domingo, 31 de janeiro de 2010

Relato de parto - Parte II

Segue a continuação do post de ontem. Amanhã tem a parte final.

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Chegamos à internação um pouco antes dos meus pais. A médica chegou em seguida. Preparamos a papelada e seguimos pro quarto, a médica, eu, Rafael e minha mãe. E fomos fazer o exame de toque. Em vez de 5, eu tinha 3cm de dilatação. “Internamos cedo”, ela disse. Mas preferiu não me mandar pra casa, esperando que dali pra frente o trabalho de parto começasse a andar. Deu uma cutucada no colo do útero pra ir descolando a bolsa e disse que eu podia até dormir se quisesse.

Ficamos lá até 12h esperando a médica voltar, tudo muito devagar. As contrações não aumentavam nem em freqüência, nem em intensidade. Eu sabia que quando ela voltasse não haveria grande progresso. E assim foi. 4cm. Mais uma cutucada na bolsa. Ela comentou que as coisas estavam lentas, mas que estavam caminhando. Perguntou se eu queria bola, cadeirinha, essas coisas. Eu disse que sim. Fiquei andando pelo corredor da maternidade e lá pelas 13h encontrei com uma enfermeira: “Você que está tentando parto normal, né? Já, já vou pro seu quarto pra fazermos uns exercícios”. Achei ótimo. Uma meia hora depois ela aparece no quarto com as coisas e um aparelho de som. “Agora sim, parece um quarto de parto normal”, ela disse. Mas antes que começássemos com os exercícios, a médica retornou. Eram 14h. Nem uma evolução, os mesmos 4cm. Então ela rompeu a bolsa. E foi aí que comecei a ficar com medo.

O líquido estava bem verde, com um cheiro forte. Mecônio. Ela olhou e não gostou. Eu não entendi nada – na hora esqueci que o líquido era pra ser incolor, com cheiro de água de coco. “E agora?”, perguntei. Agora, não tínhamos muito tempo. Se o trabalho de parto continuasse nesse ritmo, uma cesariana seria indicada. “Mas não dá pra fazer nada?”, perguntei? E nem me lembro se fui pro chão, pra bola, sei que comecei a chorar e dizer: “Eu não quero fazer cirurgia!”. E nisso o Rafael chorando junto, e minha mãe, e a pobre da enfermeira só olhando. Não sei se elas conversaram alguma coisa, só sei que a médica disse pra eu ficar fazendo os exercícios por algumas horas e depois ela retornaria para reavaliarmos a situação. Deixou a enfermeira encarregada de monitorar os batimentos cardíacos do bebê e a situação do líquido amniótico. As duas pareciam já se conhecer bem, e a médica disse saber que eu estava em excelentes mãos. E estava mesmo.

Aí começou meu trabalho de parto ativo, às 14h. A enfermeira foi um verdadeiro anjo. A primeira coisa que fez foi me pôr no chuveiro pra eu me acalmar. Eu dizia que não ia dar tempo, que meu parto não estava evoluindo. Ela dizia que tudo ia dar certo, que ainda estava cedo e que nós íamos progredir. Andou comigo não apenas pela maternidade, mas pela ala dos velhinhos, agachando comigo a cada contração e me ensinando onde eu devia fazer força. Andávamos, voltávamos pro quarto, usávamos a bola, a cadeirinha, íamos pro chuveiro. De vez em quando eu deitava de lado, sempre fazendo força. Mas a minha sensação é de que nada estava acontecendo, mesmo com as contrações ficando mais fortes.

Em certo momento, o líquido que saía piorou de aspecto. A enfermeira olhou com cara de preocupação e resolveu ligar pra médica. Voltou e disse: “Vamos continuar tentando; ainda temos um tempinho.” E ficamos a tarde inteira trabalhando pra Emília descer mais rápido. Ela perguntava: “Quer descansar um pouco?” Eu: “Vai atrasar o trabalho de parto? Então, não.” Eu: “pode empurrar mais?”. Ela: “se quiser...” E eu não parava de empurrar.

Enquanto isso, o líquido foi clareando, o que deixou enfermeira e médica menos preocupadas e nos deu algumas horas a mais. Quando a médica retornou no fim da tarde, eu tinha pouco mais de 7cm de dilatação. “Olha, suas contrações estão ótimas. Só que o canal está impedindo ela de descer. Ele está muito rígido.” Nessas alturas do campeonato eu já pensava: “Se tiver de fazer cesárea agora, pelo menos vou saber que tentei até o fim”. Mas ela propôs: “se você quiser realmente fazer o parto normal, sugiro uma analgesia”. Seria uma dose pequena, pra durar só uma hora e agir só sobre o relaxamento do canal. Topei na hora. Tudo pelo parto normal. “Você quer uma cadeira de rodas ou prefere ir andando até a sala de parto?” Andando, claro. Sala de parto. Nem acreditei. Pra mim, faltavam séculos pra eu chegar nesse estágio, mesmo já sendo quase 19h. “Com a analgesia, acho que esse canal amolece e ela nasce em 1h”. Uma hora. Meu Deus. Como fiquei feliz. E ouvi a médica dizer pra alguém: “Prepara a sala de PARTO NORMAL”. Ai, meu Deus. Foi bom demais. E lá fomos nós, andando, eu agachando a cada dois minutos na ala dos velhinhos, pingando sangue e líquido amniótico (e só não pingava cocô porque não tinha mais). E tive de pegar elevador, pensem! A enfermeira disse: “Capaz que essa menina nasce no caminho!” E eu: “Ôoooo ia ser ótimo.”

sábado, 30 de janeiro de 2010

Relato de parto - Parte I

Terminei meu relato de parto, longo como ele. Segue a 1a parte.

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Segunda-feira, 11 de janeiro, tinha sido um dia agitado. De manhã eu tinha ecografia marcada e não fui trabalhar. Rafael também resolveu matar o primeiro turno de trabalho porque, além de me acompanhar no ultrassom, tinha de levar o carro na oficina. A água estava vazando, então não dava pra esperar. Ele foi, voltou de ônibus e fomos à ecografia no meu carro. Atrasou um monte e fomos almoçar num restaurante lá perto. Logo depois do almoço liga o mecânico dizendo que o carro está pronto. Fomos lá juntos e cada um voltou pra casa dirigindo seu carro. Foi a última vez que dirigi até hoje.

Nem deu tempo de descer pra lavar o rosto, porque já estava tarde e tínhamos de trabalhar. Ele foi me deixar no trabalho e no fim da tarde me pegou para irmos à consulta semanal na obstetra. Tanto minha GO quanto a médica do ultrassom deram o mesmo prognóstico: provavelmente o parto ainda demoraria uma semana. Feto com dorso à direita, 2cm de dilatação.

Depois da consulta, fomos ao parque para nossa caminhada diária de 4km. Quis ficar na rua. Amor, não quero voltar pra casa. Quero fazer alguma coisa.” Fomos então comer um croissant lá perto mesmo.

Uma semana. Estava com isso na cabeça. E tinha que fazer a Emília virar pra esquerda de algum jeito. Resolvi então dormir virada pra esquerda, diferentemente do que eu vinha fazendo. Sei lá, a gravidade não influencia na posição do bebê?

Dia 12, terça-feira. 3h. Acordei com uma dorzinha na lombar e vontade de ir ao banheiro. Tipo uma colicazinha intestinal das que eu costumava sentir nos períodos menstruais. Fui, voltei pra cama. De novo a dorzinha. E fui de novo ao banheiro. Percebi que a barriga se contraía junto com a dor e desconfiei. Mas não acordei o Rafael nem liguei pra médica. Achei que era falso trabalho de parto e que ia passar. Depois de ir ao banheiro, tentava voltar pra cama, mas não conseguia dormir. Resolvi então entrar debaixo do chuveiro e fiquei lá uns 20minutos, com a água quente nas costas. Mais uma vez tentei voltar pra cama. Esquentei água, fiz bolsa de água quente e amarrei nas costas. E nada de voltar a dormir. Um pouco antes de 4h, limpando um xixi, vi o tampão. Era ele sem dúvida. Andei pela casa um pouco, pensando no que fazer. Eu já vinha anotando a freqüência das contrações. 4 ou 5 minutos de intervalo. E acabei ligando pra médica. Eu estava em trabalho de parto.

Ela sugeriu que nos encontrássemos no hospital às 7h. Segundo seus cálculos, até lá eu já estaria com 5cm de dilatação, somando os 2 da consulta na véspera com mais 1cm por hora (estimados com base na freqüência das contrações). Acordei o Rafael, liguei pra minha mãe e fiquei esperando a hora de sair. Chuveiro, compressa de água quente, mais uma tentativa de descansar um pouco deitada de lado. E saímos às 6h40, o sol nascendo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Em que posição o bebê deve dormir?

Até hoje, Emília só dormiu de lado. Orientação do hospital. Inclusive uma noite ela virou de barriga pra cima e de manhã estava com a boca cheia de golfo. A enfermeira alertou que ela poderia ter se engasgado e explicou como colocar o bebê bem no meio dos rolinhos pra evitar que ele role.

Pois ontem minha prima veio nos visitar e falou sobre a campanha "este lado para cima". Disse que tava na Globo e tal e que dizia que os bebês tinham de domir de barriga para cima para prevenir a morte súbita no berço. Resolvi pesquisar sobre o assunto e soube que a campanha, promovida pela Pastoral da Criança, está baseada em uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas. Eles dizem que dormir de lado ou de bruços faz o bebê respirar um ar viciado, rico em gás carbônico, o que poderia levar à morte silenciosa. Já dormindo de barriga pra cima, o bebê teria o reflexo de tossir caso golfasse, chamando a atenção dos pais.

Parece que o assunto é polêmico, mesmo porque até hoje ninguém conseguiu explicar exatamente a causa da morte súbita no berço. Por enquanto, estou mantendo a recomendação do hospital. Sei lá, esse negócio de a tosse chamar a atenção dos pais, sei não... às vezes a gente tá meio apagadão e pode nem notar esse barulhinho (não somos daqueles pais que levantam por qualquer resmungo do bebê).

E vocês, mamães? Colocam suas crias de ladinho ou de pança pro ar?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Emília também chora

Começou na noite de domingo pra segunda. Ela fez uns barulhos diferentes, mas nada muito fora do normal. Acordou só uma vez de madrugada para mamar, como sempre, e amanheceu boazinha no berço. De manhã notei que ela tava com uma corzinha estranha, meio roxinha. Também estava meio arredia. Não aguentava ficar muito tempo no mesmo lugar, reclamava, pedia colo, mas não gostava se a posição não fosse exatamente a que ela queria.

Por causa da cor e da carinha de desconforto, achei que ela estava engasgada, sei lá. Daí dei uns tapinhas nas costas, ela continuou meio mais pra lá que pra cá, mas nada grave. Até que ela foi mamar e deu aquela vomitada. A partir daí começou a choradeira. Era um choro bem particular. Começava do nada e se transformava rapidamente em berros. Supusemos que era de dor, e meu diagnóstico foi: refluxo. Ela só se acalmava na posição vertical e passou a mamar bem pouquinho, no máximo 5 minutos por vez. Eu não quis forçar pra ver se ela melhorava mamando em menores quantidades (ela mama super rápido, é mais de uma sugada por segundo. Em questão de minutos ela já chega no leite gordo e meu peito fica molinho).

Foi a maior canseira, porque tivemos de passar quase o dia inteiro segurando ela na vertical. À noite ela parecia melhor. O banho foi tranquilo e ela conseguiu relaxar. Dormiu 6 horas direto até a 1h, quando acordou pra mamar. Depois acordou de novo às 3h e às 6h, e supus que era porque tinha mamado pouco durante o dia depois do vomitão.

Pra contribuir com a recuperação da nossa pequena, fomos levá-la pra tomar vacinas na terça de manhã (ui!). Ela ficou super boazinha lá no posto de saúde, e achamos que ela já estava ficando boa. Quer dizer: mãe sempre exagera as coisas, né? Nós, na sala de vacinação:

eu: Amor, acho que ela tá meio verde.
ele: Claro que ela tá verde. A parede da sala é verde. Você tá verde. Eu não tô verde?
eu: Acho que sim...

Claro que ela berrou com força na vacina da hepatite. E o resto do dia não foi aquela maravilha. Reação da vacina? Mais refluxo? A gente não sabe. Ela ficou menos ruizinha que na véspera, mais fácil de acalmar. Mas ainda assim deu canseira. A noite seguinte foi melhor. Acordou duas vezes, mas a segunda vez foi só às 5h - o que já é praticamente de manhã.

Hoje ela já era outra pessoa. Voltou nossa velha Emília boazinha, sorridente e com os olhões abertos. Ainda estou meio ressabiada com essa história do refluxo, e por via das dúvidas estamos segurando ela mais tempo nos ombros depois das mamadas e estou evitando amamentar deitada. Estamos até tentando trocar a fralda meio de ladinho pra evitar deixar as pernas dela levantadas por muito tempo.

O Rafael acha que na segunda ela teve refluxo e que na terça ela estava melhor mas ainda estava assustada, com a memória da dor. Daí toda vez que tinha um golfinho ela ficava com medo. Uma explicação bem psicológica, de repente faz sentido.

Só sei que foi um aperto no coração, chorei um monte. Dá muita dó ver uma criancinha tão indefesa sofrendo e não poder fazer nada. Mas, enfim, foi a paparicação total, demos a ela todo o conforto que podíamos. E hoje ela está lá, toda independente, observando atenta o pára-sol do carrinho. Bem-vinda de volta, minha filha!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Caetaneando

Imagino que este talento deve nascer junto com a maternidade. É assim: começa com o seu bebê ameaçando chorar no banho ou porque está impaciente para mamar. Aí você invoca todas as musas inspiradoras e começa a cantarolar:

"Emília lindona
vai tomar banho gostoso
Pra ficar cheirosona
E muito bonitona
E muito gostosona
Olha a água que delícia
Quentinha e gostosinha
Vai lavar o rostinho
E agora o cabelinho
Olha que lindona
Agora o corpinho
Vai mergulhar no balde
Olha que delícia
Emília no baldinho..."

Aí tem o melô do peitão, ou do leitão, o do cocozão, e por aí vai. E o Rafael dizendo pra ela: "Sua mãe é doida, Emília..."

domingo, 24 de janeiro de 2010

Momento delícia

Aqui estamos nós, Emília, papai e eu, domingão de manhã, escutando pagodinho de Beth Carvalho. Adoro!

sábado, 23 de janeiro de 2010

11 dias

Pediatra

Com dez dias, Emília fez ontem a primeira visita ao Dr. Pediatra. Além de já ter recuperado o peso do nascimento, ganhou mais 370g! Uma combinação do super leitinho de mamãe com as habilidades de mamona da minha filhota. E cresceu 3cm. O pediatra duvidou: “Vocês estão encostando bem a cabeça dela na régua?” Medimos de novo e é isso mesmo: Emília tem 51cm e 3,570kg. Estamos na livre demanda, e tem funcionado muito bem.

Umbigo

Emília já é gente grande. Hoje de manhã, na primeira troca de fraldas, o coto umbilical tinha caído. O Rafael perguntou se eu queria guardar. Credow! Detesto guardar pedaços humanos! “Mas amor, então vamos enterrar!” Disse que se fizesse tanta questão que enfiasse na terra da hortelã. Acabou desistindo e o coto seco foi mesmo pro lixo.

Moacir

Basta você chegar com um recém-nascido em casa pra choverem ligações pro Moacir. Deve ser porque antes não ficávamos em casa durante o dia e os enganos acabavam sem ser atendidos. Ontem ligaram procurando a Neuza, que aparentemente vende uns lotes no Gama. Alguém conhece?

Passeios

Ontem Emília saiu pela segunda vez desde que voltou do hospital. Quinta ela tinha ido conosco na obstetra e depois na casa da vovó Luzia. Ontem foi pediatra e de novo casa da vovó. Dormiu a tarde inteira – acho que o efeito carro tem algo a ver. Mas nada que atrapalhasse o sono noturno da nossa anjinha. Graças a Deus.

Agora, lugares públicos, fechados e cheios de gente, só com um mês. Ordens do Dr. Pediatra.

Cocô

Depois de todo aquele papo sobre a minha cocofobia e dos comentários que diziam que cocô de recém-nascido não fede, continuo com a mesma opinião: cocô é nojentão e fede sim, mesmo o da minha linda filha. É claro que eu acho super engraçado quando o cocô voa na cortina, mas cheiroso ele não é.

Meleca de nariz

Às vezes, quando ela está mamando, noto uma melequinha dentro do nariz. Não penso duas vezes: pego um cotonete e removo delicadamente a gosminha. Hoje o Rafael me perguntou: “Não é melhor deixar? Meleca é bom, protege.” E aí? Tira, bota, deixa ficar?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Usando, não usando e testando

Algumas coisas comprei e não usei; outras não comprei e decidi esperar para ver se eram realmente necessárias. Já outras estão em fase de testes.

Cinta e calcinhas pós-parto - não usando

Usei uma semana e aposentei. Me davam a sensação de pós-operada, de doente, sei lá. Guardei a cinta no armário, resgatei as calcinhas antigas e estou me achando linda. Muito bom pra evitar o baby blues, que já estava começando a aparecer.

Chupeta - não usando

Não comprei porque a princípio sou contra. Mas sei que existem bebês sugadores e que em algumas ocasiões, e com sabedoria, a chupeta pode ser usada. Ocorre que me esqueci completamente da existência da chupeta desde o nascimento da Emília. Sinceramente, não sei em que horas ela poderia usá-la. Quando chora de fome, é fome mesmo. Ela pega o peito, suga, engole e, quando acaba, larga. Penso que se eu usasse chupeta com ela eu simplesmente ia confundir todos os sinais que ela me manda quando está incomodada. E uma coisa que tem acalmado nossa boneca quando nada parece estar errado é uma conversa olho no olho. Nossa voz tem um poder incrível sobre ela. Então nessa eu acertei, pelo menos por enquanto.

Concha protetora para seios - não usando

Não comprei e não precisei, graças a Deus. Meus mamilos estão ótimos.

Cueiros - usando

Lembram da história dos cueiros (aqui e aqui)? Pois eu acabei comprando quatro. É porque com esse calor dos infernos não estou conseguindo usar nenhuma das minhas lindas mantinhas. Então, como o cueiro é mais fresquinho, estou usando isso pra cobri-la à noite. E custou 5 reals cada. (Ah, não estou usando o truque de enrolar o bebê no cueiro porque senão Emília ferve, coitada).

Fraldas de pano e fraldas descartáveis - testando

Por enquanto estou usando mais as descartáveis. É que as fraldas dos EUA ainda estão um pouco grandes, o que tem causado alguns vazamentos. Elas também são um pouco quentes, e o verão parece não ser a melhor época para usá-las. Já das fraldas de pano nacionais, tenho uma só de recém-nascido que usei umas três, quatro vezes e aprovo. Ela já, já vai ficar pequena, e talvez eu compre mais. Quanto à lavagem, isso não é um problema. É tanta coisa suja por dia que não faz diferença mais as fraldas pra pôr na máquina. Enfim, acho legal colocar o bebê em contato com uma fralda de pano pelo menos uma vez por dia e vou continuar tentando.

Babá eletrônica - usando

Colocamos a Emília pra dormir no quarto dela desde o primeiro dia em casa. Deu um pouco de dor no coração, porque no hospital ela dormia conosco no quarto. Mas acho que foi a melhor coisa que fizemos. Ela fica no berço a noite toda, e também durante as sonecas mais longas do dia. Só nos levantamos uma vez de madrugada para dar de mamar, e eventualmente quando ouvimos um barulhinho mais forte de golfo pra checar se ela não se engasgou ou se não está muito suja. Enfim, nós três temos dormido super bem e ela parece estar desenvolvendo sua independência para dormir sozinha. Sem a babá eletrônica, ficaria difícil.

Sling - testando

Comprei o sling e tentei colocar Emília nele pela primeira vez há uns quatro dias. Ela chorou imediatamente e eu tirei. Achei que o sling estava pequeno e fui checar de novo as instruções. Cheguei à conclusão que o tamanho era aquele mesmo e fui tentar de novo. Ontem foi a 3a tentativa, ela ficou sem chorar por alguns segundos mas ainda não parece confortável apertadinha e no escuro. Como sou brasileira e não desisto nunca, vou continuar tentando e vou dar uma pesquisada pra ver se estou fazendo alguma coisa errada. Queria muito que desse certo, porque me parece a forma mais prática de carregar um bebê em distâncias e espaços pequenos demais pra circular com o carrinho.

Por enquanto é só...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A cinta

Se você não usar a cinta pós-parto:

a) Seus órgãos vão ficar fora do lugar pra sempre e sua barriga vai ficar caída.
b) Tudo voltará ao normal, mas mais lentamente do que se você usasse a cinta.
c) Não vai fazer diferença nenhuma; a cinta é só pra você parecer menos barriguda em público.

Detesto essa cinta.

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Galera, valeu pelos comentários. Neste momento a cinta está indo para a gaveta por tempo indeterminado. Acho que minha auto-estima deve ser boa demais, porque me acho mais gata sem ela, honestamente. Faltam só 3kg pro peso pré-gravidez, minha gente!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Mais notícias

Vou ter de ir postando igual Jack, o Estripador. Aproveitem o relato de ontem.

domingo, 10h12

A continuação da história é que ela fez um mega cocô gigante enquanto mamava, que escorreu pelo meu corpo inteiro. Ainda com fome e nada feliz com o estado porqueira total, obviamente que chorou. Em resumo, com o caos pra limpar, dar banho, vestir e por de volta no peito o mais rápido possível, a bichinha chorou de lágrimas. Detalhe que eu estava de cinta, que também foi devidamente batizada com cocô. E pra tirar a cinta? Jesuis, por isso eu detesto cinta e já estou achando minha barriga super saradona sem ela (rárá!).

E foram esses os ataques de choro da nossa santinha. E enquanto ela fica quietinha no carrinho ali no outro quarto sendo observada pelo marido e pela sogra (de visita esse fim de semana), aproveito pra tentar fazer um resumo do que aconteceu nos últimos 5 dias.

Parto

Meu parto foi muito difícil, cheio de complicações, e merece ainda um relato detalhado.
(11h40 – volto de nem lembro mais o que que eu fiz, mas com certeza uma mamada está entre essas coisas. Agora Emília dorme no carrinho ao meu lado.)

Em resumo, foram 6h30 de trabalho de parto ativo e foram necessárias várias intervenções para que ela chegasse ao mundo por parto normal. Emília nasceu depois de uma hora presa no canal, enrolada no cordão e tendo aspirado mecônio. Passou a noite na UTI pra se recuperar.

Mas valeu a pena. A opção de continuar tentando parto normal até o fim, mesmo com tanta coisa que foi dando errado ao longo do trabalho de parto, foi minha. E minha médica – especializada em gestação de alto risco – permitiu que eu fizesse essa opção, monitorando o tempo todo para garantir que não houvesse sofrimento fetal.

Digna de nota foi uma enfermeira MARAVILHOSA que me acompanhou durante toda a tarde até as 20h30, quando Emília nasceu. Ela me tranquilizou o tempo todo, disse que nós íamos conseguir, que eu ia dilatar. Andou comigo o hospital inteiro, acocorando comigo a cada contração e me ensinando a empurrar. Foi uma verdadeira doula. Sem ela, eu não teria conseguido jamais.
E o Rafael também foi incrível. Substituiu a enfermeira depois que ela lhe ensinou como me ajudar e acompanhou o parto inteiro. Viu todos os cortes, viu a médica rodando a Emília no canal, viu a cabeça dela ainda lá dentro, viu ela nascer. E garante que ainda me deseja. E disse que amou ter acompanhado tudo.

Recuperação

Boa, mas os pontos ainda doem. A episio foi necessária porque Emília teve de ser rodada manualmente da direita para a esquerda para poder descer. Mas a médica disse que meu períneo estava resistindo bem – o que prova que vale a pena a preparação. Tive um pouco de inchaço nas pernas ontem, mas acho que forcei demais. Hoje me pus de cama e está uma delícia.
Amamentação

Uma sensação. Como disse antes, o início foi super tranquilo, com Emília pegando bem e sem fissuras.

Agora estou passando pela fase teoricamente mais difícil, a apojadura. Mas tudo continua correndo bem. Ontem ela mamou o dia inteiro e amenizou demais o desconforto das mamas cheias. À noite é que é mais difícil, porque ela dorme igual pedra e o peito enche. O que nos leva ao próximo tópico.

Sono

Ela parece saber diferenciar claramente o dia da noite. Mama bastante de dia (ontem foi 10, 15min a cada uma ou duas horas. Ela esvazia o seio super rápido), fica um pouco acordada e tira boas sonecas. Até hoje (5o dia), dormiu todas as noites. Ontem foi nanar às 21h e só levantou hoje às 7h. Tive de acordá-la de madrugada pra que não ficasse mais de 6h sem mamar. Alguém quer? Não dou!! Rárá!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Notícias dos primeiros dias

Olá...Na hora do almoço a Lia havia pedido para eu postar esse post para vocês, mas novamente fiquei tão entretida na minha leitura de Crepúsculo que demorei d+ e pelo visto ela já deu outra passadinha por aqui....

Ela pediu para falar que ela completaria o post mais tarde, pois ela foi interrompida com a chegada dos sogros dela e a eminente necessidade da Emília de mamar :-) Ela falou que continua a achar a Emília um anjinho de bebê...

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Texto Lia
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Mais linda que a maior lindeza do mundo. Mais perfeita que a maior perfeição do mundo. Mais adorável do que o ser mais dócil que existe. Mais boazinha que um bebê anjo. Com vocês, Emília: o bebê santo.

Ela quase não reclama. A checagem de fraldas tem de ser feita com frequência, porque ela não se queixa (a não ser que seja um cocozão). Até já começamos a usar as fraldas de pano porque fica bem mais fácil ver quando ela faz xixi.

Também é preciso sempre conferir se ela não está um pouco mais geladinha ou com a testa úmida, porque as queixas de frio ou calor são sutis demais. Impossível perceber se você não estiver olhando pra ela.

Ela mama com perfeição. Pegou meu seio com maestria desde a primeira mamada, ainda na UTI. Eu, desajeitada, demoro algum tempo até conseguir colocá-la na posição correta. E ela, pacientemente, vai batendo a cabeça no peito enquanto isso, com a boca aberta, metendo a testa no mamilo, sujando a bochecha de colostro, mas sem desistir jamais. E quando pega, suga delícia. Foi delícia desde a primeira vez. Nunca doeu, e estou aqui com os bicos dos seios inteirões.

Não vou dizer que ela não chora, e não é capaz de um ataque de berros – até porque senão ela não seria saudável. Mas é sempre culpa dos outros!! Haha! Na nossa mão, foram dois. Um na última madrugada no hospital, quando meu leite desceu. Dei o peito pra ela meia-noite, e ela mamou quase meia hora. Tendo-o largado voluntariamente, ela golfou e fomos colocá-la pra dormir. Depois de um tempinho acordada, resmungando, ela foi gradativamente aumentando a queixa até começar a se esgoelar incansavelmente. Supondo que ela já havia mamado o tanto que ela queria, eu e o Rafael pensamos em tudo o que poderia ser. Trocamos a fralda, demos colo, até que depois de mais ou menos uma hora eu tive a brilhante ideia de oferecer a ela o outro seio. Pois ela abocanhou o peito que parecia um bezerro. E mamou avidamente até capotar. Foi acordar só lá pras 8h30.

Ao longo do resto da noite eu percebi umas dorezinhas nos seios, e de manhã me dei conta que a descida do leite tinha começado. E foi por isso que ela precisou mamar mais naquela noite. Aí eu desandei a chorar, falando como ela era boazinha e como a gente tinha feito ela sofrer à toa. Faz parte.

O outro ataque de choro foi ontem, depois de voltarmos do hospital. Em resumo: Emília mamando, começa a soluçar e golfar ao mesmo tempo, [interrompemos nossa programação para checar um resmungo, verificar uma fralda suja de cocô, fazer a troca com direito a mais cocô e xixi no trocador, limpar, dar banho, vestir, dar de mamar e fazer golfar. Retorno mais ou menos duas horas depois com ela cheirosa no berço, olhão aberto, quietinha. Ops. Cara de choro. Acho que quer mamar de novo. Rafael acha cedo. Moi, non. Mamas cheias. Lá vou eu]

Li os comentários

Pessoal, amei os comentários, obrigada mesmo. Só agora que fui ler, assim como a postagem da minha irmã. Tô cheia de coisas pra contar; a Lídia deve passar aqui mais tarde pra dar uma palhinha. Aos poucos eu volto. Minha filha é um amor.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nascimento da Emília



Hoje de manhã recebi uma ligação do Rafael (marido de nossa bloggueira), falando que a Lia havia pedido para eu informar no blogger dela o nascimento da Emília... Meus olhos brilharam com a tão sonhada oportunidade de escrever no super mega ultra pop Blogger da Lia.... mal podia acreditar, pois em tempos anteriores qualquer pequeno comentário inocente que eu postasse era reprimido com veemência e, agora, liberdade total...Concluí que ela só podia está lelé da cuca, depois de tantos hormônios liberados no tão demorado parto e que eu deveria aproveitar essa oportunidade única antes que ela recobre seu Eu original...

Ontem, às 3:00 horas da manhã, Lia começa a sentir contrações. Às 4:00, ela acorda o Rafael e liga lá para casa para falar com minha mãe (lembro remotamente de ter sido incomodada no meio da madrugada com o barulho do telefone, pessoa incoveniente ligando a essa hora ;-) )... Umas 6h45, minha mãe me acorda falando que estava indo para o hospital que a Lia ia se internar para ter neném...Acordei meio atordoada enquanto minha mãe saia de casa para ir ao hospital, estava com muito sono pois havia dormido tarde lendo Crepúsculo....Me arrumei e fui para o hospital e pra minha surpresa a Lia estava em pé ao lado da recepção, do lado da médica de olho puxado, que parecia jovem de mais para ser boa como haviam falado (esses asiáticos nunca envelhecem). Pensei que encontraria ela gritando deitada numa maca tendo o filho, mas aparentemente a vida não é tão emocionante como minha imaginação.

Fui para o trabalho e fiquei o dia inteiro distraída aguardando notícias do nascimento pelo celular.

10:15 - TRIM..TRIM...
Lídia (eu): Alô
Mamãe: A Lia esta com contrações muito fracas e a Lia ta com medo de quererem dar algo para acelerar as contrações...Tchau
Tuuuuuuuu...Tuuuuuuuu..

12:50 - Fui para casa almoçar...
Mamãe em casa: A Lia esta no hospital fazendo exercícios para aumentar as contrações...acho q vc não deve ir lá até que eu autorize...
Pensamento em minha cabeça: Para uma pessoa tão baixinha ela é muito petulante...

15:00 - TRIM..TRIM... (Já de volta no trabalho)
Lídia: Alô
Papai: A médica está cogitando fazer uma cesariana, não sei ao certo o motivo... A Lia ta chorando pq não quer fazer....
Pensamento: Nossa, meu pai é quase tão incompetente para passar recado quanto eu...Coitada da Lia, tão pequenininha...não quero que cortem a barriga dela... (A Lia é bem menor que eu, branquinha do cabelo preto, qd esta calada até parece uma pessoa boazinha e indefesa).

17:30 - TRIM..TRIM...
Lídia: Alô
Mamãe: A Lia esta tendo contrações fortes de 2 em dois min e esta gritando muito alto...a médica disse que o colo do útero dela esta rígido d+ para sair o nenem e a médica vai da uma anestesia para ver se amolecia...
Pensamento: Finalmente um ponto positivo do gentil convite de minha mãe de não ir ao hospital...pelo menos não ia ter que ouvir os gritos ensurdecedores que só minha irmazinha pode produzir.

19:30 - TRIM..TRIM... (Já em casa, contrariada, mas obediente às ordens que minha mãe havia me dado)
Lídia: Alô
Mamãe: A Lia foi para a sala de parto não sei se vai ser parto normal ou cesariana...

20:40 - Papai gritando em casa após receber ligação da minha mãe...Ela nasceu, ela nasceu...parto normal...todo mundo esta bem...

Fomos ao hospital e depois de um tempo a Lia e o Rafael chegaram ao quarto, sem a Mimi que ia ter que ficar de observação a noite toda porque engoliu algumas secreções no processo do parto difícil. Mas nada para se preocupar. O Rafael estava com os olhos esbugalhados de tanto chorar (meu cunhado é super sensível, ele chorou muito no casamento de emoção e não era de se esperar que com o nascimento da Emília fosse diferente), enquanto a Lia estava com um rosto angelical, super atenta a tudo e um temperamento blasé desconhecido por minha pessoa.

That's all folks...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mais uma semana

Hoje de manhã fiz ecografia - espero que seja a última. Tudo ótimo com dona Emília, com um único diagnóstico decepcionante: ela ainda deve ficar aqui mais uma semana. Aparentemente o "dorsinho", como diz a médica, tem de virar pro lado esquerdo antes de ela nascer. E ela está de costas pra direita (o que eu já sabia). E eu jurando que até o fim desta semana ela vinha... Hoje no fim da tarde tenho consulta e vou confirmar se é isso mesmo.

No mais, a moçoila está com 49cm e 3,260kg. Ou seja: se ficar mais de uma semana começa a ficar gorducha!

Paciência, meu povo!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Enquanto espero

Sábado. Rafael foi levar o carro à oficina. Acordei com o despertador e ele só foi levantar meia hora depois. Fiz ginástica e alongamento, esquentei água pro chá, coloquei o pão no grill e fiz ovos mexidos. Ele se sentou à mesa para comer comigo; eu, meu sofisticado café da manhã; ele, iogurte com granola kellogg's.

Estaria sozinha em casa se minha irmã não estivesse dormindo no quarto ao lado. Estou na sala, sentada no sofá, com o computador apoiado sobre uma bandeja daquelas com pernas, projetada para refeições na cama. Vejo pela varanda o topo dos prédios baixos de Brasília e o céu bem claro. Bate sol na rede de teto que fica na varanda, onde eu talvez estivesse lendo se não fizesse tanto calor.

Minha barriga encosta na bandeja. Em alguns dias não estarei mais grávida. Tentei passar a semana vivendo normalmente, a fim de evitar a ansiedade da espera. Ontem recebi um casal de amigos, com uma filha de cinco meses. Em alguns dias, minha filha estará fora do ventre como a pequena Luiza.

O dia está tranquilo. Ouço os pássaros. Acordei com as costas doendo e com vontade de passar o dia descansando. Pego um livro que já conheço e que escolhi ontem para passar o tempo nesses últimos dias. “Mutações”, de Liv Ullmann, atriz norueguesa que foi casada com o cineasta sueco Ingmar Bergman. O livro é leve, bem traduzido, gostoso de ler. Ela fala sobre ser mulher, com todas as suas implicações: carreira, maternidade, amor, sonhos. Ela me inspira e me distrai.

Como é bom ler os textos dos outros! A vida, assim escrita, ganha outra importância. Sobe da categoria do ordinário ao extraordinário, simplesmente por estar registrada em palavras. E tento fazer isso com este momento. É sábado, faz sol, e estou sentada no sofá da sala, olhando pra varanda, com o computador apoiado no colo sobre uma bandeja com pernas. É janeiro, minhas costas doem, minha cintura tem mais de um metro de circunferência, e minha irmã dorme no quarto ao lado.

De vez em quando um passarinho passa voando em frente à varanda. Tenho medo de que algum se choque contra o blindex. Já aconteceu antes, o Rafael presenciou a cena. Depois da pancada, o bichinho caiu no chão, deu um último pio e expirou.

Ouço o ruído da chave na porta. Rafael chega e diz que o carro deve ficar pronto ainda esta manhã.

E ainda esta manhã deve chegar o sofá cama que compramos semana passada para receber meus sogros. Eles vêm conhecer a primeira neta.

Fico pensando que estou vivendo um daqueles momentos mais cruciais da existência humana. Aqueles que é necessário registrar. Aqueles que o universo gravará em pedra e ficarão disponíveis para contemplação por toda a eternidade, porque são preciosos demais para se perderem no tempo.

Hoje há uma criança dentro de mim, uma pessoa completa. Ela ouve, se move, percebe mudanças de luz e saberá respirar assim que estiver ao ar livre. Ela não é muito diferente do que será quando ouvirmos seu choro pela primeira vez. Dizem que este é o momento em que ela virá ao mundo. Pra mim, ela já veio ao mundo há muito tempo. Desde que vi seus dedinhos pela primeira vez na ecografia – ela tinha apenas umas dez semanas de vida –, tive a certeza de que ali já havia uma alma, um serzinho humano. “Se o mundo acabasse hoje”, pensei, “ela ia viver no céu como nós.”

O Rafael senta no sofá ao lado com o livro da Encantadora de Bebês. Ele começa a comentar o livro comigo. Não estou mais sozinha. Não ouço mais o silêncio. Fecho o computador e decido parar de registrar a vida para ir vivê-la.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Respondendo aos comentários

Uma das melhores coisas de postar é receber de volta os comentários. É legal ver a impressão que os outros tiveram do seu texto.

Mas aí eu percebi que fiz uma injustiça com meu pobre marido. No post de anteontem, quando falei que ele tinha dificuldades pra acordar à noite (e de manhã também, diga-se de passagem), acho que algumas pessoas pensaram: "Xiii, tá lascada!"

Então gostaria de esclarecer que meu marido é o marido mais lindo, maravilhoso, adorável, carinhoso, companheiro e ajudador que existe. Ele está completamente fora de qualquer estereótipo de machão sexista, como eu já descrevi aqui e aqui. Ele mesmo me disse: "Ah, amor, eu acho que vou acordar, sim, acho que o nascimento da minha filha pode mudar meu organismo, sei lá..." Eu brinquei: "A ocitocina, né? Vai te ajudar a ficar mais alerta."

É verdade que ele tem o sono pesado. Mas também é verdade que ele faz das tripas coração para jamais me sobrecarregar, e foi assim durante toda a gestação. Atualmente, ele virou meu motorista, e por conta disso perde 1h30 a mais no trânsito todos os dias porque eu trabalho longe pacas e ele vem sempre me pegar pra gente ir almoçar juntos. E devo acrescentar que ele passou a acordar às 6h15, no escuro, pra poder me levar no meu horário, que é cedão. Antes de virar meu motorista, ele já tinha começado a acordar mais cedo só pra tomar café da manhã comigo e garantir que eu não saísse de casa sem comer (antes eu deixava pra tomar café só no trabalho).

Assim como ele é um marido exemplar (lava a louça, tira o lixo, recebe a diarista, vai ao supermercado sozinho), tenho certeza de que ele será um pai maravilhoso, e que não apenas vai me "ajudar". Ele vai dividir comigo as responsabilidades de forma que não fique pesado pra ninguém. E também tenho certeza de que a Emília vai gostar muito mais da shantala dele que da minha (não sou uma massagista muito paciente, e ele gasta mais de meia hora comigo todas as noites só me fazendo massagens...).

Enfim, mega sena da virada é trocado... valioso mesmo é um homem desses!

+++

E quanto à iminência da chegada da Emília, adorei o comentário da Pat e quero respondê-lo aqui:

Agora devem estar chovendo previsões do tipo "amanhã muda a lua, vai nascer", "sua barriga baixou mais, vai nascer", "seu nariz desinchou, vai nascer". Acertei?

Hahahaha! Até que o povo não está palpitando muito não. Tem gente que diz (homens pricipalmente):

- Nossa, tá chegando, hem? Faltam quantos meses?
(ô dó... já pensou eu mais alguns MESES com esta barriga??)

Já as mulheres preferem a fórmula:

- Esse neném vai nascer agora?!?! Ah, é a maior felicidade, você vai ver, boa hora...

Quanto à mudança de lua, eu mesma estou palpitando sobre a data do parto com base nisso. É que a Emília desceu duas vezes em dias de mudança de lua: 24 e 31/12. Daí resolvi perguntar pra minha gineco se era mito ou verdade. Ela disse:

- Nascem bebês todos os dias... mas quando muda a lua, parece que nasce mais. A lua influencia nas águas, né?

Hoje muda a lua, mas realmente não acho que a Emília nasce hoje. Já sexta que vem, quando muda outra vez, seria um palpite com grandes chances...

E quanto à barriga baixa: de novo, ponto pra mim! Sempre sou a primeira a perceber quando ela desce um pouco. Depois disso é que o povo comenta. E depois vou na gineco e ela confirma o encaixe.

E, finalmente: meu nariz não desinchou porque não inchou! Com toda sua batatância natural, ele não precisou aumentar pra dar conta da falta de ar. Então essa parte ficou na mesma...

+++

Agora que fui perceber que a lua mudou foi ontem! E eu disse ontem: "Amor, acho que ela desceu mais!". Segunda-feira, se Mila não nascer antes, terei consulta pra confirmar. Mas depois de tantas coincidências, meu voto é que ela vem dia 15/01, sexta-feira, só pra avacalhar a licença-parternidade do Rafael e permitir um grande fluxo de visitantes no hospital...
Uhhhh noite de lua nova...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A próxima?

Nasceu ontem a Mariana, filha da Lu. No dia 30 de dezembro tinha nascido o Gustavo, bebê da Fabi, e no dia 22 a Bia, filhinha da Marina.

Percebi então que de repente sou a grávida mais grávida da blogosfera materna - pelo menos no meu círculo de conhecidas.

Jesuis!! Será que és a próxima, Emília?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Será que ele vai acordar?

Meu marido tem o sono pesado. Isso pode lhe render noites maravilhosas de sono, evitando que ele acorde toda vez que eu me levanto, ou noites terríveis, porque ele não acorda mesmo se estiver desconfortável. Se eu estiver com a bexiga cheia, levanto pra esvaziar. Se estiver com frio, levanto pra pegar uma coberta. Se estiver com calor, levanto pra abrir a janela ou ligar o ventilador. Depois deito e volto a dormir melhor.

Ele não. Amanhece todo encolhido, espirrando, mas não consegue despertar pra resolver o problema do frio.

Na noite de segunda pra terça me dei conta que essa característica vai deixar o pós-parto no mínimo interessante. Tínhamos caminhado 4km com algumas subidas (o parque Olhos d'Água deve ser um dos únicos lugares em Brasília com ladeiras) sem alongar. Pra completar, fiquei um pouco de cócoras antes de dormir.

No meio da madrugada, aquela cãimbra.

"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIII!!", gritei, semi-dormida.

De manhã, pergunto pra ele:

- Amor, você ouviu meu gritão à noite?
- Grito? Que grito?

Tô vendo que vou ter de ligar a babá eletrônica no amplificador pra garantir que eu não serei a única a acordar pra socorrer minha filha...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

38 semanas

Ontem, consulta semanal. Emília está encaixada, minha gente! Será que foi no domingo, bem quando eu tive aquela colicona nas costas que eu relatei ontem?

Enfim, ela continua descendo a ladeira, o colo do útero já afinou bastante e se prepara para dilatar. O palpite da médica: uma semana a dez dias. E de novo a declaração: "tudo indica que teremos parto normal." Então, pessoal, se Deus quiser, semana que vem teremos novidades!

+++

E pra quem quiser ver as fotos da mocinha, criei um álbum no Picasa. Já tem fotos lá da minha gravidez. Quem se interessar, me mande o e-mail que eu mando o convite pra liberar o acesso.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Quero tudo

Ela incomoda pacas, mas me apeguei a ela. Ontem senti umas pontadas na lombar e no intestino, tipo cólica menstrual, por causa dela. Tive de deitar de lado e amarrar uma bolsa de água quente nas costas, pra depois completar o trato com uma massagem do marido.

Por causa dela, levantar é um sufoco. É como virar de um lado pro outro segurando um saco de batatas de dez quilos. E pra pôr os pés no chão preciso jogar uma perna, depois a outra, fazendo uma curva como se estivesse saltando um obstáculo.

Ela me força a manter distância das bancadas, pedir licença toda vez que preciso me deslocar entre várias pessoas e usar sempre as mesmas roupas, porque quase nada me cabe.

Ela é um saco, mas está sendo um custo me despedir. Ela, a barriga.

Tenho a sensação de que ela desceu mais no dia 31, e ontem alguma coisa a mais deve ter acontecido pra me causar aquela dor aguda nas costas. Ela já não está tão bonita, empinadinha. Parece mais a pança do Seu Boneco, substituindo o chopp por uma bola de basquete.

Quando ando, ela sacode de um lado pro outro, num movimento amplo. E sentar de pernas fechadas é impossível, porque ela está muito mais baixa que minhas coxas.

***

Quando não tinha barriga, invejava aquelas gravidonas salientes. E quando fiquei saliente, passei a invejar as mães com seus bebês e crianças. Não grávida, queria estar grávida. Grávida, queria ser mãe. E agora que estou prestes a ser mãe, quero ser grávida outra vez.

***

Nas últimas semanas, apareceram várias grávidas aqui pela blogosfera. E eu, achando tudo lindo e morrendo de inveja. Como se eu não estivesse grávida. Assim como desejei tanto ser a mãe que todas eram, contar as histórias do seu bebê, compartilhar como foi o parto e falar sobre amamentação. Agora desejo congelar este momento: esta barriga enorme e caída, o quarto dela montado, a mala da maternidade no chão, o bebê conforto vazio no carro. Eu, deitada de lado, com uma bolsa de água quente amarrada nas costas. Um movimento intenso no meu ventre, a sensação de que minha bexiga está sendo pisoteada.

Uma semana. Duas, talvez. Três, no máximo. E ela não estará mais dentro de mim. Ela, a Emília.

Fico pensando como será a primeira vez que eu colocar a mão sobre meu umbigo. Fico pensando como será sentir a pele flácida e o ventre vazio.

No fundo, sei que nada disso importará, porque ela estará nos meus braços. E sei que isto será muito melhor que a sentir aqui dentro.

Mas quero tudo. E custa me despedir da barriga.

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