quinta-feira, 29 de abril de 2010

Malhação pós-parto

Aula de Bike Indoors, também conhecida como spinning. Professor de bermudinha de ciclista, musculosão, blusa apertadinha, queixo pra frente, à lá garoto propaganda do Cepacol.

Professor diz: “Prepara pra soltar a perna!! Gira!! Vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai!!” São 30 segundos pedalando a toda velocidade.

Mamãe visualiza a roupinha de atleta do professor se transformando em um conjunto verde folgadão, e uma máscara de hospital tampando o queixo. De repente, ele é uma enfermeira. E mamãe ouve: “Prepara pra empurrar! Comprido, comprido, comprido! Só mais essa! A cabeça já apareceu! Comprido, comprido, comprido! Manda oxigênio pro bebê!”

O professor diz: “Deu!”

Mamãe diminui o ritmo da pedalada e ouve: “Unhéeeeee!”

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Aula de Ball Ness, a coisa mais legal e torturante do universo. Uma amiga perguntou: “É alongamento, né?” Só se for alongamento da minha dor.

O professor manda você subir numa daquelas bolas de pilates e, vejam bem, se equilibrar em cima dela. Assim, sem nenhum apoio. E a idiota lá, dois minutos subindo na bola e caindo em seguida.

Depois tem os exercícios mais impossíveis da face da terra, tipo deitar de barriga pra cima, pernas pro alto, equilibrando a bola na sola dos pés, levantar o tronco, pegar a bola, fazer uma tesoura com as pernas, dar um nó nos cotovelos, jesuis!, nem lembro mais.

Aí eu entendi exatamente como a Emília se sente quando eu a coloco de bruços e ela tenta levantar a cabeça. E entendi a dificuldade dos bebês pra se equilibrarem sentados, engatinharem... né mole não, pessoal!

E vou continuar fazendo essa aula em solidariedade à Emília, seus músculos primitivos e sua cabeça com 30% do peso do corpo. Vou fingir que a bola é minha cabeça.

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E ontem, pela segunda vez, o Rafael me ligou no meio da aula em virtude de choro inconsolável de Emília. A pobre estava tão mal, a cara toda vermelha, os olhos inchados, ressaca total.

Enquanto mamava (eu toda suada, só deu tempo de passar uma água no peito), contraía a barriga, como se ainda soluçasse, e me olhava com uma cara terrível de “onde você estava?”. Aí eu com o coração em prantos, pensando, “minha filha me odeia”, quando ela me abre um sorriso. “Eu te perdoo, mamãe.”

Daí fui tomar banho e deixei o Rafael com ela. E a choradeira continuou. Saí do banho com a cabeça cheia de shampoo e tive uma ideia: “Traz ela pra cá”. Aí disse a ela: “Agora você vai ver mamãe tomar banho”. O Rafael ficou com ela do lado de fora do box, enquanto eu lá dentro cantava ensaboa mulata, ensaboa. E aí ela abriu a gargalhada. Sabe assim quando a pessoa acha alguma coisa muito ridícula e fica apontando e se abrindo? Tipo assim.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Pediatra - visita de três meses

Minha mãe passou duas semanas viajando. Chegou e decretou: "A Mimas tá muito pesada. Não estou mais aguentando."

Eu também percebi, ó. Aí a gente apostou. O Rafael chutou que ela ia pesar 5,7k, eu palpitei 5,8, jurando que ia perder. Daí Floris subiu na balancinha e levou o contador pra 6,1k. "É", constatou o pediatra. "O refluxo não está prejudicando o desenvolvimento dela." Remedinhos, só se ela não crescer bem no próximo mês. Duvide-o-dó. Mediu 61cm, numa distribuição altamente elegante de 1k a cada 10cm.

Aí como presente pela grande mamona que ela é, ganhou duas vacininhas, uma em cada perna, contra pneumococos e meningococos ou algo assim. Vacinas que, dizem, já entraram no calendário da rede pública mas até agora não há previsão pra chegarem aqui no postinho. Então arragacei os bolsos e imunizei minha filhota logo de uma vez.

Ah. E a aposta do peso valia o direito de escolher o nome do próximo filho. Ueba, Sebastiãozinho!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Lady gargalhada

Aconteceu há mais de uma semana, mas só hoje fui baixar o arquivo.

No dia seguinte ao seu aniversário de um mês, Emília encontrou sua amiga Laila, 7 meses mais velha. Foi vê-la e abrir a gargalhada. Rárárárárá. Assim, com som e tudo. Uma sensação.

Mais tarde, no mesmo dia, minha cunhada espirrou. E Emília novamente começou a gargalhar.

Dois dias depois, conseguimos repetir o fenômeno aqui em casa. Aí vai a prova.

Demora um pouco pra chegar ao clímax, porque ela se distrai com a câmera.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mamãe, papai e florzinha - conclusão (ufa!)

“O primeiro motivo pelo qual eu não quis ninguém pra nos ajudar com os cuidados da Emília desde o início foi este: eu e o Rafael precisávamos conhecer a nossa filha.”

Foi o que eu disse no post anterior. Os outros motivos têm a ver com o fato de que a Emília é nossa responsabilidade. As pessoas podem e devem ajudar em situações específicas – ninguém é sozinho no mundo, por mais que eu às vezes ache isso –, mas não queríamos depender de ninguém ou delegar pra outros aquilo que é nossa função.

Vejo muita gente desesperada porque a babá ou a empregada se demitiram ou ficaram doentes. Tudo bem, é uma baita de uma enrascada você ter de trabalhar e não ter com quem deixar os filhos. Mas às vezes eu tenho a impressão que as pessoas não sabem mais limpar uma casa, não sabem mais cozinhar, não sabem mais passar uma peça de roupa, nem que seja só por uns dias. E aí, sem a “ajuda”, a casa cai. E a pior das situações é quando a pessoa não consegue mais cuidar do seu próprio filho sozinha.

Em relação aos parentes, sem dúvida eles são as melhores pessoas a quem nós podemos confiar nossos pequenos. E cuidam deles com todo o prazer. Mas, na minha concepção, mãe é mãe, pai é pai, avós são avós, tios são tios e por aí vai. Cada um tem a sua função. Penso que a parte realmente trabalhosa tem de ficar com os pais: acalmar o choro, colocar pra dormir, alimentar uma criança birrenta, disciplinar (ui! Essa é a pior). Os parentes recebem o privilégio de curtir a criança: brincar, dar colo, conversar, contar histórias (por isso dizem que filho bom é filho dos outros).

Quanto a ficarem com a criança para os pais poderem fazer coisas sozinhos, acredito que isso vai do momento de cada um. Em primeiro lugar, eu tomo cuidado pra não ser folgada. Meus pais não têm mais 20 anos e não têm energia pra ficar o dia inteiro em pé com uma criança de quase 6kg no colo em um dia de muito refluxo. Por mais santinha que seja, criança dá trabalho. Então eu procuro estar sempre por perto para essas horas mais difíceis.

Depois, cada mãe tem de sentir o momento ideal para ficar longe da criança. No início, eu achava a Emília muito grande e esperta. Nunca a vi como um serzinho frágil. Por conta disso, fui uma mãe relativamente desprendida. Eu deixava as pessoas ficarem com ela no colo enquanto comia ou até enquanto curtia um bate papo animado. E eu confiava em quem estava com ela, não ficava dizendo “pegue assim, não faça assim”. Enquanto ela estivesse feliz, a pessoa podia até segurar de cabeça pra baixo que eu não ligava.

Um dia fui à igreja com ela e ela quis mamar. Desci pro berçário e amamentei. Então uma tia querida (minha tia, não essas tias de escolinha) ofereceu: “Se quiser subir para ouvir a palavra, eu cuido dela”. A Emília estava dormindo e eu concordei. Passados uns 20 minutos, minha cunhada me chama porque a Emília está chorando desconsoladamente. Ela precisou de um bom tempo no meu colo pra se acalmar.

Uns dias depois, conversando com uma amiga no telefone (ela tem uma filha 5 meses mais velha que a Emília), ela me disse que é importante sempre estarmos à vista do bebê quando ele estiver num ambiente novo e com pessoas que ainda não são muito familiares. Percebi a besteira que eu tinha feito. Imagine o susto dela: acordar num lugar estranho, sem a mãe. Aí entendi que não basta que ela esteja com alguém em que eu confie. Ela precisa estar com alguém em que ela confie, ela precisa de alguma coisa familiar para se sentir segura. Depois desse dia, nunca mais deixei ninguém com ela fora da minha vista, a não ser que seja alguém com quem ela já teve muito contato e que eu tenho certeza que ela reconhece.

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Atualmente eu ainda não me sinto confortável pra deixar a Emília com outras pessoas para, por exemplo, sair para jantar com o marido. Basicamente, eu ainda não me sinto confortável para ficar longe dela por mais de uma hora. O motivo é: aleitamento exclusivo. Verdade que ela está desenvolvendo um padrão de mamadas e que elas estão cada vez mais espaçadas. Mas também é verdade que às vezes, depois de adormecer às 20h30, ela acorda 22h querendo mamar mais. E não tem como eu adivinhar quando isso vai acontecer. Acontece também que ela desperta às 6h pra mamada matinal. E eu ainda não estou preparada pra ir dormir tarde depois de uma noitada, acordar estado zumbi pra alimentar minha filha e ficar sonolenta o dia inteiro enquanto cuido dela. Não acho justo com ela. Dava até pra chamar alguém pra cuidar dela entre as mamadas, enquanto eu durmo picadinho, mas acho que não vale a pena. Prefiro ir dormir cedo com ela e deixar programações noturnas para depois dos 6 meses.

E ainda tem um último motivo pelo qual eu não fico mais que uma centena de metros longe dela: vai que acontece uma calamidade, igual essas enchentes no Rio, e eu não consigo voltar pra casa? Vai que tem um acidente no meio do caminho e eu fico presa no trânsito, os peitos transbordando cá e florzinha chorando lá? Não gosto nem de pensar. Paranoias de mãe, mas assim é. (A primeira vez que meus pais viajaram juntos sem nós, deu overbooking no voo de volta e eles ficaram presos dois dias em Londres. Pense o desespero da minha mãe. Minha irmã chorando ao telefone: “Mamãe, tô com saudades, volta pra casa, pô favô.”)

Acredito que em breve chegará o momento de recorrer mais a outras pessoas para que eu e meu marido retomemos aos poucos nossa vida de antes. Mas essa vida de antes não vai voltar completamente. Graças a Deus! Porque o que temos agora é muito melhor! A paternidade e a maternidade mudam tudo, e não dá pra se iludir achando que vamos voltar aos tempos de faculdade, cair na balada, acordar meio-dia, essas coisas. E, quer saber? Pra mim isso faz pouquíssima falta. Sempre fui mais caseira, sempre preferi um happy hour tranquilo à barulheira de uma boite. E, mais ainda: sempre amei um dia no clube, um fim de semana nas cachoeiras, uma tarde no parque... programas super adequados para crianças!

(Momento confissão: sou ligeiramente anti-social. Só ligeiramente, tá? E às vezes eu era convidada pra trocentos eventos num mesmo fim de semana e ficava exausta. Às vezes, numa festinha, eu queria voltar cedo – detesto dormir pouco – e o anfitrião insistia: “Já?? Fica mais um pouquinho, a festa mal começou.” E aí eu brincava com o Rafael: “Amor, quando eu tiver filhos vou aproveitar pra sempre sair mais cedo. Tipo: ‘Desculpe, tenho de sair por causa do bebê’”.)

Acho que, em grande parte, eu cuido sozinha da Emília porque eu prefiro isso a outras coisas. Prefiro ficar com ela a ir no salão (também nunca fui de ir muito no salão). Prefiro dormir cedo e passar o dia seguinte descansada com ela a sair à noite com os amigos (e sem poder beber álcool, a graça diminui um bocado...). Estou num momento super família, e atualmente essa história de não ter vida própria me parece meio estranha... a minha vida própria inclui a maternidade. E que alegria maior você poder se dedicar integralmente àquilo que mais ama? Sei que tenho de ter atividades que não envolvam minha filha, porque se não, no dia em que ela não precisar mais de mim, me sentirei uma inútil. Mas cada coisa no seu tempo.

A única coisa tão importante para mim quanto minha filha é meu casamento. E é importante buscarmos momentos a sós. Mas ajuda demais quando o marido entra de cabeça e realmente age como pai. É uma coisa que fazemos juntos. Casamento também não é isso?

Daqui a três meses volto a trabalhar. Emília vai pra creche integral, alimentação incluída. Se vai dar certo, se terei de reavaliar minha vida profissional, só o tempo dirá. Mas isso já é assunto para outro post...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mamãe, papai e florzinha - continuação

Antes de continuar, só esclarecendo, antes que alguém se ofenda: os textos relativos à minha filosofia de cuidados com a casa e com a minha filha, bem como todo o material publicado neste blog, não têm nenhuma função crítica ou catequizadora. Sou absolutamente contra criticar mães e seu jeito de ser mãe (até a Katie Holmes eu deixo na dela).

Trabalhar fora, contratar babá, por a criança na creche, dar mamadeira, fazer cesariana, tudo vai das necessidades e crenças de cada uma. Errado é matar, roubar, mentir, essas coisas. No mais, ado, a-ado.

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Depois de toda a divagação do último post, vamos ao ponto: quem cuida do(s) seu(s) filho(s)? Eu, obviamente. Se, enquanto eu pude, eu cuidei da minha casa, os filhos, então...

Como? É só cuidar, ué. Eu digo o seguinte: não sei cuidar de bebês. Sei cuidar da minha filha. E a gente só aprende cuidando, viu?

A pergunta da Ana Paula era referente a contratar ou não uma babá. Aproveito pra ir além.
Na minha concepção, quem cuida dos filhos são o pai e a mãe. Ponto. Nem babá, nem tia da creche, nem avós, nem tios, nem amigos. Essa história de que precisa de uma tribo pra cuidar de uma criança não é pra mim. Se às vezes já é difícil o casal entrar de acordo quanto à forma de educar os filhos, quem dirá uma gentaiada metendo o bedelho? Não rola, pelo menos pra mim que sou terrivelmente individualista (e não me orgulho disso).

O que eu diria que é o primeiro passo pra você conseguir cuidar do seu filho você mesma é conhecer a criança. Passar todo o tempo que puder junto dela, observar. É justamente no momento em que você se sente mais incapaz de ser mãe – porque você nunca fez isso antes, porque o bebê é muito pequeno e frágil, porque você ainda não o conhece – que você precisa mais do que nunca ser mãe e cuidar você mesma do bebê. Tem gente que delega o cuidado pra pessoas mais experientes nessa hora, por insegurança. Pois eu penso que é assim que a gente adquire experiência, e é assim que a gente vira mãe: sendo mãe. O bebê com certeza não vai morrer na sua mão por falta de jeito. A natureza se encarrega das coisas, mesmo que antes de pegar a manha você sacuda o bebê quando ele está com refluxo, bata a cabeça dele na parede do balde, arranque um naco do dedo ao cortar as unhas ou coisa do tipo.

E aí, um belo dia, você se vê no controle da situação. Seu filho resmunga e você já sabe que ele vai golfar. Começa um chorinho irritado, você já sabe que é sono. E aí você chega à conclusão de que ninguém sabe cuidar do seu filho tão bem quanto você (ok, só o papai!).

O primeiro motivo pelo qual eu não quis ninguém pra nos ajudar com os cuidados da Emília desde o início foi este: eu e o Rafael precisávamos conhecer a nossa filha.

E falando em Rafael, ele é outra peça chave na nossa independência como pais. Eu acho que é possível, sim, uma pessoa – pai ou mãe – cuidar sozinha do seu filho. Mas é punk.

No primeiro mês da Emília, ele tirou férias pra se dedicar à paternidade. E, juntos, demos conta do recado lindamente – até tínhamos tempo de jogar baralho, tão tranquila era florzinha. Minha mãe às vezes ajudava mandando comida, porque era impossível ir a restaurantes ou fazer supermercado (apesar de que eu já tinha deixado o congelador cheio no último mês de gravidez). Mas quem cuidava dela éramos nós mesmos.

Hoje, passo o dia sozinha com a Emília. Quando ele chega do trabalho, a primeira coisa que faz é tirar a camisa e pegar ela no colo. Damos banho nela juntos. Três vezes por semana, ele fica com ela pra eu ir à academia. E nos fins de semana ele também toma conta dela sozinho enquanto eu tiro minhas sonecas. Se eu não tivesse marido, certamente eu precisaria de alguém pra me dar um refresco de vez em quando. Mas, com ele, tudo fica bem tranquilo. Se existisse licença paternidade (porque, convenhamos, 5 dias não é licença, né?), a gente ia cuidar dela com um pé nas costas.

Por último, nós temos conseguido nos virar muito bem por conta própria porque a Emília é uma santinha. Ela não teve cólicas nem gases, nunca foi de ficar acordando à noite (e tem dormido a noite toda desde os dois meses), é independente, chora pouco e brinca bastante sozinha. Só nos dias em que o refluxo aperta que eu sinto aquela dorzinha nas costas, de ficar segurando ela na vertical. Imagino que quem tem bebês com temperamento difícil ou com muitas dores tenha mais dificuldade em se virar sozinho, porque até as mães precisam dormir, né?

Eu digo que ela veio boazinha assim de fábrica. A gente só tomou cuidado pra não estragar.

(continua...)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mamãe, papai e florzinha - Prólogo (ou: Enrolações e divagações)

Nunca tinha pensando em escrever sobre este tema, até ler a sugestão da Ana Paula. Gostei da ideia e vim falar sobre o que ela chamou de “voo solo” na maternidade, e eu chamo de “cada um cuida do que é seu”.

Muito antes de a Emília nascer, eu já era metida a independente. Saí de casa aos 17 anos, disposta a cuidar da minha casa e ganhar uns merréis que ajudassem na mesada do papai. Aprendi a lavar banheiro, fazer feijão e instalar chuveiro. Às vezes, quando eu ou quem morava comigo viajava, chamávamos a faxineira do prédio pra dar uma geral no apartamento. Ela nem passava roupa; só limpava e lavava a louça. Passava umas três horas lá em casa e cobrava 20 reals.

Casei e ensinei o marido a fazer tudo isso. Ele só não aprendeu a cozinhar e passar roupa - enfim, tudo o que queima. Passamos os dois primeiros anos de casados limpando juntos a casa nos fins de semana. Eu cozinhava (sempre fiz minha própria marmita pra levar pro trabalho), passava as roupas e limpava os banheiros. Ele aspirava a casa, passava pano nos móveis, lavava a louça e botava o lixo pra fora. Verdade que isso nos rendeu alguns períodos de poeira rolando pela casa, tipo aquelas bolas que rodam no deserto em filmes de faroeste. Porque às vezes a gente queria mesmo era curtir o fim de semana, né? Mas eu achava muito bom não ter que administrar empregada, não me preocupar com roupa que estragou na lavagem, essas coisas.

Note-se que, durante esse tempo, eu trabalhava 40 horas semanais e fazia uma segunda graduação na universidade pública (o que significa horários loucos). E, em meio a outros projetos, precisando estudar nos fins de semana, acabei me rendendo à diarista. Depois de duas bem ruinzinhas, finalmente achei a definitiva. A ideia era mantê-la temporariamente, só até eu terminar o meu curso. Mas com o plano filhos, e sem querer perder a primeira pessoa realmente competente que achamos, decidimos ficar com ela.

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E por que toda essa senzala voluntária? Falta de grana pra pagar alguém?
Eu simplesmente achava que tinha de ser assim. Algo sempre me incomodou na ideia de ter alguém cuidando da minha casa, e sempre achei esse negócio de empregada um resquício da escravidão. Claro, tem o elemento cri-cri: eu tenho o meu jeito de fazer as coisas, ninguém zela tanto pelos meus bens quanto eu, questões assim. E eu sou uma péssima patroa. Detesto ficar dizendo pros outros como as coisas devem ser feitas, detesto ter de explicar por que não é pra ficar ligando interurbano do meu telefone, essas coisas.

Outra coisa sempre me intrigou: se essas mulheres passam o dia cuidando das casas dos outros, quem cuida da casa delas? É como nós: não podemos fazer serviço doméstico porque passamos o dia no trabalho. E essa gente?

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Quando eu estava grávida, me perguntavam: “Como você vai fazer? Vai ter que ter empregada.” Blablabla.

Uma coisa eu sempre tive bem clara na minha cabeça: meus filhos não iam ficar com babá. Creche integral sempre foi minha solução número um. A solução número dois (um dia eu chego lá) era creche meio período, enquanto mamãe arrumaria um emprego também de meio período. Mas isso não é assim tão simples.

Enfim, se meus filhos iam ficar na creche o dia inteiro, sendo que a creche fornece alimentação, pra que empregada todo dia, meu Deus? Pra lavar roupa? Oi, dona máquina de lavar?!?! Eu não discutia muito porque muita gente já achava bizarro eu ser casada, trabalhar 40 horas, estudar e não ter nem uma diarista.

Mas uma coisa me preocupava: a comida. Não a dos meus filhos; a minha. E já disse lá em cima que cozinhava todas as noites meu almoço do dia seguinte. Pois é. Agora não vai mais rolar. Passar o dia longe dos filhos e ficar pilotando fogão à noite é demais. Então eu arrumei uma pessoa que vem aqui aos sábados e, além de dar uma geral na casa, lavar e passar nossas roupas, faz comida pra semana. Então hoje tenho uma super faxineira no meio da semana e uma cozinheira/arrumadeira aos sábados. Com isso estou aposentada dos serviços domésticos, exceto aquela lavagenzinha cotidiana de louça (e temos lava-louças), e me dedico exclusivamente aos cuidados de florzinha.

(continua...)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quando a gente tem mais trabalho do que precisa

Emília reclama. Éin! Óin! Ain!
Mamãe pega no colo, jurando que é refluxo ou irritação de cansaço. E ela: ÉIN! ÓIN! ÁIN!
Mamãe levanta, canta, embala. E ela: ÉEEIN! ÓOOIN! ÁAAIN!
Mamãe desiste e pensa: "Quer saber? Cansei." E põe Emília no tapete de atividades.
Ela faz um bico de concentração, olha diretamente pro passarinho e dá-lhe um tapa, toda feliz.
É. Ainda não tava na hora da soneca.

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Emília boceja, esfrega a cara. Mamãe com ela no colo, balançando e cantando suave.
E ela: Éin! Óin! Áin!
Depois de um tempo, ela relaxa. Mamãe põe Emília no berço.
Ela imediatamente abre os olhos e começa a brincar com o móbile. Mamãe deixa, observa. Ela continua bocejando e esfregando o rosto. Mamãe pega no colo. E ela: ÉEEIN!! ÓOOIN!! ÁAAAIN!
Alguns minutinhos, ela relaxa novamente. Mamãe volta a por Emília no berço (desta vez com o cuidado de retirar o móbile antes).
Emília torna a abrir os olhos. Mamãe canta, dá tapinha nas costas de Emília, sem a tirar do berço.
Emília abre o olho, fecha o olho, brinca com a manta.
Mamãe desiste e pensa: "Quer saber? Cansei."
Deixa Emília sozinha no berço, pega a babá eletrônica e vai pro computador.
Alguns minutos se passam e nada de barulho. Mamãe volta pro quarto de Emília.
Emília dorme que nem um anjinho.

É. Pra que tanto trabalho?

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Enrolada

Estou há alguns dias tentando escrever sobre criação de filhos sem babás ou outras ajudas, conforme sugeriu a Ana Paula nos comentários ao post de aniversário de três meses da Emília. Escrevi, escrevi, e me enrolei tanto que o post vai demorar pra sair. Aguardem.

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Então. Estava eu aqui selecionando umas fotos pra imprimir. É tão gostoso ver as imagens dos primeiros dias, ela toda pequenininha na maternidade... E eu revendo as fotos com ela ao lado, toda espertinha no tapete de atividades, comparando as emílias. Como muda, né?

E nós também mudamos. Meu cabelo tá compridão e idem o do marido. Tá parecendo um argentino, cheio de mullets, tadinho... O que não faz a falta de tempo.

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E com esse negócio de Emília pra lá, Emília pra cá, virei meio baiana. Não uso o artigo antes do nome. Tipo: "Isso é de Emília. Cadê Emília? Mamãe ama Emília." Coisas aí pros estudos da linguística materna...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Post relâmpago

Acabei de tirar um naco do dedo da minha filha cortando as unhas. E, com ele, foi-se um pedaço do meu coração.

Why, oh Lord?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Reflexões de uma lactante

Alguém mais tem a impressão de que seu filho às vezes pede pra mamar única e exclusivamente com o propósito de fazer cocô?

***

Às vezes eu acho que tenho o relógio nos peitos. Se acordo de madrugada, checo as mamas. Se estiverem duras, é que daqui a pouco vai ter chorinho no quarto ao lado. Se estiverem um pouco moles, significa que ainda terei umas boas horinhas de sono...

***

Atualmente a Emília está passando por um pico de crescimento, e anda mamando horrores. Ontem, passou ao todo mais de 3h no peito ao longo do dia. E por causa dessa história, acabei tomando um susto ontem à noite.

No fim da tarde, ela mamou em torno de meia hora no seio direito. Antes de dormir, ofereci o seio de novo e o Rafael repara: "você está repetindo o peito". E estava mesmo. Achei estranho, porque o seio direito realmente estava mais cheio. Até mostrei pra ele: "olha aqui, tá duro". Mas fiquei desconfiada, porque como o peito ia encher tão rápido depois de um mamadão desses?

Depois de uns 15 minutos, meu mamilo comecou a doer e passei a Emília pro esquerdo. E o peito direito continuava duro, só que só do lado de fora, em direcão à axila. Parecia um nódulo gigante, como se a glândula mamária tivesse se deslocado pra fora, ou como se houvesse um foco de empedramento. Desesperei. Ela mamava, mamava, mas aquele leite duro continuava lá. Como se algum duto estivesse entupido e ela não conseguisse sugar aquela parte, sei lá.

Fui dormir meio preocupada, mas decidi esperar o peito encher todo e ela mamar de novo pra ver o que acontecia. E o seio doeu muito à noite, tive até dificuldade pra dormir.

Hoje de manhã, gracas a Deus, a primeira mamada dela já deu uma boa amolecida no caroco. Acho que agora o peito já está normal, apesar de ainda estar doendo um pouco.

Enfim, nunca imaginei que ia ter um problema desses com três meses de amamentacão estabelecida. Suponho que, por causa do pico de crescimento e do aumento da demanda, minha producão aumentou e gerou esse nódulo temporário. Nunca tinha ouvido falar nisso, mas fica a minha história caso aconteca com mais alguém.

(desculpem a falta das cedilhas... tô no computador da minha irmã e não sei como faz).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Três meses

E não é que passou mesmo rápido?

Agora florzinha completa mais ou menos um ano de vida desde a concepção. Dizem que agora é que o bebê começa a virar gentinha, que as evoluções ficam bem evidentes. Estou observando atenta e babona.

Só tenho a celebrar. Tenho uma filha extremamente saudável e simpática. E, do que aconteceu no último mês, só coisa boa pra mamãe.

Primeiro, o refluxo melhorou um pouco. Ainda tem dias em que ela golfa muito, vão-se panos e mais panos, roupas e mais roupas. Mas ela só vomitou uma vez nas últimas semanas e passou alguns dias golfando como um bebê normal.

Segundo, ela não acorda mais pra mamar de madrugada. E eu também parei de acordá-la. Ela dorme de 20h30 às 6h30. Alou, pessoal? Estão me ouvindo?? Como diria Claude TroisGros, Marrrravilhose!! Claro, como não poderia deixar de ser, mãe sempre acha que tem alguma coisa errada. E eu passei dias olhando, olhando, pra ver se ela continuava engordando. Será que essa mamada noturna não está fazendo falta? Será? Aí bati uma foto com ela sentadinha e constatei que as gorduras continuam transbordando. Tchau, mamada noturna!

E, finalmente, a rotina! Como vocês já devem ter percebido, sou uma pessoa um tanto quanto esquemática. Então eu teria tudo pra colocar minha filha no roteirinho desde a maternidade. Mas não fiz isso. Fiz o que mandam o Ministério da Saúde e a OMS (mamãe nerds) e adotei a amamentação em livre demanda. Com isso, florzinha tem crescido feliz e saudável. Porém contudo todavia, não quis deixar as coisas soltas ao léu, até porque nem sempre a gente interpreta bem os sinais, e anotei todas as mamadas desde o começo. Fui vendo a evolução, como ia diminuindo o tempo total de peito ao longo do dia e como ia aumentando o espaço entre as mamadas. E hoje, com três meses, consegui identificar padrões que tornaram nosso dia bem mais previsível e aumentaram minhas chances de acertar as necessidades dela.

Hoje, flor mama em intervalos médios de 2h30, não é uma beleza? E, o melhor: descobri os horários em que ela tira as soneconas (sonecona pra ela é entre 40min e 1h): mais ou menos às 10h e 15h!! Ai, que beleza! Fiquei me imaginando, quando perguntarem na creche que horas ela costuma cochilar, respondendo: “Às 10h e às 15h.” Ai que chique.

Tudo bem que tudo muda, e sei que os intervalos entre as mamadas ainda vão se esticar um pouco (a Encantadora de Bebês fala pra levar até 4h, mas eu acho muito tempo pra uma pessoa ficar sem se alimentar – adultos inclusive. Então meu alvo são 3h, 3h30 mais ou menos). Também sei que essas sonecas podem se deslocar, mas o importante é que nosso dia está mais organizado e fica bem fácil observar essas alterações.

Quanto à beleza de florzinha... bem, vocês me digam.

sábado, 10 de abril de 2010

Vacina derruba mamãe

Ficar doente era legal. A gente acordava meio espirrento, catarrento, aquele peito cheio, e mamãe dava a carta de alforria: hoje não tem escola. Ah, como era bom dormir até mais tarde! De meia em meia hora, mamãe chegava com umas gotinhas de álcool ou umas bolinhas de açúcar. Fazia a gente tomar um chazinho de alho com mel e limão que eu nunca desgostei e passava o dia trazendo água, suco e uns lanchinhos leves. Quando a gente ia ficando maiorzinho, já podia ficar em casa só. Mamãe deixava a fila de homeopatias e dizia pra ir tomando 6 bolinhas ou 6 gotinhas e ir passando pro fim da fila. As dores no corpo, a dor na barriga de tanto tossir, as náuseas, tudo era compensado pelo carinho de mãe, pela cama quentinha e pelos desenhos animados (ah, sim, também pelo álcool e pelo açúcar).

Depois eu saí de casa e adoecer ficou um saco. Ainda mais pra mim, que sempre fui do time faça-você-mesmo e nunca tive faxineira. Então adoecer era simplesmente ficar com dores no corpo e náuseas. Matar aula? Grandes coisas, eu tava na faculdade e podia matar aula quando quisesse. Mas o pior era que a casa não parava de sujar porque eu estava doente. A comida não aparecia mais no meu criado mudo, então era tossir e isaurar ao mesmo tempo. Deveras sem graça.

Depois que comecei a trabalhar, as gripes e os resfriados voltaram a ser um pouco benvindos por causa do atestado. Mas também, que preguiça ir no otorrino só pra pegar esse bendito atestado! Dependendo do caso, ir trabalhar era até mais prático.

E aí virei mãe. E criei a ilusão de que nunca mais um vírus ia me pegar, porque mãe não fica doente. Ainda mais mãe lactante.

Foi quando entrei na fila do posto de saúde para me vacinar contra a Gripe de Rabicó. Saí serelepe, não tinti nada, nem a picada. E assim foi até o entardecer do dia seguinte.

Então ela se abateu sobre mim: a reação à vacina. Fui dormir com dores em todas as minhas articulações e acordei, parecia que eu tinha sido atropelada. Vômito, diarréia, fraqueza. Cadê mamãe com as minha bolinhas? Mamãe era eu. E, no quarto ao lado, um chumbinho que precisava de colo e de peito.

Ainda bem que somos dois, ele e eu. E ele não foi trabalhar pra cuidar de florzinha. Passei o dia amamentando e dormindo, dormindo e amamentando. Quase sem conseguir comer, só fruta, água e uns carboidratos leves.

Agora a jamanta que passou por cima de mim se foi, até almocei. Mas mãe não devia ficar doente. Não devia.

E na próxima dose da tetra, vou levar florzinha numa clínica particular. Reação a vacina sux.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Relato de viagem - Parte II

Antes que o assunto esfrie. Malas prontas, lá vamos nós!

O feriado foi muito bom. Os parentes – avós, tios, tios-avós, primos-tios e até a bisavó – puderam rever ou conhecer nossa princesa. Sábado teve um almoção na casa da minha sogra e veio quase toda a família do meu marido de Três Corações. Trouxeram muitos mimos e Emília ganhou até suas primeiras joias, coisa pra vida inteira! A sogra deu também dois vestidinhos costurados por ela mesma, coisa preciosa. Enfim, florzinha não poderia ter recebido mais carinho.

Mas isso não interessa a vocês, leitores (sim, eu sei que temos alguns papais de olho neste blog!) que não nos conhecem. Interessa, sim, como cuidamos para que a primeira viagem de Emília, e a primeira noite fora de casa, fossem tranqüilas.

O mais importante foi respeitar a rotina dela, deixando-a descansar o máximo possível. Ela fez sua aparição triunfal durante o almoço, conheceu todos os parentes e ficou por lá só até reclamar de cansaço. Nessas horas, era quarto e cochilo.

Tirando o fato de ela ter estranhado o berço e ter dormido no carrinho as duas noites, no geral ela agiu como se estivesse em casa. Chorou bem pouco e encantou todos com a simpatia.

O que eu deixaria como dica:

Babá eletrônica

Muita gente achou que eu tava levando muita coisa, mas não foi não, pessoal. Levamos a menor mala daqui de casa com as coisas de nós três. Eu queria até ter batido uma foto de toda a bagagem pra vocês verem como ficou compacto (lembrando que o bebê-conforto encaixa no carrinho, então fica uma coisa só).

Um item que talvez muita gente achasse dispensável mas que foi essencial pra respeitar a rotina de florzinha foi a babá eletrônica. Ela é muito leve e pequena, então foi nessa malinha aí. Por causa da babá, pudemos deixar a Emília cochilando no quarto em momentos nos quais a sala estava cheia de visitas. Sem ela, tínhamos a opção de deixá-la conosco no meio da muvuca e do barulho, deixar alguém de guarda no quarto ou confiar nos nossos ouvidos biônicos. Lembrando: se você pode ouvi-la, ela pode te ouvir. E isso não é nada legal quando se está tentando dormir.

Banho de chuveiro

Eu já agradeci a ela mas tenho de fazer a homenagem aqui: a Marina fez há uns tempos atrás um post sobre banhos e eu acabei tomando coragem para enfiar Emília debaixo do chuveiro.

Normalmente damos esse banho quando a cocozeira é grande demais pra fazer a limpeza prévia. Resolvemos então dispensar minha sogra de comprar ou alugar banheira (que nunca usei; Emília normalmente toma banho de balde) e usar o chuveiro na viagem.

Foi uma maravilha. Pessoal, estou pegando a manha! Sabe o que é a criança passar o banho gargalhando? Pois foi. Quem quiser saber como faz, entra lá no blog da Marina. O que eu acrescentaria é: tome cuidado com os respingos no rostinho, que incomodam pacas; preste atenção para deixar sempre uma parte do corpo do bebê debaixo do chuveiro, pra evitar o frio. Eu deixo as partes baixas sob a água quando estou limpando na frente e as costas (duh!) quando estou limpando atrás.

É isso aí.

Comandante Lia agradece a preferência. Obrigada por voarem Saco de Farinha.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Cinematerna

Pausa no assunto viagem para contar da estreia de Emília no mundo cinematográfico. Não, ela ainda não virou estrela de Hollywood (apesar de ter todos os requisitos). A estreia foi no público mesmo, assistindo na telona ao filme "Um sonho possível".

Ontem foi o lançamento do Cinematerna em Brasília. Como estava cadastrada no site, recebi o convite, chamei minha irmã (sair com bebezinho sozinha não rola; não dá nem pra fazer xixi) e fui. Tarde bem chuvosa. Quase não conseguimos sair de casa porque Emília vomitou no elevador. Volta, troca a roupa, traz o carro pra garagem e lá vamos nós outra vez.

Chegando lá, fomos recepcionadas pela equipe do Cinematerna, que nos deu as orientações de etiqueta pra sessão. Muito fácil saber quem tá indo, né? Bebezinho pequeno no cinema, só assim.

Minha irmã-recém-formada-que-ainda-não-trabalha pirou. Achou o máximo aquele tanto de nenéns juntos. E ficava observando: "Lia, Lia, uma mãe disse pra criancinha: olha que televisão grande!".

Emília ficou meio chorosa no início da sessão, por causa do famigerado refluxo, mas se acalmou logo depois do trailer. Dormiu a primeira metade do filme e assistiu quietinha à segunda metade. Surreal como o bebê fica totalmente compenetrado quando você vira o rostinho dele de frente pra tela. Medo!

Consegui ver o filme praticamente inteiro, com exceção de uma parada pra troca de fraldas. Lá tem um esquema super legal de trocador, com fraldas, lenços umedecidos, álcool gel. Você não precisa levar nada. (Aliás, antes do filme troquei a fralda dela à toa achando que tava com cocô. Era a pipoca que tava cheirando... não se enganem.)

E tenho de dizer que é muito melhor ver um filme acompanhado pela trilha sonora de chorinhos de neném do que pelas conversas inconvenientes que sempre aparecem nas sessões normais. "Ai meu Deus! Vai bater o carro!"; "Que gracinha!"; "Que nojo!"; "Cuidado, cuidado!". Adorei também o som mais baixo. Normalmente, a cada filme de aventura você perde uns 5% da audição.

Estarei sempre por lá, enquanto durar minha licença!

+++

E, no trailer do filme, a propaganda da vacinação contra Gripe A. Um monte de jovens em ambiente universitário, roupas casuais, uma menina de cabelo vermelho e um vocabulário todo descolado. "Jovem, é a sua vez". Me senti tão jovial... nos vacinamos hoje, eu e o marido.

Muito bom levar a Emília pro posto de saúde e não ter de furá-la.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Relato de viagem - Parte I

Cá estamos, de volta a Brasília. Ufa, que canseira!

Pediram e vim aqui dizer como foi a primeira viagem de florzinha. Balanço geral, sucesso! Ela se comportou muito bem, distribuiu sorrisos e pareceu quase nem sentir a mudança de ambiente. Procuramos respeitar o ritmo dela, o que eu acho que ajudou bastante.

Este post fica para os aspectos práticos do trânsito. Amanhã faço outro sobre a viagem em si.

No avião

Na ida, chorou uns minutinhos de cansaço. Logo relaxou, dormiu e assim ficou todo o resto do voo. Na volta, foi só alegria até a aterrissagem, quando ela abriu um pequeno berreiro – que também não durou muito tempo.

Dei o peito nos momentos de mudança de pressão, mas nem sei se foi necessário. Da próxima vez vou esperar pra ver se ela sente alguma coisa. Acho inclusive que na volta o choro dela teve a ver com o excesso de alimentação. Quando embarcamos, ela já estava com muita fome, e mamou um tantão na decolagem. Como o vôo é muito curtinho, quando fui dar o peito de novo ela já estava muito empanturrada.

Muito legal foi o tal bercinho de avião. Na ida, nos esquecemos de pedir pra ir nos assentos da frente, e fizemos isso na volta. Aí uma moça que tava sentada atrás da gente esticou o pescoção e sugeriu: “Por que vocês não pedem um bercinho?”. Já tinha lido sobre isso em outros blogs maternos, mas não sabia que voos nacionais também tinham. Pedi. Foi ótimo. Ficamos com os braços livres pra poder lanchar. Ela dormiu um pouquinho, acordou e ficou vidrada na estampa no bercinho. Coloquei um brinquedo lá dentro e ela riu à beça.

Bagagens

Apesar de termos levado carrinho, bebê conforto e berço desmontável, foi tranqüilo viajar com tudo.

O bebê conforto já estava no nosso carro, então não tivemos de descer com ele na hora de sair. Chegando em BH, instalamos no carro do meu sogro e lá ele ficou até a volta – menos uma coisa pra levar pro apartamento. E enquanto estávamos no aeroporto, ele ficou encaixado no carrinho, então não precisamos carregar.

O carrinho, nem precisa dizer. Oitava maravilha. Ficamos com ele até entrar no avião (com o bebê conforto encaixado). Também foi super útil durante o dia, pra poder deixar Emília confortável em qualquer cômodo da casa. E, finalmente, sem ele talvez tivéssemos tido um pequeno desastre noturno por causa do último item...

Emília não quis dormir no berço!

O berço é uma sensação. Super compacto, pesa só 10k, facílimo de montar e desmontar. Até aí, maravilha. Ritual noturno completo, Emília dorme no berço, tudo na mais perfeita. Uma hora depois, ela acorda engasgada, desesperada (lembram da minha enquete sobre a posição pra dormir? De barriga pra cima não, definitivamente!). Chora, chora, berra, berra, e só se consola com o peito. Mamou igual um bezerro, se acalmou e dormiu de novo. Dessa vez , tivemos o cuidado de conferir se os travesseirinhos estavam bem colocados, impedindo ela de virar de novo (não levamos o segura-bebê). Ela acordou de novo e decidi: se acordar mais uma vez, vai pro carrinho. Dito e feito. Depois de despertar pela terceira vez, foi pro carrinho e lá dormiu até as 6h. No dia seguinte, tentei de novo o berço e de novo ela acordou e foi pro carrinho. Não sei se foi a falta de inclinação, a falta do segura bebê ou se ela estranhou o berço. Na próxima vez vamos testar com antecedência, porque em breve ela vai ser grande demais pra passar a noite no carrinho.

O resto da bagagem ficou super compacto. Levei uma malinha que pesou 10k com as coisas de nós três. Não faltou nada, só algodão na bagagem de mão pra pôr no ouvido dela (embarque remoto na ida. Favela-la-la...). E não sobrou quase nada, só umas roupinhas a mais que levamos por precaução.



Olha ela brincando no bercinho do avião...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Primeira viagem - update

Pessoal, obrigada pelos comentários! Vocês fizeram um excelente trabalho me deixando ainda mais desorientada... hehe.

São muitas opiniões divergentes, então no fim das contas eu mesma tive de decidir quanto à bagagem. Vai tudo. Ai jesuis.

Vamos aos motivos:

1) Por que levar o carrinho?

A sugestão da de deixar a Emília no bebê conforto durante o dia e dispensar o carrinho me pareceu muito esperta. Porém contudo todavia, imagino que o carrinho vai ser muito útil no aeroporto, pra ajudar no carregamento da tralha. O bebê conforto (que pesa 5k) pode ficar encaixado nele até despacharmos um dos dois. Vou tentar levar o carrinho até o avião, mas não sei se vão deixar porque ele pesa um pouco a mais que o permitido. Vamos ver o que consegue o charme de Emília.

Além disso, o carrinho é melhor pra ela ficar durante o dia porque dá facilmente pra gente circular pela casa. Algumas vezes que visitei minha mãe, não levei o carrinho e me arrependi. O bebê conforto é muito pesado, ainda mais com ela dentro, pra ficar levando de um cômodo pro outro. E, finalmente, ele não é tão confortável quanto o carrinho - que tem 4 níveis de inclinação.

2) Por que levar o bebê conforto?

Porque ela vai andar de carro, e eu sou mega caxias com esse negócio de segurança no trânsito. Uso cinto atrás, pá e tal. Além do mais, o aeroporto de BH é longe pacas (você já vê pelo nome: Aeroporto de Confins), auto estrada e tals. Filhotinha de mamãe só vai se for presinha no bebê conforto.

3) Por que levar o berço?

No fim das contas, esse é realmente o item mais trambolhento e mais dispensável. Se a gente fosse ficar mais tempo, uma semana, eu não teria dúvidas em levá-lo. Mas, como algumas pessoas argumentaram, são só dois dias. Eu acho que ela dormiria bem no carrinho. Acho que dormiria melhor ainda num colchãozinho no chão. Massss...

O berço não é tão pesado, não é tão grande, e não estamos nem perto de levar excesso de bagagem. Além do mais, ele é super legal, balança, tem mosquiteiro, mamãe comprou pra nós, então vamos estrear. Uma hora ou outra a gente vai ter de viajar com ele mesmo, então essa fica como teste.


Sobre alugar as coisas, como sugeriram a Tathy e a Carol, minha sogra até se ofereceu pra fazer isso pra nós. Mas, sei lá, não sei se compensa. Imaginei que seria muito caro proporcionalmente e também não quis dar trabalho pra ela. Eles parece que fazem uns pacotes e você acaba tendo de levar junto muita coisa inútil, tipo banheira que eu nunca usei. Fora que aposto que o meu carrinho é MUITO mais legal.

Então, resolvido o maxi-problema, deixo aqui a minha lista de outros itens caso alguém queira se inspirar (verdade, , essa lista é uma coisa bem minha. Nunca nos vimos e você me conhece tão bem...):

Mala:
- shampoo e sabonete;
- hidratante pra massagem (amostra grátis, ô coisa prática!);
- 2 travesseirinhos pras laterais do berço (o segura bebê tá pequeno);
- babá eletrônica (ela vai dormir com a gente, mas com a babá ela pode cochilar sozinha de dia com a porta fechada);
- brinquedos;
- milhões de roupas e meias;
- milhões de fraldas e panos de boca;
- um cueiro e uma manta;
- cotonetes;
- escova de cabelo);
- gaze;
- termômetro;
- diário das mamadas (coisa mais Lia, né, Rô?).

Bagagem de mão:
- lenços humedecidos;
- fraldas descartáveis;
- 1 muda de roupa;
- fraldas e panos de boca;
- sling;
- trocador portátil;
- um brinquedo.

Ficaram de fora: toalha fralda pro banho (minha sogra comprou) e tesoura de unha (ela vai de unha curtinha).

Apesar desses itens grandes e pesados, a grande vantagem da bagagem do bebê é que você pode levar o guarda-roupa inteiro que fica o volume de uma calça jeans. Nossa mala vai ser pequenininha.

E as mães mais experientes já devem conhecer essa história: você leva tudo pra eles e quase nada pra você. Dispensei sapatos e tênis; vai só uma sapatilha no pé, pau pra toda obra, e um par de havaianas.

E lá vamos nós!

+++

Ah! E sobre a dor de ouvido! Acreditam que essa pessoa super organizada esqueceu de comentar da viagem com o Dr. Pediatra e, portanto, não tem a menor ideia do que fazer se o ouvido dela doer?? Nossa, lembro que minha irmã morria de berrar quando o avião pousava. A Roberta sugeriu colocar ela no peito. Mais alguma orientação?

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