Emília está oficialmente desfraldada. Há uma semana não temos nenhum xixi na calça, cocô sempre no vaso ("putê faz balulio") e até a fralda noturna já foi aposentada. Agora a próxima etapa da transição bebê-criança: o desmame.
Algumas pessoas têm me perguntado como está sendo a amamentação de Emília depois que Margarida nasceu e como estou vislumbrando o desmame.
Como a maioria de vocês que me acompanha já sabe, decidi manter o aleitamento durante minha segunda gestação e um pouco além, de modo a cumprir pelo menos os dois anos recomendados pela OMS e pelo Ministério da Saúde. Isso porque Emília tinha apenas 11 meses quando engravidei novamente, e considerava que meu leite ainda era um alimento muito importante pra ela - especialmente porque somos vegetarianos aqui em casa e optamos por não oferecer carnes a ela até ela ficar maiorzinha e poder fazer suas próprias escolhas.
Durante o segundo trimestre da gestação de Margarida, meu leite praticamente secou e ofereci pela primeira vez laticínios a Emília: queijo e iogurte natural orgânicos. Ela amou.
Nessa época teria sido fácil desmamá-la, porque quase não havia leite e o interesse dela pelo mamá diminuiu. Mas insisti porque, para mim, ela ainda era muito pequena para prescindir do meu leite - e eu não queria ter de oferecer uma grande quantidade de derivados do leite de vaca para suprir a necessidade de proteína animal. Valeu a pena, e logo veio o colostro e o "remame".
Emília, que estava mamando só duas vezes ao dia, passou a mamar três vezes ali pelos seus 18 meses. Quando Margarida nasceu - Emília tinha 1 ano e 8 meses -, foi a festa do leite. Emília parou até de aceitar o café da manhã, de tão cheia que ficava depois do mamá matinal.
Passada a turbulência inicial, comecei a colocar ordem na casa. Estabeleci horários para as mamadas - sempre depois das refeições, porque era tanto leite que começou a interferir no apetite dela - e o limite de três mamadas diárias (porque ela começou a pedir mais). Meu objetivo era tirar a terceira mamada alguns meses antes de ela completar dois anos, mas não rolou. Ela não estava pronta, e talvez eu também não.
Em janeiro, bem pela época do aniversário dela, marido de férias, nocauteei a terceira mamada. E ela completou dois anos com dois mamás ao dia. Tirei a da tarde, e ficamos com o peito de manhã e à noite.
Como à noite ela mamava depois da janta, depois ainda tomava banho e lia historinhas antes de dormir, não havia uma associação do peito com o sono noturno. E ela começou a pedir tanto pra voltar a mamar de tarde que fizemos um acordo: ela mamaria à tarde, mas não mamaria mais à noite. Ela entendeu direitinho e não pedia mais. Então continuamos com duas mamadas, mas em vez de manhã e noite, ficamos com manhã e tarde.
Daí li um post da Kelly sobre o desmame da Clara, que é pouco mais nova que Emília, e resolvi dar um upgrade no nosso desmame (ou um downgrade nas mamadas). Só que em vez de tirar a mamada menos importante pra Emília, como era o lógico de se fazer, cortei aquela que era a mais chata pra mim: a matinal.
Foi uma decisão arriscada, já que Emília NUNCA tinha deixado de pedir peito de manhã. Mas nossa rotina não estava legal: ela acordava 5h, ficava berrando até as 6h (quando eu liberava o peito), daí dormia até 7h30-8h e era aquela correria pra ir pra creche. Como tomava café da manhã tarde, chegava lá e não comia o lanche.
Então conversei com ela, expliquei que aquele mamá não estava mais legal, que estava atrapalhando o sono de todo mundo e que agora, em vez de mamar, ela comeria iogurte com aveia (A comida favorita dela). E não é que deu certíssimo? Foi bem mais tranquilo do que quando eu tirei a terceira mamada do dia. Ela passou a acordar definitivamente às 6h-6h30 para tomar logo o café da manhã, e agora conseguimos deixá-la na creche às 8h. Além disso, expliquei que agora ela ia mamar só uma vez por dia mas que em breve ela não mamaria mais. Ela parece ter compreendido bem.
Então agora ela só mama à tarde, quando volta da creche (já almoçada). Foi a mamada que ela escolheu como mais importante, e não está mais atrapalhando nenhuma refeição. Nos fins de semana, essa mamada ajuda Emília a dormir o soninho da tarde (que estava bem complicado). Estamos felizes, por mais um ou dois meses, quando nos emanciparmos de vez.
O que concluí do nosso processo de desmame:
- não existe isso de que criança que mama até dois anos não vai desmamar mais nunca, que você vai ter de passar catchup ou batom vermelho no peito ou coisa do tipo. Criança de dois anos conversa e entende, além de estar mais madura para essa separação da mãe. Então um desmame após os dois anos pode, sim, ser feito com suavidade para mãe e criança. Claro que alguns pares mãe-bebê demoram mais que outros a estarem prontos para essa etapa, mas, como disse o Dr. José Martins Filho certa vez em sua coluna no blog da Paloma, é melhor a criança mamar até três ou quatro anos do que não mamar.
- é importante que a mãe esteja segura sobre sua decisão para que o desmame funcione. Enquanto você hesitar, a criança vai resistir. Quando você mergulha de cabeça, eles costumam embarcar junto. A insegurança pode ser por várias razões - no meu caso, se Emília estaria bem nutrida sem o meu leite. Resolvi esse problema enriquecendo a dieta dela.
- é importante também ter espaço para negociações e regressões. Claro que nós somos as mães, e temos de orientar o processo. Mas temos de ouvir nossos filhos e nos deixar guiar por eles. No meu caso, deixei que Emília trocasse o mamá da noite pelo da tarde. É bom definir os pontos que são inegociáveis e manter certa flexibilidade em outros.
- quando possível, o desmame progressivo é mesmo a melhor opção. Quando tirei a mamada matinal de Emília passei o dia com os seios inchados e doloridos (mesmo com minha Margaridinha bombeando). Imagine desmamar de uma vez uma criança que mama três ou quatro vezes por dia?
- conversa, muita conversa sincera. Não se pode subestimar o potencial compreensivo e colaborativo da criança.
- e, finalmente: colo, muito colo - que é pra criança saber que perdendo o peito ela não está perdendo a mãe.
Bons desmames (ou mames, ou remames) para todas!
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