Nunca tinha pensando em escrever sobre este tema, até ler a sugestão da Ana Paula. Gostei da ideia e vim falar sobre o que ela chamou de “voo solo” na maternidade, e eu chamo de “cada um cuida do que é seu”.
Muito antes de a Emília nascer, eu já era metida a independente. Saí de casa aos 17 anos, disposta a cuidar da minha casa e ganhar uns merréis que ajudassem na mesada do papai. Aprendi a lavar banheiro, fazer feijão e instalar chuveiro. Às vezes, quando eu ou quem morava comigo viajava, chamávamos a faxineira do prédio pra dar uma geral no apartamento. Ela nem passava roupa; só limpava e lavava a louça. Passava umas três horas lá em casa e cobrava 20 reals.
Casei e ensinei o marido a fazer tudo isso. Ele só não aprendeu a cozinhar e passar roupa - enfim, tudo o que queima. Passamos os dois primeiros anos de casados limpando juntos a casa nos fins de semana. Eu cozinhava (sempre fiz minha própria marmita pra levar pro trabalho), passava as roupas e limpava os banheiros. Ele aspirava a casa, passava pano nos móveis, lavava a louça e botava o lixo pra fora. Verdade que isso nos rendeu alguns períodos de poeira rolando pela casa, tipo aquelas bolas que rodam no deserto em filmes de faroeste. Porque às vezes a gente queria mesmo era curtir o fim de semana, né? Mas eu achava muito bom não ter que administrar empregada, não me preocupar com roupa que estragou na lavagem, essas coisas.
Note-se que, durante esse tempo, eu trabalhava 40 horas semanais e fazia uma segunda graduação na universidade pública (o que significa horários loucos). E, em meio a outros projetos, precisando estudar nos fins de semana, acabei me rendendo à diarista. Depois de duas bem ruinzinhas, finalmente achei a definitiva. A ideia era mantê-la temporariamente, só até eu terminar o meu curso. Mas com o plano filhos, e sem querer perder a primeira pessoa realmente competente que achamos, decidimos ficar com ela.
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E por que toda essa senzala voluntária? Falta de grana pra pagar alguém?
Eu simplesmente achava que tinha de ser assim. Algo sempre me incomodou na ideia de ter alguém cuidando da minha casa, e sempre achei esse negócio de empregada um resquício da escravidão. Claro, tem o elemento cri-cri: eu tenho o meu jeito de fazer as coisas, ninguém zela tanto pelos meus bens quanto eu, questões assim. E eu sou uma péssima patroa. Detesto ficar dizendo pros outros como as coisas devem ser feitas, detesto ter de explicar por que não é pra ficar ligando interurbano do meu telefone, essas coisas.
Outra coisa sempre me intrigou: se essas mulheres passam o dia cuidando das casas dos outros, quem cuida da casa delas? É como nós: não podemos fazer serviço doméstico porque passamos o dia no trabalho. E essa gente?
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Quando eu estava grávida, me perguntavam: “Como você vai fazer? Vai ter que ter empregada.” Blablabla.
Uma coisa eu sempre tive bem clara na minha cabeça: meus filhos não iam ficar com babá. Creche integral sempre foi minha solução número um. A solução número dois (um dia eu chego lá) era creche meio período, enquanto mamãe arrumaria um emprego também de meio período. Mas isso não é assim tão simples.
Enfim, se meus filhos iam ficar na creche o dia inteiro, sendo que a creche fornece alimentação, pra que empregada todo dia, meu Deus? Pra lavar roupa? Oi, dona máquina de lavar?!?! Eu não discutia muito porque muita gente já achava bizarro eu ser casada, trabalhar 40 horas, estudar e não ter nem uma diarista.
Mas uma coisa me preocupava: a comida. Não a dos meus filhos; a minha. E já disse lá em cima que cozinhava todas as noites meu almoço do dia seguinte. Pois é. Agora não vai mais rolar. Passar o dia longe dos filhos e ficar pilotando fogão à noite é demais. Então eu arrumei uma pessoa que vem aqui aos sábados e, além de dar uma geral na casa, lavar e passar nossas roupas, faz comida pra semana. Então hoje tenho uma super faxineira no meio da semana e uma cozinheira/arrumadeira aos sábados. Com isso estou aposentada dos serviços domésticos, exceto aquela lavagenzinha cotidiana de louça (e temos lava-louças), e me dedico exclusivamente aos cuidados de florzinha.
(continua...)
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Há 2 meses
12 comentários:
Eu pensei que eu fosse a UNICA pessoa no Brasil que pensasse assim. Já fui chamada de doida varrida inúmeras vezes, mas ligo não. Tenho uma diarista que vem 1x por semana passar roupa, principalmente as incontáveis camisas do maridão. E só.
Também saí com 18 anos de casa, dura, sem um puto, quase sem grana pro supermerdado, que dirá alguém pra lavar minha privada. Depois fui morar na Inglaterra e CLARO que não tinha empregada.
Enfim.
Quando Noah tinha 6 meses fiquei doente e tive uma babá por 1 mês, já que minha familia não mora aqui. Foi uma experiência ruim, não gosto, não é a minha. A minha opção também sempre foi escola.
Mas sei que tanto babá como empregada funcionam pra muita gente - cada um no seu quadrado.
Mas daí tem um lado meu que fica meio indignado quando alguém é contratado pra realizar atividade domésticas somente, mas tem que dar uma "olhadinha" no bebê também. Isso sem adicional no salário. Sou contra, sou contra.
Aqui no Rio isso é muito frequente.
Semana passada estive no pediatra, que me contou que teve que encaminhar um bebê as pressas para um oftalmo. Motivo: a empregada não sabia ler e colocou alcool em vez de água boricada no olho do bebê, já que os frascos eram bastante parecidos.
Não posso pré-julgar, mas, olhando de longe, será que não seria melhor oferecer um curso de alfabetização para essa moça que cuida da sua casa, em vez de pedir que ela dê uma "olhadinha" no seu filho?
Ah, eu acho uma exploração.
Estou A-DO-RAN-DO até aqui !!! Continua, continua !!!
(e obrigada por atender ao meu pedido...rsrsrsrs)
Beijos
Tb to amando e me identifiquei muito! Muito mesmo!
Nao tenho o baby, mas tenho toda a vibe de que eu faco melhor que qualquer outra, que acho uma exploracao ter empregada todo dia e que sou péssima patroa e odeio gente dentro da minha casa. Tenho uma moca que vai uma vez por semana pra limpeza mais pesada, mas quem cuida da roupa e da comida sou eu (e o meu marido, pq nao consigo imaginar homem sentado na frente da TV bebendo cerveja, nao serve pra mim). Lavar louca, passar paninho, vassourinha, tudo sou eu e ele que fazemos. Tenho pavor de gente mexendo nas minhas coisas e já decidi que, quando o baby chegar por aqui, fica comigo até onde der e dps, creche. Como eu e Marido moramos muito perto do escritório (300 m!!) e eu tenho como trabalhar de casa, já decidi que vou negociar um meio-período pra mim sim, pelo menos pro primeiro ano. E, quando nao der mais, vou revezando com o Maridón.
já to ansiosa pelo proximo cap da série!
beijocas
É eu tmb tive os meus anos de faço tudo, eu poço, eu consigo!!! E consegui até aqui. Mas percebi o quanto estava desgastada com a arrumação da casa+ marido+ Alice+ consultório+ rotina diária. Quem estava perdendo era a gente. Alice, Fred e eu. Ele trabalha como louco: 40hs semanais na faculdade + consultório. Eu tenho uma rotina de trabalho menos pesada mas Alice ficou jogada no meio dessa louca rotina. Se eu não trabalhasse no consultório teria apenas diarista 2x por semana, mas agora com a gravidez isso pesou. Meu tempo ficou escasso demais. Me senti cobrada por mim mesma pra dar conta de tudo. Estou vivendo o outro lado da moeda. Estou com uma empregada que vem de segunda à sexta e está sendo ótimo. Estou aos pouco deixando de ser controladora e aprendendo a delegar mais. Me sinto mais leve, apesar do barrigão rsss. Bjssss
Lia, quisera eu conseguir também cuidar da casa. Não consigo. Juro. Tenho a santa Elvira, que trabalha em casa quatro vezes por semana e às quartas, dia da folga, cuida da casa dela. Moramos numa casa, bem mais difícil de cuidar do que apartamente. E se tem algo que delego sem culpa, são esses trabalhos caseiros. Ano passado Elvira ficou doente e eu quase não dei contqa de tudo o que tinha pra fazer. Agora cuidar de Marianinha, nã-na-ni-na-não. Cuido pessoalmente!
beijos
Oie, Lia.
Entendo perfeitamente seu lado.
A gente tenta ser super em tudo, mas na hora em que um filho nasce, o que prevalece é a super mãe mesmo.
Então a gente pede uma ajuda na casa, nas tarefas mais difíceis, e vamos nos virando com o resto.
Eu tenho uma diarista que me socorre nos "mais pesado", o resto eu me viro: lavo, passo, cozinho e cuido da Ana Elisa. Aliás, essa tarefa não delego.
Trabalho meio período, o que me ajuda muito, e vou me virando na medida do possível.
Aguardo cenas dos próximos capítulos...rs.
Beijos.
lIA, IGUALZINHO AQUI EM CASA, COM EXCEÇÃO DE\QUE SÓ VEM A DIARISTA DE 4º MESMO!
Lia, que super identificação. eu e o maridão também faziamos a propria faxinas aos finais de semana e quando iamos para a praia tinhamos os famosos faorestes rodopiando por aí, mas nada desesperador. Depois que me rendi à diarista 2 vezes por semana, ajudou muito e tenho mais tempo para ficar com a laura
Oi Lia
Vc não teria dificuldades em morar fora do Brasil já que está acostumada com esse ritmo.
Aqui em Viena tenho uma pessoa que vem na segunda fazer uma faxina mais pesada limpando os banheiros e vidros (ela fica só 3 a 4 horas) e depois que a Mariana nasceu ela está vindo na quarta para passar roupa e dar mais uma geralzinha quando dá tempo (tb fica umas 3 horas). Agora estou tentando me organizar com o marido para começar na academia e retomar minhas aulas porque infelizmente não dá para ficar só cuidando da pequena. Tenho uma super saudade da minha secretária no Brasil porque não era só a limpeza que ela fazia, mas me ajudava inclusive com a educação do Serginho e impondo limites quando eu não estava em casa. Talvez se eu não trabalhasse fora fosse diferente, mas não acho ruim ter alguem dentro de casa fazendo a limpeza todo dia não. Isso nunca me incomodou e olha que já tive pessoas que moraram comigo num periodo em que eu trabalhava o dia todo, estudava a noite, marido morava em outra cidade e o Serginho era pequeno.
Bjs
Lu
Eh, eu penso muito parecido com voce. Quando morava no Rio tinha uma faxineira uma vez por semana, mas ela nao conta: era a faxineira da minha mae, limpa que eh uma beleza, sabe fazer tudo, achava nosso apartamento de dois quartos uma moleza e ainda deixava comida pronta! Um espetaculo (eu queria tanto que ela se mudasse pra Londres...). E por causa disso eu nunca tive que ensinar ninguem a limpar a casa, nem dar ordem em empregada. Nao tenho ideia de como fazer isso.
Aqui em Londres eu e Marido dividimos as tarefas mesmo. As coisas nao ficam perfeitas como eu gostaria mas a comida eh feita em casa e tudo eh razoavelmente limpo.
Nunca arrumamos faxineira porque eu nao queria alguem vindo em casa quando eu nao estivesse aqui (durante a semana). Acho sinceramente que uma pessoa uma vez por semana para fazer aquelas coisas mais pesadas e desagradaveis eh o melhor dos mundos. Detesto gente dentro da minha casa. (mas eu sou tambem do time "ninguem faz as coisas melhor do que eu", entao prevejo complicacoes quando a gente finalmente arrumar faxineira)
Barbara - www.baxt.net/blog
Lia, também saí de casa aos 17 pra me virar mesmo, desde então não tive mais ajuda nem financeira, mas mesmo assim sempre odiei serviços de casa. Desde então sempre comi na rua e assim que pude tive faxineira, pois quer me matar é me fazer limpar casa. rsss
Mas acho mto legal qdo a pessoa é auto suficiente como vc, parabéns!
Qto aos cuidados com a Clara, penso como vc, acho que a gente é que tem que cuidar. Minha mãe deu uma força no início, mas agora sou eu que cuido, com o apoio do marido. E qdo tiver q voltar a trabalhar ela vai pra creche integral (pq infelizmente tb não tenho um trabalho de meio periodo), babá não está nos meus planos.
Qto a minha dieta, por enquanto to indo, firme e forte, mas meu medo é só que ela pare de ganhar peso novamente.
Abraços
PS: Fui no cinematerna ontem, vc não foi?
Oi Lia. Deu tempo de vir ler seu blog!!! Ebaaaa! Adorei seu post e acredito que você se daria muito bem nesse quesito aqui na Suécia. Aqui DIY pra tudo! Vamos ver como me sairei. É muito bom aprender com as novas experiências. Ainda quero ser uma boa cozinheira (e não a quebra galho que sou!) Beijão
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