segunda-feira, 28 de novembro de 2011

No sossego do lar - e sobre o medo

Muitos já conhecem o blog A Hora é Agora, projeto de conclusão do curso de Comunicação Social de duas estudantes da UFMG. Algumas mães blogueiras já deram sua contribuição, e agora foi a minha vez. Passem .

E como eu sou verborrágica e as meninas estão se formando em jornalismo - que gosta de concisão -, deixo aqui na íntegra a resposta a uma das perguntas que me foram feitas na entrevista:

A Hora é Agora: Em algum momento você teve medo ou pensou em desistir?

O medo faz parte de qualquer gestação, seja a primeira ou a décima, tenha você decidido parir em casa ou agendar uma cesárea. Gestar é uma experiência cheia de mistérios, e o desconhecido sempre dá medo. Medo de seu filho ter alguma má formação, medo da dor, medo de não ter leite, medo de não ser uma boa mãe.

O nascimento é também um momento de crise, assim como a morte. A vida contém a morte, e eu gostaria de saber de todas as mães do mundo quem jamais teve um pensamento ligado à morte durante a gravidez. Para ser mãe, morre-se um pouco. E é porque essa verdade mora em nós, mesmo que sem ter consciência dela, que temos medo.

No entanto, nunca deixei que esse medo me paralizasse. É claro que eu tinha medo de parir em casa, especialmente porque essa decisão implica trazer para si toda a responsabilidade sobre o que acontece naquele nascimento. No entanto, eu tinha mais medo ainda de parir no hospital.

O fato é que aquele bebê precisava nascer, de um jeito ou de outro. Eu tinha de vencer o medo. E precisava morrer mais um pouco para me tornar mãe novamente.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Conversas com Emília

Era uma casa muito engraçada

Com Emília na janela, mostrando a chuva a ela. Ela aponta para um prédio qualquer:

- Tasa moço.
- Isso, é a casa do moço. O que tem na casa do moço ?
- Tapete.
- Muito bem, tapete. E o que mais?
- Chuva.
- Chuva, muito bem. E o que mais?
- Teto.
- Muito bem. E o que mais?
- Auau. - hesitou e mudou de ideia. - Não, não tem auau. Tem dato. (gato)

Chapeuzinho vermelho

Contando a Emília a história da Chapeuzinho vermelho:

- A mamãe da chapeuzinho fez uma cesta de...
- Doces.
- E pediu pra chapeuzinho levar para a...
- Vovó.
- A vovó morava lá do outro lado da...
- Paneta! (planeta)*

* Minha sogra viajou pra Tailândia mês passado e o Rafael dizia que ela estava do outro lado do planeta. Faz todo o sentido, né?

(...)

- O que que o lobo fez com a vovó?
- Tomeu.
- Isso, depois ele pegou e vestiu a...
- Tôta.
- Isso, vestiu a touca da vovó. E o que mais?
- A busa. A taça. (a blusa e a calça. Era pra ser a camisola...)

Emília e Margarida

De manhã:

Dia 1
- Demais! Demais! A Maida é demais!

Dia 2
- Emilinha, vem ver a Margarida!
- Todô! A Maida todô!
- É, a Margarida acordou...
- Oi, Maida! Tainho. Beijo. Maidá, Maidáaa! Minha fô!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

E eu descobri qual era a música!

Para meu terror e pânico, descobri que a música que Emília canta no primeiro vídeo do meu último post é de ninguém mais, ninguém menos que a XUXA!!

Assistam: http://letras.terra.com.br/xuxa/760208/

Eu sempre estranhei que ela começava com esse negócio de "neném chola ué ué ué" depois de fazer os gestos pra roda do ônibus roda roda e a porta do ônibus abre e fecha. Me digam, meu povo? O que esse neném está fazendo dentro do ônibus?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Qual é a música?



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A defensora dos parquinhos

Houve um tempo em que eu via as pessoas fazendo coisas sem noção, depredando a cidade, e não fazia nada. Alguém jogava um papel no chão e eu me limitava a resmungar uns impropérios. Jamais pensaria em abordar o porquinho e lembrá-lo de que o lixo entope os bueiros e ajuda a cidade a ficar inundada nesse época de chuvas. E que há uma lixeira logo ao lado.

Até eu virar mãe.

+++

Para quem não conhece Brasília, no Plano Piloto os prédios são organizados em quadras (Superquadra é o nome oficial), que são mais ou menos como uma rua, só que quadrada. "Fulano mora na minha quadra" equivale mais ou menos a "fulano mora na minha rua", como se diria em cidades normais.

Cada quadra tem um espaço reservado para um parquinho infantil, público. Por isso eu ousaria dizer que Brasília é a capital dos parquinhos. Onde quer que você more sempre haverá um, dois, três, diversos parquinhos por perto. Alguns estão meio capengas, mas não é difícil achar boas opções caminhando um pouquinho.

Além disso, os condomínios de alguns prédios decidem construir seu próprio parquinho, no terreno destinado ao jardim. Mesmo estando na área do prédio, o espaço é de circulação pública e qualquer pessoa pode frequentar - não precisa ser morador.

Quando Emília nasceu, o parquinho da minha quadra era um banco de areia abandonado, com alguns brinquedos de madeira caindo aos pedaços. Tínhamos apenas o parquinho de um dos prédios para frequentar, pequeno, com o chão de cimento, mas ajeitadinho.

Mas ela ainda estava com poucos meses quando os moradores da quadra começaram a se organizar para reconstruir o parquinho. Criaram uma comissão, arrecadaram fundos, e nem bem Emília teve idade pra frequentar brinquedos maiores, lá estava o parque novinho à nossa disposição.

Paralelamente, pra nossa sorte, mais um dos prédios da quadra construiu um parquinho próprio, com o piso de grama, perfeito para crianças pequenas. Ficamos, então, com três parquinhos: um com chão de cimento, outro de areia e outro de grama, tudo a pouquíssimos metros do meu apartamento.

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Eis que consigo reunir minhas duas bebezucas num fim de tarde para irmos ao parquinho de grama - o meu preferido. Só levo Emília ao de areia - o preferido dela - quando o pai está junto, porque posso ficar com Margarida do lado de fora.

No caminho, passamos pelo parquinho de areia, que estava vazio - à excessão de três marmanjos que escalavam os brinquedos. Não pensei duas vezes:

- Ei, esse parquinho é das crianças!

Um dos rapazes se desculpou, quase me chamando de tia:

- Mas eu estou só subindo na grade!
- É, mas o seu colega ali está subindo no brinquedo. Esses brinquedos não suportam o peso de vocês. Tem uma placa aí na frente dizendo que é só pra crianças até 12 anos.

Eu ia acrescentar que se eles tivessem entrado no parquinho pela porta, em vez de pular a grade, eles teriam visto a placa. Mas achei melhor não pentelhar demais os moleques, já que eles obedeceram direitinho e desceram dos brinquedos.

Segui orgulhosa.

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E no fim de semana, fomos ao parquinho de areia. Emília se esbaldando, quando o Rafael resolve pegá-la no colo bruscamente e trazê-la pra fora do parquinho, onde eu estava com Margarida.

- Amor, vamos pro outro parquinho. Esse aqui está com cheiro de cigarro.

E a bichinha, balançando a cabeça:

- Não, ôto patinho não! Té esse patinho!

Do lado de fora da grade, mas praticamente dentro do parquinho, o pai de uma menina fumava tranquilamente seu cigarro, como se não houvesse umas dez crianças pequenas ali por perto.

- De jeito nenhum. Não vamos pro outro parquinho. Emília passa a semana inteira pra vir nesse, e no dia que você pode vir conosco um fumante nos expulsa?
- ...mas você vai lá falar com ele?

Óbvio, né?

- Oi, você pode fumar um pouco mais longe? A fumaça está indo toda pra perto das crianças...

O cara apagou o cigarro na mesma hora, já sabendo que não deveria nem ter acendido.

E eu, novamente orgulhosa, gostando dessa desinibição que a maternidade me deu.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cuidando de duas

Técnicas para cuidar de dois bebês - um quase recém-nascido, o outro quase criancinha - ao mesmo tempo:

- CD infantil tocando com a música mais pedida no repeat.
- Visitas esporádicas à casa da vovó.
- Linha de montagem: deita a meninada na cama e troca as fraldas ao mesmo tempo. Diversão garantida e maior controle sobre a hora da troca. Método a ser adotado também para o banho e a hora do sono - deixa só Margarida crescer mais um pouquinho.
- Trabalho infantil: você dá de mamar à mais nova e solicita à mais velha que traga a fraldinha de ombro. Método a ser upgraded; deixa só ela crescer mais um pouquinho que eu peço também um copo d'água.
- Faça você mesmo: na hora de sair pro passeio, você arremessa o tênis na frente da criança e diz: "Emilinha, calça o tênis aí!". E torce pra ela não pedir: "mamãe ajuda".

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Primeiro filho x segundo filho

O tema é batido, mas sempre aparece um ponto de vista novo sobre a maternidade depois do segundo filho.

Gravidez


Primeira filha: Você faz caminhada todos os dias, pilates, recebe massagem do marido, trabalha até o último dia.
Segunda filha: Você faz caminhadas enquanto empurra o carrinho de bebê, isso quando sua filha não se rebela contra o carrinho e resolve sair andando desordenadamente por aí. Você faz pilates sozinha em casa depois que sua filha dorme, quando você aguenta. Você recebe massagem do marido quando ele não está quebrado de por a criança pra dormir. Você dá perda total e tem de antecipar a licença-maternidade.

Parto

Primeira filha: Você sente as primeiras contrações, liga pra obstetra e vai pro hospital.
Segunda filha: Você tem uma contração tão forte que te faz vomitar, limpa a boca, toma uma água e sai com a filha mais velha pro parquinho.

Amamentação

Primeira filha: Você chama desesperada a enfermeira da maternidade pra te ajudar com a pega, enquanto chora.
Segunda filha: O bebê pega o mamilo sozinho, no ar, enquanto você tenta administrar a irmã mais velha com a outra mão.

Banho

Primeira filha: Você espera o marido chegar em casa para que os dois dêem, juntos, o banho no bebê.
Segunda filha: Você dá banho sozinha na filha mais velha com o bebê no sling. Você dá banho sozinha no bebê enquanto tenta impedir a mais velha de bater na cabeça da irmã com o termômetro.

Quarentena

Primeira filha: Você passa um mês sem sair pra lugares fechados por recomendação do pediatra.
Segunda filha: Quando ela tem 20 dias, você vai com a família toda pro hipermercado. Quem fazia as compras depois que Emília nasceu? Mistério.

Eu poderia continuar ad infinitum... Mas a ideia é essa. Eu me considerava uma mãe super desencanada com uma filha só, mas sempre dá pra desencanar mais.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Falatório matinal

Muitas mães já devem ter reparado que os filhos parecem mais inteligentes depois do sono. É impressionante: eles vão dormir e acordam com novas habilidades motoras ou novas palavras. E isso vale até pras sonecas diurnas.

Hoje de manhã Emília acordou tão falante (será que encontrou o Dr. Caramujo nos sonhos?) que quase arrumei um palanque pra ela fazer um discurso:

- A Maida tá cholando não. A Maida tá filiz.
- Mamãe tá tum sede. Mamãe tomá ábua. A Maida não toma ábua. A Maida toma leite mamãe.

+++

E o que é melhor que o sorriso de um bebê?

O sorriso de um bebê acompanhado pela fala da irmã:

- Ah, soíso! A Maida deu soíso!

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"Mamãe tem dois nenéns!"

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