Recentemente falei sobre
como a vida muda depois da maternidade, e como é necessário fazer mudanças no nosso antigo estilo de vida para criar espaço para os pequenos. Mas entre tantas coisas que temos de deixar pra trás por um tempo - o cinema, o álcool, os programas noturnos -, uma me é sagrada e fiz questão de manter: a atividade física.
Claro, com adaptações. Antes de engravidar pela primeira vez, fazia boxe. Boxe grávida não dá, né? Então troquei por Pilates, mantendo as caminhadas que eu já fazia. Dois meses depois que Emília nasceu,
me matriculei numa academia em frente à minha casa e comecei com spinning e ginástica localizada. Como os horários da academia eram bem flexíveis, e ela ficava literalmente do outro lado da rua, dava pra conciliar os exercícios com os cuidados com uma quase recém-nascida. Marido chegava do trabalho e eu ia correndo malhar. Deixava o celular bem à vista e, em caso de emergência, estava em casa em 5 minutos.
Funcionou bem até minha licença-maternidade acabar. Depois ficou impossível fazer outra coisa que não fosse trabalhar e cuidar da Emília, à época com apenas 7 meses. Até as caminhadas eram difíceis de fazer, e se restringiam aos fins de semana. Fiquei, então, sedentária - até engravidar da Margarida.
Me vi então obrigada a me mexer.
Sei que tem muita gente que odeia atividade física, caminhadas que sejam. Têm aquela preguiça mor e prefeririam nunca ter de levantar um peso. Mas eu não sou assim. Eu adoro me exercitar e fico péssima quando não o faço. Tenho dor nas costas, torcicolos (com a colaboração de duas hérnias na cervical) e, durante a gravidez, se não caminho fico com uma sensação insuportável nas pernas.
Então arrumei o seguinte esquema pra conseguir manter as atividades físicas durante minha segunda gravidez, com uma filha de um ano pra cuidar e trabalhando 8h/dia (+ 1h de deslocamento, + 1h de almoço = 10h fora de casa): personal trainer. Na verdade, uma fisioterapeuta e doula muito familiarizada com o acompanhamento de gestantes que vinha à minha casa todas as sextas-feiras no fim da tarde pra me passar uma série de Pilates. Como o Rafael nem sempre chegava a tempo do trabalho, minha irmã sempre vinha pra cuidar de Emília enquanto eu me exercitava. Depois, eu tinha a tarefa de repetir a série sozinha pelo menos 2x por semana. E eu fazia isso depois que Emília dormia. Pensem a situação. Muita disciplina e muito cansaço, mas tinha de ser.
Em julho, com 7 meses de gestação, parei de trabalhar. Emendei férias, licença médica e licença maternidade antecipada. Com Emília na escola pela manhã, comecei a ioga para gestantes duas vezes na semana. Nos demais dias, eu caminhava - às vezes no meio do mato, na
Água Mineral. Aí a coisa ficou boa.
Nunca fui muito fã de ioga. Achava muito zen, e pra quem fazia boxe era algo muito distante. Eu pensava que sem sofrimento, não havia resultado. Mas topei durante a gestação, por saber que era um exercício extremamente benéfico nessa fase. E gostei demais.
Margarida nasceu e, com um mês, voltei à ioga. A mesma professora (que foi minha doula), só que uma turma de pós-parto.
A ioga pós-parto é montada de forma a ajudar a puérpera a recuperar o tônus abdominal, fortalecer e alongar músculos que são muito demandados nos cuidados com o bebê e na amamentação. É punho, pescoço, braço, costas - tudo o que fica sobrecarregado de carregar o bebê no colo. E ao contrário da ioga para gestantes, que vai ficando mais light à medida que a barriga cresce, a ioga pós-parto vai aumentando em intensidade conforme o corpo da puérpera vai voltando ao normal.
Além de amar os exercícios, me apaixonei pela ioga pós-parto por outra razão: eu levo a Margarida. Não preciso de ninguém pra me acompanhar, porque o esquema da aula já prevê a presença dos bebês. Eles ficam em colchonetes no meio da roda e se precisam de colo, peito ou qualquer outra assistência, a gente para e atende.
Muita gente vai saindo, seja porque volta ao trabalho, seja porque não gosta de dirigir sozinha com o bebê (as aulas acontecem num clube um pouco afastado do centro da cidade). Atualmente, estou sozinha na turma. Mas tem sido tão bom que não pretendo sair enquanto Margarida me deixar fazer a aula.
Ela ainda não se arrasta, apesar de se movimentar bastante. Atualmente, deixamos dois colchonetes grandes no meio da sala, com almofadas em volta e vários brinquedos. Ela fica numa boa, prestando a maior atenção nos nossos movimentos, e às vezes até cochila sozinha. Tenho conseguido fazer a aula direto, sem interrupções.
Mesmo sendo apenas uma vez por semana, os resultados são surpreendentes, porque a ioga dá uma consciência corporal que acaba entrando no nosso dia-a-dia. E as caminhadas seguem firmes, todas as manhãs, enquanto empurro o carrinho.

Em janeiro, durante as férias de Emília. Rafael foi comigo pra cuidar dela.

E não é que ela aprendeu direitinho?