sexta-feira, 10 de junho de 2011

Limites

Para complementar o texto (foram três posts, mas o texto é um só) sobre disciplina, achei por bem fazer alguns esclarecimentos sobre limites, para que ninguém me compreenda mal.

Ser amoroso, ouvir a criança, compreendê-la, tratá-la com brandura, não tem nada a ver com eliminar ou afrouxar os limites que ela deve ter.

Lá em casa não pode derramar comida no chão. Ponto. Todas as vezes que minha filha derramar comida no chão propositadamente, ela será repreendida. Não importa se ela está chateada com alguma coisa, se o dente está doendo, se eu a deixei muito tempo sozinha. Nada justifica essa atitude.

Mas como eu vou repreendê-la? O que o gesto de virar o prato vai provocar em mim? Raiva? Enfado? Vou ficar mal-humorada e reclamar que ela fez de novo algo que sabia que era errado?

Se eu estiver cansada, preocupada com alguma coisa, nervosa, as chances de eu perder as estribeiras são bem maiores. Mas minha filha não tem absolutamente nada a ver com o meu estresse no trabalho ou com o trânsito caótico que eu peguei pra chegar em casa. Então tenho de fazer um esforço pra separar as coisas, respirar fundo e segurar a explosão. Na verdade, o esforço nem é tão grande assim. Mais pra frente eu falo sobre isso.

A primeira coisa que faço é falar, na altura dela, olhando nos olhos, o que ela fez. Repito que não pode fazer aquilo, e dou uma breve explicação por quê: “Emilinha, você jogou a comida no chão. Não pode fazer isso. Suja o chão. A mamãe fica triste.” Em seguida, eu digo a ela que peça desculpas. Ela entende e vem me abraçar. A última coisa é reparar o erro: arrumar a bagunça. Peço que ela me ajude a limpar o chão. Ela vai catando a comida com os dedinhos e colocando no prato. Se for coisa que só dê pra varrer, ela segura a pá. E pronto. Acabou, abraços, beijos, a vida segue. Sem rancores, sem mágoas, sem ficar repetindo que ela se comportou mal e que a mamãe está brava.

Se ela está nervosa demais pra conversa (é raro, mas acontece), espero ela se acalmar pra fazer todos esses procedimentos. Fico junto dela, pego no colo, se ela quiser, mostro a paisagem. Até que ela esteja em condições de compreender o que aconteceu.

E a minha parte? Refletir sobre os motivos que a levaram a derramar a comida no chão e tentar fazer o possível para não criar novamente cenários favoráveis a essa atitude. Por exemplo, acompanhá-la mais de perto se eu perceber que ela está apresentando algum sinal de irritação. Se ela começar a bater a colher ou erguer o prato, pergunto se ela não quer mais comer e retiro logo o prato. Pergunto se ela quer sair da cadeirinha e a levo pra brincar. Ah, diga-se de passagem: lá em casa ninguém é obrigado, sequer encorajado, a comer. Ofereço alimentos saudáveis em intervalos regulares, ela come o quanto quiser e está perfeitamente bem nutrida, obrigada.

Essa regra de não deixar passar um mau comportamento sem nota vale pra tudo. Inclusive quando ela só quer ficar comigo e desdenha o Rafael. Pode ficar comigo, sim, não precisa ficar com o papai. Mas não pode tratar mal o papai. Explico pra ela que o papai a ama, que ele fica triste se ela o empurra. E ela entende e costuma mudar de atitude na hora. Às vezes até muda de ideia e traz um livrinho pra ele ler pra ela.

Ironicamente, estabelecer limites precisos e coerentes (à medida do possível, porque ninguém consegue ser 100% coerente) é muito mais compatível com a brandura que a falta de limites. Cenas de explosão de pais com filhos, crianças sendo puxadas pelo braço e enquanto esperneiam, são muito mais prováveis de acontecer quando os limites não são claros.

Exemplo: uma criança de uns seis anos está brincando no parquinho e começa a golpear os balanços um contra o outro. A mãe, sentada no banco do lado de fora das grades, grita, sem desviar os olhos da revista que está lendo: “Fulano, não faz isso!”. Obviamente a criança não dá a menor bola para aquela voz sem olhar e continua com a brincadeira nociva. Ele bate os balanços umas 5 vezes até ouvir de novo: “Fulanoooo! Eu já avisei!”. A um dado momento, a mãe, irritada, consegue finalmente levantar a bunda do assento e entrar no parquinho atrás do menino. Dá uns bons gritos e arrasta a criança pra casa, sob protesto.

Ou, simplesmente, não faz nada e deixa o filho destruir o parquinho.

Mas entre a completa inércia e a explosão, existe outro caminho. Da primeira vez que a criança golpeou os balanços, a mãe deveria ter levantando do banco, largado a revista, chegado junto dela e explicado, olho no olho: “Não pode bater os balanços. Estraga.” E volta pro seu lugar. Se a criança continuar, vale explicar as consequências: “Se você continuar batendo os balanços, nós vamos ter de ir pra casa, ok? Porque você não pode destruir o parquinho, tem outras crianças que querem brincar.” Se ela insistir e tiver de ser levada para casa, estará perfeitamente informada a respeito do que poderia ter feito pra evitar o fim da brincadeira, e já não se tratará de uma punição, mas de uma consequência.

E se a criança espernear mesmo assim? As chances de ela espernear são bem menores do que no primeiro caso. Mas, se espernear, é chegar em casa, esperar que se acalme e conversar depois sobre o que aconteceu. “Por que você estava batendo os balanços? Mamãe ficou triste.” Mas se o filho sabe que a mamãe perdoa, provavelmente se sentirá muito mais à vontade pra assumir o erro e pedir desculpas. Ele poderia dizer: “estava batendo os balanços porque é legal”. Eis um bom espaço pra dizer que nem tudo o que é legal pra ele é legal pros outros, introduzir as noções de respeito, fazê-lo se colocar no lugar dos outros: “Se você fosse brincar no parquinho e o balanço estivesse quebrado, você ia gostar?”.

A proposta de uma educação simultaneamente firme e gentil pode parecer utópica. Mas não é. Primeiro, porque nós não vamos ser perfeitos o tempo todo – e isso é ótimo, porque quando o filho percebe que os pais erram, tira de si um enorme peso. Eventualmente podemos gritar com nossos filhos, ser injustos com eles, até dar um beliscão ou um tapa num momento de descontrole. E aí? Cadeia? Juizado? Não. Humildade e um pedido sincero de desculpas. O perdão deve ser exercitado dos dois lados, dos pais e dos filhos.

O importante é ter em mente o que nós consideramos como certo e procurar agir dessa forma. Se eu acho errado gritar com meu filho, não significa que jamais vou gritar com ele. Significa que vou fazer todo o esforço pra que isso não aconteça e, se acontecer, vou saber pedir desculpas. No processo de educar nossos filhos, é preciso que nós mesmos nos reeduquemos.

E minha proposta não é utópica por outro motivo: porque é possível assumir de bom grado uma postura de servos, mesmo sendo egoístas. Quando falo das minhas ideias sobre criação de filhos, pode parecer que me acho a pessoa mais altruísta do mundo. Nada disso. Conheço muito bem o meu orgulho. Mas colocar o outro acima de nós pode ser uma atitude tão prazerosa que encontraremos uma satisfação profunda, capaz de apaziguar nosso hedonismo.

Por isso digo que o esforço de se acalmar pra lidar com uma criança é, mais que um peso, uma libertação. No trabalho que fazemos para não deixarmos a raiva nos dominar, experimentamos mais momentos de serenidade. Raiva, estresse, cansaço, tudo o que nos faz estourar para cima dos nossos filhos faz mal para nós. É como se fizéssemos um tratamento de saúde, nos livrando de várias patologias no processo de nos tornarmos pais. E nosso corpo e nossa mente agradecem.

Os filhos nos obrigam a mudarmos nossa dieta. Nos fazem revermos nossa jornada de trabalho. Nos forçam a brincarmos quando deveríamos estar lavando a louça. Se escravidão é isso, bendito cativeiro esse da maternidade!

16 comentários:

Micheli Ribas disse...

Oi, Lia.
Sabe que aqui em casa a minha atitude com a pequena é muito parecida com o que você falou. Eu falo na altura dela, explico o que houve e porque é errado. Ensino a pedir desculpas e ajudar a arrumar a "bagunça". Hoje, com mais de dois anos e meio, ela entende muito melhor e obedece rapidamente, sem explosões. Porém, como tem uma personalidade muito forte, no começo não foi assim, não. Ela desgastava todas as nossas energias tentando explicar a ela, com amor, que a vida tem, sim limites. Com pouco mais de um ano as birras aqui era terríveis, ela se jogava e se machucava. Pouco a pouco isso foi mudando, mas precisei de muita persistência na educação dela ao meu modo. Ouvia muita gente dizer que "meu filho fez isso uma vez, levou uma boa surra e não fez nunca mais". E por aí vai. Sim, ela já conseguiu me deixar muito nervosa, mas, quanto mais calma eu for para explicar, deixar que se acalme e tudo o mais, mais a educação funciona. Fui aprendendo com ela e ela comigo. Hoje estamos muito bem, obrigada, ela é uma menina muito obediente. Quando teima, é muito mais fácil de resolver do que era um ano atrás. Porque não desisti e simplesmente aceitei que "ela é assim, de gênio forte e pronto", como já ouvi pessoas falarem e fazerem também. Algumas crianças dão menos trabalho nesse processo, são mais calmas, mais tranquilas. Mas não quer dizer que com a personalidade dela não é possível impor limites. Com o pai ela teima muito mais, desobedece mais, mas até entendo que é para chamar a atenção dele, pela falta de tempo muitas vezes dele com ela. Mas aos poucos estamos trabalhando isso e tenho mostrado também que ela pode ficar comigo, mas não pode maltratar o pai. Hoje ela pede desculpas sem nem mesmo a gente pedir quando percebe que pisou na bola.
Sei que vale a pena a persistência na educação com limites, sim, mas dados com muito amor e paciência e não através da violência e gritos.
Ótimo post.
Beijos.

Tchella disse...

lia, nao vai caber num comentário... preciso te enviar um email! como faço para ter teu endereço de mail, deixa lá no blog pra mim?? bjo grande, sou tu fa cada dia mais

cecilia disse...

Oi, Lia

Como filha culpada que sou, fiquei pensando sobre este "Mamãe ficou triste" citado duas vezes nos teus exemplos... pelas tuas leituras, dizer isso é recomendado? Acho que invalida as explicações racionais de por que a criança não poderia fazer isso ou aquilo. Influencia ela a obedecer não porque entende os motivos, mas porque não quer deixar a mãe triste. Não? O que tu acha?

Lia disse...

Cecília, muito interessante essa sua observação. Como eu disse no primeiro post da série, não lei muuuita coisa, não. Mas em nenhum dos textos que li havia essa ressalva.
Entendo sua preocupação, e acho que essa questão deve ser pesada. Em todo caso, considero que, educando com amor e paciência, esse argumento de "mamãe fica triste" pode ser bem verdadeiro em alguns casos. Porque a criança também fica triste quando fazem com ela algo de errado (quando batem nela, gritam com ela, quando quebram ou tomam um brinquedo seu...), e acho que mencionar o sentimento é uma forma de ela entender que as atitudes dela magoaram alguém. No fim das contas, todos os maus comportamentos afetam o próximo, e o respeito aos outros é o principal motivador de ações corretas. Não haveria problema nenhum em bater se não doesse. Não haveria problema nenhum em quebrar o parquinho se ninguém tivesse trabalhado pra constui-lo e se ninguém fosse brincar nele depois.
Mas eu concordo com você, é importante mencionar todos os motivos da ordem ou da proibição. Deixar a mamãe ou qualquer outra pessoa triste normalmente é mesmo uma consequência indireta do ato (a não ser em caso de agressão, física ou psicológica, como bater ou xingar).
Beijos e obrigada pela contribuição!

Fabi Alvim disse...

Lia, gostei demais dessa sua "série" de textos. E como vieram bem a calhar!! Tenho tido dificuldades com Júlia - minha mais velha - desde que Joana nasceu. A vida virou uma montanha russa... tem dias tranquilos e dias em que os desafios me derrubam com rasteiras dolorosas. O nascimento da Joana fez também nascer em mim uma nova mãe e Júlia tem lidado (bem como o marido) com uma pessoa totalmente diferente. Melhorei em MUITOS aspectos, mas acho que baguncei a questão da coerência, da estabilidade de que os pequenos tanto necessitam. Tenho buscado esse caminho diariamente e, às vezes, acho que nunca vou conseguir. Ou acho que não estou trilhando o caminho mais certo. Enfim, seus textos trouxeram mais clareza para mim em alguns aspectos e serão compartilhados com o marido para que ele - talvez - entenda alguns valores que tenho defendido, mas que não consegui colocar tão bem assim em palavras!
Obrigada!! Beijos
Fabiana
http://2-ao-quadrado.blogspot.com

Paloma Varón disse...

Lia, adorei a série de posts e mais ainda esta conclusão final de hoje.
Eu comecei no caminho da brandura e me desviei dele nos terribles twos. Depois disso (com mudança, gravidez, viagem do pai, bebê RN, bebê crescendo etc.), me perdi. Não soube reencontrar o caminho inicial, que considero o mais adequado. Já estou melhor, tenho gritado menos, mas ainda grito quando perco mesmo a paciência. Ou rio, quando ela faz algo muito absurdo, o que também não ajuda em nada (mas pelo menos não é nocivo como um grito). Sei que eu não sou perfeita no quesito paciência. E ela também sabe disso. Mas nós duas estamos aprendendo juntas. E já vejo melhoras significativas.
Hoje rimos juntas lendo o livro "Quando a mamãe virou um monstro". Quando eu começo a virar um monstro, ela chama a minha atenção e eu faço o mesmo quando ela grita com voz de monstro.
Beijos

Sarah disse...

Lia, eu AMEI esse post. Não consegui comentar os outros, mas ainda bem que veio essa conclusão sensacional! Engraçado que vc escreveu uma coisa que eu tinha pensado quando li os outros 3 posts: utopia. Parece mesmo utópico conciliar as coisas, lidar com o estresse e cansaço e não externar isso tudo nos cuidados com a criança. É um exercício diário estabelecer limites, para eles e para nós.
Adorei também o comentário da Paloma, identificação total. Também temos esse livro "Quando a mamãe virou um monstro", mas ainda não li para o Bento. Agora que ele está se interessando pelas histórias e não apenas pelas figuras, vou ler para ele.
Vc me inspirou a falar sobre isso também, vou fazer um post e linkar pra cá, ok?
bjos e obrigada por essa importante reflexão! Quero ser como vc quando crescer! :P

Nina disse...

Lia, sobre consequências ou punições, recomendo: http://www.naobataeduque.org.br/site/pais_educadores/dicas.php

(copio aqui o tópico 13)

13. Deixe as conseqüências naturais do comportamento inadequado acontecerem ou aplique conseqüências lógicas.

Conseqüência natural: a criança está brincando de maneira violenta com seus brinquedos. Você a avisa que ele pode se quebrar, mas ela continua a brincar da mesma maneira até que ele finalmente se quebra. Logo em seguida ela pede para você comprar outro. Neste momento, você deve relembrá-la do aviso que lhe foi oferecido e negociar com ela esta nova compra.

Conseqüência lógica: a criança não cumpre com o que foi acordado com os pais sobre xingar os irmãos. Ela, então, ficará no “cantinho do castigo” o tempo adequado para a sua idade.


Importante: conseqüências são diferentes de punições. Estas últimas machucam as crianças, fisicamente e emocionalmente deixando-as com raiva, inseguras e tristes. As conseqüências ensinam. Essa estratégia, no entanto, não deve ser usada quando significar submeter a criança a situação de perigo. [sic]

Mariana - viciados em colo disse...

Lia,

uma vez me perguntaram se castigo tinha mudado de nome quando conversava sopbre "consequência" que é o mote daqui de casa que aprendi com uma amiga psicóloga.

fazemos exatamente isso: limpa o que suja, arruma o que agunça, fica sem o que quebra, simples assim --> isso eu chamo de consequência, uma ação imediata e contrária ao comportamento indesejado.

para comportamentos indesejados recorrentes, suspendemos algum programa do final de semana (o que chamo de castigo). avisamos, damos mais uma chance, daí vem o castigo, se houver repetição.

há muitos anos li sobre isso que a cecília falou "de deixar a mamãe triste" --> troquei pelo "inadmível" ou pelo motivo real porque aquele comportamento não é legal.

ela agora está arrumando a cama sozinha. eu sempre reforço como estou orgulhosa do comportamento dela e pergunto se ela não está se sentindo bem por ser capaz de arrumar, por ser organizada e por brincar num quarto mais arrumado. afinal ela precisa apreender as vantagens de viver num ambiente "saneado". não é porque eu gosto, mas porque é melhor para ela.

nesta perspectiva acredito que a "obrigação" fica com mais sentido e menos pesada. no futuro espero que mesmo que more sozinha seja organizada e mantenha seu ambiente ok, por conta própria, por se sentir bem.

parabéns pela série de posts. precisamos mesmo desmistificar o limite, a autoridade, conceitos que se confundem com violência, tirania e autoritarismo.

te deixo uma reflexão: viveríamos hoje a era do filhiarcado?

eu escreveria mais um monte sobre isso, mas o sono me chama!

beijoca

Sarah disse...

Oi Lia, só passei para dizer que fiz o post e linkei pra cá, ok?
bjos!

Gabriela Grossi disse...

Oi Lia, excelente os posts sobre educação. Gostei muito!
O Tomás tem cinco meses ainda, mas aqui em casa, nossa visão de como educá-lo é muito parecida com a sua: ter paciência e ser consequente.
E realmente, para educar uma criança é necessário auto-educar-se.
Parabéns pela iniciativa!
Gabriela

Mari Mari disse...

Lia, sua s;erie de textos me rendeu um post: passa la: http://gotadechuvabigodedegato.blogspot.com/2011/06/vamos-brincar-de-deus.html

Neda disse...

Lia, só hoje li com calma o texto. Adorei! Principalmente, por que em geral é como eu tento fazer aqui em casa. O problema, é que nesse aspecto o pai e eu não estamos em sintonia, eu tento, explico, converso com o pai mais não adianta, na hora de por em prática ele segue o modelo que usaram com ele quando pequeno (não percebe a diferença entre medo e respeito). Na minha casa não era muito diferente da dele não, mas tenho a impressão que havia mais conversa, ou talvez mais paciência antes da palmada, do castigo, do "por que eu mandei". Acredito muito que algumas coisas tem o tempo certo de acontecer, o compartilhar é aqui em casa o melhor exemplo, sempre falamos com ele, mas respeitávamos o fato dele não querer dividir (não dividia, mas também não pegava o brinquedo do outro)hoje ele faz com a maior naturalidade, mas essa minha convicção (e nessa o marido concordou) me custou uma amizade e um dos momentos mais constrangedores da minha vida (e olha que já passei por cada uma!). Paciência, valeu o que foi melhor para o pequeno. Agora estamos num estágio em que trabalhamos as emoções, raiva/frustração/chateação. O filhote tem se mostrado muito bom em perceber cada uma delas pela fisionomia do rosto (mesmo a gente insistindo as vezes que está cansado, principalmente quando não tem nada a ver como ele) e ensinando como lidar com cada uma delas. Para nós, o aprendizado é entender que ele precisa por pra fora a raiva, por exemplo, é feio, nada aceito, mas ...
Beijos

Thaís Rosa disse...

queridona,
há dias li a série, e gostei demais. Tive momentos de identificação total, e outros, como a roberta falou, em que eu ia questionar e você mesma já promovia o mesmo questionamento a seguir, completando o raciocínio. Sigo a mesma filosofia que você, tb intuitivamente e a partir de algumas leituras. tenho um pouco de dificuldade de sintonizar completamente com maridón, que, apesar de não usar de violência com Caio, nunca ter batido nele e raramente gritar, por vezes é ríspido demais (pro meu padrão) com ele (e muitas vezes se arrepende depois). Por outro lado, acho às vezes que sou muito molona, muito só coração, e tenho dificuldade em colocar limites mais claros. Mas confio no meu taco, vou fazendo como acredito, e acho que tem dado certo...
Já não lembro mais dos pontos que queria comentar quando li (quando der leio de novo, com calma), mas uma coisa fiquei pensando muito: será que com dois filhos dá pra conciliar as necessidades/tempos dos dois? ou será que, inevitavelmente, teremos que fazer escolhas que ora priorizarão as de um, ora as de outro? porque com um filho só, embora não seja fácil, é bem mais possível atentar para tais necessidades/tempos do pequeno, e tentar agir conforme esse ritmo (embora, muitas vezes, a gente se perca desse caminho, como disse a Paloma). Agora, com dois... veremos...
beijoca

Anônimo disse...

Oi Lia, vim aqui pra comentar seu post, mas aí vi que a Cecilia já tinha pensado o mesmo que eu! Acho que as palavras sao poderosas, eu também sou uma filha cheia de culpas e tal. Nao quero isso pra Ana, nem pra mim. No mais tudo bem, bem explicado, inspirador até. Muitas vezes me dá preguiça de fazer ela arrumar o que sujou / bagunçou, mas acho que a constância e a coerencia fazem disso um hábito que vai ser bom pros pequenos e pra gente também. Só pra terminar, acho que, como regra, quando a Ana se recusa a ajudar a recolher os brinquedos, nao importa o argumento, é porque está cansada demais. Respeito, levo ela pro quarto e pronto. Da próxima vez eu que proponha arrumar mais cedo, né?

Alessandra disse...

Oi! Visitei teu blog pela primeira vez hoje, e achei esse texto muito interessante, quero ler os outros também.. Ainda não sou mãe, quero muito ser, mas sou profe de pequeninos e vejo hoje muitas crianças que pedem para os pais se posicionarem e dizerem não.. Concordo contigo que os pais precisam ser brandos e amorosos ao falar, mas eles também precisam se posicionar e educar/ensinar o que se pode ou não fazer. É muito mais fácil ensinar os pequenos, pois depois de grandes os pais não seguram mais e dai eles são visto pela escola e pela sociedade como disciplinados. Minha mãe sempre fala isso e concordo: quando a criança é pequena as "indisciplinas" são pequenas, mas quando vai crescendo fica cada vez pior tu ensinar o que é certo...


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