terça-feira, 29 de dezembro de 2009

37 semanas - lidando com os medos

Conselho número 1: esqueça os conselhos. Não todos. Pode aceitar os meus (hehe).

Mas, falando sério. Amigas que não têm filhos, senhoras que tiveram filhos há trocentos anos ou mulheres que pariram (normal ou cesárea) sem muita informação, dessas que nem sabem o que foi feito durante o trabalho de parto: esqueçam. Só vão te assustar ou te deixar na mesma.

Como disse ontem, andei tendo uns sonhos diferentes. Minha irmã gosta de brincar de "interpretar" sonhos. É uma prática interessante: analisando bem o sonho e tentando relacioná-lo com coisas que você viveu recentemente ou expectativas para o futuro, você consegue descobrir um bocado de coisas sobre si mesma.

Ali pelo segundo trimestre da gestação, eu tinha uns sonhos maravilhosos. Sonhava com um parto sem sofrimento, rápido e delicioso. Nunca encarei isso como uma profecia, mas entendi que esses sonhos revelavam que eu estava muito tranquila para esse momento. E assim continuei, até semana passada.

Primeiro sonhei que acordava sem barriga. Não me lembrava de nada que tinha acontecido. Sorria e pensava: é como sempre. Tive um parto tão tranquilo e rápido que ele nem apareceu no meu sonho. Depois fui procurar minha filha. Quando me encontrei com ela e com meu marido, descobri que tinha passado horas apagada e que na verdade eu tinha feito uma cesariana. Eu apalpava a cicatriz na barriga e não acreditava. Nem era tanto pela cirurgia; era por não ter visto o nascimento da minha filha.

Na mesma semana, sonhei de novo que não tinha mais barriga. Mas dessa vez não foi tão fácil encontrar minha filha. Me traziam uns bebês minúsculos, vermelhos, pareciam fetos, e eu dizia: "Não, não, essa não é minha filha. Minha filha é gordinha." No fim do sonho eu finalmente encontrava minha bonequinha rechonchuda, e ficava me perguntando quanto tempo com ela eu tinha perdido.

Resolvi analisar esses sonhos para tratar a insegurança por trás deles. Descobri que meu principal medo era do hospital. Não saber como me tratariam lá e o que fariam com minha filha. Como já contei aqui, visitei as maternidades com bastante antecedência. Mas você nunca consegue saber exatamente o que vai acontecer. Quem serão os enfermeiros e o pediatra de plantão? Quando e por quanto tempo vão levar o seu bebê? Vão te tratar bem? E, pra piorar, não consegui entrar na sala de parto do hospital onde escolhi dar à luz. Isso tudo, juntado à ansiedade natural do fim da gestação - especialmente porque a gente não sabe o dia exato do parto -, me deixou um pouco perturbada. E o que a grávida faz? Chora e enche a orelha do marido!!

Mas o que me ajudou mesmo foi conversar com a minha médica. Por isso eu digo: não adianta falar com as velhas, ou com quem não é mãe, ou com quem é desinformado, e também não resolve consultar o Dr. Google. A internet, os blogs, os sites especializados, nada disso vai te deixar segura quanto ao que vai acontecer com você, no hospital que você escolheu.

Ontem tive consulta e saí de lá outra pessoa. A médica disse que é normal ter esses sentimentos e explicou que várias práticas com as quais assustam a gente não são feitas no hospital que escolhi (aliás, só um hospital privado - e chique - em Brasília parece ignorar as tendências de humanização). Não vão raspar meus pelos (ela disse inclusive que eu não preciso nem depilar se não quiser), lá não tem berçário, o pai ou algum familiar acompanha o bebê em todos os procedimentos pediátricos (o bebê jamais fica sozinho com a equipe médica) e, se tudo correr bem, o bebê pode ficar com a mãe mais de meia hora antes de ser levado pra tomar banho e fazer os exames - o suficiente para a primeira mamada. E sobre a sala de parto, ela disse ser idêntica à do outro hospital onde eu cogitei fazer o parto. Essa eu visitei. A cama é largona, com suporte pras costas, barras laterais para apoio e outra barra que fica no teto para segurar com os braços caso a mulher queira ficar de cócoras.

Nem preciso dizer que saí de lá outra pessoa, né? Claro que a ansiedade ainda existe - não tenho sangue de barata. Mas é um friozinho na barriga que dá até pra curtir...

+++

E mais sobre a consulta:

- Emília andou descendo a ladeira e está em processo de encaixe (a pélvis dói horrores. Leia-se: a almofadinha. Parece que você andou a cavalo ou que te deram uma bolada bem naquele lugar onde um homem se contundiria seriamente. Nunca tinha ouvido falar nessa dor. Mais uma das coisas que você só descobre quando engravida.).
- Dra. aposta que Emília fica aqui mais umas duas semanas. Ufa! Quero que ela nasça, mas umas duas semaninhas a mais vão ser boas para eu ir me preparando psicologicamente...
- Pressão 10x6, pouco inchaço, peso normal. Coraçãozinho de Emília batendo num ritmo lindo, movimentos constantes.

Nada a reclamar. Só tenho que agradecer esta bênção.

8 comentários:

Tathyana disse...

Lia, quando estou com medo, rezo muito. E rezava bastante nesse período pra Anjo da Guarda da Alice, pedia pra ele proteção pra minha filha e que não deixasse que nada de ruim acontecesse com ela.

Fiquei curiosa sobre essa maternidade que sua médica falou. O meu parto foi no Brasília e "apesar" de ter sido cesárea não houve nenhum procedimento invasivo e o Fred a companhou Alice o tempo todo até ela ir ficar comigo.

Bjsssssssssss

Paloma Varón disse...

Lia, falar com o médico no final ajuda taaanto. Eles já lidaram com grávidas de todos os tipos e todas as inseguranças posssíveis, então sabem como nos acalmar (e nos conhecem bem, né?). O meu, nas últimas semanas, ao me ver chorar e me desesperar de medo (muitos medos, muitos pesadelos, tudo superlativo), cantava pra mim: "Tudo é uma questão de manter/ A mente quieta/ A espinha ereta/ E o coração tranquilo". Tem como não ter carinho eterno por ele?
Beijos - respire fundo e cante esta ou outra musiquinha que te acalme quando o desespero bater.

Camila Bandeira disse...

Lia, esses medos são normais, a gente não sabe o que vem pela frente. E realmente não adianta dar ouvido a mais ninguém, só ao obstetra mesmo.
Até para mim, na segunda gravidez, ainda me pego com os mesmos medos e com a ansiedade aumentando (e olha que estou na 28ª semana ainda). Nessa reta final, aproveita para descansar, fazer só o que gosta e esperar para curtir esse maravilhoso momento! Boa sorte! Beijos

Camila Bandeira disse...

Ah, e apesar da sua "cearensidade", dê graças a Deus de estar em Brasília. Aqui em Fortaleza não tem nada nem perto de parto humanizado nem uma maternidade que realmente preste. Ou é a Gastroclínica ou nada. Nada mesmo. Ou o hospital da Unimed (que no meu caso não conta, porque não tenho unimed).

Lu Iank disse...

Oi Lia
Sei bem todos esses nossos medos de fim de gravidez. Também tenho tido muitos sonhos e a maioria deles já estou com a Mariana no colo. Acho que é a ansiedade para vermos logo nossa bebezinha aqui conosco.
Como eu falo, apesar de ser a minha segunda gravidez, tudo é novo para mim. Primeiro pelo tempo que já se passou e depois pela mudança de país. E o esquema do hospital é bem diferente do que no Brasil. Algumas coisas que damos valor, aqui não tem razão de existir. Tenho tentado não me preocupar muito e pedir para que Deus ilumine o meu caminho, da Mariana e da médica. Não me resta muita coisa diferente.
Mas bola pra frente. Logo a gente ve as nossas filhotas...
bjs
Lu

Clara Viegas Miranda disse...

Eba!! Mamãe feliz, nenem feliz!! Deus vos abençoe!!

bjs

Renata disse...

No finalzinho dá um medinho mesmo e nessa hora é muito importante confiar no nosso médico e fazer todas as perguntas possíveis, como vc fez. E que bom que saiu mais tranquila.
To doidinha pra ver a carinha dessa gordinha aí, então pede pro maridão colocar uma fotinho dela aqui pra gente quando ela chegar, tá?
beijo enorme, um excelente começo de ano e muita tranquilidade pra chegada da boneca!

Patricia disse...

Lia,

37 semanas, hein?
A partir da semana que vem as blogueiras de plantão dirão em coro: "Emília, cadê você, eu vim aqui só pra te ver!"
beijos!!!!!!!!!


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