quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Não pode e tem-que

Minha irmã (aquela mesma engraçadinha que fez meu relato de parto), quando era criança um dia protestou: “Ai que saco! Tudo aqui nesta casa é não pode e tenque!!”. Hoje eu acho graça de ela não saber onde acabava uma palavra e começava a outra. Mas que ela tem razão, isso tem: não pode e tem-que são um saco.

Digo isso especialmente em relação à maternidade – que começa antes mesmo de a criança dar as caras. Grávida não pode andar descalça. Grávida tem que tomar vitamina. Se você quiser ter um parto natural, aí a palpitaria fica ainda maior. Tem que cortar o períneo. Tem que tomar anestesia (você não vai agüentar). Não pode esperar mais de 40 semanas.

Aí você desengravida e as coisas só pioram, porque os palpites são diametralmente opostos uns aos outros.

Não pode pegar a criança no colo toda hora. Tem que pegar a criança no colo toda hora. Não pode dar chupeta. Tem que dar chupeta. Não pode deixar dormir na sua cama. Tem que colocar pra dormir na sua cama. Ai meu sacoooo.

E se fosse só culpa dos outros, que já palpitam o suficiente... mas a culpa é nossa também, né?, que inventamos de LER sobre gravidez e criação de filhos. Que insistimos em levar a criança ao pediatra todo mês e ficamos com um nervosinho quando os números vão se formando na balança. “Tá tudo bem, doutor? Então, estou preocupada porque minha filha só quer ficar em pé, parece que morre de preguiça de se arrastar. Será que ela vai engatinhar? Meu marido não engatinhou.” Que perguntamos pras amigas que têm filhos da mesma idade: “Quanto seu filho pesa? Ele já anda? Com quantos meses falou?”. E que compramos livros – ai, os livros! – que dizem coisas totalmente diferentes uns dos outros.

Eu tenho a encantadora-de-bebês-cara-de-seriema, que diz pra não colocar o bebê na sua cama a menos que você pretenda dormir com ele até ele não querer mais, digamos, até a adolescência. E tenho o Dr. Carlos Gonzalez hippongo que diz que nossos ancestrais não usavam berço nem carrinho de bebê... Das duas, uma: ou jogo um dos livros fora (ainda bem que o do Dr. Gonzalez é cópia eletrônica e o da Tracy Hogg custou tipo 15 roiais na promoção), ou faço zóing, zóing, zóing e tento abstrair o que não me interessa.

Gente, mentira, eu AMO o Dr. Carlos Gonzalez (peito, peito, peito!). E continuo achando que a dona Seriema tem algumas dicas legais (porque seria tão bom se toda vez que a gente pegasse o bebê no colo ele parasse de chorar, eu seria uma super adepta do colo full time. Mas infelizmente não é assim).

Conclusão? Eu continuo lendo e continuo xingando as pessoas que escrevem, é super legal! Mesmo que eu acabe não usando nada daquilo, é bom pra refletir sobre a forma como crio minha filha, sempre sem deixar calar aquele que é o mais sábio de todos: o instinto materno. Ele é que nos faz ouvir nossas crias e compreender do que elas precisam.

Porque eu posso tudo e não tenho-que nada, porque eu sou a mãe!

16 comentários:

LUA disse...

Eu tb!!!POSSO TUDO E NÂO TENHOQUE nada!!!eu sou mãe e ponto!!!hauhuhauahuahauha
adorei!!!
bjsss


Só as mães são felizes!!
http://www.coisa-de-mae.blogspot.com

Dani Balan disse...

Boas verdades essas, querida Lia!
Realmente, o não pode e o tenque (ai adorei!) imperam desde a gravidez e até bem depois...(ó, não queria te desanimar não, mas o negócio de palpite é meio sem fim...não pode por na escola com 2 anos, tem que tirar a fralda agora, não pode tirar a chupeta...)
O bom é que a gente fica com um ouvido meio seletivo e , acho que por instinto, fazendo a coisa certo, prá gente...e isso tá ótimo!
Beijo, filha!
Dani

Maria Thereza Pinel disse...

"Porque eu posso tudo e não tenho-que nada, porque eu sou a mãe!"

Acho que só essa frase já diz tudo!
hehehe

Concordo plenamente! =D

Patricia disse...

Adorei!!!! Muito bom, Lia. Eu também vou entrar pro partido do posso tudo! E ai do que vier palpitar....rs
bjs

Micheli Ribas disse...

É isso aí, amiga!
Sou muito parecida com vc. Leio muito, reflito e aproveito só o que cabe para minha filhota. Confesso que nem a pediatra que acompanhou o primeiro ano eu segui muito (bem, já troquei várias vezes, mas a que passou mais tempo ano passado eu ouvia, mas questionava e fazia o que eu, como mãe, achava mais coerente). E pronto. Uma pessoa da família até hj não fala mais comigo desde que eu falei o seguinte: "olha, a filha é minha, eu educo como eu quiser! Eu não vou na sua casa me meter na educação da sua filha, mesmo qdo eu não concordo!". Infelizmente pro meu pai quem ouviu isso foi a mulher dele... Paciência tem limites, poxa! E se a minha filha só recebe elogios pelo seu ótimo desenvolvimento, é pq eu devo estar dando conta do recado, não é, não???
Aff!
Beijos.

Nathália Martins disse...

Sabemos o que é melhor, com certeza!

Beijinhos***

Renata disse...

É isso aí, nós mães podemos TUDO meeeeesmo e não temos que NADA! Amei!
Pelo fim dos palpiteiros sem noção!
beijos

Tathyana disse...

Amei Lia!!! Porque quem manda aqui em casa sou eu rssss. Bjsss

Ju do Pinguinho da Mamãe disse...

Adorei, Lia...
É isto aí, instinto materno...
Este sim, pode e tem-que!
Bjs

Ana disse...

Cada criança é uma e cada mãe tb.
E cada filho é um, ou seja, no próximo filho vc poderá ter outros conceitos, outra atitudes.
Porque cada um é cada um. Hehehehe
Beijos!

Paloma Varón disse...

A gente lê porque é um assunto que nos interessa: a maternidade e suas diversas abordagens. Eu não canso de ler sobres estas coisas. Mas, na hora de colocar em prática, cada um faz ao seu modo. Se ficar no tem-que, ninguém relaxa nem alcança seus objetivos.
Beijos

Beta, a mãe disse...

Assino embaixo Lia! Eu faço o que minha intuição manda e resolvi que não ia ler nada sobre maternidade e deixar a coisa fluir, funcionou direitinho comigo! Sobre os palpites, entram por um ouvido e saem pelo outro. Eu já me cobro o suficiente pra estressar com os outros. Beijocas

Nat disse...

Nossa Lia,
minha filha tá com 2 semanas e eu to quase enlouquecendo com esses opostos. Quando estava gravida li umas 3 vezes o livro da encantadora e achei que ia ser facil como num passe de mágica...e agora?! haja opiniões de pai, avó ,bisavó, namorado da mãe, fora a internet e livros!
To perdida...mas um dia eu me acho! rsrs
Beijos

Natalia disse...

Falou e disse! E se a Tracy parece uma siriema, o coitado do bebezinho é a cara do Bush. Repara!
bjcs

Val disse...

Hahahahaha. Arthur até hoje fala assim, quando está de mau-humor e eu mando ele fazer alguma coisa, aliás, eu obrigo:

- Eu não tenco nada!!!

E vc nem falou do Nana Nenem, que manda deixar as crianças chorando no berço. Judiação demais!

Uma notícia boa, que eu li em vários blogs: na segunda gravidez a palpitaria para. Eles subentendem que vc já sabe de tudo. Providencia mais um aí...

Bjos.

Sempre lendo, sem comentar durante a semana.

Marcella Nathaly disse...

Tem razão, parece que todo mundo tem a receita certa para criar o filho dos outros, nisso até minha mãe dá uns palpites que me deixam chateada, mas você resumiu tudo na última frase! =)


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