quarta-feira, 31 de março de 2010

Primeira viagem

Sinto falta de escrever. Pra mim, isso é um exercício diário. Eu folgaria apenas nos fins de semana, que é pra viver um pouquinho em vez de ficar só documentando a vida.

Ultimamente tem sido difícil passar por aqui. Leio as histórias das outras mães, mas sentar e escrever exige entrar no clima, exige um momento que o refluxo da minha florzinha não tem permitido. Verdade que ela tem dormido melhor de dia, o que me dá alguns momentos livres. Mas tenho preferido cochilar com ela.

Alguns pensamentos soltos passam pela minha cabeça, mas emendando tudo junto não faz muito sentido. Então sento aqui e tento me lembrar, mas não sai nada.

Lembro uma coisa. Vamos viajar. Vai ser a primeira vez com florzinha. Sexta-feira vamos de avião para Belo Horizonte, onde moram meus sogros. E aí talvez este acabe virando um post sobre a preparação para essa viagem.

Vamos ver: primeira coisa, compramos as passagens para de manhã, que costuma ser o período mais tranqüilo pra Emília. Também não vamos passar muito tempo, só dois dias, que é pra não forçar.

Desde que decidimos fazer essa viagem, venho fazendo uma lista das coisas que precisamos levar, pra não esquecer nada e pra agilizar a arrumação das malas. Separei duas vezes mais roupas do que eu acho que ela vai precisar, tudo precaução por causa da golfaria. Daquelas fraldas Cremer também vai um monte. Mas a trambolheira mesmo consiste em carrinho, bebê conforto e berço desmontável.

O bebê conforto é sem dúvida que vamos levar, porque senão não tem como ela ir e voltar ao aeroporto de carro. A dúvida é: carrinho, berço ou os dois?

Ela ainda dorme no carrinho de dia, mas nunca passou a noite nele. Pensamos em testar antes mas até agora não fizemos isso. Acho até que eu preferiria que ela dormisse num colchãozinho no chão. Aí minha mãe: “Mas e se uma barata passar em cima dela?”. Só faltava essa. O Rafael disse sabiamente que se tivesse barata na casa da mãe dele a gente não levaria a Emília.

Enfim, temos um ótimo colchãozinho que minha mãe fez, muito mais leve e compacto que o berço. Mas aí eu me pego desprezando a praticidade pra evitar a fadiga de ouvir as opiniões contrárias.

O berço tem ainda uma vantagem: ele tem um mosquiteiro, o que vai ser muito útil num apartamento ao lado da Lagoa da Pampulha.

Aí eu pensei em levar só o berço mesmo, e deixar o carrinho pra trás. Mas aí ela não ia ter lugar pra ficar durante o dia fora do quarto, e ia acabar passando o dia no colo. Não gostei.

Enfim, acho que vou acabar levando a trambolheira toda mesmo. Daí se a gente vir que não precisava disso tudo e que deu trabalho demais, a gente reavalia na próxima.

+++

Adendo, pra quem for me aconselhar:
O berço é desmontável, pesa 11k. O carrinho deita todinho e pesa 7k (modelo guarda-chuva).
Banheira não vou precisar porque Emília toma banho de chuveiro às vezes e já está acostumada.
E o quarto onde vamos ficar hospedados tem bicama de solteiro. Acho que não dá pra dormir com ela porque a cama é muito estreita.
E tem críticas porque a gente leva coisa demais? Céus, por essa eu não esperava! Achei que as críticas sempre iam no sentido de não deixar faltar nada pro bebê, o famoso "tadinho..."

sexta-feira, 26 de março de 2010

Carta para Emília - Quando você crescer...

Ainda grávida, depois de saber que era você que eu estava esperando, via crianças na rua e pensava em você. Via as menininhas de pouco mais de um ano, com o andar desajeitado, e imaginava você nessa fase. Via crianças um pouco maiores, brincando nos parquinhos, andando de bicicleta, e pensava em você. Mas não eram só as crianças que me faziam imaginar como você seria. Quando via meninas de doze, treze anos, ou até adolescentes andando pela rua de mãos dadas, tênis, shortinho, conversando bastante, pensava em você também.

Esta carta, Emília, é para quando você estiver nessa fase linda e difícil.

Parece que faz pouco tempo que era eu, caminhando na rua à tarde num dia de semana, indo para a casa de alguma amiga. Depois que a infância acaba, o tempo começa a correr de outro jeito. Quando a gente é criança, dá pra se sentir meio Peter Pan. Parece que aquilo nunca vai acabar. A gente não “está” criança. A gente “é” criança, assim como a gente é mulher e vai sempre ser assim.

Quando escrevo este texto, você está ao meu lado, dormindo no seu carrinho, só de fralda porque faz calor. Você ainda é carequinha, não usa brincos, mas já tem um jeitinho delicado de menina.

Desde que você foi concebida, sempre pensei na sua vida como um todo. Desde agora, quando você ainda é um bebezinho, até os 90 ou 100 anos que você vai viver, quando eu já não estarei aqui para te acompanhar. Logo você vai engatinhar, e depois andar. E no próximo ano certamente vou ouvir suas primeiras palavras. E vamos fazer todas aquelas coisas que os pais sonham em fazer com os filhos: passear no parque, ir à praia, ir ao teatro, ir ao clube.

Mas, quando eu menos esperar, tudo isso terá acabado e você será uma mulher. Antes que isso aconteça, você vai passar por uma fase de transformação. Aí vão surgir as dúvidas sobre quem você é. Você vai começar a buscar sua própria identidade, que não será nada que eu ou seu pai criamos para você, nem nada que as outras pessoas possam te oferecer. Vai ser algo que você vai descobrir sozinha e que vai te separar definitivamente de nós.

Não te gerei pra mim. Te gerei para que você siga seu próprio caminho. Durante alguns anos da sua vida, te conduzirei. Mas haverá um momento em que você vai soltar a minha mão e vai tomar a mão de outro, que vai andar ao seu lado.

Nesses últimos dias, você com dois meses de vida, me separei de você por algumas horas. Eu estava ali, na academia de ginástica na frente de casa. Dá pra ver da nossa varanda. Mas eu estava sozinha, pela primeira vez em quase um ano, sem barriga e sem você. Eu era uma pessoa como qualquer outra, que não chama a atenção. E você ficou em casa, com seu pai, e nem deu pela minha falta.

Não vou mentir dizendo que foi terrível. Não foi. Foi bom, na verdade. Suei, como não suava há 11 meses, e voltei pra casa renovada. Olhei pra você, e achei você ainda mais parecida com seu pai. Tomei banho e fui cuidar de você.

Ficar longe de você durante uma hora, a poucos metros de distância, é apenas um pequeno exercício para o que um dia será inevitável.

Depois que você nasceu, eu deixei de ser a pessoa mais importante do mundo para mim mesma. Sempre cuidei de mim, e só de mim. As pessoas que amo, seus avós, seus tios, seu pai, não dependem de mim. Já você, minha pequena, não sobrevive sozinha. Eu sou inclusive seu alimento. E agora é você antes de qualquer coisa. É você antes de mim. Interrompo a minha refeição pra te dar a sua. Interrompo o meu sono pra garantir o seu. Sinto dor nos braços pra te acalentar quando a dor é sua.

Você não vai se lembrar desses dias, assim como eu não me lembro de quando sua avó me ninava nos braços e cantava para mim. Mas esse amor vai ficar gravado pra sempre no seu coração, em algum lugar bem fundo que a nossa memória não consegue alcançar, da mesma forma que o amor da minha mãe por mim ficou marcado.

Hoje você sorri pra mim, vem pros meus braços sem reclamar e vai aonde eu te levo. Você jamais fica com raiva de mim ou triste comigo. É fácil. Mas, mesmo eu me dedicando inteiramente a você, você ainda não tem a capacidade de me amar de verdade, desse amor que às vezes fica mesmo bravo com o outro. Desse amor que vai durar mesmo quando a gente se desentender, mesmo quando eu te disser “não”. Mesmo quando a gente estiver longe, muito mais longe que a academia da esquina.

É maravilhoso ter você assim, pequenininha, e ver seu desenvolvimento. Mas não quero lamentar seu crescimento, como se estivéssemos perdendo alguma coisa.

Ultimamente tenho pensado muito em você. Você não vai ser sempre esse bebezinho dócil, e um dia vamos brigar. Mas, e daí? Amo você agora, esperando pelo dia em que você vai poder me amar de volta, espontaneamente.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Pediatra (e mais Gripe A)

Ontem levamos Emília ao pediatra pela 3a vez, com 2 meses e 12 dias. A consulta foi ótima, porque excepcionalmente o consultório estava vazio e o médico não tinha pressa nenhuma (ele atende convênio, então já viu...).

Ela pesou 5,3kg e mediu 58cm, tudo excelente segundo o Doutor. Também recebeu elogios pela calma e pela simpatia. "Ela não chora. Impressionante." (ele adora falar "impressionante").

Refluxo

E sabe quando dizem "mãe sabe"? Pois é, estou virando uma mãe que sabe. Depois de tantas dúvidas no comecinho, a gente comeca a compreender bem melhor as necessidades do nosso bebê. Pois ontem diagnosticamos que a Emília realmente tem refluxo.

Reclamei que ela estava golfando muito, sempre chorando, e às vezes até vomitava tudo durante as mamadas. Ele pôde presenciar um golfo ali mesmo no consultório, porque ela tinha acabado de mamar ("impressionante", ele disse). Ele disse que é refluxo mesmo, mas que existem dois tipos: o fisiológico e o patológico. No segundo caso, a crianca não ganha peso (pode até perder). Não é o que acontece com a Emília. Então, nada de remédios, apenas a orientacão de não mexer com ela depois da mamada (trocar fralda, trocar roupa, mudar de posicão, balançar).

Eu disse ao Rafael que a pior coisa que a gente pode fazer com ela depois de mamar é colocar no carro. Ele disse: "Não. A pior coisa que a gente pode fazer é entregar ela pra tia Lídia." Coitada da tia Lídia, ela acha que Emília é iogurte (agite...).

Ah, e o colchão dela já está devidamente inclinado com a ajuda de listas telefônicas.

Fiquei aliviada porque, como mãe, a gente sempre se culpa, né? Ficava pensando se não estava amamentando demais, se não estava confundindo seus sinais, se meu leite não tava afogando ela... Eu tentei de tudo, até esvaziar o peito antes e doar o leite, e ela continuava golfando e vomitando. Mas tá tudo certinho, inclusive ele aprovou uma medida que eu vinha tomando instintivamente: interromper a mamada pra ela arrotar e deixar descer o leite. Ela não curte muito, mas é pra prevenir dores maiores.

Limpeza da banguela

Perguntei também sobre a higiene bucal. Li no blog da Mari que as gengivas do bebê devem ser limpas com gaze molhada após cada mamada. Aí eu exclamei, igual Macunaíma: "Ai, que preguica!"

Gentes, a Emília mama de 7 a 10 vezes por dia! E depois da última mamada capota lindamente para seu sono de Bela Adormecida. Aí fui conferir com o Dr. Pediatra, jurando que ele ia me dizer: "Nãaaaoo, os dentistas são exagerados, só precisa se preocupar quando ela comecar a comer outras coisas." Mas, pra minha frustracão, ele corroborou a orientacão sobre higienizacão. Ai, que preguica!

Mas foi menos mal. Ele disse que basta uma limpeza pela manhã e outra à noite (nem precisa ser depois da última mamada, pra não acordá-la. Pode ser depois da penúltima). E hoje comecei, ela adorou. Adorou tanto que não deu muito certo. Ela achou que meu dedo com gaze era um brinquedo, e ficou mordendo, mordendo, rindo e mordendo. Um dia eu chego lá.

Vacina contra gripe

Perguntei como ficava a vacinacão da Emília, já que ela só completa seis meses depois do fim da campanha. Ele me deu a mesma orientacão que vocês, meninas, nos comentários de ontem: espere ela fazer seis meses e dê na rede particular.

A tonta aqui esqueceu que as vacinas não existem só nos postos de saúde, duh! É que eu sempre me vacinei na rede pública, então relacionava uma coisa à outra. E essa vacina particular, segundo Dr. Pediatra, protege também contra a gripe comum. Ui, que beleza, Emília vai entrar na creche super imunizada.

Mas ainda é possível que o Ministério da Saúde reavalie sua política depois que acabar a campanha e, sobrando vacinas, pode ser que eles ofereçam para os bebês.

É isso aí. Papai do céu, obrigada pela mocinha linda e saudável que o Senhor me deu!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Campanha de vacinação contra gripe A: e o meu bebezinho?

A Mari fez um post sobre a vacinação de gestantes contra a Gripe A. Futucando sobre o assunto, surgiu uma dúvida.

Serão vacinados os seguintes grupos, considerados de risco:
- gestantes;
- crianças de 6 meses a 2 anos;
- pessoas portadoras de algumas doenças crônicas; e
- população saudável de 20 a 39 anos.

E a Emília, que tem 2 meses e meio? No hotsite da campanha, o Ministério da Saúde esclarece que menores de seis meses não serão vacinados porque não há testes que comprovem a resposta imunológica desse grupo à vacina que foi adquirida no Brasil. Daí eu me pergunto: e quando ela tiver seis meses? É pra vacinar?

O site diz que as mulheres que vierem a engravidar deverão ser vacinadas depois da campanha, mas não fala nada sobre os bebezinhos. Então mandei um e-mail pro Ministério e obtive a seguinte resposta: as crianças só serão vacinadas durante a campanha, então os bebês que não completarem seis meses até o seu término não serão vacinados.

Pra quem não gosta de vacinas, boa notícia. Mas eu fiquei foi com meda, porque Emilinha completa 6 meses em pleno inverno e vai direto pra creche. Fazer o quê? Fé em Deus...

E eu e o marido vamos nos vacinar.

terça-feira, 23 de março de 2010

As estrias ocultas

A Lu acabou de publicar um post sobre hidratantes, o que me fez lembrar de um recado importantíssimo que tenho de dar às gestantes.

Você sabe que gravidez dá estria. Sabe que a pele estica e rasga, não só na barriga mas também em outras partes que crescem. Você sabe disso e, pra prevenir, usa hidratante várias vezes ao dia, óleo e coisa e tal. E você está certíssima. Mas tem algo que você não sabe...

Eu tenho estrias, nos seios e na bunda. Herança da adolescência. Brasília é seco pacas e aqui as estrias são muito comuns, mesmo em pessoas baixinhas ou magras (não sou exatamente magra, mas também nunca fui gordinha). Minha mãe não me orientou a usar hidratante na época porque ela não sabia que adolescentes sem sobrepeso tinham isso. Ela nunca teve. As estrias foram aparecer depois da 4a gestação, quando, adivinhem onde ela estava morando? Isso, em Brasília.

Na época, fiz tratamento com ácido retinoico e fiquei bem apresentável. As marcas não somem, mas ficam bem mais discretas. E o dermatologista ensinou a prevenir futuras estrias com hidratação constante.

Engravidei e lembrei de todas as lições. Passei hidratantes específicos para gestantes (durante a gravidez, desenvolvi alergia ao óleo de amêndoas) na barriga toda, nos seios, na bunda, na coxa, na batata, nos braços... Fui exemplar.

Daí estava eu, um mês depois do parto, me olhando orgulhosa de não ter tido umazinha estria sequer. Acontece que comecei a observar uma parte que esteve oculta aos meus olhos durante uns bons meses: LÁ. Lá, sob os pelos. E o que percebi? ESTRIAS!!! Não acreditei. Puxei, repuxei, e era isso mesmo. Reclamei com o marido, desconsolada. Eu tinha me cuidado tão direitinho... "Ah, amor, nem dá pra ver! Não aparece nem no biquini." Isso, papo de homem. Mostro pra minha irmã. "Olha, Lídia, onde apareceram estrias." E ela: "Nossa, tá com estrias mesmo!"

Então, se você acha que cobriu com óleo todas as áreas possíveis de rasgarem, tente mais embaixo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Suor e leite

Meu fã número um reclamou da ausência de postagens. "Estava cuidando da sua filha, querido". Pois florzinha andou meio chorosa hoje de manhã, pra variar quase não sonecou (está sonecando agora. Vamos ver quanto tempo vai durar) e, como resultado, terminei a manhã sem blogar e de pijama! Pessoal, desde que voltei no hospital que não passo a manhã de pijama!

Agora que uma grande amiga me ligou dizendo que vem nos visitar, resolvi trocar de roupa e estou aqui de legging e top. E pra quê? Pra já ir me preparando pra malhar no fim da tarde! Isso mesmo, comecei na academia.

E como é malhar com uma filha de dois meses que só mama no peito? No mínimo, complexo. Pra começar, quinta-feira quase perdi minha avaliação, marcada pra hora do almoço, porque meu marido se atrasou. Chegou em cima da hora e fui sem almoçar - mas o mais importante estava feito: amamentei florzinha logo antes de sair. Aliás, essa é a chave pra essa malhação dar certo. Só saio se ela tiver mamado na última hora.

Mesmo com todo meu sistematismo, ainda não consegui estabelecer uma rotina tão rigorosa ao ponto de conseguir prever os horários das mamadas. Além do mais, como já disse, estamos na livre demanda. Tem dias que ela mama de três em três horas, mas na maior parte das vezes os intervalos são de 2h, 2h30. Já pensei até em colocar os dados (eu anoto tudo) numa planilha pra descobrir algum padrão, mas ainda não tive tempo. Por enquanto, o negócio é eu me programar pra estar em casa no máximo 2h depois do início da última mamada.

Por causa dessa restrição de horários, não voltei pro boxe nem entrei na natação. Tive de me render ao chatíssimo esquema das academias, porque tem uma exatamente na frente da minha casa e eles oferecem atividades o dia inteiro. Se eu perder uma aula, posso ir na próxima. E se tiver qualquer emergência, posso voltar correndo pra casa, sem o risco de ficar presa no trânsito.

Então fui lá, na cara e na coragem, me matriculei e comecei na sexta-feira. Ginástica localizada às 7h, depois de acordar às 6h20 pra amamentar. Que delícia! Passei o fim de semana dolorida e já estou ensaiando o adeus à minha barriga partida ao meio.

Hoje pretendia fazer a mesma coisa, mas algo maravilhoso está acontecendo: minha filhota está se desmamando na madrugada! Ontem foi dormir às 20h e só acordou 5h50!! Olha que crescidona! Teria sido perfeito se meu corpo ainda não estivesse preparado pra amamentar de madrugada. Daí que ela secou um peito e o outro ficou uma bola gigante. Sem condições de malhar "mameta" (perneta, maneta... enfim, com um peito muito maior que o outro).

Mas a ideia da academia era essa mesma: não deu dessa vez, vou na próxima aula. E hoje já avisei o marido: "amor, vou na aula das 18h40. Esteja em casa".

Confesso que é estranho deixar meu bebê pra ir ali fazer uma coisa chatíssima. Mas não consigo viver sem atividade física, e o motivo não é nem um pouco estético. É uma questão de saúde mesmo. E cuidar de criança detona sua coluna e seus tendões, então é bom estar preparada. E tem minhas hérnias, e tem que quero engravidar de novo ano que vem... e quanto mais a gente demora pra retomar, mais difícil fica.

É isso aí. Agora o resguardo acabou de vez.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ainda sobre a orelha - respondendo aos comentários

Não costumo postar duas vezes no mesmo dia, mas para responder aos últimos comentários, só fazendo outro post.

Vocês não entendem nada de orelha! O design, as curvas... enfim, os traços que levam à semelhança entre a minha orelha e a da minha filha.

Só os artistas me entendem, né, Vincent?

A orelha é minha!

Muitas de vocês devem conhecer esta história: você passa nove meses entre náuseas, vômitos, dores nas costas, crises de auto-estima, abstinência alcóolica, inchaços, falta de roupas. Depois, passa 17h em trabalho de parto, só tomando líquidos, sabendo que em breve ficará com a barriga molenga, o músculo abdominal partido ao meio e alguns insistentes quilinhos a mais. Isso tudo, pra quê? Pra criança nascer a cara do pai!

Tudo bem que ela seja parecida com o pai. O pai é lindo. Mas daí vem alguém te dizer que é a FOTOCÓPIA do pai, que ela não tem NADA a ver comigo. E esse alguém, quem é? Ele mesmo, o pai. Ainda bem que a maternidade é incontestável, né? Pior seria se fosse o contrário. Pobre padeiro...

Pior é que é verdade. Minha mãe comparou as fotos da Emília com as fotos minhas e dos meus irmãos bebês, numa inútil tentativa de achar alguma semelhança. É. A mocinha puxou mesmo foi o pai.

E o Rafael, tentando me consolar: "Amor, ela puxou seu sexo! O sexo é grande parte da personalidade de alguém."

Mas aí alguém disse: "Ela tem a sua orelha". Hem?? Orelha? Jesuis, quem é que repara em orelha, a menos que seja de abano?? (Aliás, amo bebês com orelhinha de abano, tipo Dunga dos sete anões! Coisa fofa!). Nem dei bola. Conta outra, vai, fala que ela tem o meu branco do olho.

Mas eis que ontem estava amamentando e reparei que a orelha da Emília estava virando orelha de adulto. Mais durinha, cheinha e branquinha. E olho bem. E reparo nas orelhas do marido. NADA a ver. Meu deus. A orelha é minha!

Vejam só se não é verdade...



Orelha de papai.



Orelha de mamãe.



Orelha de florzinha.

É ou não é minha filha??

quarta-feira, 17 de março de 2010

Meus ideais

Estou devendo há um tempão um post sobre as fraldas de pano e outras coisas que eu pretendia usar ou fazer. Demorei porque com poucas semanas de vida da minha filha não dava ainda para chegar a conclusões sobre tudo. Nunca dá, né? Mas, por enquanto, segue aí um resumo dos meus ideias pré-parto e de como eles têm se concretizado na prática.

Fraldas

Sim, estou usando fraldas de pano a maior parte do tempo. As descartáveis ficam para a noite, passeios e ocasiões em que todas as de tecido estão sujas ou molhadas.

Tanto as nacionais (Fralda Bonita) quanto as importadas (estou usando BumGenious e tenho uma amiga que usa Fuzzi Bunz) funcionam bem. Detalhe: se você optar pelas fraldas tamanho único, ajustáveis, provavelmente será necessário que o bebê cresça um pouco antes de usar. Como as perninhas ainda são magras, elas não enchem o buraco e as fraldas vazam. Com um mês e meio, as fraldas já estavam bem justinhas nas coxas da Emília e os vazamentos acabaram. Já minha amiga das Fuzzi bunz teve de esperar a filha completar 3 meses pra conseguir usar as fraldas.

Foram necessárias também algumas lavagens até que o tecido começasse a absorver bem. Ele vem com uma goma.

Quanto à lavagem, estou fazendo o seguinte: as de xixi, ponho direto no cesto, sem passar água ou deixar de molho. As de cocô eu tenho que esfregar bem antes de colocar de molho. Duas vezes por semana a diarista vem e lava tudo na máquina. Eu tento lavar mais uma vez no meio da semana pra não faltar, mas nem sempre consigo e aí entram as descartáveis.

Elas demoram uns dois dias pra secar (porque as minhas não são desmontáveis; minha irmã não achou pra comprar). Quando preciso usar e ainda estão úmidas, coloco na secadora em baixa temperatura.

Dá trabalho? Dá um pouquinho. Quando vou pra casa da minha mãe, por exemplo, levo algumas de pano (que ocupam mais volume na bolsa que as descartáveis) e tenho de trazer no fim do dia um saco cheio de fraldas sujas. As de cocô, tem de esfregar. E, apesar de elas serem seguras para passeios curtos, porque absorvem muito bem, quando estão cheias de xixi você sente o cheiro (cheirinho de desfralde, minha gente! Aaaah aquela caminha molhada!).

Mas, para mim, está valendo a pena. Com a economia em descartáveis, em breve as fraldas de tecido estarão pagas. Além disso, é muito reconfortante deixar de jogar fora diariamente dois sacos cheios de lixo não biodegradável. E ainda confio na história que contam por aí de que com as fraldas de tecido o desfralde é mais fácil. Isso ainda veremos.

Chupeta

Emília continua sem chupeta. Até agora, não precisou. Quando chora, sempre é algo que não se resolve com chupeta: fome, dor, cansaço. Em relação ao sono, ocasião em que a chupeta poderia ser uma aliada, estamos bem. À noite, ela normalmente dorme depois da última mamada. Quando isso não acontece, basta ficarmos com ela no colo, sentadinhos na poltrona, cantando por no máximo meia hora até ela adormecer. É um momento raro e gostoso.

Quanto ao sono diurno, as coisas melhoraram. Pensei nos comentários da Roberta e da Ana e bolei uma estratégia pra facilitar as sonecas: não fazer absolutamente nada. Como eu disse, ela está numa fase de muita atenção. Tudo é estimulante. Mas algo que aparentemente a estava distraindo do sono era a minha presença. Então passei a "abandoná-la" toda vez que dá sinais de cansaço. Coloco o carrinho num canto mais escurinho e deixo lá. Fico só escutando e olhando com o rabo do olho, tomando cuidado pra ela não me ver. Muitas vezes funciona. O importante é que, mesmo quando não dorme, ela tem andado muito feliz e bem-humorada.

Quando a chupar o dedo, ela ainda não descobriu o indicador nem o polegar. Coloca a mão inteira na boca, normalmente quando está ficando com fome. Emília gosta de chupar a mão também quando está de bruços, porque ela fica bem em frente à boca nessa posição. Ontem, estava voltando da casa da minha mãe quando ela começou a resmungar no carro. Coloquei minha mão dentro da cadeirinha pra acalmá-la. Não sei onde ela arrumou consciência corporal para fazer o que fez, mas puxou minha mão em direção à boca com o bracinho e começou a comer meu dedo vorazmente. Aí alguém poderia pensar: "Tá vendo, uma chupeta nesse caso faria ela aguentar até em casa." Mas fome é fome, e chupar coisas de onde não sai leite logo acaba em frustração. Deixei minha tubarãozinha devorar minha mão, mas já sabia que o contentamento não ia durar. O desespero era grande, e em uns cinco minutos ela abriu o berreiro que só acabou quando cheguei em casa e dei o peito.

Enfim, se um dia ela começar a chupar muito o dedo, e o pediatra avaliar que isso está prejudicando a arcada dentária, poderemos avaliar a necessidade da chupeta. Por enquanto, estamos muito bem assim.

Sling

Não rolou assim, logo de cara. Mas insisti, peguei o jeito e hoje a Emília fica bem tranquila no sling. No fim das contas, sling não substitui carrinho nem colo. Há momentos ideais pra cada um.

Prefiro o carrinho quando vou andar longas distâncias, quando vou ficar em pé durante muito tempo ou quando vou a um lugar onde a Emília pode querer dormir. Prefiro que ela durma sempre no carrinho, pra não associar sono a colo.

Prefiro o sling quando a distância não compensa o trabalho de levar o carrinho, especialmente se o deslocamento incluir viagem de carro. O sling é perfeito também para realizar algumas atividades que exigem que as mãs estejam livres. Por exemplo: hoje fui visitar uma academia (vou começar a malhar, minha gente! Mas isso é assunto pra outro post) que fica numa sobreloja. É uma baita escadaria. O sling foi perfeito. Aproveitei o passeio pra olhar umas roupas na loja ao lado, e podia passar os cabides tranquilamente com a Emília penduradinha.

Prefiro sair com a Emília no colo quando o passeio é muito curto e quando poderá ser necessário trocá-la de colo. No sling é mais complicado ficar colocando e tirando o bebê para, por exemplo, ir ao banheiro. Então quando sei que é só sair do carro e ir ali, eu e o Rafael revezamos com a Emília no colo mesmo.

Por enquanto é isso... meu outro ideal era começar a me exercitar o quanto antes após o parto, mas, como eu disse, fica prum próximo post!

segunda-feira, 15 de março de 2010

O salto

Esse sábado minha diarista faltou ao trabalho porque o filho de 13 anos estava no hospital. Fratura no crânio e no braço. Ela veio no domingo e me contou o ocorrido: na escola, uma menina estava descendo a escada de salto alto, tropeçou e saiu arrastando todo mundo escada abaixo. Três pessoas se machucaram, e o caso dele foi o mais grave.

Leio muito em blogs por aí críticas às Suris Cruises da vida, que começam a usar salto mal aprendem a andar. Mas meninas de 13 anos também não deveriam estar usando salto alto, muito menos na escola.

Primeiro, o problema da erotização precoce. O salto é fetiche, é sexy, é coisa de mulher - não de menina. Não dá pra correr, não dá pra brincar de saltinho.

Mas tem também os não menos sérios problemas da segurança e da saúde. Da segurança, não preciso falar. A história da minha diarista já fala o bastante. Quanto à saúde, o uso constante de saltos de mais de 4cm desloca o peso do calcanhar para as pontas dos dedos, causando joanetes, lesões nos ligamentos e outros problemas ortopédicos - isso em adultos. Em crianças, que ainda não estão com o esqueleto formado, as consequências são piores, principalmente sobre a coluna.

A maioria dos leitores deste blog são mães/pais de crianças pequenas, mas a gente sempre pensa no futuro. É bem fácil falar: minha filha de 3 anos não usa salto. Mas e quando ela tiver 10, 12 anos, insinuando virar moça, e quiser sair desfilando de salto por aí?

O certo é: salto, só depois que o esqueleto estiver completamente formado - e, mesmo assim, com moderação. Não digo que vou proibir minha filha de subir uns 4cm numa festinha ou coisa assim. Mas sair tortinha pra escola, jamais!

E aviso às mamães também: salto de mais de 4cm faz mal. Se for fino, se não for centrado no meio do calcanhar e se o sapato tiver o bico fino, os problemas só se agravam. Tem um texto muito legal aqui sobre os cuidados que devem ser tomados pra evitar lesões.

Claro que é muito bom estar poderosa de vez em quando (principalmente pra quem é cotoca como eu). Mas se você revezar o salto com sapatilha pra ir ao trabalho, seu esqueleto vai agradecer.

OBS.: Minha diarista disse que o salto é proibido na escola, mas que as meninas usam mesmo assim.

sábado, 13 de março de 2010

O bi, o trio e a tetra

Ontem Emília completou dois meses. De presente, ganhou uma visita ao posto de saúde e três vacinas: pólio, rotavírus e tetravalente.

Um dia antes do "mesversário", Emília nos presenteou com dois marcos de desenvolvimento. Primeiro, segurou firme seu primeiro objeto, um brinquedinho simples de plástico. Até então, só tinha agarrado panos e o nosso dedo. Ela ainda não pega o objeto sozinha; eu pus na mão dela. Mas antes ela nem segurava.

Outra gracinha que ela fez foi ficar com a cabeça erguida um tempão quando a colocamos de bruços. Ela já levantava a cabeça e virava pros lados, mas nunca tinha conseguido segurar a posição por tanto tempo.

Aliás, o negócio dela agora é ficar com a cabeça levantada. Quando está no colo, não apoia mais a bochecha no nosso ombro. Fica com o pescocinho esticado, espiando este mundão. Com isso, o golfo passou a cair no chão, no nosso braço e, não sei por que, no bolso da bermuda. Ela adora golfar no meu bolso, parece até que mira. Nessa posição, ela me lembra um suricato, um bicho que parece que foi feito pra ficar de quatro mas gosta mesmo é de ficar em pé!

Dois meses, três vacinas. Primeiro, a gotinha. Ela fez uma cara nunca dantes vista, leia-se: "eca, eca, eca, que trem horrível!". Diz o Rafael que ela até chorou um pouquinho; não me lembro. Depois, tomou gelzinho de rotavírus. Esse parece que não era ruim. Muito bonitinho ela lambendo o negócio e engolindo aos pouquinhos. Mais uma expressão nova.

Depois, a marvada. A tetra. Quatro bactérias. Parece que não doeu muito (pelo menos não tanto quanto a vacina da hepatite), mas a enfermeira avisou: essa vacina costuma dar reação, então se já quiserem passar na farmácia e comprar um paracetamol...

Resolvi esperar. Vai que não dava reação, né? Eu que não queria medicar meu bebezinho à toa. Chegamos em casa, Emília super feliz e sorridente. Mas eu já devia desconfiar que algo estava errado, porque passaram três horas desde a última mamada e ela nada de reclamar. Resolvi dar o peito, ela mamou e dormiu (dormiu, viu, pessoal? Percebam a segunda coisa errada).

Depois de uma meia hora, ela acordou chorando diferente. Dei colo, ela pegou no sono de novo (erradíssimo!). Dormiu mais outra meia hora, e pensei: "ok, ela vai chorar e dormir, chorar e dormir. Só vou dar o remédio se ela tiver febre. Por enquanto, vou administrando com o colo." Mas depois dessa soneca, o berreiro ficou inconsolável (já era meio dia, e ela tinha sido vacinada de manhã cedo). Ofereci o peito - já fazia duas horas desde a última mamada, intervalo padrão dela -, e ela necas de querer. Liguei pro marido e pedi pra ele passar na farmácia.

Por volta das 13h, demos o paracetamol e o efeito parece que foi imediato (terceiro novo sabor do dia e da vida de Emília: remedinho de cereja - eca!). Ela melhorou demais, até riu. E ficou calminha a tarde toda, sem dar trabalho. Mais uma coisa errada. Sem dar trabalho, entenda-se: sem querer mamar, sem fazer xixi (o que não entra, não sai), mole, mole, só deitada, abrindo e fechando os olhos, dormindo a maior parte do tempo. Emília virou uma boneca de pano.

E eu fiz esforço pra ela mamar, menos por causa da fome (ela tem reserva de gordura) que por medo de desidratação. E mamou, ainda que em intervalos de até quase 4h. No fim do dia, ela deu um mamadão de quase meia hora pra tirar o atraso, e mamãe aqui ficou felizona: apetite é igual a vontade de viver.

Mas aí o efeito do remédio foi passando e ela foi piorando. Marido já em casa, notamos que ela estava quentinha. Desembalamos o termômetro e confirmamos a febre: 38o. Mas fazer o quê? Ela já estava medicada; tiramos a temperatura só pra acompanhar a melhora.

Achamos que a noite ia ser difícil, mas não foi. À uma da manhã, o Rafael foi lá dar o remédio. Ela chorou, mas voltou a dormir logo em seguida. Quase 4h ela acordou com fome (ótimo sinal!), mamou bem, sugando forte, e voltou a dormir. Hoje de manhã ela ainda chorou um bocadinho, um choro que parece pneu derrapando (quantas novidades! novos sabores, novas caras, novos choros!), mas a temperatura começou a baixar. O apetite ainda não está voraz como antes, mas está voltando. E ela também está mais firminha, com a cabecinha erguida por sobre o nosso ombro, explorando o mundo!



Bem-vinda de volta, minha suricatinha!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sono diurno

Emília dorme à noite. Maravilha, não? Mas mamãe adoraria que Emília tirasse uns cochilinhos de dia. Pra conveniência de mamãe? Também, por que não? Mamãe adora dormir à tarde. Mas Emília não dorme de dia não porque não tenha sono. Ela boceja várias vezes, pisca os olhos, esfrega as mãos no rosto, se estiver no carrinho, e esfrega o rosto no nosso ombro, se estiver no colo. Às vezes, se o cansaço for muito, acaba chorando. Mas tem tanta coisa mais interessante pra fazer que dormir, né, meu amor?

Então estava eu diligentemente tentando ajudar minha filha a descansar. 2min de soneca e lá estão os olhões abertos. Ai, que teto legal! Ai, que pano legal! Ai, que mamãe legal! Rendi-me. Ela estava boazinha, podia até ficar só no carrinho. Mas quem é que dorme com um bebê acordado ao lado? Daí resolvi tentar enganá-la. Vem pra cama com mamãe, vem! Mamãe vai te ensinar a dormir.

Então estamos nós, deitadas uma de frente pra outra. Um sorrisinho daqui, um bocejinho de lá. Bocejamos as duas. E piscamos os olhos. Abre, fecha, abre, abre, fecha, abre, fecha, fecha, fechoooou... Que esperta! Viu mamãe e fez igual. E lá estava Emília, linda dormindo ao meu lado.

Então resolvo descansar eu também. Viro de barriga pra cima e começo a contar os carneirinhos. Lá pelo décimo carneirinho, sinto um cutucão no braço. Um cutucão! Pensei, ainda de olhos fechados: "ela deve estar agitando os bracinhos e acabou me acertando". Viro de leve a cabeça e abro um dos olhos pra conferir a situação. E lá está ela, com os olhos esbugalhados e a maior cara de desolada: "Poxa, mamãe. Não me deixe só."

Não aguentei. Caí na gargalhada. E o que ela fez? Caiu na gargalhada também. "Haaaaahaha!! Adorei de brincar de piscar!! Agora chega, né, mamãe! Vamos fazer alguma coisa mais legal!"

Eu posso?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sobre puns e arrotos

Sem fugir muito à sempre presente temática do cocô, andei pensando sobre as questões digestivas da Emília. Exceto as vacinas e as cabeçadas que ela dá no meu queixo, problemas gastro-intestinais são a única fonte de dor da Marquesa. É aquele choro do fundo da alma, que rasga nosso coraçãozinho mais que qualquer canção do Rei Roberto.

Por isso fico mais que feliz em ouvir aquele arrotão de macho bêbado, ou aquele "fuuuiinnn" do pum. Gases são bons fora da gente, não dentro. E aí comecei a reparar nos meus próprios movimentos digestivos. Eco. Eu achava que não arrotava (mentira, na gravidez eu arrotava pacas). Achava que não peidava (mentira, na gravidez e no pós parto a coisa ficou meio descontrolada, não perdoava nem elevador!). E reparei que, de vez em quando (de vez em sempre), um gasinho sobe mesmo da barriga. Que coisa. E também, de vez em quando, outro gás inodoro e inaudível desce. Mas, como diria um certo livro, tudo certo: até as princesas soltam pum. E fiquei achando tudo aquilo muito lindo. Como a liberação dos gases nos faz sentir tão leves e contentes!

Daí que, por não querer ver minha filha sofrer, cada vez que ela libera um gás, canto por dentro, com a mais sincera alegria, uma música de autoria de um certo artista cearense: "Peide, peide, peide/ não se reprima!"

sábado, 6 de março de 2010

Cyber Emília



Muito legal este blog, mamãe. Essa Emília deve ser mesmo uma lindona. Gostei.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Os cinco sentidos

O som. Deveria ser a primeira sensação. O choro que não ouvi. E meus olhos, num reflexo, viram aquele serzinho branco, coberto de sangue, erguido por mãos desconhecidas, bem no alto, como um troféu. Esperei, e meus ouvidos receberam a música tão desejada. O choro era o dela.

Não sei quanto tempo depois - o tempo seguia diferente naquele momento confuso -, recebi-a em meus braços. Rígida pelas mantas nas quais estava envolta, protegida contra uma eventual falta de jeito da recém-mãe, trêmula. Vi seu rosto inchado, seus olhos bem abertos. Olhei-a fundo nos olhos, enquanto escutava sua respiração chiada. Não pude tocar sua pele, mas beijei-lhe o rosto sujo repetidas vezes antes de devolvê-la à pediatra.

O tato. Deveria tê-la sentido logo no primeiro minuto. Mas foi só no dia seguinte que toquei seu corpinho nu, só de fralda. Ela parecia contente na encubadora, mesmo cheia de tubos nas mãos e eletrodos no peito. Os olhos bem abertos e a boca pronta para sugar.

O paladar. O dela. Molhei seus lábios com algumas gotas de colostro, antes de colocar meu seio em sua boca. Foi difícil no começo. Nós duas estávamos aprendendo. Mas a cada contato, íamos nos conhecendo.

Depois ela me foi entregue definitivamente. E compreendi que o cheiro de bebê, o cheiro do nosso bebê, é a coisa mais inebriante do mundo. Já tinha ouvido falar desse cheiro. Já tinha sentido não tão de perto o odor mais suave de outros bebês. Mas o cheiro dela era o aroma perfeito para despertar em mim a mais profunda paixão. Ele infesta tudo. Entro na área de serviço, e as roupas dela exalam um aroma muito mais forte que o de sabão de coco. Me debruço sobre o carrinho para tocá-la, e é como se enfiasse o nariz no miolo de uma flor.

E a cada dia, novas sensações. Seu sorriso. Eu sorrio, ela sorri. E sorrio outra vez. Vejo seus olhinhos se apertando, as bochechas se inchando, a boca bem aberta, a gengiva sem dentes, a língua virada. E um sentimento de bem-estar me invade.

E às novas expressões, vêm somar-se os novos sons. Os ruídos indescritíveis, que nosso alfabeto não consegue reproduzir, e que enchem nossa alma de prazer.

É delicioso sentir minha filha.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Impossível não errar

Esta semana estou meio monotemática. Fazer o quê; é isso ou voltar a falar de cocô.

É que, estendendo o assunto "ninguém nunca está satisfeito com a roupa do seu filho", pensei numa série de decisões maternas que sempre vão ser criticadas, de um jeito ou de outro:

Parto:
Se você fizer normal, vai morrer de dor, seu filho vai nascer com a cabeça cônica, sua bexiga vai cair e o sexo nunca mais vai ser o mesmo.
Se fizer cesárea, você é uma desinformada, vítima do sistema médico. Vai ficar internada uma semana e seu filho vai ter asma.

Sling:
Se você usar, seu filho vai ficar com a coluna torta, vai asfixiar e corre o risco de ter traumatismo craniano caindo no chão.
Se não usar, você não é descolada, é uma vítima da indústria infanto-automobilística e seu filho vai ficar traumatizado por não sentir o calor do seu corpo e as batidas do seu coração.

Brinco:
Se você furar a orelha do bebê, você é um monstro que está agredindo uma pequena criatura indefesa. O barulho vai estourar os tímpanos da criança e a tarrachinha vai tirar sangue do pescoço dela.
Se não furar, vão achar que ela é menino. Depois, ela vai sofrer dores profundas pra furar e vai te xingar porque todas as sua amiguinhas usam brinco.

Chupeta:
Se você der, seu filho vai ficar com a dentadura igual à do Freddie Mercury, nunca mais vai mamar e não vai querer largar a chupeta até os 15 anos.
Se você não der, seu filho não vai parar de chorar, nunca mais vai dormir, e seu braço vai cair de tanto embalar.

Mamadeira:
Se você der, seu filho vai ficar com a dentadura igual à do Freddie Mercury, nunca mais vai mamar, vai ficar cheio de alergias e provavelmente vai morrer de câncer.
Se você não der, nunca mais vai ter vida própria, seus peitos vão cair e seu marido não vai mais te querer.

Amamentação:
Se você amamentar até depois de um ano, nunca mais vai ter vida própria, seus peitos vão cair, seu filho vai arrancar seus mamilos com os dentes e depois vai ficar com complexo de édipo.
Se você tirar o peito antes de um ano, seu filho vai ficar cheio de alergias e provavelmente vai morrer de câncer.

Alimentação:
Se você permitir o consumo de porcarias, seu filho vai ficar obeso mórbido e provavelmente vai morrer de câncer.
Se não permitir, seu filho nunca vai saber o que é bom, vai ser infeliz e traumatizado.

Disciplina:
Se você bater, você é uma covarde e seu filho vai sofrer traumas eternos.
Se não bater, seu filho vai virar um delinquente.

Televisão:
Se você deixar seu filho assistir, ele vai virar uma máquina consumista, começar a falar um monte de palavrão e nunca mais vai ler um livro.
Se não deixar, ele vai ficar alienado e traumatizado. Quando, daqui a 20 anos, os jovens da geração dele estiverem discutindo: "Cara, lembra da caverna do dragão? E da Porta da Esperança? E da nave da Xuxa? E do Mister M?" (com as devidas atualizações, é claro), ele vai ficar boiando e vai te odiar pro resto da vida.

No fim das contas, de todo jeito seu filho vai morrer ou sofrer traumas eternos, igual ao Roberto Carlos.

terça-feira, 2 de março de 2010

Aula de etiqueta

Depois do post e dos comentários de ontem, resolvi estender o tema dos palpites e propor regras simples de etiqueta no trato de mães com bebês. Não sei se todas vão concordar, mas pra mim o mundo seria bem mais agradável se todos agissem com certa noção.

Fiquei pensando que um dia nós também, jovens mães, seremos velhas corocas e olharemos com desdém as mães da nova geração. Imagino um bebê no seu carrinho voador e nós, balançando a cabeça: "Tadinho, vai ficar enjoado nesse troço."

Mas enquanto os pequenos estão sob a nossa tutela, é a gente que manda!

1) "Não me pegue não, não, não, me deixe à vontade..."

Evite pedir pra pegar os filhos dos outros em lugares onde outras pessoas vão querer fazer o mesmo. Por exemplo: você leva seu filho pela primeira vez na igreja, um mezinho de vida. Uma (porque são sempre as mulheres) pega. Ok. Aí a outra pede. Ok. Aí a terceira. E o bebezinho começa a fazer aquela cara, meio sei entender o que está acontecendo. Na quarta, já começa a reclamar. E em poucos minutos você tem uma criança hiperestimulada, com um choro desconsolado. Só nos resta sumir com a cria.

Enfim, não participe da corrente que faz o neném passar de mão em mão. Se fizer questão de pegar, espere o momento ideal, em que mãe e bebê estejam dispostos. Também evite ficar monopolizando a criança; colo tem limite. E jamais diga: "A fulana é tão possessiva, não deixa ninguém chegar perto do bebê. Vai ficar uma criança grudenta, dessas que não saem da barra da mãe." A fulana vai querer treinar tiro ao alvo na sua cara.

2) Higiene

Ontem minha linda irmã deu um excelente exemplo de como não higienizar as mãos para pegar o bebê. Emília precisando ficar um pouco na vertical, ela se oferece para o trabalho. "Ah, mas eu preciso lavar as mãos antes", diz ela, sabiamente. Ofereço álcool gel, mais prático e rápido. Ela passa o álcool, depois sopra as palmas das mãos e esfrega na calça que usou o dia inteiro. Ainda bem que o germes dela são familiares...

E lembre-se: o PIOR lugar para você pegar num bebê são as mãos. É a mão que ele enfia na boca o dia inteiro. Aí você espirra, pega no corrimão, pega na maçaneta, pega na mão do bebê e, vupt! Toda a nojeira pra dentro da boquinha. Então, se for pegar nas mãozinhas do bebê, não deixe de lavar muito bem as suas antes. Tipo aquela lavagem dos cartazes da gripe suína, please.

3) Temperatura

Como disse a Lili nos comentários de ontem, pode te dar uma tremenda agonia vem um neném todo encapotado no calor deste verão. Mas a mãe é quem sabe. Depois que a Emília nasceu, descobri que, assim como os adultos, os bebês têm sensações térmicas diferentes. Uns são mais calorentos (como a Emília), outros mais sensíveis ao frio. Às vezes o neném que tá empacotado nasceu pré-maturo, tem asma, sei lá. Daí que é perfeitamente normal que em um mesmo ambiente alguns bebês estejam de mantinha e outros de pernas de fora, todos contentes com sua temperatura. E se não estiverem, não é problema seu. Enfim, não se meta.

4) Choro

Todos os bebês choram. Os que não choram são mongoizinhos, como diz minha irmã. Então é bem possível que um bebê chore em público. Então, lembre-se:

- Ninguém está tão incomodado com o choro do bebê quanto a mãe; ela, mais que ninguém, quer ver seu filho bem. Então não pense que ela não está fazendo nada a respeito.
- A mãe não está torturando o bebê.
- Você não sabe resolver o problema do bebê, então mantenha distância.
- Se você tentar ajudar, pode deixar a mãe tensa. O bebê sente a tensão e chora mais ainda.
- Se o bebê começar a chorar nos seus braços, entregue-o imediatamente para a mãe, a menos que ela te oriente de outra forma. Por exemplo, às vezes encorajo meus irmãos a não se desesperarem com um pequeno resmungo. Pode ser só um desconforto gástrico, então recomendo que fiquem com ela na vertical. Muitas vezes resolve, e eles se sentem mais seguros.

5) Posso..?

Sempre que for fazer qualquer coisa em relação ao bebê - tocar, pegar, oferecer um brinquedo -, peça autorização. A mãe saberá dizer se o momento é adequado. Um bom exemplo: Emília estava no carrinho e o hipopótamo dela estava pendurado pra fora. Meu irmão perguntou: "Posso colocar o hipopótamo pra dentro?" Respondi: "Não, eu justamente acabei de colocar ele pra fora porque ela estava ficando meio agitada". Depois, eu trocando a fralda, ele pergunta: "Posso ajudar?" Eu digo: "Claro, pode trocar que eu te oriento". Um gentlement esse meu irmão.

E se você pergunta se pode pegar na mãozinha antes de fazê-lo, dá tempo de a mãe dizer: "Claro, só lave as mãos antes."

6) Visitas

Todo mundo já leu no e-family, do guia do bebê da uol, no site da crescer, todas aquelas regras pra visitar bebês: só depois de um mês, só fique meia hora, blablabla. Não acho que essas regras sejam universais. Eu, por exemplo, fui abençoada com uma criança super tranquila e já na segunda semana chamei algumas pessoas mais íntimas pra visitar. Também recebi visitas um pouco longas que não incomodaram em nada. Tudo depende no momento.

O que eu acho importante para garantir uma visita agradável é:

- consulte os pais sobre o melhor horário para as visitas. Ver Emília a partir das 18h é perda de tempo. Nesse horário, ela costuma dar um mamadão. Às 19h, já começamos a diminuir o movimento e as luzes da casa, e às 20h mais ou menos é hora do banho. Tem crianças que dormem mais tarde. Enfim, pergunte.
- sinta se o bebê está bem ou não. Se ele estiver irritado e você perceber que os pais estão precisando lhe dedicar mais atenção, abrevie a visita. É muito ruim administrar um bebê nervoso e uma visita ao mesmo tempo.

7) Se conselho fosse bom...

Quando você estiver com a língua coçando pra fazer uma sugestão brilhante que garantirá a alegria do bebê, resista ao Tinhoso. Quando você tiver certeza que o bebê está sofrendo, contenha-se. Uma amiga ontem me contou que estava no shopping, segurando a filha numa posição inusitada que ela adora. Aí veio uma ilustre desconhecida e a repreendeu: "Segura essa menina direito!"

E lembre-se:

- Niguém conhece melhor o bebê e suas necessidades que a mãe e o pai. Mesmo que sejam pais de primeira viagem, eles sabem cuidar do próprio filho melhor que ninguém. E é só na prática que eles vão aprendendo.
- Mesmo que você seja experiente, mãe de vários filhos, o seu jeito de criá-los não é o único válido. Cada criança é diferente e cada pai e mãe têm valores e princípios distintos. Então não pense que você faria melhor. Se você teve seus filhos, eles cresceram e você está com saudades, segure a onda: agora é a vez da outra. E lembre-se de que um dia você também foi mãe de primeira viagem, e provavelmente também ficou incomodada com outras pessoas te dizendo como cuidar do seu filho.
- Por mais que você seja apaixonada pela criança, ninguém, nem vó, vô, tia, tio, ama mais o bebê que a mãe e o pai. E ninguém mais que eles quer ver a criança feliz.

E, se no fim das contas, você continuar achando que os pais não merecem a criança, que ela vai morrer na mão da mamãe bruxa, chama o juizado!!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Metamorfoses

Sabe aquela pessoa adorável, paciente, sorridente, que ficou nove meses entorpecida pelos hormônios do bem estar – a única que vocês conheceram, já que quando comecei este blog eu já estava grávida? Ela se foi.

Apresento a vocês a velha Lia, rabugenta, irritável e com tendências homicidas. Tudo potencializado exponencialmente pelos hormônios do leite – esses, sim, do mal.

Lendo este post da Roberta e este da Dannah, me inspirei a declarar meu ódio contra palpites, comentários e outras intervenções indesejadas. Na gravidez, elas não me incomodavam tanto. Agora, vontade de esganar.

Momento ódio: saindo do pediatra, Emília pede pra mamar e decido resolver o problema ali mesmo. No fim da mamada, ela começa a chorar, perder a pega, bater a cabeça (isso acontece às vezes; ela tem de arrotar e às vezes golfa um pouquinho antes de continuar com calma. Quando está cansada, também fica mais nervosa quando perde a pega). Aí vem uma mulher de jaleco branco, enfermeira ou sei lá o quê, enfia a cabeça no meio dos meus peitos e diz: “Que confusão, hem mãe?” Tivesse eu um revolverzinho...

E me digam por que a população mundial jamais está satisfeita com as roupas que você põe no seu filho? Dia de sol escaldante, coloco Emília num vestidinho virtual, que mais parece aquelas camisolas de hospital – todo aberto atrás. Aí a pobre com o cabelo molhado de suor, vem alguém e diz: “Ela está com frio”. Respondo: “Tá não, ela tá suando”. E a pessoa insiste: “Ela está com frio, sim.”

Dia nublado e com vento, ponho um body de manga curta (porque o frio ainda não chegou), uma calça fresca, meias e um sapatinho. Emília chorando, e o diagnóstico: “Ela está com calor.” Posso?

Por isso tenho pavor que minha filha chore em público. Sempre tem um espertinho que sabe exatamente a solução do seu problema. Ou aquela pessoa X, que eu nunca vi mais gorda e que pede: “Posso pegar?”. Vontade de responder: “Sim, claro, e pode sair correndo, sequestrar e vender minha filha pro mercado negro do tráfico de crianças.”

E por isso ainda prefiro o olhar desesperado do meu irmão e da minha concunhada, achando que papai e mamãe sabem de tudo, me perguntando: “Mas o que é que ela tem?”

É, pessoal. Papai e mamãe não sabem tudo, mas é nóis mesmos que vamos descobrir sozinhos!

E pros outros: ROOOOOAAARRR!!

+++

Eu era assim:



Fiquei assim:



E agora estou assim:


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