O post com a reportagem sobre separação de lixo deu bastante repercussão. Muita gente se interessou pelo minhocário, então resolvi fazer um post sobre isso e outros assuntos ecológicos.
Sempre tive uma quedinha pelas questões ligadas à preservação da natureza. Quando tinha 10 anos, minha escola promoveu atividades relacionadas à Eco 92. Escrevi uma poesia sobre o tema e fui premiada com vários livrinhos sobre ecologia.
Desde sempre, tento não ser muito nociva ao meio ambiente (porque ajudar... é difícil). Economizar água e energia elétrica foi o começo. Aos poucos, fui vendo o que mais eu poderia fazer pra não estragar tanto o planeta. Começamos a separar papel e levar pra reciclar, passamos a reaproveitar e recusar as sacolas de plástico nos supermercados. E assim, de grão em grão, vamos tentando ser mais ecologicamente responsáveis.
Além desses, segue uma listinha de hábitos que fomos incorporando:
1) Fraldas de pano: quem me acompanha sabe que Emília usa fraldas de pano, quase 100% do tempo (exceções são quando eu me desorganizo com a lavagem e acabam as fraldas limpas, ou quando viajamos).
2) Separação de pilhas, lâmpadas e outros materiais tóxicos para serem descartados em local próprio.
3) Adoção de alimentos orgânicos: meu motivo inicial para buscar os orgânicos foi não consumir veneno. Não existe outra palavra pros agrotóxicos que entopem nossa mesa – muitos deles proibidos em países de 1º mundo. Comecei pelo morango, que é um dos alimentos que mais têm resíduos. Nunca tive coragem de oferecer a uma criança um morango da agricultura tradicional. Aos poucos, foram aparecendo no mercado outras opções, e eu ia experimentando, sempre de olho no bolso.
Descobri então um produtor local de orgânicos que entrega em casa, e achei os preços bem razoáveis. Comecei a pedir semanalmente folhagens, legumes, frutas, sucos, mel, geleia e ovos (de galinha feliz).
Atualmente, toda a salada crua lá de casa é orgânica, bem como a maior parte dos legumes. Frutas, ainda temos de comprar muitas no verdurão, porque os orgânicos têm pouca opção e as frutas são sazonais. Atualmente, por exemplo, meu fornecedor está oferecendo só morango, mexerica e banana.
De vez em quando, morro uns reais em iogurtes naturais e queijos frescos orgânicos (leite de vaca feliz). Revezo com os produtos tradicionais.
Hoje, fico vendo tudo o que consumo e que ainda é cheio de veneno ou hormônios: grãos, farinhas, leite... Espero que a agricultura de orgânicos se fortaleça e tenhamos cada vez mais oferta desses produtos, a preços acessíveis.
Mas voltando à ecologia, hoje compro orgânicos também por questões sociais e ambientais: para que um alimento seja certificado como orgânico, sua produção tem de atender uma série de critérios, entre eles a proibição do uso de produtos que coloquem em risco o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais. Fora que, quase sempre, esses alimentos são cultivados por pequenos produtores e cooperativas. Assim, consumir orgânicos é apoiar a agricultura familiar, e não os latifundiários. Mais informações sobre orgânicos neste hotsite feito pelo Ministério da Agricultura (Mapa): http://www.prefiraorganicos.com.br.
4) Redução do desperdício: passei a planejar a compra de alimentos, especialmente os perecíveis, pra evitar que sobrem e estraguem. Pra isso, comecei a fazer compras menores e com mais frequência, monitorar constantemente a geladeira e o freezer em busca de restos e pensar nas refeições da semana antes de ir ao verdurão ou encomendar minha cesta de orgânicos. Também tem que ficar de olho nos grãos e farinhas pra não dar caruncho.
Quando vejo que algo está para estragar, tento consumi-lo imediatamente. Se não der, arrumo outro jeito de aproveitá-lo. Por exemplo: detesto banana muito madura, especialmente se a casca já estiver fina e com pontos pretos. Nesse caso, quando são só uma ou duas bananas, eu asso no forno. Quando são muitas (o consumo de banana é sempre imprevisível com um bebê em casa), parto em pedaços e congelo pra fazer sorvete de banana (receita no blog da Neda). Um espetáculo de sobremesa!
Outra opção é doar pra alguém os alimentos que não vamos consumir. Por exemplo, uma vez pedi ao meu fornecedor, por engano, batata demais. Dei metade pra minha mãe. Outra vez comprei uma farinha de trigo pra fazer não sei o quê e sobrou um monte. Não pretendo usá-la, vai de doação pra mamãe também – que, aliás, foi quem me ensinou a ter pavor ao desperdício.
Outra dica é comprar só meio maço de folhas (rúcula, espinafre, agrião). Meu fornecedor de orgânicos tem essa opção.
Finalmente, estou adaptando a culinária lá de casa pra usar talos, folhas e cascas. Ontem fiz uma farofa de folha de rabanete que ficou uma delícia.
E se não tem jeito e um pão mofa... vai pras minhocas.
Reduzindo o desperdício, a gente também economiza dinheiro. E, com o troco, dá pra substituir por orgânicos os alimentos envenenados!
5) Redução do consumo. De tudo. Menos água, menos luz, menos roupas, menos brinquedos, menos tranqueiras. É necessária uma grande mudança de mentalidade pra nos tornarmos menos consumistas.
Quando estivermos cansadas das nossas roupas, vale dar uma vasculhada no fundo do armário, procurar lenços, acessórios, coisas que não usamos há muito tempo e que podem dar uma renovada no visual. Se realmente não der pra aproveitar nada, se nosso estilo não combina mais com o armário velho, passemos as coisas pra frente – doando ou vendendo pra um brechó. Na hora de comprar uma roupa, também procuro ter certeza de que vai ter um bom uso, e não me deixar levar por uma liquidação. Quantas vezes aquela roupa novinha fica meses na gaveta?
Pras crianças, brechós infantis são o must!
6) E, finalmente, o minhocário.
Sim, dá pra ter tranquilamente um minhocário em apartamento. O meu é o grande, que comporta lixo de até 4 adultos. Comprei nesta loja, que também tem uma versão pequena, para até 2 adultos. Outros fabricantes trabalham com tamanhos intermediários, e buscando no Google também dá pra encontrar instruções para construir você mesmo seu minhocário (são basicamente caixas de plástico com furos).
Não é barato nem rende dinheiro, então não é algo que você adquire pra economizar. Mas, como eu disse na reportagem, é um hobby. Assim como eu amo cultivar plantas. E também é educativo pras crianças.
A Tathy perguntou o que eu faço com tanto adubo. Na verdade, meu adubo ainda não está pronto. Demora em torno de 50 dias pras minhocas transformarem em substrato toda a matéria da caixa do meio e começar a se formar o chorume. Como tenho duas plantas em vasos grandes, além de muitas outras em vasos menores, penso que talvez elas consigam consumir todo o adubo. Diferentemente do adubo químico (que nutre a planta e empobrece a terra), o adubo das minhocas não mata a planta por excesso. Posso usar à vontade (apesar de que uma amiga recomendou, para plantas de vasos, que eu misturasse o chorume com água).
Se eu vir que o adubo sobrou, vai pra doação! As plantas da minha mãe serão as primeiras beneficiadas.
Tem que ter alguns cuidados com o minhocário: revolver o substrato 2x por semana pra arejar e despedaçar o lixo antes de colocar lá dentro, pra facilitar o trabalho das minhocas. Fora isso, não tem segredo. Ele pode ficar dias sem ser abastecido (coisa de um mês, se não me engano), bastando que antes de sair de viagem você encha bem a caixa de lixo.
As minhocas comem qualquer matéria orgânica vegetal, mesmo com bolor, papel (inclusive sujo, como guardanapos usados), folhas secas. De origem animal, elas consomem ossos e cascas de ovos. Não é recomendado jogar carne e laticínios por causa da gordura. Alimentos cítricos devem ser evitados, pois alteram o PH do substrato. Mas você pode colocar cinzas (carvão ou papel queimado) pra reequilibrar o PH.
Pode parecer que faço muito, mas ainda há um longo caminho a seguir. Temos dois carros, dirijo sozinha para o trabalho, tomo banhos longos e quentes (eu tô grávida, vai). Meus projetos mais imediatos são trocar os guardanapos de papel por guardanapos de pano (e usar o mesmo durante uma semana, antes de lavar), reduzir ainda mais as sacolas de plástico e vender meu carro (projeto licença-eternidade 2012). Pouco a pouco a gente chega lá.
É isso. Acabou-se o eco(chato?)-post.
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