terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Nosso primeiro desfralde

Sabe essa história de mãe de primeira viagem, mãe de segunda viagem, de terceira..? Tenho a teoria de que toda mãe, até que os filhos se tornem adultos, é uma mãe de primeira viagem - com o primeiro filho. Porque com Margarida é uma beleza, terreno conhecido e muita tranquilidade. Isto eu já fiz antes: já amamentei em livre demanda, já introduzi alimentos, já adaptei em creche, então quando chegar a vez dela será mais fácil. Mas nunca desmamei, nunca desfraldei, nunca conheci um primeiro namorado. E aqui estou eu, mãe de primeiríssima viagem, acompanhando Emília na sua emancipação fraldística.

Gosto de ler bastante sobre as etapas mais cruciais do desenvolvimento da criança para ter alguma referência na hora de agir, escolher as teorias que fazem mais sentido para mim e me sentir amparada de alguma forma. Mas, além das experiências de outras mães, não estudei muito sobre o processo do desfralde.

Eu sabia que uma das metodologias mais propagadas por aí é aquela do "tirou, tá tirado". A ideia é, desde o primeiro dia, deixar a criança sem fraldas o dia inteiro para ela não se confundir. "Estou sem fralda, estou de fralda? Prendo, deixo sair?". Esse método também não aceita regressões: uma vez iniciado o processo, vamos até o fim, sem voltar atrás.

Nunca gostei muito dessas transições radicais em direção a uma outra etapa da vida da criança. Gosto de tudo aos poucos - a menos que a criança sinalize que dessa vez é assim mesmo, pá e bufo! E achava que com o desfralde não seria diferente, é tanto que em dezembro comecei, despretensiosamente, o que chamei de pré-desfralde.

Só que o negócio ficou sério. No finzinho do ano passado, quando Emília estava usando fraldas descartáveis pra dormir (ela usava de pano, mas o xixi foi ficando muito volumoso e a fralda de tecido não aguentava mais à noite), ela teve uma alergia severa que coçou, sangrou, ficou feia. Então eu me vi obrigada a deixá-la sem fralda todos os dias durante algumas horas para arejar a ferida, além de aposentar de vez as descartáveis.

Óbvio que tivemos muitos xixis no chão, mas o objetivo não era desfraldar, mas curar a assadura. Como ela estava de férias, passávamos a maior parte do tempo em casa e era mais fácil. Ela rapidamente aprendeu a não pisar no xixi para não escorregar e dava tempo de eu limpar o chão antes de algum acidente. Ela nunca escorregou nem fez xixi em qualquer lugar que não fosse o chão (sofás, camas, colo, nada disso). E começou a fazer alguns xixis no penico. Isso me fez ver que ela já tinha um bom controle sobre os esfíncteres e resolvi tentar levar o processo adiante, mesmo depois que a alergia melhorou.

Mas optei por começar devagar. Algumas horas sem fralda de manhã, sempre em casa, e só. Esse tempo foi aumentando até eu resolver deixá-la sem fralda também na casa da minha mãe (onde tem penico). Minha ideia era dar a ela segurança antes que ela fosse forçada a usar banheiros desconhecidos, sanitários altos e sem redutor.

Na semana passada, ela voltou às aulas. Até então, ela estava usando fraldas sempre que saía (inclusive a levamos de fralda para a creche). Fiquei um pouco insegura sobre como seria a sequência do desfralde na escola, já que tinha toda a coisa da readaptação, sala nova, professoras novas. E, pra piorar, nenhum dos coleguinhas dela estava desfraldado ainda (só uma aluna nova, que também estava no meio do processo de desfralde).

Expliquei às professoras em que pé estávamos, mandei calcinhas e fraldas e lá fomos nós. Eles também são adeptos do método progressivo, e começam por deixar a criança sem fraldas nas áreas externas - porque, em caso de acidentes, não tem perigo de as outras crianças mexerem ou escorregarem no xixi. De segunda a quinta, xixis na calça e nada de vaso. Na sexta-feira, quatro xixis no vaso (o primeiro com o pai, assim que foi deixada na creche) e nenhum acidente!

Sábado foi a última vez que saí com ela de fralda, para uma festinha infantil. Domingo já fomos à igreja, ao restaurante e à casa de uma amiga sem fraldas. Dois acidentes e alguns xixis em banheiros novos. Achei o saldo positivo.

Minha única preocupação é o cocô, porque apesar de ela ter feito lindamente cocôs no penico em vários dias seguidos, de uns dias pra cá ela tem ficado rodopiando igual cachorro quando quer fazer cocô, sem querer sentar no penico. Ela parece que prefere fazer em pé, então o que tem funcionado é levá-la pro box, enquanto eu seguro o penico e vou aparando a obra. Graças a Deus estamos sem prisão de ventre, e ela tem feito cocô na mesma frequência que antes.

Confesso que eu ficava com uma preguiça monstra quando via minhas amigas com as crianças em fase de desfralde: "quer fazer xixi? Quer fazer xixi? QUER FAZER XIXI?". Mas não é tão ruim assim, até porque a evolução é muito rápida. E pra quem já usava fraldas de pano, limpar um chão de vez em quando ou passar água numa calcinha molhada não é nenhum bicho de sete cabeças.

Desfralde até que é legal.

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E quem me deu segurança pra começar aos poucos foi o Dr. José Martins, que responde a perguntas das leitoras lá no blog da Paloma. Questionado sobre desfralde, eis a resposta dele:

"Nós recomendamos a retirada das fraldas a partir de um ano e meio e é preciso um treinamento progressivo, lento, sem pressões, mas no qual a presença da mãe é importante. Eu recomendo que a partir de um ano e meio se comece mostrando um peniquinho, o vaso sanitário. Mostre que o xixi e o cocô devem ser jogados ali e vão embora, mostre como se faz a descarga do vaso, compre o peniquinho e explique docemente que se ele desejar deve pedir, mas não force.


Comece tirando as fraldas pela manhã, logo após ele ter urinado e evacuado, e deixe uma hora sem fraldas pela casa. Não ralhe se ele fizer no chão. Depois disso, coloque novamente a fralda. Se ele fizer na fralda, acompanhe-o até o banheiro e jogue o cocô dentro do vaso. Depois do almoço, à tarde, mais uma hora, e à noite, antes de dormir, também. À medida em que ele não urina ou evacua sem fraldas, aumente o tempo para 2 horas e assim vá sucessivamente fazendo o treinamento. Os bebês precisam dessa informação e dessa orientação. A maioria das crianças em dois ou três meses consegue ir se desfraldando. Entretanto algumas crianças às vezes demoram um pouco e podem chegar até quase os 3 anos ainda com dificuldades para controlar os esfíncteres. Isso é uma variação individual que precisa ser respeitada, ok? Não force a barra e, ao surgir qualquer dificuldade, vá falando com seu pediatra, que pode ir lhe aconselhando."


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Último adendo: penico ou redutor?

Virei super fã do penico, pelas razões abaixo:

- É portátil. Posso deixá-lo no quarto enquanto Emília brinca, o que ajuda a lembrá-la de fazer xixi.
- É baixinho, a criança pode sentar sozinha. Já tivemos dois episódios de encontrar Emília com a calcinha na mão ou colocando as calças de volta, e o xixi no penico. Sem precisar da nossa assistência.
- Difícil de limpar? Rá rá, só pra quem nunca usou fraldas de pano!
- Permite que a criança apoie os pés no chão, numa posição mais confortável para urinar ou defecar. Com o redutor, mesmo se eu puser uma banquetinha não resolve, porque Emília ainda é muito baixinha e as pernas ficam esticadas.

Vou deixar o redutor pra quando ela for maior. Por enquanto, o penico reina absoluto!

11 comentários:

Mariana - viciados em colo disse...

estamos entrando nesta fase também com arthur e guardo poucas recordações do processo de alice com o xixi - que foi muito rápido, incluindo aí o noturno. meu problema foi o cocô que ela só fazia de fralda - pedia para colocar!!! o_O - espero que isso não se repita, pq a solução foi angustiante.

vc falando, vi que o pré-desfralde já começou lá em casa: percebemos que arthur acorda com a fralda seca e faz xixi logo, então estamos estimulando que faça no penico este primeiro do dia - um momento de "celebração" rá!.

antes do banho, muitas vezes a fralda está seca e é outra oportunidade de exercitar. isso vem acontecendo há uns quatro-cinco meses, mas eu não achava que estava no tempo de dar prioridade a isso, por motivos externos, como viagens e adaptação na nova escola, que me ajudaria neste processo.

cada dia damos um passo, com calma, pois temos tempo.

em tempo: acho que lavar penico é pior que fralda... sei lá!

sobre redutor x penico: prefiro penico, redutor começa a prestar quando eles ficam mais altos mesmo...

o pior é o xixi em banheiros públicos... dá uma vontade de colocar uma fralda... a dica é sair com um kit de faxina para dar uma limpada antes do uso, pois não gosto daquelas estratégias de levantar a criança "contra" a privada ou de permitir que ela se pise no assento e faça agachada. acho um horror!

falei tanto que vou iniciar um post sobre isso.

beijoca


--- estou voltando aos poucos a ler meus blogs favoritos ---

Mari Mari disse...

eu também sou a favor da coisa ser progressiva. Ontem, por exemplo, no carro, joaquin me perguntou: mamae, tou de fralda ou de cueca? Eu disse que tava de fralda. Ele perguntou se podia fazer xixi na fralda. Perguntei se ele conseguia segurar pra fazer em casa, ele nao me respondeu. fez na fralda, mas nao sei se foi na hora ou se foi em algum momento entre aquela hora e termos entrado em casa. Respeitando, respeitando, sempre.

Lu Iank disse...

Oi Lia
achei enfim uma companheira para a Mariana de fazer coco em pe, hahaha.... Ontem me peguei numa cena que quase morri de rir. Ela com o intestino preso e nao conseguia fazer coco e eu com o penico atras. Eu falava: forca, forca... e ela quase morrendo. Dai me deu um insight do parto dela que eu ganhei ela em pe e com a medica falando do meu lado: forca, forca... nao aguentei cai na risada. O meu era o parto de um nenem, o dela de um coco.
O desfralde aqui ainda esta lento. Eu levo varias vezes ela para fazer xixi no banheiro, porque no penico ela nao curte muito. Mas o que tem pego eh o inverno. Deixar ela Sem fralda e correr o risco de uma escapada representa muitas mudas de roupa a serem trocadas, desde meia-calca, fuso, e calca Jeans. Entao estou indo devagar com o processo. Qdo estavamos no Brasil ela ficou varios Dias sem fralda e ate que estava indo bem. Agora vou esperar o calor chegar por aqui para retomar.
Bjs
Lu

disse...

Esse assunto rende! E cada uma tem uma historia diferente pra contar.

Aqui em casa começamos o desfralde um pouco antes do Rafael completar 2 anos, aproveitando que era verão na França (no inverno não da'!). Foi 1 mês de xixis e cocôs no chão e o penico so' servia para brincar. Dai' um belo dia, assim de repente mesmo, ele fez xixi no penico e desse dia em diante ele começou a fazer quase sempre no penico. O cocô ele segurava um pouco, mas em poucas semanas o problema foi resolvido.

O desfralde da noite tb foi de um dia para o outro, a fralda sempre estava seca de manhã e entao resolvemos tirar. Desde o momento em que ele começou a fazer xixi no penico até o desfralde completo, foi coisa de 1 mês. Super rapido!

Tivemos pouquissmos acidentes desde então, so' agora nos ultimos dias temos tido alguns, mas acredito que esteja ligado à chegada iminente da irmãzinha.

Quanto ao redutor ou penico, no inicio foi penico, mas agora é so' redutor! Colocamos um banquinho de plastico que ele consegue subir sozinho e os pés ficam apoiados. E ele carrega o banquinho pra lavar mão ou para alcançar a bancada da cozinha. Ta' todo independente! Fora que pra menino não achei o penico tão pratico pq o xixi sempre escapava pra fora... entao o ensinamos a fazer xixi de pé e cocô no redutor. Perfeito!

(aqui em casa somos adeptos 100% da fralda lavavel)

Beijos!

A Doceria da Tathy disse...

E viva o desfralde da Emília!!! Eu tmb me sinto mãe de primeira viagem em tudo relacionado a Alice. E prefiro muito mais o redutor do que o penico. Lava penico me dava uma preguiçaaaaa. E que venham as próximas primeiras vezes da Mimi. Bjão.

Mari Mari disse...

pior que lavar penico é ficar segurando crianca pra fazer coco, af! prefiro trocar fralda. E lavar penico. no adaptamos uma ducha higienica na limentacao da caixa de descarga. SANTA AJUDA!

Taiza disse...

Lia, acho bacana o desfralde progressivo e com direito à regressões. Por aqui ainda rola algumas fraldas quando saímos, pois Luiza não faz cocô fora de casa de jeito nenhum, então quando ela quer, ela pede logo pra botar uma fralda, faz e logo tiramos a fralda. E, como a Emília, ela sempre preferiu fazer cocô em pé, e por isso, às vezes fazia na calcinha (melhor que prender e ficar com prisão de ventre, né?). No começo o penico é o melhor mesmo, pois elas ficam mais independentes, mas depois rola uma transição pro redutor. De uns 2 meses pra cá, Luiza aprendeu a colocar o redutor e subir sozinha no vaso - eles nos surpreendem!
E Emília tá fofa de calcinha!
Beijo nocês!

Paloma Varón disse...

Lia, que legal que as coisas estão progredindo bem aí! E fico feliz que o meu blog tenha ajudado ;)
Quando vc tiver alguém que vá aos EUA, não deixe de encomendar o penico portátil (cabe na nossa bolsa e tem sacos descartáveis) da Kalencom (http://www.amazon.com/Kalencom-2-in-1-Potette-Plus-Red/dp/B0016KV73W), é bom demais para evitar banheiros públicos ou lugaresm SEM banheiro. Nós temos e vale super a pena para parquinhos e outros passeios.
Beijos

Adriana Mendes disse...

Tô sempre por aqui, mãe de segunda viagem, mas ainda com dúvidas, muitas dúvidas sobre a primeira. Bjs e continue sempre escrevendo suas descobertas e experiências.

Isabela Kanupp disse...

Acredito que não tenha muita regra para desfralde, tem o be a bá que já lemos por ai, mas é algo bem peculiar e varia MUITO de criança para criança.
Aqui comecei a familiarização da Beatriz com o tema, a situação em geral quando ela tinha 1 ano e poucos, e isso facilitou muito a minha vida. É trabalho de formiguinha, mas vale bem a pena!

Hoje, ela já está desfraldada e meu bolso agradece.
Caso queira saber mais sobre como foi o nosso desfralde, é só procurar pela tag desfralde no blog.

www.parabeatriz.com

Luíza Diener disse...

é que eu queria comentar o começo do post, sobre a sua teoria.

discordo em partes.
mães sempre serão mães de primeira viagem em alguma coisa. mas não em todas.

eu mesmo, caçula por parte de mãe que sou, fiz várias coisas antes das minhas irmãs.
e aposto que você tb.

por exemplo, quem deu a primeira neta para dona luzia, ein? ein?

bj


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