Fala-vos uma pessoa desencanada, sem culpas (ah, tá) e que tem paz no coração por fazer todo o melhor pro seu bebê. Lindo na teoria. Vamos à prática.
Minha filha super alimentada, havia mamado um montão mais ou menos 1h30 antes deste episódio. Fim de tarde, levei-a para passear, pra ela ficar contente e mimosinha pro Dr. Pediatra ver como eu cuido bem da minha filha (primeiro sintoma de quem sente culpa: querer provar pros outros que está fazendo tudo certinho). Voltamos, ela brinca lindamente no tapetinho enquanto eu, na rede, leio O Nome da Rosa, ao som de Batatinha. Ai, como a vida é bela!
Daí eu percebo que ela está esfregando o rostinho - mãe atenta que fica com um olho no livro e outro na cria - e vou lá tirá-la do agito. Assim que a pego no colo, começa a tocar um sambinha e não resisto em a tirar pra dançar. Ela ri, dançamos. No fim da música, começa a chorar. "Ok, mamãe vai te por pra dormir". Ela chora, esfrega o rosto, boceja, chora, se acalma, encosta sua cabecinha no meu ombro, fecha os olhos, e chora, e todo aquele ritual tão conhecido de todas nós que é colocar um bebê pra dormir.
Lembrem que eu sou absolutamente contra zurar o peito, e que minha filosofia recente determina que, chorou demais, petchos nela. Ocorre, gentes, que vejam minhas boas intenções: ela tinha acabado de dar um golfadão e estava dando todos os sinais óbvios ululantes de cansaço. E devo dizer que pra mim seria altamente conveniente que ela mamasse naquela hora, porque seria perfeito pra eu ir pra minha aula de spinning. Além do mais, ia dar certinho com a hora do banho dela. Mas eu tinha plenas convicções que minha filhota estava lutando contra o sono.
Enfim, chora, dorme, chora, dorme, deu 2h da mamada anterior e meti-lhe os petchos. Ah, mas ela mamou como se não houvesse amanhã, nem semana que vem, nem mês que vem. E eu? Eu me senti ótima porque apetite é ótimo, porque eu fiz o que achava certo e porque eu ia poder malhar.
Daí aparece o tinhosinho que mora no nosso ombro: "Por que você está assim toda alegrinha? Você não percebeu que sua filha passou 20 minutos (ou teria sido meia hora? Talvez 40 minutos) chorando por SUA causa? Onde estavam seus peitos nessa hora? Aposto que não estavam na boca dela."
Olho pra cima, dou uma assobiada, finjo que nem ouvi. Lalalala a culpa não foi minhaaaa... E ele: "Como assim a culpa não foi sua? Tem mais alguém aqui por acaso? Era eu que estava cuidando dela por acaso?"
E aí vem a nova culpa: a culpa por não sentir culpa.
Arreda, tinhoso! Às vezes os infortúnios desta vida não têm mesmo um culpado.
7 comentários:
Adorei o tinhosinho..rsrsrsr
acho que o sobrenome de toda mãe devia ser CULPA, pq pense num sentimento constante!!!se culpar por não sentir culpa,ninguém merece!
bjos!
www.devaneiosmaternos.blogspot.com
Eu estou dentro do time das culpadas...
Hoje minha filhota não ta bem e dai fico eu aki matutando o que fiz de errado... rsrs
Bjos em vc e na filhota
Ai, q medo! Sou mestre da culpa... espero melhorar até a hora de ter meu bebê! bjo
Lia, como já escutei uma vez, quando nasce uma mãe, nasce uma culpa... Será que a gente vai ser assim para sempre? Na hora dos foras dos namorados ou das broncas dos chefes também vamos nos sentir culpadas...
Lia, queria pedir um favor: você poderia atualizar o endereço do Comer para Crescer na sua lista de sugestões de blogs? É que mudamos para o wordpress e você precisa linkar com www.comerparacrescer.com para que nossos posts voltem a aparecer atualizados.
um beijão e obrigada!
Mônica
Sorte a sua, de com um bebê de cinco meses já ter se livrado de parte da culpa! E eu AMO Batatinha, adorei que ela já ouça desde pequena.
Beijos
eu tenho DI-RE-TO culpa por não sentir culpa?!
e aí?
interna?
ps: fiquei com um tequinho de inveja da rede, podia?
Quem inventou a culpa foi uma mãe com certeza...
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