Quando saio com Emília da creche, sou um cabideiro ambulante. Minha bolsa, bebê-conforto, bolsa de Emília e Emília. Os procedimentos para entrar no carro não são simples. Primeiro, arremesso as bolsas no banco do passageiro. Depois, encaixo o bebê-conforto na base com Emília no colo. Por último, Emília vai pro seu assento e lá vamos nós!
Ontem tive uma brilhante idéia: pra ficar com as mãos livres pra instalar o bebê-conforto no carro, coloquei Emília em pé no banco de trás, com os bracinhos apoiados sobre a tampa do porta-malas. Ah, como ela ficou feliz!, curtindo o pára-brisas traseiro na sua posição preferida: em pé. E eu me achando a pessoa mais esperta do mundo.
Mas eis que, a cadeirinha instalada, Emília tem de sair do seu cantinho divertido e sentar, amarradinha, no bebê-conforto. Ah, mas a moça ficou braba. Depois de muito tentar distrai-la, tive de dar a partida no carro com ela berrando mesmo, senão era passar mais de meia hora esperando que ela se cansasse da brincadeira de batucar na tampa do porta-malas.
Alguém qualificaria isso como birra. Eu não. Emília tem apenas 8 meses e começa a demonstrar aborrecimento com situações que a contrariam. Normal. Mas não existe nisso maldade nem desejo de manipulação, posso perceber isso claramente pelo tanto que conheço e observo minha filha. É apenas um bebê crescendo.
E como lidar com isso? Repreender a criança, deixá-la chorando, porque o choro é bobo e ela tem de aprender a suportar frustrações? Ceder, mesmo que isso implique perigo ou um grande transtorno pra nós (na situação acima, deixá-la brincar em pé no banco do carro significaria atrasar a volta pra casa, pegar trânsito e me deixar com fome)? A primeira opção me parece inaceitável pra um bebê tão pequeno, que ainda não tem maturidade neurológica pra compreender as normas da civilização. A segunda é igualmente complicada, porque não dá pra expor a criança a certos riscos e nem parar tudo pra atender um desejo seu.
Então comecei a adotar alguns procedimentos que, se não eliminam, diminuem muito a possibilidade daquele chorinho irritado:
- Jamais entregar a Emília algo de que eu vá precisar depois. Por exemplo: oferecer a colher pra ela brincar enquanto preparo a refeição. Quando for dar a comida, vou precisar da colher, e pode ser que ela não esteja muito disposta a desistir da brincadeira.
- Evitar ao máximo deixar objetos perigosos ou frágeis ao alcance dela. Ela pode querer pegar, eu não vou deixar e alguém vai ficar brava.
- Manter longe dos olhos dela brinquedos que exijam minha supervisão, a menos que eu esteja 100% disponível pra brincar ela. Sabe aquele tapete de atividades com arcos? Pois Emília adooora ficar em pé segurando nos arcos. E não tem como deixá-la sozinha ali, é tombo na certa. Mas ela não pode ver o tapete no chão que começa a se jogar em direção a ele. Se eu não posso ficar lá por um bom tempo à disposição, não atendo seu desejo e, mais uma vez, tenho um bebê irritado nos braços. Melhor manter o tapete guardado no armário e só tirar quando eu tiver bastante tempo pra ela.
- Não colocar Emília pra brincar de uma forma que exija supervisão (como no caso do tapete) se eu não pretender ficar com ela até ela cansar. Pior do que quando ela vê o troço e eu não a deixo brincar é encerrar a brincadeira na melhor parte. Bebê MEGA irritado.
- Se for impossível evitar, e por distração ou por necessidade ela acabar pegando algo que tem de ser devolvido, a máxima é distraí-la o quanto antes com outra coisa. Ou dar outro brinquedo, ou levá-la pra janela, fazer barulhinhos com a boca, vale tudo pra acalmá-la antes de que a reclamação vire um choro desconsolado.
Com essas pequenas medidas, temos mantido Emília bem feliz a maior parte do tempo. Claro que às vezes a gente faz besteira e o conflito fica irremediável, como no caso do carro. Mas ninguém vai morrer por causa desses pequenos episódios.
As crianças têm de aprender a receber não, a lidar com decepções, a não ter sempre o que querem? Claro que sim. Mas a vida já tem frustrações suficientes, e a gente não precisa inventar mais, né?
Ficam então essas dicas pra uma casa em paz....
The Best Pod Vapes for 2023 in the UK
Há 2 meses
19 comentários:
Vixe, logo chega a fase de arquear as costas. Se é que já não chegou. Eles não aceitam de jeito nenhum serem colocados na cadeirinha ou no carrinho. aí gritam e choram desesperadamente e arqueiam as costas de um jeito que se torna quase impossível colocá-los no lugar. A Ciça fazia isso todos os dias na hora de voltar pra casa, depois de passear na praça. Quem via devia achar que eu torturava a menina, de tanto que ela chorava e se jogava pra trás (e amolecia as penas, movimento básico que acompanha o arqueamento em crianças que já andam).
Ou seja, dá para minimizar, mas as frustrações sempre existirão, em todas as fases do desenvolvimento. Nós é que temos de tentar não nos estressarmos com isso nem acharmos que um complô contra nós.
Beijos
Oi, Lia...
Tambéms penso como você...
Para que irrita-los se podemos evitar...
Mas depois de uma certa idade, principalmente quando começar a andar e descobrir o mundo, fica mais complicado...
Não tirei nada do lugar, então no começo, a baby tentava pegar tudo e só ouvia não... Ficava brava, chorava...Mas aprendeu... Hoje, pode ficar sozinha na sala, que não mexe em nada!
Bjs
Ju
Adorei o post! Realmente temos que saber lidar com as situações com calma e discernimento. Nem sempre é fácil, especialmente quando começam a fazer birras de verdade, mas o jeito é muita conversa e muita paciência.
beijos
Olá! Eu também penso igual, temos que pensar em formas de evitar conflitos e não ficar gritando e perdendo a paciência depois que eles acontecem!
Parabéns a vc e a sua filhinha, sou uma futura mamae que terá seu primeiro baby em dezembro... Um abraço
Mas o que é a birra senão a maneira que as crianças encontram de demonstrar sua insatisfação com alguma coisa né?
Mesmo em crianças mais velhas, eu não acho que a birra seja por maldade, desejo de manipular sim. Aliás, acho que manipular é uma palavra muito pesada, eu diria desejo de conseguir o que quererem.
Eu concordo que a gente pode tentar minimizar as frustrações, mas como proceder com uma criança que, por exemplo, arqueia as costas toda vez que eu vou trocar a fralda? Não posso deixar de trocar né?
Então eu tenho que enfrentar estas birrinhas dele e tentar não me estressar como a Paloma falou e ele vai aprendendo que as coisas não serão sempre como ele quer.
Bjocas
Lia, vivo fazendo isso com a Nina. Hoje mesmo ela quis comer um bolinho que minha mãe fez, todo lindo e cheio de confeito de coração. Quis levá-lo prá escola, o que criaria a maior confusão, já que seria 1 bolinho prá 8 alunos.
Já esperando a birra, usei a tárica da negociação. Deixei ela tirar os confeitos e levá-los pros amiguinhos. Tudo terminou bem.
Por isso, Lia, querida, te digo: cê tá no caminho certo. Também procuro desviar o foco e negociar, não deixando ela fazer o que quer sempre.
Beijo!
Dani
Oi Lia, a gente vai aprendendo a melhor maneira de se virar nas diferentes situações ne?
Tem selinho pra você la no blog!
beijos
Pati
http://coisasdemae.wordpress.com
Oi Lia, não sei como vc consegue carregar tanta coisa, eu saio com a Clara, minha bolsa e a dela, e as vezes um livro, sem bebe conforto e quase não consigo.
Legal seu post, tb acho desnecessário certas choradeiras e faço tudo pra evitar.
Abraços
Conhecer os nossos filhos é fundamental pra gente poder "diagnosticar" o que está acontecendo. Alice anda em um momento tão trash que muitas vezes a gente acaba batendo de frente.
Vc já está pronta para ter o segundinho.
Bjsssssss
Muito boas as dicas!!
Obrigada!!
Dentro em breve me serão de grande valia!!! rsrs
Parabéns pelo blog!!
Se quiser, visite o meu!!!
Beijocas!!
É Lia, a gente aprende diariamente com nossos filhos, tem brigas que valem a pena a gente comprar, outras não, em nome da paz aprendemos a lidar com eles, fazer as coisas de uma nova maneira, pra ficar tudo bem, para o bem estar da family e do lar... é assim mesmo, e se tem uma criatura no mundo que conhece o filho é a mãe né não? bjs!
É o chamado evitar a fadiga.
Evitar é o melhor remedio preventivo em muito casos. Rs
Beijos!
Belas dicas... Minha filha ainda tem 4 meses, mas concordo contigo e pretendo aplicar todas! Para que irritar um bebê? Precisamos ter jogo de cintura e seguir em frente!
Abraços
Lia,
Você achou o pote no fim do arco-íris.
Não tem como curar uma birra de criança, mas a gente pode muito bem evitar. E a gente aprende com a vida... E vc aprendeu cedo, graças a Deus.
Eu demorei um pouquinho e, depois da descoberta, minha vida melhorou em cem por cento.
Bjos pra fofa da Emília.
Não esqueça que sempre leio, mesmo q não comente.
Huuummm...se prepare...as choradeiras (de manha) só tendem a aumentar...Faz parte da comunicação dos bebês e crianças... Acho que cabe aos pais ensinar que as coisas não são conquistadas assim. Os bebês são muito mais espertos do que pensamos. A revista super interessante fez uma edição bacanérrima sobre como os bebês pensam...
Oi Lia! Concordo com vc. A vida já é muito frágil pra gente exigir tanto dela.
Bjos.
Juliana
http://onenemdabarriga.blogspot.com/
Oi Lia, olha eu novamente... rsrs... Acabei de ler a sua postagem que me indicou sobre as papinhas, e percebi que o sentimento que vc tinha, é exatamente o que eu tenho agora. A diferença é que sua filha já estava com 6 meses e Sophia com 4 e além de tudo nem leite eu tive para amamenta-lá por muitos meses. Eu acho que vou esperar mais um pouquinho e vou ficar só nas frutinhas por enquanto!
Abraços querida, qualquer progresso eu venho aqui te contar.
Olá, sou blogueira de Brasília e tomei conhecimento do seu atra´vés do Comer para Crescer. Se quiser fazer uma visitinha vou ficar contente. Meu blog é para mamães e papais e costumo postar dicas de programas legais em Brasília para se fazer com as crianças. Um abraço.
Jussara (www.manualdefilhos.blogspot.com)
pois é lia,
são inúmeras maneiras de lidar com cada situação do temperamento infantil.
vc está certa nas suas escolhas, mas acredito que desde sempre, ensinar aos filhos que cada coisa tem o seu lugar e a sua hora só vai ajudar no futuro.
bjo
Postar um comentário