nunca, que você vai ter de passar catchup ou batom vermelho no peito ou coisa do tipo. Criança de dois anos conversa e entende, além de estar mais madura para essa separação da mãe. Então um desmame após os dois anos pode, sim, ser feito com suavidade para mãe e criança. Claro que alguns pares mãe-bebê demoram mais que outros a estarem prontos para essa etapa, mas, como disse o Dr. José Martins Filho certa vez em sua coluna no blog da Paloma, é melhor a criança mamar até três ou quatro anos do que não mamar.

- é importante que a mãe esteja segura sobre sua decisão para que o desmame funcione. Enquanto você hesitar, a criança vai resistir. Quando você mergulha de cabeça, eles costumam embarcar junto. A insegurança pode ser por várias razões - no meu caso, se Emília estaria bem nutrida sem o meu leite. Resolvi esse problema enriquecendo a dieta dela.

- é importante também ter espaço para negociações e regressões. Claro que nós somos as mães, e temos de orientar o processo. Mas temos de ouvir nossos filhos e nos deixar guiar por eles. No meu caso, deixei que Emília trocasse o mamá da noite pelo da tarde. É bom definir os pontos que são inegociáveis e manter certa flexibilidade em outros.

- quando possível, o desmame progressivo é mesmo a melhor opção. Quando tirei a mamada matinal de Emília passei o dia com os seios inchados e doloridos (mesmo com minha Margaridinha bombeando). Imagine desmamar de uma vez uma criança que mama três ou quatro vezes por dia?

- conversa, muita conversa sincera. Não se pode subestimar o potencial compreensivo e colaborativo da criança.

- e, finalmente: colo, muito colo - que é pra criança saber que perdendo o peito ela não está perdendo a mãe.

Bons desmames (ou mames, ou remames) para todas!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Puerperiologia

Se tem uma especialidade que a medicina deveria incluir é a puerperiologia - palavra que acabei de inventar e que designa a ciência do puerpério, o nosso conhecido pós-parto.

Vejam só: você engravida e passa 9 meses sendo paparicada pelo obstetra. Se for primeiro filho e você tiver uma graninha, ainda entra o nutricionista, o massagista, o professor de pilates, todos ao seu dispor. E se você escolheu um pré-natal e um parto humanizados, você ainda terá uma doula e uma parteira e/ou médico humanizado para te acolher e ouvir todos os seus anseios. Resfriou? Liga pro GO. Chorou, estressou, deprimiu? Liga pra parteira, chora as pitangas pra doula, pras colegas do grupo de apoio, da hidro ou da ioga. Grávida é rainha.

Daí você pare e vira a mãe do(a) fulaninho(a), com muito orgulho, com muito amor. E aí passa a frequentar o pediatra uma vez por mês, bem como o posto de vacinação. Bebê fez cocô mole, fez cocô duro, vomitou, nariz escorreu? Liga pro pediatra.

O bebê passa a ser o centro das atenções, enquanto você lida com as dores da cicatriz da cesárea, da episio, ou mesmo de um períneo íntegro, mas ainda sensível pelo parto natural. E com a dor da apojadura, quem sabe também de algumas fissuras no mamilo. Mas tudo bem: no primeiro mês, o GO ainda está ao seu dispor.

Então passa o primeiro mês e você desloca a grana pra pagar o pediatra e aquela vacina acelular. Nada mais de doutor particular pra você. Resfriou? Segura as pontas com mel, gengibre e soro fisiológico - que lactante não pode tomar antialérgico. Ou então vai a um otorrino do convênio que nunca te viu mais gorda (literalmente) e tenta explicar pra criatura que você não pode tomar esse ou aquele remédio e que, não, seu filho ainda não desmamou.

Depois do primeiro mês você também deixa de ser oficialmente considerada puérpera. E dá-lhe gente conversando com você sobre assuntos para os quais seu cérebro, afetado pelas altas taxas de ocitocina e prolactina, não dá a mínima. E o tal do baby-blues? Querida, se você está deprê depois do primeiro mês do seu filho, é hora de entrar no tarja preta. Ou desmama logo esse parasitinha e vai espairecer, viajar com o marido, sair pra balada, que ninguém merece ficar nesse estado.

Dia desses estava conversando com uma amiga que tem um bebê de quatro meses, resolveu dar uma pausa na carreira e está feliz da vida entre livres mamadas e passeios de carrinho pela quadra. Ela diz que o marido - super bem intencionado - vive arrumando passeios pra eles, combinando de sair com a antiga galera, com o argumento: "Não vou deixar você ficar assim!". Ela ri. Assim como? É o meu momento, diz ela. Momento de introspecção, de ficar em casa, de lamber a cria, de se alienar da realidade. Que, pra uma puérpera, se reduz àquela criaturinha banguela.

A medicina do pós-parto está completamente voltada para a criança. Claro que a criança é o ser mais frágil da relação, e merece, sim, cuidados atenciosos - deve ter seu crescimento e desenvolvimento monitorados de perto. Mas o que parece que os médicos (os educadores e a sociedade em geral) esquecem é que, para uma mãe saudável, seu filho é a coisa mais importante do mundo. E que uma mãe saudável é a pessoa mais capacitada para cuidar daquela criança.

Situação bem comum: o bebê não está ganhando peso adequadamente. A maioria dos pediatras não sabe orientar a mãe quanto ao aleitamento e, completamente incapazes de encontrar a raiz do problema e auxiliá-la, recorrem aos leites artificiais. As fórmulas para lactentes - assim como a cesariana - foram invenções que salvaram muitas vidas. Mas, em muitos casos, são receitadas sem que seja feita uma tentativa séria de salvar a amamentação (que, conforme a OMS e o Ministério da Saúde, é o melhor para a criança).

E que tal se a mulher, nos primeiros dois anos de vida do seu filho, tivesse um profissional de saúde para acompanhá-la? Alguém que entendesse de amamentação, de psicologia, de puericultura, de educação? Alguém que soubesse que medicamentos uma lactante pode tomar e que pudesse atender a puérpera em suas crises de saúde, evitando prontos-socorros e internações que afastam a mãe do filho? Alguém que pudesse ouvi-la quanto às crises emocionais que, necessariamente, sucedem o nascimento? Enfim, alguém que a amparasse para que ela pudesse exercer a maternidade da forma mais saudável possível - o que, invariavelmente, teria uma influência altamente positiva no desenvolvimento da criança?

Sonhos, sonhos...

Este post eu dedico a mim mesma, nesse meu 30o aniversário, com 5 meses de parida e, sim: ainda puérpera!

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Na verdade, o ideal seria um profissional que nos acompanhasse ao longo de toda a gestação, parto e pós-parto, como a Tia Brida, enfermeira da minha querida amiga Cíntia na Suécia. A Cíntia começou as consultas com a tia Brida ainda na gestação. Foi ela que ouviu as lamúrias da Cíntia quando ela teve problemas com amamentação e sinais de depressão pós-parto e é ela que, quase dois anos após o nascimento da Beatriz, recebe novamente a Cíntia para dar orientações sobre os cuidados com uma criança dessa idade.

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Para mais reflexões sobre o puerpério, recomendo a leitura do livro "A maternidade e o encontro com a própria sombra", da psicoterapeuta argentina Laura Gutman.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Antes tarde que nunca...

Todo mundo já deve ter visto, mas hoje fui tricotar lá no Mamatraca, adivinhem sobre o quê? Dêeeer, fraldas de pano, sempre elas! Muda de assunto, Lia!

Tá, da próxima vez você me chama pra falar sobre parto, tá, Rô?, que é pra todo mundo ver que eu sou super politemática.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

As fraldas de pano e o desfralde

Dizem por aí que crianças que usam fraldas de pano têm mais facilidade na hora do desfralde. Que elas sentem o molhado do xixi, têm mais consciência do seu corpo e tendem a se sentir incomodadas com os próprios excrementos antes de quem usa fralda descartável. Se é verdade eu não sei. Não sei se as fraldas de pano facilitaram o desfralde pra Emília. Sei que, pra mim, enquanto mãe desfraldadora, o fato de usar fraldas de pano foi um grande incentivador para passar logo para a fase do penico.

Momento 1:
A criança usa fraldas de pano o tempo todo, a mãe economiza tubos de dinheiro, não produz esse lixo do mal e todos estão felizes.

Momento 2:
A criança cresce, sua bexiga também, e começa a segurar o xixi por mais tempo. Quando faz, é um rio de xixi. As fraldas, que são tamanho único (regulável por botões), começam a vazar. A mãe, que passava horas a fio sem se preocupar com vazamentos, começa a ter de correr atrás da criança para trocar a fralda a cada duas ou três horas. E se vê obrigada a colocar fraldas descartáveis na criança para dormir.

Momento 3:
A criança desenvolve uma alergia horrorosa à fralda descartável, assa, coça, sangra.

Situação final:
Ficar trocando fralda de pano toda hora ou deixar a menina toda papocada de alergia? Tchananam, bem-vindo, penico!!

Compreendo quem espera o máximo para tirar as fraldas, até que a criança peça (verbalmente) e se recuse a usar fraldas. Esses desfraldes costumam ser uma beleza, rápidos e sem acidentes, como o do Noah. E às vezes sinto que as pessoas se perguntam se eu sei mesmo o que estou fazendo quando Emília faz um xixi na calça.

Verdade verdadeira, eu teria esperado mais, especialmente porque tenho uma bebê pequena em casa. Só que Emília sem fraldas está dando muito menos trabalho que Emília-de-fraldas-vazantes-ou-Emília-de-fraldas-machucantes.

Pra começar: a quantidade de fraldas para lavar reduziu-se a menos da metade. Emília estava usando milhões de fraldas por dia, porque era praticamente uma fralda por xixi. Margarida usa a mesma fralda por 4h (eu só troco por higiene, porque mesmo que eu deixe umas 6h, não vaza). Então a maior parte era de Emília mesmo. Fora que o xixi da Emília tem um cheiro muito mais forte que xixi de bebezico que só mama no peito, daí eu tinha de passar bastante água na fralda antes de pôr de molho.

Verdade que agora apareceram uma ou outra calcinha batizadas de xixi vazante. Mas a calcinha é muito mais fácil de pré-lavar que a fralda, porque o tecido não é super absorvente. Além do mais, é uma, no máximo duas calcinhas por dia. Fraldas, eram, sei lá, dez?

E o chão molhado? Acontece, mas cada vez menos. Em casa, então, é quase nunca mesmo. Na rua é mais comum, porque ela se distrai mais e esquece de pedir.

E, gente: do jeito que estava, com as fraldas vazando, acho que os xixis no chão e as calças molhadas eram mais frequentes que agora. Além do mais, ficar toda hora trocando a fralda dela dá tanto ou mais trabalho quanto oferecer o penico. Fora que ela não está numa idade em que trocar a fralda é a coisa mais legal do mundo.

No fim das contas, acho que o momento foi ótimo, porque ela estava, sim, bastante pronta pra aprender. Ainda faltam uns acertos, mas pra quem passou a sair sem fraldas há apenas duas semanas, acho que estamos bem.

Então estamos assim:

Avanços:
- Ela já pede quase sempre quando quer fazer xixi; quando passa muito tempo sem pedir, eu ofereço.
- Ela começou a recusar as fraldas. Não quer mais colocar a fralda pra sair e na creche tem pedido pra tirar a fralda pra fazer xixi (eles colocam a fralda pra soneca).
- Ela consegue fazer xixi voluntariamente antes de sair de casa, então sempre sai com a bexiga vazia.
- Ela já fez xixi em vários banheiros fora de casa: do parque, da casa de amigos, da igreja, do CCBB.
- Ela muitas vezes vai sozinha ao penico, abaixa a calcinha e faz xixi. Quando chego lá ela já fez.
- Ela voltou a fazer cocô no penico normalmente aqui em casa, nada mais de fazer no box.
- Estou descendo pro parquinho com ela todos os dias sem fraldas há duas semanas e ela nunca fez na calça.
- Ela acorda quase sempre com a fralda seca.

O que ainda temos a melhorar:
- Ela ainda se distrai brincando, principalmente quando está fora de casa, e às vezes faz xixi na calça. No último fim de semana tivemos um incidente no sábado e um no domingo.
- Ela nunca fez cocô no sanitário fora de casa, então tivemos alguns acidentes de cocô na calcinha (que não escorreu, então foi como se tivesse sido na fralda de pano).
- Na creche, quando está brincando no parquinho, ela muitas vezes faz xixi na roupa.

Mesmo com essas pendências, o desfralde está me dando menos trabalho do que a situação em que estávamos. E, o mais importante: Emília está sendo respeitada. Nada de prisão de ventre, nada de segurar xixi tempo demais e ameaçar infecção urinária. Ela, na verdade, tem estado super orgulhosa dos seus avanços e ainda fica feliz sempre que faz xixi no penico ou no vaso.

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Pra concluir, uma ajuda das leitoras:

É só aqui em casa ou os filhos de vocês também gostavam de enfiar a mão na obra depois de fazer cocô no penico???

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