Antes de mais nada, um parêntese:
Vivam os blogs e vivam os comentários! Se este meu blog não chegar a ser de utilidade pública, certamente está sendo de grande utilidade particular. Digo isso por causa do post de ontem: a gente se informa e tenta fazer tudo direitinho, mas é só pela experiência real de outras mães que dá pra saber o que é realmente necessário. Cheguei à conclusão de que várias orientações presentes nos sites especializados são genéricas, feitas por jornalistas que muitas vezes nem são mães/pais, e não se aplicam a todo mundo. Então, meninas, mais uma vez, valeu demais!
Fecha parênteses.
Continuando meu relato de ontem: depois da visita frustrada ao pediatra, fomos conhecer a maternidade do Hospital Santa Luzia, talvez a mais famosa de Brasília. E aí caiu mais um mito: o de que o mundo conspira para te fazer parir amarrada numa cama, totalmente na horizontal, longe do marido, e sem poder fazer xixi, caminhar ou ingerir nada.
Chegamos ao hospital e pedimos para conhecer a maternidade. Um rapazinho meio aéreo nos levou até a área dos apartamentos e começou o tour. O corredor era limpinho, bonito até. Nas portas dos quartos, os nomes das crianças. Ele nos levou a um quarto vazio e começou:
- Nós temos frigobar, TV a cabo...
Aí eu pensei: “Super interessante. Tudo o que eu vou querer fazer depois de parir é assistir Oprah.” Mas aí ele continuou, e ficou melhor:
- Nós não temos berçário. O bebê fica o tempo todo com a mãe.
Ponto! E o meu marido, sempre atento, perguntou:
- Mas e onde é que as mulheres têm os bebês?
Ele explicou que as salas de parto ficavam no andar de cima e que ele teria de checar para ver se poderíamos ir lá. Fez uma ligação e nos autorizou a subir.
Demos a sorte de não haver ninguém em trabalho de parto naquele horário, então pudemos passear livremente, acompanhados pela enfermeira Edilene, que não parava de falar. A sala onde as mulheres ficavam “dilatando” era ampla, com leitos divididos por cortinas e uma área comum. Bastante espaço para caminhar, um banheiro exclusivo para grávidas e outro para os acompanhantes, bolas de pilates. E a enfermeira:
- Você já viu essa bola? Aqui a gente humaniza, viu? Eu amo parto normal. Aqui as mulheres chegam com 4 (supus que se tratavam de centímetros de dilatação), daí quando chega a uns 10 elas vão ali pra sala de parto. Eu dou a maior atenção, viu? Faço massagem e tudo, mas claro, se tiver muito lotado a gente não consegue dar essa atenção tão especial, uma pena. Torce pra você vir no meu plantão. As outras enfermeiras humanizam, mas eu sou a mais fã de parto normal.
Ela nos mostrou as duas salas de parto – normal e cesárea. A sala de parto normal era equipada com cama que permite posição de cócoras, barra no teto para a mulher se segurar e barras de apoio também nas laterais da cama.
- Você pode pedir pra aumentar ou diminuir a temperatura, sabe? Aqui a gente humaniza, é como a mãe se sente melhor. Pode até trazer um CD, mas se não quiser a gente tem esse aqui [som de Enia, Jesuis!] Se estiver tudo bem com o bebê, ele fica no peito da mãe um tempo antes de receber os cuidados pediátricos. Depois dos cuidados, ele já volta rapidinho pra mamar na primeira hora. Aí eu explico tudo. Aqui tem banco de leite. A pegada tem que ser assim, viu, não pode fazer aquele barulho, tem que abocanhar toda a auréola (...)
Mostrou também a sala de espera e a farmácia e se despediu efusivamente, torcendo mais uma vez para eu dar à luz no plantão dela.
Claro, é um hospital. Tem aquele cheiro, as roupinhas ridículas, e de vez em quando dá pra ver uns velhinhos de camisola se arrastando pelas alas vizinhas. Mas confesso que fiquei bem satisfeita com o clima do lugar, bem longe das casas de tortura descritas por aí. E olha que esse hospital não faz propaganda de parto humanizado nem nada... apenas oferece condições para parto normal dentro das recomendações da OMS. Mais que bom pra mim.
Mas ainda não sei se é lá que vou ter meu bebê, porque ainda preciso visitar o Santa Lúcia – segundo minha médica, oferece condições semelhantes e é mais vazio, porque atende menos convênios. É menos conhecido pela maternidade que por outros serviços (minha mãe acha, por exemplo, que ele é mais equipado caso haja alguma emergência e tem médicos melhores). Então aguardem a segunda parte da saga “Maternidades”: visita ao Santa Lúcia.