quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Lactogestação 2 – algumas dúvidas

A Nathi colocou nos comentários ao post de ontem a seguinte pergunta: “Não seria necessário parar de amamentar pelos menos um tempinho antes, para que o organismo possa 'reiniciar' o processo... colostro, leite de transição e leite maduro...”

Como achei a pergunta interessante – isso inclusive era uma dúvida que eu tinha antes de pesquisar sobre o assunto –, resolvi fazer este segundo post pra complementar o primeiro.

O processo de preparação do alimento para o recém-nascido prevalece sobre a produção de leite pré-existente.

Os hormônios da gravidez são antagonistas (inibidores) da prolactina, que é o hormônio responsável pela produção do leite. Por essa razão, algumas gestantes param de produzir leite ali pelo 2º trimestre. Há também relatos de que o filho mais velho passa a rejeitar o leite, que muda de gosto.

Havendo ou não essas alterações na produção do leite, no 3º trimestre aparece o colostro. Se o filho mais velho ainda estiver no peito, vai mamar esse colostro. Assim, o recém-nascido (e o mais velho! Oba!) se beneficiará normalmente desse alimento extremamente nutritivo e imunizante que as puérperas produzem. Em seguida, acontecerá a apojadura, tudo orquestrado pelos hormônios do pós-parto.

Não sei como será (ou seria) com dois bebês mamando durante a apojadura. Imagino que o mais velho poderia inclusive ser muito útil para tirar o excesso de leite que tanto incomoda nessa fase, diminuindo os riscos de empedramento e mastite e dispensando a necessidade da ordenha. Se alguém tiver uma experiência pra contar, agradeço!

A partir daí, a produção seguirá pautada pela quantidade de leite que os dois bebês mamam juntos. Quando nós retiramos leite para doação, nossa produção permanece suficiente para nosso bebê. Da mesma forma, com dois filhos mamando a produção tende a aumentar e se adequar a essa demanda.

Óbvio que, havendo problemas, aquela criança que tem de ser alimentada exclusivamente de leite materno tem prioridade. Da mesma maneira que só podemos doar leite se nosso bebê estiver sendo alimentado sem complementos.

Parece complexo, mas tudo seria muito mais simples se soubéssemos ouvir nosso corpo e nossos instintos.

Quando meu marido e eu decidimos parar de prevenir a gravidez, o fato de eu estar amamentando me preocupou um pouco. Mas eu pensei: “Se meu corpo ovular e receber um embrião no útero, mesmo que minhas glândulas mamárias estejam a todo vapor, é porque pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo”. Coloquei na cabeça que se meu corpo não fosse capaz de suportar uma gestação durante o aleitamento, eu simplesmente não engravidaria.

Se eu fosse uma mulher primitiva, sem qualquer informação, eu seguiria gestando, parindo e amamentando minhas crias sem pensar muito. Enquanto os filhotes demandassem, o seio estaria à disposição. E eu não teria sequer uma forma de diagnosticar precocemente uma gestação, então eu amamentaria grávida sem saber.

O problema da informação é quando ela vem pela metade. Às vezes eu percebo que, no que diz respeito à maternagem, ou você se cerca de toda a informação possível, da melhor qualidade, ou é melhor não ter informação nenhuma e seguir seus instintos.

Parece que tudo o que é natural é errado, é prejudicial. Se o bebê quer mamar em intervalos pequenos e irregulares, você tem que brigar contra ele e estabelecer horários. Se o bebê relaxa e adormece facilmente no peito, você tem que usar técnicas para dissociar uma coisa da outra e passar dias treinando um bebê aos prantos a dormir de outra forma. Se a criança quer ficar perto da mãe, ela é retirada dos seus braços para aprender a ser independente. Impressionante como aquilo que Deus criou está sempre tão cheio de defeitos.

Mas como nesse mundo moderno ficou impossível alienar-se completamente, e somos bombardeados com informações sobre riscos, riscos e mais riscos – ser mãe é passar o dia pensando se seu bebê não tem a anomalia tal, se está com o peso correto, se está vivo, enfim –, temos de nos cercar de informações também sobre a fisiologia normal dos processos reprodutivos. E entender que só vale à pena intervir num processo natural – toda intervenção tem riscos – se o risco da intervenção superar o risco da não intervenção. Para adotar uma atitude antinatural, nós, humanos racionais, deveríamos saber exatamente o que estamos fazendo. E na maioria das vezes, não sabemos. Parece que usamos nossa inteligência só pra desenvolver a ciência e a tecnologia, e não pra refletir sobre seu uso.

Desmamar Emília só por causa da gravidez seria intervir, porque para nós duas esse é o caminho natural, e nos sentimos felizes assim. Os riscos de interferir nesse processo sem uma boa justificativa seriam um desgaste emocional pra ambas, prejuízo da nutrição dela, menos recursos para combater doenças. Lembram da otite? Sim, um bebê que mama no peito tem muito menos chances de ser internado e necessitar de soro em caso de doenças graves. E internação hospitalar é sempre um risco.

Estou protegendo minha filha, que ainda é um bebê, com total responsabilidade sobre essa sementinha que carrego no ventre. E isso é ser mãe: assumir que quem cuida dos nossos filhos somos nós.

Se a mãe sente que está na hora de desmamar seu bebê, mesmo sem ter atingido os dois anos recomendados pela OMS e pelo Ministério da Saúde; se ela sente que ela e o bebê estão prontos e se esse é o seu momento, digo que vá em frente. Só digo que não deixe que ninguém, nem a vizinha, nem os parentes, nem os amigos (da onça) e nem mesmo o pediatra desmamem seu filho por você.

+++

Links muito bons sobre o assunto:
http://maternajapao.blogspot.com/2008/12/amamentao-durante-gravidez.html
http:/mamaraopeito.blogspot.com/2009/04/amamentar-estando-gravida.html
http://relatosderaquel.blogspot.com/2010/05/relato-de-amamentacao-do-elias-e-da.html (dica da Fabi)

Sugiro também a leitura do comentário da Ana Paula no post de ontem.

17 comentários:

Tathyana disse...

É isso aí. Concordo com vc quando diz que: "no que diz respeito à maternagem, ou você se cerca de toda a informação possível, da melhor qualidade, ou é melhor não ter informação nenhuma e seguir seus instintos". É o que toda mãe deveria fazer, em relação a tudo o que se diz respeito a maternidade. Eu li um relato de uma mãe em uma comunidade da qual fazia parte no orkut, que ela amamentava o mais velho e o RN juntos e estava sendo tudo muito tranquilo e natural. E eu tenho certeza que com vcs a condução tmb será a mais natural possível, com respeito e amor, embora vc ainda não saiba no que vai dar.

Bjssssssss

Thaís Rosa disse...

querida, dois posts simplesmente PERFEITOS. diretos, informativos, "radicais" (no sentido de ir à raiz das coisas). AMEI.
Só pra engrossar o coro de que as baboseiras que nos cercam são demais, minha obstetra, logo que engravidei, perguntou se o caio ainda estava mamando, mas não por questões da gestação e sim para pensarmos no parto: sim, ela estava pensando como seria para ele mamar no trabalho de parto, olha que maravilha? E esta semana, na conversa com a parteira, ela fez a mesma pergunta (ambas ainda não sabiam que Caio tinha desmamado pouco antes de eu engravidar), e estavam tranquilíssimas de imaginar o pequeno mamando inclusive no momento do parto! Rá!! Pra ver que ainda temos muito que desmistificar. E que o que deve prevalecer é o bem estar do trio - você, Emília e novo bebê: se estão todos bem, se assim está bem pra todos, pra que mudar?
E seguiremos trocando as figurinhas por email sobre o PD, tô te respondendo djá!
beijos e aplausos
tha

satya disse...

Passeando pela blogsfera, cheguei aqui. E que assunto tao apropriado pra mim! Estou pensando em engravidar logo, e ainda amamento e pretendo amamentar o meu bebe por mais uns 6 meses. Estive pensando sobre asse assunto, mais ainda nao tinha pesquisado... e nao presciso. Otimo post e parabens pela gravidez

Bj
Satya

Carol disse...

excelente post, adorei.
me identifiquei muito com a parte "nesse mundo moderno ficou impossível alienar-se completamente, e somos bombardeados com informações sobre riscos, riscos e mais riscos – ser mãe é passar o dia pensando se seu bebê não tem a anomalia tal, se está com o peso correto, se está vivo" - eu vivo esse bombardeio e, muitas vezes, no meu íntimo, penso que seria muito melhor simplesmente nao saber de coisa nenhuma, ficar quietinha no meu canto e deixar a natureza fazer o melhor - porque eu me sinto capaz de sentir o que precisa ser sentido. Óbvio que é um pensamento (esse do let it be) altamente utópico exatamente pela quantidade e (má) qualidade das informacoes, mas, aos poucos e com pensamentos assim como o seu, vamos nos permitindo.

beijos!

Joci disse...

Lia! Você está grávida novamente?! E eu nem sabia, andei meio afastada da internet por uns dias!

Parabéns, que lindo... Logo eu também deixarei de evitar gravidez... vamos tentar um irmãozinho (a) para Elena!

Adorei o texto e é isso mesmo, a amamentação é algo que mãe e filho que devem saber a hora de parar, e não outros....

Que tudo seja tranquilo e lindo para vocês!

Beijos

Sarah disse...

Estou adorando a sequência de posts sobre lactogestação. Como a maioria, também sabia pouco sobre o assunto e não achava que era algo possível. Engrosso o coro agradecendo pelos posts esclarecedores.
Adorei o trecho: "ou você se cerca de toda a informação possível, da melhor qualidade, ou é melhor não ter informação nenhuma e seguir seus instintos". É bem isso mesmo. Informação pela metade atrapalha, confunde e desinforma.
beijo

palavras soltas disse...

Oi Lia.
Acompanho secretamente vc, adoro seus post!
Suas informações são corretíssimas, e deveríamos mesmo ser mais primitivas e institivas.
O único problema da Lactação nas primeiras semanas de gestação é devido ao estímulo que o útero sofre, quando ocorre a sucção. Mas isto também é relativo, mulheres com facilidade ao abosrtamento é que correm risco de verdade.
Essa questão da qualidade do Leite é tão linda que também ajuda as mamães de babys prematuros. Uma vez que qd o baby nasce antes da hora, ele precisa de mta gordura e proteína justamente o que o leite da mamae prematura oferece.
O corpo é sábio.
Muitos beijinhos

Juliana disse...

Liaaaaaaa, tu deveria ser enfermeira, obstetra ou pediatra. Seria um prazer e uma honra trabalhar contigo. Não, amamentar não provoca trabalho de parto prematuro. Nem o recém nascido deixa de receber o colostro. A natureza é absolutamente perfeita. Acho lindo a tua decisão de amamentar dois filhos em idades diferentes Lindo, possível e saudável. Parabéns pela mãe que tu és e pelos ótimos esclarecimentos que presta. Ah, e só pra te informar: carolzinha está dormindo na caminha dela quase todas as noites e sem nenhuma dificuldade. Beijão.

... disse...

Lia, arrasou no post! Aliás, tem dado um show nos últimos posts!
Bom, deixa eu me apresentar primeiro. Me chamo Aretha evisito o seu blog desde o começo da sua primeira gravidez, mas nunca comento. Me chamou a atenção pq tb sou de bsb (embora esteja em minas no momento) e por vc ser vegetariana e gestante a época, como eu.
Queria te dar os parabéns pela nova gestação e dizer que estou amando o fato de cada vez mais vc estar defendendo sua posicao aqui no blog! Tb faço parte da lista partonosso e ja trocamos algumas menssagens, mas acho que vc nao se lembra.
Se não for pedir muito, teria como vc falar um pouco sobre a alimentação de Emília? Minha bb vai começar a introduçào de solidos no mes que vem e eu gostaria de saber como é a introdução/alimentação de um bb vegetariano.

agradeço desde já!!!
beijocas

Ana Paula - Journal de Béatrice disse...

Lia!
Estou adrando a suas colocações a respeito da lactogestação, pois tb esta sendo esclarecedor para mim. Encontramos pouca coisa sobre isso e, como vc disse, as inforamções vêm pela metade. Eu tb concordo que a hora de desmamar é aquela em que ambas as partes, mamae e bebê, sentem-se preparados. E, pelo debate que vc instaurou, acredito que ha informações suficientes para uma boa reflexão e, no meu caso, chegar a conclusão, de que é possivel sim amamentar gravida. Se algo incomodar no meio do percurso (dor, estranhameto do gosto do leite ou porque este sai pouco), seria a hora de dar a pausa. Com conversa o bebê entende, tenho certeza. E nada impede da criança recomeçar com a teta depois do nascimento do irmaozinho!
Beijos querida!

Taiza disse...

Oi, Lia!

Já conhecia seu blog antes mesmo de te conhecer lá na Conferência e demorei um pouco até ligar o nome à pessoa! kkkk

Não podia deixar de comentar essa sequência de posts simplesmente maravilhosos sobre lactogestação - informação correta e de qualidade - é disso que as mulheres precisam!

E mais, falar com tanta clareza e exatidão sobre um assunto tão cheio de tabus e mitos é fundamental para quebrar paradigmas e instigar a reflexão!

Que muitas mulheres possam ler e vislumbrar novas alternativas, novos rumos, escolhas mais conscientes!

Ah, e agora que o bebezinho já está a caminho, deixo aqui meu blog www.gestarpariramar.com pra vc conhecer!

Bjão e parabéns pelos posts!!
Taiza

Jane Garcia disse...

Olá Lia,

Eu tbm acompanho seus posts silenciosamente. Fiquei grávida no mesmo período, minha neném é 1 mês mais nova que a sua.
Eu também amamento e pretendo continuar assim, permitindo que o desmame seja um processo natural, sem forçar a barra.
Também gostaria de ter mais filho, para completar três. Meu primogênito tem 14 anos e agora tenho a pequena de 1 ano.
Defendo como vc a amamentação como um processo natural.
Felicidades pra vcs!

Mamma Mini disse...

Lia, adoro sua consciência, e adorei a parte do natural, que a gente nos tempos modernos substitui pelas zilhones de regras para criar um filho, antes tudo era tão mais fácil, costumo dizer isso sempre...sempre ninei meu filho mesmo todo mundo me dizendo que era péssimo, era péssimo pra quem? eu e ele adorávamos aqueles momentos... nunca tive coragem de deixar chorando no berço, já me chamaram de muito mole, de que eu não estava controlando a situação mas eu acho que no campo do amor de mãe e filhos, o que deve prevalecer é o amor e o afeto, e seu instinto animal de criar seu filho, o resto que se exploda...
um super beijo e tô adorando isso!
quantas semanas sua sementinha já tem?
bjs!

flavia disse...

Oi Lia, gostei muito da sua abordagem sobre amamentação e confesso que nunca tinha olhado por este ângulo e simplismente abriram meus olhos.

Sempre que passo por aqui encontro algo que me acrescente. Uma ótima gravidez para você e muita saúde para o bebê.

Flávia Rocha

Oksana disse...

Lia, acabei de conhecer o seu blog e estou encantada com a sua visão da maternidade. Tenho quase 29 anos e ainda não tenho planos de ser mãe em breve, razão pela qual minhas opiniões sobre o tema não tendem a ser muito levadas em consideração.

Sempre que vejo uma mãe reclamando que o filho quer muito colo, que é muito dependente, dizendo que tem que deixar chorando no berço "para acostumar", penso: mas por quanto tempo isso vai durar? Quanto tempo leva até que a criança aprenda a engatinhar, andar e logo a correr, e por consequência se interessar por tantas coisas em lugar do colinho materno? É mesmo necessário acostumar um bebê a se sentir sozinho? Parece-me que os pequenos crescem tão rápido que não vejo sentido em acelerar o processo de independência. Mas não digo nada, pois a resposta que ouviria certamente seria: "espere pra ver quando você tiver os seus".

Realmente não deve ser legal para uma mãe ter que ouvir palpites de quem nem tem a experiência necessária para tanto (já não bastassem os tantos palpiteiros de plantão: médicos, "amigos", vizinhos, mãe, sogra etc.).

É maravilhoso ler o relato de uma mãe que sustenta uma visão tão linda, uma abordagem que prova que priorizar o amor não significa ignorância.

"Impressionante como aquilo que Deus criou está sempre tão cheio de defeitos." Essa sua frase simplesmente resume toda a minha parca noção do que é ser mãe... Respeitar a própria natureza e a do seu bebê. Perfeito!

Muito obrigada por compartilhar sua experiência! Certamente será muito útil quando chegar meu momento de ser mãe!

Lia disse...

Oksana,
As pessoas dizem muitas coisas. Quando eu dizia que queria ter três filhos, tinha gente que comentava: "Vamos ver depois que vier o primeiro". Quando mencionava que usaria fraldas de pano, diziam que eu não ia dar conta. Minha sugestão? Não precisa ficar falando pras pessoas dos seus planos, das suas crenças. Porque é só palpites que virão. Parto sem anestesia, amamentação prolongada, prole numerosa... sempre vai ter alguém pra te dizer que você não vai dar conta. Eu, sinceramente, não entendo por que as pessoas têm a necessidade de fazer isso. Mas é assim. Portanto, melhor mesmo é trocar o mínimo de informações possível sobre nossa filosofia de maternagem, especialmente com pessoas que sabemos que não acreditam em nós. Aprendi a ser muito mais discreta, e nesta gravidez quase não falo sobre parto nem sobre como vou criar meus dois filhos. Só amamentar em público é que às vezes não dá pra evitar, mas algumas pessoas já sabem que eu sou brava então nem falam nada.
Bjos e siga seus instintos! Eles já estão aí, mesmo antes de a maternidade se concretizar.

Anônimo disse...

A-do-re-i este post, Lia. Principalmente a parte que fala do natural, do ouvir e sentir o que o corpo e a criança pedem. Queria contar um "causo", real, sobre amamentaçao. Em um zoológico nos Estados Unidos, uma gorila teve um filhote. Até aí, nada de mais. Só que ela nao tinha a menor idéia do que fazer com o bebê, porque ela era a única gorila com bebê naquele zoo. Entao ela nao tinha o instinto de amamentar e o bebê ficou lá largado. Entao os veterinários do zoo, que podiam bem ter começado a amamentar o bebê com LA na mamadeira, chamaram umas mulheres da La Liga de la Leche para ficar lá na frente da jaula amamentando. A gorila viu, se identificou e começou a dar o peito pro bebê e todos foram felizes para sempre. Tudo depende muuuito do meio em que você vive, do apoio do seu círculo mais chegado e de ter boas idéias na cabeça. Um beijo e parabéns pela nova gestaçao.


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